Movimentos no mundo todo contestam a apropriação, por parte de uma oligarquia, de recursos naturais, conhecimentos, espaços e serviços públicos. Várias lutas, um mesmo princípio: o comum.
Dardot e Laval mostram que esse princípio não só articula as lutas práticas contra o capitalismo e os estudos sobre o governo coletivo de recursos, como aponta novas formas democráticas. O comum está na atividade dos seres humanos, porque só a prática pode decidir o que é “comum” e produzir regras de responsabilização a seu respeito. Nesse sentido, o comum demanda uma revolução.
Nesta obra, os autores de A nova razão do mundo (Boitempo, 2016) dão sequência a essa renovação da crítica social, propondo uma alternativa política ao neoliberalismo. Essa emergência do comum na ação pede um trabalho de esclarecimento no pensamento. O sentido atual de comum distingue-se dos diversos usos dessa noção no passado, sejam filosóficos, jurídicos ou teológicos: bem supremo da cidade, universalidade da essência, propriedade inerente a certas coisas, ou, até mesmo, fim almejado pela criação divina. Há, no entanto, outro fio, que liga o comum não à essência dos seres humanos nem à natureza das coisas, mas à atividade dos próprios seres humanos: apenas uma prática de colocar em comum pode decidir o que é comum, reservar certas coisas para o uso comum, produzir regras capazes de submeter os seres humanos. Nesse sentido, o comum clama por uma nova instituição da sociedade por ela mesma: uma revolução.
Pierre Dardot e Christian Laval querem mostrar que o princípio político do comum se impõe atualmente como questão central da alternativa política para o século XXI. A prática social anticapitalista já tem mostrado que as lutas sociais visam e devem visar à instituição de “comuns”, isto é, a disponibilidade para as pessoas dos meios materiais e imateriais necessários a suas atividades coletivas – não, portanto, como propriedade privada ou como propriedade estatal. O princípio do comum radicaliza a democracia ao instituir o autogoverno das pessoas, que, assim, realizam a própria libertação, seja da dominação explícita do Estado, seja da dominação abstrata do sistema econômico vigente.
O livro Comum quer “refundar de maneira rigorosa o conceito de comum”. Quer, assim, responder a um anseio generalizado por novas formas de vida em que mulheres e homens se realizem como seres humanos num mundo ecologicamente preservado. Essas formas já estão nascendo, por meio das lutas travadas pelos movimentos ambientais e sociais no mundo. Há um caminho mau, que mantém as pessoas na alienação e desemboca no “reino tirânico e cada vez mais absoluto do capital”. Há, porém, um caminho bom, que pode ser percorrido por uma revolução democrática e anticapitalista. É por essa última senda que os autores nos convidam a trilhar.
Pierre Dardot, né le 28 octobre 1952, est chercheur rattaché au laboratoire Sophiapol de l’Université de Paris Ouest Nanterre La Défense et professeur en classes préparatoires à Paris. Titres universitaires : Agrégation de philosophie (1980) et Doctorat en lettres et sciences humaines (philosophie) de l’Université de Paris Ouest Nanterre La Défense (1988). Animateur depuis 2004 du groupe d’études et de recherches « Question Marx » avec Christian Laval. Ouvrages : Sauver Marx ? (avec Christian Laval et El Mouhoub Mouhoud), La Découverte, 2007 ; La Nouvelle raison du monde (avec Christian Laval), La Découverte, 2009 ; Marx, prénom : Karl (avec Christian Laval), Gallimard, 2012 ; Commun (avec Christian Laval), La Découverte, 2014.
Voici un ouvrage dense et épais qui devrait parler a tous mais s'adresse avant tout a des spécialistes. Au centre de cette passionante réflexion la question des communs - que les auteurs preferent nommer "commun" - notion qui émerge depuis plusieurs années pour lutter contre les appétits du capital.
L'ambition des deux auteurs est d'assoir philosophiquement le concept de commun et de proposer des pistes pour instaurer le commun.
Un essai stimulant pour qui cherche à penser une transformation radicale de notre société.
Común es un ensayo contundente, de 600 páginas y mucha información e ideas sobre historia, derecho, política, economía y filosofía. Lo he disfrutado de principio a fin, aunque pide leerlo poco a poco para ir absorbiendo toda su sabiduría.
Su propuesta de pensar la política desde las prácticas de las personas autoorganizadas me parece muy convincente y podría ser perfectamente un ideal regulador. También me gusta cómo su propuesta redefine la democracia social desde el libertarismo sin caer en el anarquismo pedestre del siglo XIX y superando a su vez los modelos liberales y neoliberales que asolan nuestro presente.
Un libro imprescindible para articular propuestas emancipatorias y radicales en el siglo XXI.
Um livro que exercita a imaginação política — um arcabouço teórico para o “outro mundo possível”. Faz uma arqueologia do conceito de comum (commons) e das suas implicações políticas (a ideia de “bem comum”, por exemplo, difundida em algumas lutas políticas, traz consigo uma contradição do regime jurídico de “bens” e, portanto, de propriedade). É uma obra densa, não se aproveita numa tacada. Merece ser lida e discutida por partes, em um grupo de estudos, curso ou algo do tipo.
Dardot et Laval sont littéralement les auteurs contemporains les plus pertinent qui m’a été donné de lire. Écrire un review sur ce livre serais interminable. Il est la suite logique de leur œuvre magistrale : la nouvelle raison du monde qui était la construction de l’outil de compréhension de la rationalité néolibérale. Tandis que celui ci est la deconstruction vers la révolution du commun. Pour résumé très très rapidement : le commun est le principe politique de base , il est idéologie , action , démocratie , structure sociale et surtout nouvelle rationalité révolutionnaire . Encore une fois à lire !! Je recommande x 1000.