Dia após dia, sem perceber, sem querer, sem saber, esforçamo-nos numa arte milenar - a arte de ser infeliz. Nas decisões que tomamos, naquilo que dizemos, no modo como nos sentimos, em quase tudo, quase sempre, agimos contra nós mesmos. A má notícia é que, mesmo que aprendamos a controlar esses impulsos da nossa psique, eles sempre estarão lá, prontos para agir tão logo nos descuidemos. Mas a boa - a excelente - notícia é que há, sim, muitas formas de controlarmos os instintos naturais que nos levam à infelicidade. É nisso que trabalho há décadas. E é isso que partilho com vocês aqui. A intenção deste livro é uma só: oferecer ao leitor caminhos para entender um pouco do nosso intrincado e complexo inconsciente (ou psique). Desenvolvendo essas percepções, provavelmente teremos mais possibilidades de não cairmos nas armadilhas emocionais - criadas por nós ou pelos outros. Na medida em que entramos, por opção ou conivência, nessas armadilhas, vamos complicando nossa vida, tornando-a difícil, a ponto de não aproveitá-la. Algumas pessoas vão trilhando esse caminho pedregoso e se tornam experts na construção do sofrimento, fazendo-se especialistas no que chamo de a arte de ser infeliz.
O livro é uma reflexão profunda e acessível sobre os aspectos emocionais que influenciam nossa vida, muitas vezes de forma inconsciente. Tombini nos convida a refletir sobre como questões emocionais negligenciadas podem comandar nossas ações e relações, e oferece insights para compreender, evitar e superar armadilhas que nos impedem de viver de forma mais plena e autêntica.
Um dos principais trechos do livro destaca a importância do cuidado na comunicação: > "...Não é porque temos intimidade ou afinidade com alguém que podemos maltratá-lo. Devemos, em vez disso, exercitar ao máximo o cuidado na escolha das palavras... Ter esse filtro, entre o que pensamos e o que falamos, é o verdadeiro diferencial..."
Tombini reforça que o exagero verbal, muitas vezes inconsciente, pode causar danos profundos às nossas relações próximas, e que a sensibilidade e percepção de quando e como falar são essenciais para manter vínculos saudáveis.
Outro ponto central é a reflexão sobre os relacionamentos amorosos e as suas origens: > "...Muitas vezes, nem sabemos bem o que estamos buscando numa relação... A questão corporal, física, sexual é, de fato, uma fonte de prazer, mas se isso é tudo, o esgotamento do caso é inevitável..."
Ele critica a visão que reduz o amor apenas ao sexo, alertando para a necessidade de manter a individualidade e a profundidade emocional na convivência. Tombini também aborda a importância do diálogo honesto e completo, evitando meias palavras e ressentimentos que dificultam o crescimento conjunto.
Sobre as armadilhas emocionais, o autor explica que muitas vezes ficamos presos em discussões improdutivas, que geram frustração e ressentimento, e que aprender a interromper ou adiar essas conversas pode evitar dores maiores: > "...Quem deseja certa harmonia no convívio a dois deve saber que o sentido de uma relação é a diversidade de pensar, falar, posicionar-se... Se você perceber que está ficando com raiva do amado, é um bom motivo para suspender a conversa."
Tombini também destaca a importância de autoconhecimento e da coragem de expressar nossos sentimentos e opiniões de forma verdadeira e completa, sem medo da reação do outro. A comunicação autêntica é vista como uma ferramenta essencial para evitar conflitos e fortalecer vínculos.
Outro tema relevante é a relação entre emoções e saúde física, através do fenômeno da somatização, onde o sofrimento emocional se manifesta no corpo: > "Percebam que o corpo e a mente apresentam uma ligação umbilical de intensa intimidade. Eis a somatização... o corpo também fala por meio dos sintomas."
O autor reforça que compreender e tratar nossos conflitos internos, incluindo traumas, inseguranças e repressões, é fundamental para uma vida mais equilibrada. Nesse sentido, a psicoterapia surge como um instrumento valioso para desvendar esses conflitos e promover a cura emocional.
Tombini também aborda a questão do sentimento de culpa, muitas vezes carregado de forma desnecessária, incentivando uma postura de responsabilidade consciente, mas sem autoacusações excessivas: > "A única responsabilidade que podemos realmente ter é diante da vida, pelos nossos atos. Só isso, bem menos do que o sentimento de culpa, que é para quem se acha com a bola muito cheia."
Por fim, o livro reforça a ideia de que a vida é inerentemente imperfeita, e que aceitar essa imperfeição, com suas desilusões, conflitos e limites, é parte do processo de maturidade emocional. Ele nos desafia a abandonar a busca por uma perfeição ilusória e a reconhecer que errar, ofender e ser ferido fazem parte da condição humana.
Em suma, A Arte de Ser Infeliz nos convida a uma reflexão sobre como nossas emoções, pensamentos e comportamentos moldam nossa felicidade ou infelicidade, e nos oferece ferramentas para desarmar as armadilhas emocionais que criamos ou permitimos que nos controlem.
Achei pertinente todo o conteúdo do livro, mas tive mais decepções do que realizações. Primeiro porque o livro que eu comprei, enquanto eu ia lendo, se descolou da capa. Depois, achei que o autor repetiu muitas vezes várias mensagens, como é um livro de auto-ajuda, ele tentava ajudar falando várias vezes a mesma coisa. O que me incomodou mais foram os erros de português, de pontuação. Do tipo "o sujeito não se separa do verbo pela vírgula". Tirando tudo isso, acho que o assunto trabalhado no livro é bem relevante.
A organização dos capítulos deixa a desejar, não segue uma linha de raciocínio, mas é um excelente livro para se estudar e entender comportamentos humanos, explicando desde a raiz até a solução.