Esta é a história de um Portugal de há muitos anos atrás. Um Portugal onde havia uns homens conhecidos como os Barrigas — que comiam tanto, tanto que todo o corpo podia ser estômago; e outros conhecidos como os Magriços — que não tinham nada para lá meter. Fala-nos de um Portugal no tempo do fascismo; fala-nos da injustiça de uma sociedade dividida em classes em que a maioria trabalha sem cessar para engordar uma ínfima minoria, tantas e tantas vezes sem que isso chegue para satisfazer as mais básicas necessidades dessa mesma maioria. Mas a 25 de Abril de 1974, os Magriços, juntamente com os soldados (também eles Magriços) que antes serviam os Barrigas, derrubaram o poder dos Barrigas, tornando-se assim senhores do seu próprio destino. O conto de Álvaro Cunhal sobre o 25 de Abril para as crianças, com ilustrações originais de Susana Matos.
ÁLVARO BARREIRINHAS CUNHAL nasceu em Coimbra, a 10 de Novembro de 1913. Estudante da Faculdade de Direito de Lisboa, filiou-se no Partido Comunista Português (1931) e foi eleito secretário-geral das Juventudes Comunistas. Em 1936 passou à clandestinidade e em 1937 entrou para ao comité central do partido. Após várias prisões temporárias, foi preso no Forte de Peniche, de onde se conseguiu evadir em 1960. Foi Secretário-Geral do partido de 1961 até 1992. Regressado a Portugal em 1974, fez parte, como Ministro sem pasta, dos I, II, III e IV Governos Provisórios (1974-1975). Deputado entre 1974 e 1992, raramente ocupou o lugar na Assembleia da República. Foi ainda membro do Conselho de Estado de 1982 a 1992. Publicou vários livros, sob o pseudónimo de Manuel Tiago: Até Amanhã, Camaradas (1974), Cinco Dias, Cinco Noites (1975), A Estrela de Seis Pontas (1994), A Casa de Eulália (1997), Fronteiras (1998), Um Risco na Areia (2000), Sala 3 e Outros Contos (2001) e Os Corrécios e Outros Contos (2002). Faleceu em Lisboa, a 13 de Julho de 2005.
Não sabia que Álvaro de Cunhal tinha escrito livros infantis e foi com surpresa que descobri este livro. A história retrata um Portugal de outros tempos, mas não tão antigos assim, um país oprimido e com fome e injustiças sociais. É um retrato que tenho muito vivo na memória por ouvir o meu pai retratar “Os barrigas e os magriços” exactamente desta forma! Também nos fala do significado do 25 de Abril.
Não ligando a políticas, o livro passa uma mensagem de esperança, em que se trabalharmos e vivermos em comunidade, a união faz a força! E essa é uma mensagem muito importante a passar a gerações mais novas! As ilustrações são belíssimas e complementam a intensidade da história.