António é um adolescente de treze anos dotado de inteligência e cultura invulgares, forte personalidade e um sentido de humanismo e justiça, pouco comuns, surpreendendo todos os que com ele convivem.
O pároco da aldeia onde nasceu e vive admira-o e estima-o, vaticina-lhe um futuro promissor mas nunca pensado que irá chegar tão longe.
Mas tarde, já Cardeal Patriarca de Lisboa, António participa no conclave que se segue à morte do Sumo Pontífice e é eleito Papa, por unanimidade, com apenas 31 anos, tornado-se um dos mais jovens sucessores de Pedro.
Dinâmico, de atitudes imprevisíveis, marginaliza todo o formalismo, "desaparecendo" de onde jamais se espera que desapareça e surpreendendo todos onde ninguém alguma vez esperaria vê-lo!
Consideram-no O Papa que Nunca Existiu... O Papa sem medo que calçou as sandálias do Pescador e optou por um caminho tortuoso e perigoso, para trazer de novo a humildade e o amor de Cristo à Igreja e à Humanidade
Nascido em Lisboa, a 11 de Novembro de 1929, é defensor do princípio de que um escritor nasce com a vocação para escrever, António de Andrade Albuquerque (que usou o pseudónimo de Dick Haskins nas obras do género policial) sentiu inclinação para a produção literária desde a adolescência. Escreveu contos que se perderam no fundo de uma gaveta e no tempo, teceu e orientou os argumentos das aventuras que todos «vivemos» com os amigos na juventude que, de uma forma ou outra, deixa sempre um rasto de saudade, ouviu e nunca esqueceu o que o seu Professor de Português no Liceu de Passos Manuel, em 1942, lhe vaticinou tornar-se um dia escritor, mas ainda viria a hesitar entre a Medicina e a Literatura.
Li porque me foi oferecido por um simpático grupo de caminhantes e porque um amigo o leu e queria discuti-lo comigo. Não me entusiasmou, apenas senti curiosidade de saber como terminava e o que acontecia lá pelo meio. Nunca tinha lido nada do autor e também não fiquei com vontade de o fazer. Nota-se que se esmerou na pesquisa, mas a forma como o demonstra é enfadonha. A escrita é demasiado formal, seca, repetitiva, os diálogos entre os adolescentes são muito estranhos, não há muito espaço para o humor, nem para a poesia, nem romance (ao menos um beijo!), coisas que costumo apreciar. Há alguma acção policial no final, a parte que melhor flui, talvez porque é a praia do autor. O que mais gostei foi da nota inicial, cheia de boas intenções, o autor é um católico crítico da sua religião, que está consciente do seu papel e assume-o com humildade, mas fica-se por aí. A tão apregoada "revolução bombástica" parece-me apenas o que qualquer católico com bom senso deseja há muito. Tendo sido educada nessa religião, parece-me pouco. É um começo, é certo, mas não aflora sequer algum tema polémico ou fraturante, continua a centrar a mudança na organização patriarcal, remetendo sempre as mulheres para planos secundários; não trata da contracepção, nem do casamento homossexual, nem de muitas outras coisas que eu gostaria que um papa verdadeiramente revolucionário tratasse. Este é o papa que nunca existiu, que já devia ter existido há muito e que, provavelmente, nunca irá existir.
É impossível escrever um comentário sobre este livro sem fazer uma referência à obra de Morris West, "As Sandálias do Pescador".
Tal como nesta obra, "O Papa que Nunca Existiu" é uma história de contornos utópicos, onde se revela a vontade de uma Igreja mais virada para as comunidades e menos preocupada com as sua intrigas palacianas e discursos à Frei Tomas. Uma Igreja menos preocupada em angariar riquezas e mais preocupada em dirigir os esforços financeiros para ajudar os necessitados. Um clero mais próximos dos fiéis e não resguardado pelas paredes do Vaticano. E aqui terminam as semelhanças entre os dois livros.
Neste livro fiquei com a sensação que António Andrade Albuquerque andou a experimentar algumas ideias que tinha sobre o livro, criando uma manta de retalhos em que as peças não ficaram bem a condizer umas com as outras. Temos o livro escrito pelo Padre Albano e as dúvidas que ele encerra, temos a "capacidade" de António poder comunicar com Deus (ou pelo menos assim parece), temos a personalidade de António, mas no fim tudo isto não encaixa da melhor maneira, ficando com a sensação que o autor já não sabia o que fazer com tudo isto. O cruzamento com o livro "O Expresso de Berlim, do mesmo autor, e que tenciona ser como uma espécie de pedra de toque para esta história penso que não funcionou e quase me pareceu a uma espécie de "divulgação comercial".
Ao contrário do outro livro de António Albuquerque, fique um pouco desapontado. Esperava melhor. Insiste muito nos mesmos defeitos que já apontei em "O Expresso de Berlim": alguns diálogos soam demasiado forçados, em particular na fase respeitante à infância de António e um excesso de explicações sobre todos os sentimentos que percorrem as personagens.
Tal como em "O Expresso...." o autor revela não ser amante de finais "simpatícos", um pouco ao jeito do também já li de Morris West, mas pareceu recorrer a um final "fácil" e de certo modo previsível.
Em fim, uma leitura para quem gosta de histórias que envolvam o Vaticano, mas que está longe de ser das melhores.
Ontem terminei de ler mais um livro de António Andrade Albuquerque, "O Papa que nunca existiu", exemplar oferecido pelo autor.
Mais uma vez se consagra um grande escritor, capaz de captar a atenção do leitor desde a primeira página. A história é escrita de uma forma absolutamente fascinante, quer no que respeita à forma, quer ao seu conteúdo (e hoje em dia já vai sendo raro encontrar boas histórias escritas em bom português).
António é um jovem de treze anos, filho de José e Maria, que numa pequena aldeia de Vouzela surpreende todos com a sua eloquência e perspicácia. Dotado de inteligência e cultura invulgares, e um sentido de justiça e humanismo incomuns, desenvolve uma forte personalidade e encontra no Padre Albano, o pároco da aldeia, um amigo com que pode falar sobre as dúvidas que o assolam. O padre Albano admira António, e vaticina-lhe um futuro promissor.
No entanto, a morte inesperada do pároco, conduz António para uma revelação surpreendente, que leva o leitor para uma outra obra do mesmo autor - O Expresso de Berlim.
António, o menino que os professores diziam que se formaria em medicina, decide ser padre, decisão também tomada por José, o seu amigo de infância, cuja infelicidade tornou seu irmão.
Aos trinta e um anos, António é Cardeal Patriarca de Lisboa e participa no Conclave que se segue à morte do Sumo Pontífice e é eleito Papa, por unanimidade. O seu dinamismo, as suas atitudes imprevisíveis, o facto de se colocar ao lado da humanidade e as reformas que propõe para a Igreja, faz com que o apelidem de "o papa que nunca existiu"...
Mas que futuro terá este Papa, adorado pelo povo, mas olhado com desconfiança pela própria igreja?