Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Perguntas manjadas, é verdade. Mas quem nunca pensou nisso pelo menos uma vez na vida? O questionamento sobre nossa existência, origem e destino tem sido tema de profunda reflexão dos maiores pensadores da humanidade ao longo de três mil anos e, mais recentemente, dos cientistas. As perguntas são as mesmas desde que o homem começou a pensar. As respostas não. Muito pelo contrário. Filósofos e cientistas de todas as épocas e escolas têm se dedicado também a inquietações bem mais pessoais. O que devo fazer para viver melhor? O que acontece dentro de mim quando me apaixono? As respostas variam. E muito. "Em busca de nós mesmos" é uma pequena e agradável viagem pela história da evolução do pensamento e do conhecimento humano. O diálogo informal de Clóvis de Barros Filho e Pedro Calabrez apresenta respostas da filosofia (com as ideias de Aristóteles, Platão e Spinoza, entre outros) e das ciências da mente (psicologia e neurociências) — e instiga o leitor a chegar a suas próprias conclusões. Clóvis e Calabrez aproximam a filosofia da ciência, revelando a complementaridade dessas visões. E aproximam ambas do leitor com um texto descontraído e acessível.
O livro traz alguns problemas e questões do nosso cotidiano e tenta mostrar diferentes visões do ponto de vista da filosofia e da neurociência.
A parte filosófica tem bastante semelhança com o "Aprender a Viver", do Luc Ferry. A diferença é que o Aprender a Viver é mais focado na chamada doutrina da salvação, enquanto aqui o escopo é mais amplo. Naturalmente, o escopo mais amplo deste livro se traduz em menor profundidade, apesar de conter boas reflexões. Outra diferença é no tom mais coloquial e humorístico que este livro traz, principalmente com o Clóvis (quem já se deparou com ele no Youtube já deve ter uma noção).
Leitura leve, divertida, mas também com conhecimento. Vale para todos os públicos.
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Alguns trechos favoritos:
Clóvis de Barros Filho: O que é o mundo para nós? É o que vemos? É o que ouvimos? É o que experimentamos? É o que apalpamos ou o que cheiramos? Tudo isso que chamamos de mundo não passa de uma percepção do nosso corpo. Alguma coisa que ele próprio produz. Observe, por exemplo, aquilo que você ouve: é claro que o que você ouve não é o mundo, mas uma produção do seu corpo. Basta perfurar o tímpano e o mundo mostrará as suas garras silenciosas. Assim, também o que você cheira não é o odor do mundo, mas uma produção do seu olfato. O que você vê, então, nossa! É só a luz, a luz que reflete no seu olho. É ele que produz o que você vê, e, se a luz é apagada, não há mais mundo para enxergar. Assim, é normal que, sendo os corpos diferentes uns dos outros, acabemos vendo e sentindo mundos distintos. O mundo para mim não é o mesmo mundo para você. Sorte daqueles que, como eu, têm acanhado capital estético, pois haverá alguém que enxergue em nós a beleza. Mas o problema é deles, pois não há nenhuma objetividade bela. Se o mundo é só uma produção do nosso corpo e cada um vê um mundo diferente, então quem garante que exista um único mundo para todos? Será que o mundo não é só um delírio de cada um? Será que o mundo não é só uma visão? Será que existe mesmo alguma coisa fora de nós? Estas são as perguntas feitas pelo filósofo George Berkeley. Ele mesmo afirma que não. Ele diz que só existe mente, só existe alma, só existe percepção: o mundo é apenas um filme, quando acaba, é porque você morreu.
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Quando você encontra alguma coisa e entra em relação com ela, o seu corpo se transforma, e então você sente. Ora, aquilo que você sente dependeu de duas coisas: primeiro, de você. Você sente o que sente porque você é o que é, tem o corpo que tem, as células, as expectativas, as ideias que tem. A outra coisa que influenciou no que você sentiu é o mundo que você encontrou. Então, sua sensação é o resultado do encontro. Depende das duas coisas: de você e do mundo. E o que isso significa? Significa que, se trocarmos o mundo, você sentirá outra coisa. Isso você já deve ter percebido. É óbvio também que, quando um outro corpo que não o seu encontra a mesma coisa que você encontra, esse outro, por ser diferente do seu, sente outra coisa. Portanto, um erro a não cometer: imaginar que os outros sentem o mesmo que você sente quando encontram o mesmo mundo. Na verdade, sentimos exclusivamente, somos ilhas afetivas. Ninguém sente o que sentimos porque ninguém tem o corpo que temos.
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Mais um erro a não cometer: imagine quando uma pessoa é causa dos seus afetos. Você a encontra, e ela lhe alegra. Qual é o erro prime a evitar? Acreditar que essa pessoa tenha que se alegrar como você se alegra quando a encontra. E por que erro prime? Porque você comete dois erros em um só. Pare para pensar: quando você encontra alguém, você sente, e esse alguém é a causa. Quando esse alguém encontra você, é o outro que sente, e você é a causa. Ora, se o que sentimos é o resultado do encontro com o mundo, do nosso corpo e do mundo, não há nenhuma coincidência no encontro amoroso. Quando você encontra alguém que lhe alegra, é o seu corpo que se alegra, e esse alguém é só a causa. Quando ele encontra você, no mesmo encontro, no mesmo instante, é o corpo dele que vai sentir, sendo você a causa. Não há nada que justifique a expectativa de que o outro sinta o que você sente, razão pela qual não passa de tirania ou ignorância esperar que as pessoas sintam por nós o que sentimos por elas. Ok?
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E o prazer? É quando a dor diminui. Assim, só há prazer quando, por exemplo, diminuímos a dor da fome. Se não houvesse fome, não haveria prazer em comer. Só há prazer quando diminuímos a dor da sede. Se não houvesse sede, não haveria o prazer de beber. E o prazer do repouso depende do cansaço. Por isso, todo prazer depende da dor que circunstancialmente diminui. Como poderia haver uma felicidade eterna, permanente e estável se todo o prazer pressupõe a dor que ele apenas reduz?
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Platão propõe o que denomina de ascese, de elevação. A ideia é que, na hora de se relacionar com as coisas do mundo, digamos que existam apreços que valem mais do que outros. Imaginemos que passe uma mulher de glúteos impressionantes do outro lado da rua, e você diga: “Nossa, que espetáculo de mulher! Que bunda!”. Você tem aí um apreço por um glúteo particular e se deixa atrair por ele. Digamos que esse apreço é digno de uma vida bastante pobre, uma vida inferior mesmo. Um apreço superior a esse seria o apreço pela beleza do corpo feminino. E aí já não seria mais uma bunda específica, mas sim um corpo genérico, uma ideia de corpo feminino. Mas haveria talvez um apreço superior ao da beleza genérica do corpo feminino. Seria o apreço pela beleza de qualquer coisa: do corpo feminino, da paisagem, da obra de arte, da música, ou seja, o apreço pela beleza onde ela estiver. Perceba que estamos subindo, partimos de glúteos específicos, passamos pelo corpo genérico de mulher e finalmente chegamos à beleza salpicada onde estiver, a beleza em si, que não está particularizada em uma coisa ou em um corpo específico, mas que pode estar em qualquer lugar. Haveria algum apreço superior a esse? Talvez pudéssemos imaginar um apreço por algo superior à beleza, que é um apreço pelo próprio ser. Perceba que o ser é mais genérico do que o ser belo. Assim, estamos subindo: da bunda da mulher do outro lado da rua até o ser, estamos ascendendo degrau a degrau. Espero que você comece a entender a solução que Platão nos propõe, pois, concordará comigo, esse ser a que me refiro agora está muito distante da mulher do outro lado da rua e muito mais próximo da sua cabeça, das suas ideias, da sua alma pensante, da sua inteligência. Quanto mais o apreço tiver por objeto uma ideia, mais ele será indicativo de uma vida bem vivida, de uma vida humanamente digna. Quanto mais o apreço for pelo particular, pelo físico captado pelos sentidos e pelas sensibilidades, mais próximos estaremos da animalidade, menos digna será a nossa vida, mais pobre será a nossa existência.
Em seus diálogos, Platão sempre falou em dois mundos: o primeiro é este que está mais próximo de nós, um mundo de coisas sensíveis, das coisas que podemos ver, encontrar, tocar, cheirar. O outro é aquele que alcançamos pelo pensamento, pelo uso da razão, pelas atividades intelectivas. Platão sempre teve desprezo pelas sensibilidades, pelas percepções sensoriais. Ele considerou que o resultado dessas percepções nos proporcionava um conhecimento de segunda classe, passível de erro. Sempre defendeu a tese de que os sentidos nos enganam e por isso deu enorme primazia, superioridade hierárquica mesmo, àquelas verdades alcançadas pela razão, sem o auxílio dos sentidos, sem a participação do corpo. E por que Platão detestava tanto as sensibilidades? Por que menosprezava tanto as constatações feitas pelos sentidos? Para ir direto ao assunto, o que Platão diz é que os sentidos nos fazem acreditar numa diversidade, numa existência de coisas diferentes, quando na verdade estamos diante da mesma coisa. Os sentidos, portanto, nos convencem do plural, quando na verdade estamos diante do singular. O exemplo clássico é o da água e do gelo. Quando você olha para a água, percebe certas características, quando olha para o gelo, percebe outras. Se você apalpar, a diferença aumenta; no entanto, ao botar a cachola para funcionar e fazer uma investigação científica, você descobre que tanto a água líquida quanto o gelo são H2O, são a mesma coisa. Assim, para Platão, a nossa inteligência, a nossa razão, nos leva a uma coisa só: H2O. Mas nossos sentidos nos obrigam a constatar diversidade, pluralidade, diferença entre a água e o gelo.
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Curioso é que, para os estoicos, essa coisa de atrair-se pelo mundo ou de rechaçar o mundo, gostar e não gostar, é tudo uma escolha. Bem, fica aí, na conta dos estoicos. Você que tire suas conclusões. Eu pessoalmente nem consigo entender o que isso quer dizer. As aversões e as atrações são uma escolha. Ora, na minha concepção, tudo menos isso. Mas não importa. O que importa aqui é o que eles diziam. Então, aquilo que passa pela nossa cabeça é resultante de uma liberdade da atividade de pensar. Mas, veja que curioso, se tudo no mundo é necessariamente do jeito que é, então, no nosso caso, temos liberdade para julgar, para pensar, para discernir e para atribuir valor. Mas que fique claro: como no mundo tudo é necessário, os estoicos dizem que essa liberdade é estritamente interior e não tem nenhuma consequência no mundo prático, no mundo fora de nós. Assim, pensamos livremente, mas agimos como só poderíamos agir para fazer parte desse encadeamento causal que é o mundo da natureza. Meu amigo, essa é uma pirueta difícil de engolir. Afinal, se tudo no mundo é necessariamente do jeito que é — o vento venta, a maré mareia, o gato gateia — por que a nossa mente, a nossa inteligência, também não funcionaria assim? Por que a nossa inteligência não pensaria a única coisa que poderia pensar? Por que só o nosso pensamento seria diferente e sujeito a essa liberdade interior? Será que não chamamos de liberdade de pensar a ignorância que é a nossa sobre as condições do nosso pensamento, as condições materiais de produção dos nossos juízos? Será que não é a nossa ignorância que nos faz acreditar nessa liberdade? Chupa essa manga, meu amigo. Somos livres só para pensar. Na hora de estar no mundo, também somos rigorosamente determinados pelas causalidades materiais que nos fazem ser e existir como só poderíamos ser e existir.
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Clóvis: Os estoicos entendiam a filosofia como uma grande preocupação da inteligência, cujo objetivo é permitir a qualquer um viver melhor. A distância em relação à filosofia de hoje é enorme. A filosofia hoje é um conjunto de textos, um conjunto de ideias e escritas, de livros e tratados, cursos, e tudo isso se materializa em discurso, discurso que gera mais discurso, que enfrenta discurso em forma de debate, e a verdade é que quem hoje se interessa por filosofia está confinado a pensar sobre algumas ideias e mostrá-las por meio de palavras. Para os estoicos, filosofia tinha tudo a ver com prática. A inteligência estava a serviço de uma vida de carne e osso mais feliz, menos amedrontada, menos angustiada. E uma das coisas que eles achavam que perturbava demais a nossa vida é dar bola para os outros e para o que pensam de nós. É impressionante como os estoicos tentavam nos preparar contra os comentários a nosso respeito, contra aquela fofocada da qual sempre somos objeto, e, para treinar, provocavam essas situações e, enfrentando-as, iam perdendo o medo e tornando-se resistentes. A grande pergunta é: se a filosofia clássica tinha essa preocupação com a vida de carne e osso, o que aconteceu para que a filosofia se tornasse esse compêndio de textos, tratados e ideias que pouco ou nada têm a ver com o nosso cotidiano e com a nossa vida vivida no dia a dia? Aqui vai uma grande observação: entre os estoicos e nós, passamos por séculos e séculos de pensamento dominado pelos discípulos que reivindicavam a discussão sobre a vida para eles, para a teologia, para os ensinamentos de Deus e dos profetas. Pois esses discípulos tiraram da filosofia a reflexão. Se isso é bom ou se é ruim, não me pergunte. Mas a filosofia perdeu essa prerrogativa e foi limitada a uma discussão conceitual, distante da felicidade, distante da vida boa, da salvação — distante, portanto, de todas as preocupações que antes eram estritamente filosóficas.
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Gosto muito da alegoria da “ilha do conhecimento” proposta pelo físico Marcelo Gleiser. Para ele, vivemos em uma ilha onde o conhecimento se acumula progressivamente. O oceano ao redor da ilha representa nossa ignorância. A ilha tende ao crescimento, pois acumulamos cada vez mais conhecimento conforme o tempo passa. Nosso conhecimento é cada vez maior. Consequentemente, a ilha é cada vez maior. Acontece que, quanto maior ficar a ilha, maior será o tamanho de suas fronteiras. E isso aumentará o contato da ilha com o oceano de ignorância. Em outras palavras, o aumento de conhecimento acarreta um necessário aumento da consciência que temos de nossa própria ignorância. E não há fim para esse processo: nunca haverá o momento em que construiremos um computador com as capacidades do demônio de Laplace.
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Nosso pequeno cérebro é um gigantesco cosmos dentro do cosmos. Ou seria o contrário? Afinal, não existiria a ideia de cosmos se não houvesse cérebros humanos. Sendo assim, poderíamos dizer que na verdade é o universo que vive dentro desse cosmos fantástico chamado cérebro. Entendê-lo é compreender a nós mesmos. Passear pelo cérebro é visitar as raízes de quem somos. Jornada importante. Talvez essencial para uma vida plenamente humana.
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Para quem acredita que Deus existe e que é bondoso e poderoso, uma pergunta costuma incomodar: se ele é bondoso e poderoso, como é que permite tanta maldade no mundo? De duas, uma: ou ele é bondoso, mas não pode fazer nada e então não é poderoso, ou ele é poderoso, mas é malvado porque não faz o que poderia fazer para impedir tanta maldade. Ora, a pergunta parece embaraçosa, mas a filosofia responde com leveza, graça e inteligência: se Deus é criador, então cria algo diferente dele. Se ele é perfeito e criou o mundo, se o mundo fosse perfeito, Deus não teria criado nada além dele próprio e só existiria Deus. Para que houvesse algo diferente de Deus, foi preciso que ele criasse algo diferente de si mesmo. Portanto, se ele é perfeito, cria algo imperfeito. Assim, se Deus é amor, só pode ter criado algo diferente do amor: o ódio. Se Deus é paz, só pode ter criado a guerra. Se Deus é beleza, só pode ter criado a feiura. Se Deus é inteligência, só pode ter criado a burrice. Dessa maneira, começamos a entender o mal no mundo. Se o mal é a imperfeição, Deus deixa o mundo ser imperfeito para que o mundo possa ser o mundo. E aqui cabe outra pergunta: qual a vantagem de criar algo diferente de si mesmo? Por que Deus aceita essa diminuição? Afinal, Deus mais o mundo é pior do que Deus somente. A resposta é que Deus aceita essa imperfeição por amor. Por amor à sua criatura. Então, pense comigo: a minha aula não é perfeita porque a aula perfeita seria dada por Deus. Se Deus garantisse a perfeição da minha aula, só haveria a aula de Deus e não haveria a minha aula. Para haver a aula do professor Clóvis, para que o professor Clóvis possa existir, é preciso que Deus permita a aula imperfeita. Se Deus garantisse a perfeição do mundo, ele estaria sempre no nosso lugar, afinal, somos imperfeitos. Se Deus garantisse a perfeição da minha aula, seria Deus a dar a aula e não eu. Portanto, para que possa existir o professor Clóvis, é preciso que Deus permita, é preciso que ele se retire, é preciso que ele aceite essa diminuição. E Deus aceita essa diminuição por amor. E, por amor, ele deixa que Clóvis seja Clóvis, que o professor possa ser ele mesmo com todas as suas imperfeições. O que vale para a minha aula vale para qualquer outra coisa. Deus poderia garantir a perfeição de tudo, mas, nesse caso, só haveria mesmo Deus. Tudo seria Deus. Tudo seria perfeito, e o mundo não existiria. Por isso, o amor de Deus por nós e a relação de Deus com a sua criatura faz lembrar as pegadas na areia da praia: elas indicam que Deus já passou por ali, mas foi embora para que o mundo possa ser como é. Foi embora para que você possa existir enquanto você. Foi embora para que todos nós possamos ser diferentes uns dos outros na medida da nossa própria e específica imperfeição. • • • • • • Há muitos problemas em acreditar em um deus transcendente. A grande pergunta é: quando Deus nos recomenda algo, ele recomenda porque é bom? É bom por si mesmo? Nesse caso, temos a competência para identificar o que é bom e reconhecemos que o que Deus recomendou é realmente bom. Ou será que uma coisa é boa apenas e tão somente porque Deus a recomendou? Tudo o que ele recomenda é bom de ofício? Analisemos a primeira possibilidade: Deus só recomenda o que é bom, e o que ele recomenda é bom por si mesmo. Ora, meu amigo, neste caso, a nossa inteligência consegue identificar o que é bom, consegue discernir como devemos agir, consegue identificar o que não serve para nós. A nossa inteligência nos garante a possibilidade de atribuir valor às coisas do mundo, como também valor às nossas condutas. E, se somos inteligentes para isso, se temos moral — já que moral é a inteligência a serviço da vida boa —, neste caso Deus estaria um pouco demais, estaria sobrando na parada. Nós mesmos nos bastaríamos. Vamos imaginar agora a segunda hipótese: a coisa é boa porque Deus disse. Se ele não tivesse dito, não seria boa. O que confere bondade às coisas é o fato de Deus tê-las recomendado. Assim, tudo dependeria da recomendação dele e não seria necessário inteligência para identificar o que é certo e o que é errado, não teríamos competência de razão para atribuir valor às coisas do mundo. E não teríamos moral. Bem, você percebeu a dificuldade. Estamos numa sinuca de bico. Ou as coisas são boas por elas mesmas e Deus está sobrando, ou as coisas dependem de Deus para serem boas e nesse caso somos criaturas amorais, descerebradas e incompetentes para resolver nossos problemas.
Melhores trechos: "...Hoje as mulheres (e cada vez mais os homens também) depilam o corpo. Corpos sem pelos, para muitos, são maior fonte de prazer do que corpos com pelos. No entanto, poucas décadas atrás, a coisa não era deste jeito. Não havia depilação. Eis que faço uma constatação óbvia: nessa época de peludos, os corpos eram desejados mesmo assim! Há os que dizem: 'Mulheres que não se depilam são nojentas!'. Nesse sentido, atribuem uma universalidade moral (mediante o sentimento de pureza) a uma prática socialmente convencionada (a depilação). Não depilar é sinônimo de ser 'nojento'. Pois veja que, para muitos dermatologistas, a depilação põe a saúde em risco mais do que a não depilação (devido às feridas na pele, que abrem portas para infecções). Claro que nem todos os dermatologistas concordam, mas a própria discordância só escancara a convenção social da depilação como sinal de higiene... A sociedade nos diz que devemos trabalhar oito horas por dia. Se trabalharmos mais, melhor ainda. Somos condicionados a desejar trabalhar — ou, pelo menos, a desejar o fruto do trabalho, que é o dinheiro. A partir disso, criam-se as justificativas, que culminam até em ditados populares: 'Deus ajuda quem cedo madruga', 'o trabalho enobrece o homem' e por aí vai. Acreditamos que essas são justificativas racionais, mas certamente não são. São tentativas de atribuir racionalidade a um desejo (de dinheiro, crescimento na carreira, etc.). Essa motivação é um afeto, uma emoção e um sentimento socialmente construídos em nossas cabeças. A razão é escrava das paixões. Quem disse que devemos acordar cedo? Quem disse que devemos trabalhar para sermos 'nobres'? Que diabos significa ser 'nobre'? Quem disse que devemos investir metade das nossas horas úteis do dia para construir uma carreira ou ganhar dinheiro, para então encontrar a felicidade?... A liberdade, a livre escolha e a adequação inteligente de meios afins são coisas de quem se deu bem, mas a atribuição a fatores externos que não se pode controlar é coisa de quem se deu mal. E, quando você nega a própria liberdade, nega a própria escolha, nega a possibilidade de ter feito diferente. A isso denominamos má-fé, artifício de fracassados... O conhecimento não está em algum lugar do universo esperando que os seres humanos o capturem, aprisionem e compreendam. O conhecimento é uma construção. O conhecimento é uma produção humana. Ele não é um dado a priori do mundo... Estamos fadados ao mistério e precisamos encontrar conforto dentro desta ideia: não somos capazes de saber tudo. Isso não é derrotismo. Admitir nossa ignorância só é triste para aqueles que têm pretensões delirantes de grandiosidade. Admitir nossa ignorância nos permite a humildade para virar a página e recomeçar, abandonando visões de mundo obsoletas ou admitindo que estávamos errados desde o princípio. Somos limitados. Primeiramente pelas ferramentas, instrumentos e teorias do momento em que vivemos. Mas somos limitados sobretudo pela própria aparelhagem cognitiva humana. Nosso cérebro é uma máquina. Inevitavelmente há coisas que ele não será capaz de compreender. Devemos ser humildes sempre... Ame mais. Ame o mundo como ele é. Reconcilie-se com o real. Cito aqui uma frase do professor André Comte-Sponville, de inspiração assumidamente estoica, que é fantástica: 'Lamente um pouco menos' — isso é passado —, 'espere um pouco menos' — isso é futuro — 'e ame um pouco mais' — isso é o instante presente, o que estamos vivendo agora. Se o passado não pedir passagem, se o futuro não se impuser, o presente estará bastando. Esse presente que basta é aquele que amamos, é o presente que é objeto do nosso amor, o maior dos nossos sentimentos, a principal das nossas emoções, a salvação para o medo da morte... Se Deus é criador, então cria algo diferente dele. Se ele é perfeito e criou o mundo, se o mundo fosse perfeito, Deus não teria criado nada além dele próprio e só existiria Deus. Para que houvesse algo diferente de Deus, foi preciso que ele criasse algo diferente de si mesmo. Portanto, se ele é perfeito, cria algo imperfeito. Assim, se Deus é amor, só pode ter criado algo diferente do amor: o ódio. Se Deus é paz, só pode ter criado a guerra. Se Deus é beleza, só pode ter criado a feiura. Se Deus é inteligência, só pode ter criado a burrice. Dessa maneira, começamos a entender o mal no mundo. Se o mal é a imperfeição, Deus deixa o mundo ser imperfeito para que o mundo possa ser o mundo. E aqui cabe outra pergunta: qual a vantagem de criar algo diferente de si mesmo? Por que Deus aceita essa diminuição? Afinal, Deus mais o mundo é pior do que Deus somente. A resposta é que Deus aceita essa imperfeição por amor. Por amor à sua criatura. Então, pense comigo: a minha aula não é perfeita porque a aula perfeita seria dada por Deus. Se Deus garantisse a perfeição da minha aula, só haveria a aula de Deus e não haveria a minha aula. Para haver a aula do professor Clóvis, para que o professor Clóvis possa existir, é preciso que Deus permita a aula imperfeita. Se Deus garantisse a perfeição do mundo, ele estaria sempre no nosso lugar, afinal, somos imperfeitos. Se Deus garantisse a perfeição da minha aula, seria Deus a dar a aula e não eu. Portanto, para que possa existir o professor Clóvis, é preciso que Deus permita, é preciso que ele se retire, é preciso que ele aceite essa diminuição. E Deus aceita essa diminuição por amor. E, por amor, ele deixa que Clóvis seja Clóvis, que o professor possa ser ele mesmo com todas as suas imperfeições. O que vale para a minha aula vale para qualquer outra coisa. Deus poderia garantir a perfeição de tudo, mas, nesse caso, só haveria mesmo Deus. Tudo seria Deus. Tudo seria perfeito, e o mundo não existiria. Por isso, o amor de Deus por nós e a relação de Deus com a sua criatura faz lembrar as pegadas na areia da praia: elas indicam que Deus já passou por ali, mas foi embora para que o mundo possa ser como é. Foi embora para que você possa existir enquanto você. Foi embora para que todos nós possamos ser diferentes uns dos outros na medida da nossa própria e específica imperfeição... A admiração é uma interrupção abrupta dessas conexões. É quando um elemento de realidade contemplado por nós não encontra em nós um gancho de conexão, de associação. Então ocorre uma paralisação súbita da atividade mental. A essa paralisação denominamos admiração. É importante perceber que a admiração é consequência da disposição das nossas ideias, da nossa capacidade de pensar e de imaginar. É, portanto, uma interrupção que tem por causa uma lacuna na nossa mente, uma falta de gancho. Isso significa que a admiração não tem por causa o mundo que contemplamos. Fosse outro o nosso repertório, fossem outras as nossas ideias, evidentemente seria outra a nossa disposição para pensar, e seriam outros os mundos que nos causariam admiração. Perceba, quando diz que algo é admirável, que você está dizendo que ficou perplexo, ficou paralisado, ficou incapacitado de fazer associações diante de um mundo que acabou de flagrar. Mas esse mundo que determinou a paralisação em você não é admirável em si, porque, fosse outro o observador, talvez tivesse nexos de encadeamento, e a admiração não se produziria. É preciso lembrar que a admiração em si não é nem boa, nem ruim. É apenas um fato, uma realidade da sua atividade mental... Eu poderia continuar e preencher um livro inteiro sobre as diversas formas pelas quais nossas decisões, desejos e comportamentos são influenciados por fatores inconscientes... Mas termino apenas com uma provocação: estudos indicam que o cérebro inicia um comportamento segundos antes de acharmos que decidimos aquele comportamento. Em outras palavras, do ponto de vista de operação cerebral, a crença de que decidimos ocorre após a decisão ocorrer (inconscientemente). Por esses e outros motivos, diversos pesquisadores acreditam que o livre-arbítrio é uma ilusão. E não é gente pequena não. Estou falando de alguns dos cientistas mais respeitados do mundo, de universidades como Harvard e Oxford. Essa eu deixo você, leitor, resolver. Do meu lado, digo apenas que a liberdade é muito mais complexa e provavelmente muito mais limitada do que as nossas sensações de livre-arbítrio cotidianas fazem parecer. Uma provocação: será que qualquer um é livre para ser cientista e contribuir para o conhecimento como fez Einstein? Será que todos temos a liberdade para treinar futebol e jogar tão bem quanto Lionel Messi?... Ignoramos quaisquer reflexões profundas sobre nós mesmos, pois o que importa é mostrar-se especial para o olhar alheio. Eis que temos uma bola de neve: tornar-se especial, cada vez mais especial, nos faz desejar uma aproximação cada vez maior da perfeição, e a perfeição é uma grande ilusão... Alguns nascem com quase nada, enquanto outros nascem bilionários. Mas justiça não é um conceito fundamental da natureza. Não existe uma partícula chamada 'justiça' ao lado dos quarks e do bóson de Higgs. Justiça é um certo jeito que usamos para nos referir às relações entre os seres humanos e o mundo... Nada é puramente positivo, assim como nada é puramente negativo... Se a sua alegria depender da presença de alguma coisa ou de alguém, ela é obviamente frágil, pois as coisas se destroem e as pessoas morrem. Antes de se destruírem completamente, as coisas vão perdendo suas características; as pessoas vão se transformando. Aquela pessoa que um dia o alegrou pode se tornar uma pessoa amarga e passar a entristecê-lo. A única felicidade consolidada e que não é frágil é a felicidade que você consegue sem depender da presença de alguma coisa ou de alguém. É uma felicidade que você consegue consigo mesmo. E isso tem muito a ver, no caso dos estoicos, com evitar a dor e o sofrimento. Se você estiver na paz, estiver de boa, contemplando as coisas, para eles já é o máximo que dá para conseguir. Não é aquela coisa de mil orgasmos e uma vida cheia de luxúria. Não. É uma vida de paz, uma vida de resignação às coisas como elas são... Quando as pessoas estão aqui, mas com a cabeça em outro lugar (os pesquisadores chamaram isso de 'a mente vagando'), tendem a estar infelizes em relação ao momento que estão vivendo... Tenha sim objetivos. Orgulhe-se de suas conquistas. Valorize, agradeça e preserve as relações com as pessoas importantes da sua vida. Mas não se esqueça de saborear e aproveitar os instantes que a vida lhe dá, de estar aqui, com a cabeça aqui, de não viver o tempo inteiro esperando o objetivo chegar. Em vez disso, tenha o objetivo lá no horizonte, mas, ao deitar sua cabeça no travesseiro, tente encontrar a tranquilidade de que hoje você aproveitou ao máximo, saboreou ao máximo e fez o melhor que podia — para amanhã chegar lá..."
A vida é uma escola que nunca fecha ou cessa. Encontrar pessoas que nos ajudam no processo de construção do ser é um grande achado.
a realidade é sempre uma construção subjetiva de cada indivíduo. Neste sentido, cada pessoa, quando se relaciona com o mundo, encontra um mundo diferente.
o conhecimento é o melhor caminho para a condução de uma vida verdadeiramente humana.
O cérebro não absorve o mundo como uma câmera de vídeo. Ele constrói a realidade, e essa construção nos parece a representação perfeita do mundo como ele é.
Tudo é relação entre corpo, mente e mundo. Entre cérebro e mundo. A realidade é o resultado dessa relação.
um erro a não cometer: imaginar que os outros sentem o mesmo que você sente quando encontram o mesmo mundo. Na verdade, sentimos exclusivamente, somos ilhas afetivas. Ninguém sente o que sentimos porque ninguém tem o corpo que temos.
a própria experiência de prazer que sentimos será, em grande medida, fruto das nossas expectativas.
A percepção de “melhor” ou “pior” do paciente é altamente subjetiva. Não há objetividade ao dizer “isto é melhor” ou “pior”, afinal, não temos uma régua de percepção em nosso cérebro. Dizemos que as coisas são melhores (ou piores) de acordo com nossas percepções particulares.
todo prazer depende da dor que circunstancialmente diminui.
que às vezes não basta ter prazer. É preciso ter prazer com o que os outros autorizam.
A arte é um trabalho antes de ser uma religião, um ofício antes de ser um mistério.
você ama o que deseja e deseja o que não tem.
convite é para o uso da razão, que será tanto mais garantidor de um conhecimento confiável quanto menos depender das nossas observações sensoriais.
O desejo é coisa de célula, de neurônio. O desejo se impõe a nós. A vontade não. A vontade mostra a nossa liberdade. A nossa liberdade frente ao nosso corpo desejante, à nossa capacidade de desejar, mas não agir em busca do que queremos.
A crença da eternidade do relacionamento mantém a consistência psicológica, eliminando a dissonância derivada da consciência fria de que um dia a relação terminará.
A certeza de que a vida só será boa se conseguirmos amar o real como ele é, sem escapar para o passado ou para o futuro, ou seja, sem a nostalgia e sem a esperança.
O cosmos é uma organização universal que não esquece ninguém, compreende a todos.
o que nos confere unidade é a narrativa, a história, o discurso.
virtude ou excelência é a capacidade que permite a uma coisa realizar bem a sua função
Uma obra de arte sempre foi e sempre será a encarnação de uma grande ideia em um pedaço de matéria.
a natureza é uma forma de perfeição do ser com vistas a certa finalidade. E essa finalidade é a de cada parte que compõe o todo. O todo é o próprio divino. Por isso, a contemplação do divino é a contemplação do todo na sua maravilhosa perfeição.
A beleza do mundo tem que ser entendida a partir do todo, em função do todo. Aí então cada coisa encontrará, por conta do todo e da presença no todo, a sua beleza.
Somos livres só para pensar. Na hora de estar no mundo, também somos rigorosamente determinados pelas causalidades materiais que nos fazem ser e existir como só poderíamos ser e existir.
se você tem convicções e acaba se deixando abater pela chacota, pela maledicência e pelo ridículo que a sociedade lhe impõe, acabará fragilizando suas convicções e agindo como um robô da lógica social.
A ciência normal é a pesquisa científica baseada em uma ou mais realizações científicas passadas. Ela é focada em resolver problemas baseando-se em uma série de pressuposições que não são questionadas. Essas pressuposições são fruto das realizações científicas passadas nas quais a ciência normal está se baseando.
uma anomalia pode ser fruto de um experimento mal desenhado, de um instrumento calibrado de forma incorreta ou de uma variável que não foi considerada.
um paradigma só é derrubado pelo surgimento de um novo paradigma.
Há questões que nós sabemos que não sabemos. Provavelmente há muito mais questões que nós nem sabemos que não sabemos.
o aumento de conhecimento acarreta um necessário aumento da consciência que temos de nossa própria ignorância. E não há fim para esse processo
Se as necessidades de amor e pertencimento estiverem devidamente atendidas, então o ser humano buscará satisfazer as necessidades de estima—que envolvem autoestima e autorrespeito.
Quando o real é espetacular, não tem passado nem futuro.
A pessoa arrependida geralmente é (ou foi) esperançosa. Esperou que as coisas mudassem, esperou a oportunidade, esperou ter coragem. Esperou em vez de agir. Em vez de ter feito diferente.
quando estamos nos apaixonando, uma das primeiras coisas que acontece é a nossa imediata incapacidade de identificar imperfeições naquele que amamos.
Ao amar, confiamos que as alegrias serão grandes o suficiente para superar a eventual e provável tristeza da separação ou da perda.
o sofrimento não é atributo de uma vida mal vivida, ele não decorre de erros, não é castigo por alguma coisa que fizemos agora ou em outras vidas. O sofrimento é inerente à vida, é essencial à vida. Sem o sofrimento, a vida também não existe.
A confiança será valor ético quando tiver por objeto o comportamento de alguém.
“Lamente um pouco menos”—isso é passado—, “espere um pouco menos”—isso é futuro—“e ame um pouco mais”—isso é o instante presente, o que estamos vivendo agora.
cuidar de alguém é uma equação afetiva complicadíssima, que exige 24 horas de atenção para tudo que possa agredir no mundo. Cuidar de alguém é tarefa difícil, porque o mundo é ardiloso e astucioso na hora de entristecer.
O mundo será sempre muito mais difícil do que a nossa capacidade de antecipá-lo, diagnosticá-lo e identificar o que nos convém e o que não nos convém. Cuidar de si é só uma tentativa fadada ao fracasso porque, se fosse bem-sucedida, talvez não morrêssemos nunca.
Vergonha é uma forma particular de tristeza. Já sabemos que tristeza é sempre perda de potência, diminuição da nossa potência de agir. A vergonha é uma tristeza com uma causa muito especial, é um atributo flagrado em si mesmo, é uma tristeza que nós mesmos nos proporcionamos.
um grande número de opções nos leva à insatisfação e, no limite, à tristeza.
o interesse pela vida dos outros é parte fundamental do processo evolutivo dos primatas, especialmente dos grandes primatas
os critérios que definem a legitimação de indivíduos para posições de poder são relativos à cultura do grupo que estivermos analisando.
A única felicidade consolidada e que não é frágil é a felicidade que você consegue sem depender da presença de alguma coisa ou de alguém.
A esperança é um afeto na ignorância e também na impotência,
A impotência é a marca registrada do esperançoso.
Pessoas felizes são aquelas que têm relações de qualidade, que se rodeiam de pessoas queridas e amadas. Um dos maiores catalisadores de tristeza é a solidão.
Esse livro superou minha expectativa por não mostrar receitas de como nos encontrar, como o título sugere. Em vez disso ele mostra o que os grandes pensadores, desde a Grécia antiga até hoje, entendiam sobre nosso lugar no universo. Nesta maneira, ao final do livro, você se encontra capaz de fazer paralelos entre os ideais de mundo expostos a sua própria vida. E, para quem tem um breve contato com o pensamento filosófico, o livro é um prato cheio para entrar neste mundo.
Em Busca de Nós Mesmos, abrange conceitos filosóficos e neurocientificos sobre a nossa existência.
Nele, passamos pela história da filosofia com base no Cosmos, onde podemos refletir sobre muitos conceitos estoicos e de outras linhas de pensamento ocidentais e orientais sobre a vida humana e como vivemos.
Através da neurociência, é destacado inúmeros fatores que podemos entender sobre o nosso comportamento perante o mundo, e qual é o nosso lugar na existência, promovendo reflexões e constatações científicas a respeito da vida como ela é e como nós a percebemos.
No mais, é importante salientar que devemos praticar o exercício da reflexão, mas ao mesmo tempo vivendo o presente, tentar extrair ao máximo as coisas boas que acontecem em nossas vida, ao passo que precisamos achar alguma forma de conviver com as dificuldades e com o peso de poder pensar sobre nós mesmos e sobre tudo que desconhecemos, isso é incrível e angustiante ao mesmo tempo, mas é aí que está a graça de podermos sermos seres dotados de inteligência e empenho em desbravar tudo que podemos na concepção mais abrangente e total da vida.
O livro em busca de nós mesmos me trouxe inúmeras reflexões referentes a minha própria vida e como a tenho levado dos últimos anos até hoje. Há uma parte do livro em que os dois autores(Pedro e Clóvis)levantam ideias, reflexões e questionamentos realizados pelos maiores pensadores da história, e ao lê-los pude compreender a importância que a filosofia tem para nossa vida, Como por exemplo sabermos identificar a nossa referência de início, por onde e como vamos nos ajustar ao lugar que certamente deveríamos estar, será que respeitamos a nossa natureza, os nossos recursos e nossos talentos? Somos fumaça que sobe ou pedra que cai? será que tentamos viver fora do nosso devido lugar?
Entendo que a parte de introdução a filosofia é necessária para traçar o caminho do conhecimento humano, mas achei a parte um pouco chata, muito parecida com uma matéria que tive no primeiro período da faculdade. Além disso, não gosto da insistência de Clóvis de usar o corpo feminino como exemplo de objeto de desejo. Tirando isso, o livro traz muita informação e reflexão de forma bem simplificada mas que realmente causaram um impacto em mim.
Os autores nos trazem ensinamentos através das filosofia e da neurosciência para que aplicamos em nossa rotina e assim buscarmos de alguma forma entender o que é estar aqui nesse planeta.
Muito fácil de ler, apesar de apresentar alguns conteúdos complexos, os autores facilitam muito o entendimento. Recomendo.
O livro é bom e traz várias reflexões sobre a vida e diferentes correntes filosóficas. Em vários momentos, porém, tive a impressão de que o assunto não era muito aprofundado e só lançado ao leitor. Linguagem bem simples e acessível.
Livro interessante! Gosto muito de todas as obras do Clóvis de Barros de Filho. Acho um filósofo maravilhoso, com um conhecimento e uma sabedoria enormes sobre o o mundo. Valeu a pena ter lido
Excelente! Livro rico em conhecimento. Que em média, visa a "Vida boa". O sentimento que predomina em mim, nesse instante é o de gratidão por ter a oportunidade de ler essa obra maravilhosa!
Excelente livro no qual os dois excêntricos autores fazem uma viagem pelo mundo da filosofia e da neurociência para tentar explicar um pouquinho o tanto de complexo que é este mundo e o ser humano.
O livro é em formato de prosa entre os autores, mergulhando na filosofia e a neurociência, e juntos levantando questões sobre a vida de uma forma brilhante e profunda em questões comuns. Temas como a vida, destino, sentido da nossa existência, sobre o cosmos e o significado de uma vida boa. É o típico livro que a gente lê mais de uma vez, porque sempre que você reler o livro, você consegue extrair mais alguma coisa diferente e aplicar na prática. Gostar do livro apenas não é o suficiente para expressar, aliás, o Clóvis é um dos meus autores preferidos no gênero, e tem sido incrível explorar suas histórias e devaneios por meio da filosofia e da reflexão.
O título pode nos dar uma ideia de que o livro é mais um daqueles livros de auto-ajuda que nos dizem o que fazem mas em nada acrescentam em nosso crescimento como seres humanos. Clóvis e Pedro nos levam a uma viagem incrível ao mundo do saber, despertando a curiosidade pela filosofia e ciência. Ao contrário da maioria dos livros de auto-conhecimento este livro é especial, pois nos ensina a pensar e não nos dá as respostas prontas. Nos mostram como podemos todos chegar a um mesmo destino caminhando por caminhos muito diferentes. Vale muito a pena ler, mas saiba que sua vida irá mudar!
Não é livro de auto ajuda Trazendo a filosofia de Clovis e Neurociência de Calabrez, fazemos uma viagem desde antiguidade clássica até a modernidade. passando por assuntos de grande importância para a melhor compreensão do pensamento humano e de como construímos nossas relações com o mundo e outras pessoas