Cebola Crua Com Sal e Broa

by Miguel Sousa Tavares

Eterno contador de histórias, o autor dá vida aos seus primeiros anos: da infância à juventude, dos jornais à política. O testemunho de uma vida única com a História contemporânea de Portugal como fundo.

Uma quinta no Marão e a escola igual para todos. Os Verões nas praias da Granja e de Lagos. "Melville" e a pesca da lula «ao candeio». Uma casa diferente e alternativa. Marcelo e as lutas estudantis. O pai e o 25 de Abril. A PIDE e as loucuras do PREC. O trabalho no Estado. A liberdade nos jornais e o fascinante mundo da televisão. Soares, Guterres e Sócrates. As paixões pelo jornalismo e pela literatura. As promessas de vida cumpridas e as juras por cumprir...

«Pode um homem viver impunemente começando a sua infância numa aldeia do Marão, comendo cebola crua com sal todas as merendas? Daí saltar para o mundo cinzento e as manhãs submersas da vida salazarenta da Lisboa dos anos sessenta? Acordar na manhã luminosa do 25 de Abril e descobrir que, afinal, éramos todos anti-fascistas e revolucionários e, logo depois, ir ao encontro do mundo e descobrir-se a si mesmo como uma testemunha privilegiada de tempos incríveis que, não os narrando, teria sepultado para sempre na cinza dos dias inúteis? Declaro que vi. E, por isso, conto. Antes que a água tudo lave e apague.»

Genres: Biography, Nonfiction, Portuguese Literature, Portugal, Romance

368 pages, Paperback

First published May 24, 2018

About the author

Miguel Sousa Tavares is a portuguese journalist and was born in Porto, on the 25th June 1952. His mother, Sophia de Mello Breyner, was a poetess and his father, Francisco de Sousa Tavares, a lawyer and a journalist. After taking the Law course, he carried advocacy during twelve years, but left it permanently to become a full time journalist.
He first appeared at television in 1978, by entering the Radiotelevisão Portuguesa channel (Portuguese Radiotelevision).
In 1989, he was one of the creators of Grande Reportagem magazine (Big Report) and he became director of it in 1990, place where he settled during ten years. He also published some chronics and wrote to the journal Público (Public) from 1990 until 2002. At the same time, he also wrote chronics in other publications such as A Bola (The Ball, a sport journal), Máxima (Maximum, a female magazine) and in the online journal Diário Digital (Digital Diary).
He worked at SIC, a private TV channel, where he hosted information programmes such as "Crossfire". He left SIC and refused the invitation to be general director of RTP but, in 1999, he returned to the television.
He entered TVI in 1999 where he hosted the programme Legítima Defesa (Self Defense) and in 2000 he started to work as a fixed commentator at the Jornal Nacional (Nacional Journal, in TVI).
He also released various books, and almost all of them are chronics. The first one, Sahara, a República da Areia (Sahara, the Sand Republic), was edited in 1985 and was part of a report. Ten years later he wrote a collection of political texts called Um Nómada no Oásis (A Nomadic in the Oasis) and O Segredo do Rio (The Secret of the River, a children story). In 1998, the book called Sul (South) came out and in 2001 the book called Não te Deixarei Morrrer, David Crockett (I won't let you die, David Crockett). In this last year, was also edited Anos Perdidos (Lost Years), a colection of chronics dedicated to the govern of António Guterres.
His first novel was Equador (Equator), first edited in 2003 and which sold more than 370 thousand copies. This novel was so sucessful that posteriorly was released in Brazil, Germany, Spain, Latin America, Czech Republic and the Netherlands, and also won the 25th edition of the Grinzane Cavour prize for the best foreign novel of the year, in Italy. In October of 2007, Miguel Sousa Tavares released Rio das Flores (River of Flowers), also a success.

Reviews

[Maria João (A Biblioteca da João) · Rating 4 out of 5]

8 de 10*

Penso que, muitas vezes, o cidadão comum tende a criar estereótipos que aplica indiscriminadamente. Por isso mesmo, e dada a enorme quantidade de pessoas conhecidas (celebridades ou não) que actualmente se dedicam à escrita, criou-se um pouco o mito de que este tipo de livros não tem qualidade. Como em tudo há a regra, mas também a excepção. Sem dúvida que Miguel Sousa Tavares se enquadra na excepção. Já o tinha sentido no livro "Equador" e fiquei agora com toda a certeza em "Cebola Crua com Sal e Broa". Miguel Sousa Tavares escreve muito bem e dá um gozo enorme ler os seus livros!

Comentário completo em:
https://abibliotecadajoao.blogspot.co...

[Dora Santos Marques · Rating 4 out of 5]

A minha opinião em vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=RbJVY...

[Elsa · Rating 3 out of 5]

Tal como já tinha lido em pelo menos outra review é pena que MST não se tenha ficado apenas por nos contar histórias como tão bem sabe contar e muitas vezes (demasiadas a meu ver) se perdesse nos seus comentários depreciativos acerca de pessoas com quem se cruzou na vida profissional.

Há um dado novo neste livro que conheço bem no autor de o ouvir nas suas intervenções na televisão ou até em entrevistas mas que gostaria de não ter lido nos seus próprios livros... a presunção e a ideia de "eu sou tão bom" ou "fui sempre muito bom". E quem o acompanha (como eu) há mais de 35 anos sabe que ele é e sempre foi bom. Nunca conheci outro jornalista de reportagem como ele, nunca conheci mais nenhum programa de entrevistas em que os entrevistados quase saíssem de lá trocidados... mas ler isso escrito por si próprio não cai tão bem... ou então sou eu que acho que nos fica sempre bem um pouco de humildade.

Miguel Sousa Tavares escreve muito bem. Nada a apontar. Este livro é a biografia que ele não deixou que outros escrevessem. Se é tudo verdade ou se tem muito de ficção, e com certeza lá o terá, só ele sabe.

Gostei muito de regressar (por mim) a tempos da Grande Reportagem e dos tempos com o Barata-Feyo e a outras situações que tão bem recordo dos seus tempos áureos de jornalismo puro e duro.

De todas as histórias amei a última em que nos conta as suas férias como "turista" nos anos 60 no Algarve - aí sim, revi o Miguel Sousa Tavares que ama contar histórias e nos fazer sonhar mais alto.

Não poderia dar mais de 3 estrelas porque por vezes parece que se perdeu no que nos estava a contar e conta outras coisas sem ligação aparente nenhuma e porque (para mim) são demasiadas as vezes que li "modéstia à parte"...

[Carla Oliveira · Rating 5 out of 5]

4,5⭐

[Carolina · Rating 4 out of 5]

Mesmo em férias no Gerês e sempre a viajar de um lado para o outro, posso dizer que "devorei" este livro. É incrível como MST tem a capacidade de nos levar a qualquer lugar, com a sua escrita. É um contador de histórias nato e teve/tem uma vida fascinante com tanto para partilhar (e ainda bem que o fez). A forma como vive o jornalismo (e como o descreve) fez-me re-apaixonar pela minha área de formação que nunca consegui exercer, tendo também a certeza de que os seus tempos áureos também já lá vão. Ficou a vontade enorme de conhecer (ainda mais) este nosso país à beira-mar plantado que, de pequenino, tanto tem para conhecer. Recomendo.

[Anabela Mestre · Rating 4 out of 5]

Um livro muito acessível e fácil de ler. Neste livro, Miguel Sousa Tavares conta histórias que fizeram a sua vida, histórias interessantes, de momentos que marcaram defenitivamente as últimas décadas em Portugal. É bom saber por dentro como decorreram por dentro, coisas de que me lembro, de outras que ouvi falar.
Miguel Sousa Tavares consegue fazer esta autobiografia de uma maneira acessível, e ao mesmo tempo agradável. Um livro apropriado para este Verão.

[Tita · Rating 5 out of 5]

Este foi o quarto livro que li do Miguel Sousa Tavares, e apesar de ser um registo diferente de O Equador, posso dizer que adorei.
Num registo autobiográfico, MST vai-nos contando a sua vida, desde a sua infância, até à vida adulta, mas sempre com o seu tom característico de um excelente contador de histórias.
Com uma prosa magnifica, que me envolveu logo no início e com vários episódios que me deixaram com um sorriso. Tem também uma forte componente política, mas que me não achei nada maçudo.
Adorei!
Opinião em vídeo aqui

[Paulo Rodrigues · Rating 5 out of 5]

Cebola Crua com Sal e Broa é um livro de reflexões e memórias de Miguel Sousa Tavares, traçando o seu percurso desde que era um miúdo a viver numa aldeia no Marão cuja merenda era cebola crua e sal, até à sua vida adulta e profissional. Com histórias incríveis pessoais e de figuras importantes da política portuguesa passando por momentos marcantes da história e da política recentes de Portugal, como as revoltas estudantis, o 25 de Abril, o PREC. 
Um escrita fluida e envolvente como o Miguel já nos habituou , mais um grande livro . 5 estrelas .

[Sara Neves · Rating 5 out of 5]

I really enjoyed reading it. Not only for the suthor's personal history but also all the other historical facts happening around that time. I also loved the insight into journalism and working for the State.

[João Duarte · Rating 3 out of 5]

É sob um título deveras original que nos chega a mais recente obra de Miguel Sousa Tavares (MST), uma espécie de autobiografia que percorre as diversas etapas da vida do autor, através de episódios que ele recorda com nostalgia.

Mais uma vez, provou-se que filho de peixe sabe nadar, com a prosa de MST a ser sempre fácil e agradável de ler, sem cair na preguiça de tornar o vocabulário demasiado reduzido e simplista. De igual modo, o facto de o autor ter tido uma família e um percurso de vida que lhe permitiu, ao longo do tempo, "estar em todas", só torna as evocações do passado mais ricas: podemos ler este "Cebola crua (...)" como crónicas de tempos idos que, por coincidência, se cruzam com a vida de MST.

Porém, a meu ver nem tudo é brilhante neste livro. Por um lado, não estou seguro que a cadência e estruturação com que alguns episódios são contados seja a melhor: se é certo que dá um toque espontâneo à narrativa, como se fosse uma conversa à lareira no inverno, acaba a deixar um pouco a sensação de uma revisão que foi curta. Por outro, ao não ser um romance puro, como o "Equador", há alguns momentos em que o ego do autor parece estar demasiado presente na obra: em rigor, também não há nada de errado nisso, e eu incluo-me na metade de pessoas que simpatiza com MST, e simpatizo muitíssimo como escritor... Mas confesso que às vezes há um certo tom de sobranceria e tricas pessoais que pertencem mais à conversa com amigos que à literatura.

Em resumo, "Cebola crua com sal e broa" é um vívido retrato do Portugal do estado novo, e uma boa apresentação do que foi o panorama jornalístico português desde o 25 de abril. MST teve a rara oportunidade de estar presente em inúmeras ocasiões históricas e perante personalidades fascinantes, e só lhe devemos agradecer ter passado algumas dessas histórias ao papel, ainda que com um ou outro detalhe que, "se fôssemos nós", mudaríamos.

[Maria · Rating 4 out of 5]

Opinião em: http://marcadordelivros.blogspot.com/...

[M João (Livros?gosto) · Rating 4 out of 5]

Opinião em :

https://livrosgosto.blogspot.com/

[Henrique Marques · Rating 4 out of 5]

4* Porque este é um livro nostálgico e eu sou nostálgico.
Na nostalgia, identifico-me com o Miguel Sousa Tavares (MST); também tenho saudades do que já passou e não voltará, também acho que os tempos de infância foram de uma felicidade não repetível.
No entanto, ao contrário dele, e aqui vejo uma grande diferença, também anseio pelo futuro e pelo que nos trará.
MST delicia-me com a sua prosa fácil e encantadora: é uma tentação mergulhar no seu mundo e nas suas certezas absolutas e deixar-me levar por elas. No entanto, e contra o meu gosto, nunca, ou raramente, se expõe e nunca larga a sua aura de absolutas certezas.
O livro acaba por ser uma crónica de costumes, uma fotografia de uma realidade que já passou e não voltará, mas, como todas as fotografias, é apenas superfície, nunca profunda, nunca mergulhando nas incertezas do ser humano.
É também, no entanto, um testemunho fiel (tanto quanto pode ser) de uma época, de uma realidade que, felizmente, já não faz parte da nossa vida mas que nos deixa a nós, nostálgicos, ansiando por um tempo que, embora não propriamente feliz, nos faz suspirar por ele apenas por essa qualidade intrínseca do tempo, a nostalgia.

[Isabel Andrade · Rating 3 out of 5]

“Mas eu sabia, também aprendi com ela que saber partilhar o silêncio é a forma mais íntima de estar com alguém".

[Pedro · Rating 2 out of 5]

Li "Equador", o grande romance de Miguel Sousa Tavares, há muitos e muitos anos (já começo a entrar numa idade em que, feliz ou infelizmente, posso usar essa expressão). Adorei o livro na altura: o enredo histórico, saído dos grandes clássicos; acima de tudo, a magnífica escrita, envolvente, que me fez sentir areia entre os dedos dos pés e ver o mar à minha frente tão vividamente mesmo estando fechado no meu quarto.

Por puro acaso, peguei neste pequeno livro autobiográfico e li-o em dois dias. Não foi exigente, já que a escrita é mesmo muito simples e o livro é pequeno. Mais uma vez, encontrei um escritor que quero ler mais vezes porque dá gosto percorrer as suas palavras. O problema é que a sua pessoa não é particularmente interessante. A sua vida sim é recheada de histórias, sobretudo pelas imensas personagens do Portugal contemporâneo com as quais se cruzou. Mas este livro é tão simples que quase nunca oferece mais do que um vislumbre dessas personagens, e dos momentos da história dos quais certamente Miguel Sousa Tavares sabe muito mais do que aqui diz. O seu próprio trabalho de jornalismo terá, tenho a certeza, mais que se lhe diga do que um curto capítulo.
Por outro lado, mantém-se ao longo de todo o livro a ideia de falta de modéstia do seu escritor, iludido dentro da sua esfera aristocrática (que, por muito que ele queira negar, nunca deixou de ser o seu meio) de que é um exemplo a ser seguido de humildade, de menino pobre alimentado a cebola crua com sal e broa que cresceu por seu próprio mérito e se tornou essa pessoa brilhante cuja opinião e ponto de vista acabou sempre por ser o correcto. Portanto, não só o mundo à sua volta é bem mais interessante do que a sua própria pessoa, como esta não podia ser menos humilde.

Ainda assim, apesar de fraco como biografia (de facto, pouco ou nada nos diz), mantenho que se lê tão bem que acaba por ser difícil deixar de lado. Continuarei a querer ler mais escrito por Miguel de Sousa Tavares (nomeadamente Rio de Flores, que ainda não tive o prazer de conhecer).

[Laura (laura.s.m.m) · Rating 4 out of 5]

Miguel Sousa Tavares apresenta-nos neste livro a sua memoir, passando pela sua infância, juventude e a sua vida adulta.

Ao longo do livro tive vários momentos em que jurava que estava a ouvir a voz de MST enquanto lia. A forma como está escrito é tão casual que parece que estamos num café com ele a degustar da sua história de vida! Sensacional!

O que mais gostei deste livro foi saber alguns aspetos da maternidade de Sophia de Mello Breyner Andresen na perspetiva do seu filho, foi como se ficássemos a conhecê-la mais intimamente no seu seio familiar.
Outro aspeto que amei foi todo o conhecimento acerca da evolução do jornalismo, fantástica a forma apaixonada com que MST falava e como também criticava!

O autor sabe como agarrar os seus leitores, fiquei rendida à sua escrita com Equador e pretendo ler todos os livros dele, especialmente porque agora sei algumas histórias por detrás deles.

Para mim Miguel Sousa Tavares conseguiu alcançar a plenitude dos seus sonhos, viver de escrever, viajar e pensar, como ele mesmo o refere nesta memoir.

Super recomendo a todas as pessoas a lerem este livro, ainda que não partilhem de algumas opiniões com autor. Este livro é um poço de conhecimento acerca da nossa história e de como esta foi vivida na perspetiva de MST.

Algumas citações que guardei:
"Não cumprimos todos os sonhos da vida, mas cumprimos alguns - desde que, de facto, tenhamos sonhado com eles e ido, intensamente, à procura de os tornar realidade."

"Não é que o trabalho tenha que ser uma festa todos os dias, mas, no essencial, tem de nos dar prazer e fazer-nos sentir úteis."

[Alexandra Maia E Silva · Rating 4 out of 5]

O livro não desiludiu, antes pelo contrário, acabou por surpreender
A minha relação com a sua escrita tem altos e baixos, e há mt que o deixei de ouvir, mas este livro está entre os melhores que li dele , talvez ao nível do Sul e do Não te deixarei morrer David Croket....
Recomendo vivamente mesmo a quem não gosta dele, um livro com detalhes interessantes da nossa história recente.

[Telma Baptista · Rating 3 out of 5]

Interessantes as memórias do MST embora não lhe tenha adorado a escrita, demasiado fragmentada, como se colocasse ideias avulso em livro. Gostaria de ter lido mais sobre a sua infância.

[Teresa Martins · Rating 3 out of 5]

Sou fã do Miguel Sousa Tavares mas confesso que fiquei um bocadinho desiludida com este livro.
Esperava mais e melhor!
Demasiado jornalista e pouco escritor.
Esperemos pelo próximo!

[Elisa Santos · Rating 4 out of 5]

A minha opinião em vídeo

https://youtu.be/XRKYC1PFoXA

[Marina Bidarra]

Lovelly. I could read it very fast

[Pedro · Rating 4 out of 5]

Enquanto jornalista, os livros do MST devem, logo à partida, ser encarados como um tipo de leitura leve e acessível a todos, na minha opinião. O interesse estará no conteúdo, e não na forma, raramente encontrando passagens sublimes do ponto de vista linguístico. O percurso de vida de MST de facto cruza-se com a história de Portugal, seja pelos pais que teve, ou pela sua profissão principal. Logo, concorde-se ou não com as suas posições, grande parte do livro ganha relevância enquanto retrato sócio-político das últimas décadas. Esquecendo algumas críticas dirigidas a figuras que já partiram, escritas de forma estranhamente simplista e gratuita, por vezes, MST demonstra frequentemente uma boa dose de bom senso e de relativa isenção, que acho difícil rebater. Num país com tanta gente mesquinha, é expectável o número de "haters" que MST reúne.
O lado (ainda) mais leve do livro, não político, foca-se nas viagens e experiências pessoais desde a infância, incluindo a Granja e Lagos dos anos 50 e 60. Pessoalmente, acho delicioso. É escrito com imensa paixão e sentido de humor, e, mais uma vez, acaba também por ser um retrato intenso de um Portugal diferente.
Como muitos referem, apesar de simpatizar com MST, fico frequentemente confuso com o tom dono da razão/imodesto que parece entrar em conflito com outras qualidades do escritor. Trata-se de um livro autobiográfico, e que relata essencialmente factos, mas ou MST esconde mal o enorme orgulho que tem de si próprio, ou então é propositado, e não há mal nenhum nisso. MST é um bom contador de histórias e a sua vida merece estar documentada nesta forma.

[Madalena Martins · Rating 4 out of 5]

Este livro lê-se mesmo muito bem. O Miguel Sousa Tavares escreve bem, a leitura é leve e fluida, mesmo não sendo um livro com uma história que "agarre", tipo romance. O livro é autobiográfico e é o autor a contar episódios da vida dele desde a infância até à idade adulta. O interessante é a viagem desde a ditadura, passando pelo 25 de abril, 25 de novembro, pós-revolução e com referências até ao momento em que foi escrito (2018). Como nos conta a história sob o olhar pessoal e que varia muito consoante a idade em que o autor está, os eventos que vão acontecendo são de fácil compreensão (não são atolados de factos históricos que nos deixam assoberbados e confusos). Acho que é um ótimo livro para compreender especialmente o período pós-revolução, que nós não vivemos  e que se torna confuso quando queremos estudar, mesmo pela quantidade de coisas que acontecem ao mesmo tempo. Dito isto, temos sempre de nos lembrar que esta é a perspetiva de uma pessoa e não um livro de História e que, por vezes o discurso do Miguel Sousa Tavares é tingido de pequenas arrogâncias onde ele definitivamente se esquece do seu lugar de privilégio, mas pronto, isso condiz com a personagem que todos conhecemos da TV.

[Ana Marinho · Rating 3 out of 5]

Tenho uma relação amor-ódio com Miguel Sousa Tavares. Se, por um lado, os seus comentários televisivos me desagradam profundamente, por outro a sua escrita delicia-me. Neste livro senti claramente a oscilação da minha dicotomia de sentimentos. Se, em alguns momentos, sentia empatia por ele, noutros detestava o seu egocentrismo. Escreve lindamente, isso é inegável para mim, mas conforme fui avançando na leitura senti uma mescla de sentimentos: sempre que fala da mãe torna-se mais humano, sincero, frágil, o que acho lindíssimo. O meu coração derrete-se com os que têm pais que os tornam pessoas mais bonitas: o Miguel Sousa Tavares é uma delas. Apesar disso, quando fala da sua experiência profissional (e mesmo da escolar), torna-se arrogante e egocêntrico. Se tive momentos que adorei o livro, no final fiquei com a sensação de que não podia dar mais do que três estrelas, porque as memórias de infância tornam-nos a todos mais doces, mas não fazem de nós melhores pessoas.

[Maria SM · Rating 5 out of 5]

Tenho que dar 5 estrelas a este livro.

Uma pessoa provavelmente pensa à partida “o que é que o MST fez para escrever uma autobiografia?” - mas este livro não é exactamente sobre o que ele fez enquanto personalidade, mas sobre o que ele presenciou ao longo da sua vida. A mim diz-me muito, sou uma apaixonada pela história da 2a metade do século XX e adorei a forma como ele descreveu os factos que testemunhou e as personalidades com quem se cruzou, nacionais e internacionais. Principalmente por conseguir fazê-lo de forma tão isenta. Além de que acho a sua escrita fluida e apaixonante, sou capaz de o ler horas a fio.

[Armando Mendonça · Rating 5 out of 5]

lembranças de episódios da infância - apenas parecidos;
acontecimentos do 25 de Abril e dos anos subsequentes que originaram factos cruciais neste período e que permitiram que pudéssemos viver em democracia e não a passagem de uma ditadura de direita a outra muito pior;
imagens terríveis da forma como se trabalhava e trabalha em empresas públicas, de forma a conseguir trabalhar o menos possível, ganhando o mais possível.
excelente!

[Sofia Cardoso · Rating 4 out of 5]

Um incrível relato de vida, repleto de confessadas verdades corajosas e despojadas de efeitos.
MST é mestre na arte de dizer o que pensa, sente e, neste caso, também o que viveu, doa a quem doer, agrade a quem agradar.
Há homens julgados (indevidamente, claro) "perfeitos" e depois há homens genuínos, honestos, consigo e com o resto do mundo... Prefiro estes últimos, por mais ódios (ou amores) e incompreensão (ou paixão) que possam gerar.

[Maria Saraiva de Menezes · Rating 4 out of 5]

Gosto sempre de ler tudo deste autor. Ainda me faltam 2 ou 3. Filho de Sophia de Mello Breyer Andresen, não deixa de ter um estilo muito próprio, independente e descomplexado. A sua história de vida coincide com a história da nossa cultura e de um país que tanto mudou desde a ditadura. “Quando a minha mãe comunicou à sua mãe que tinha alugado uma casa em Lagos e íamos lá passar o Verão, a nossa avó ficou estarrecida: -Ó Sofia, no Algarve? Mas aquilo será seguro, só com mouros a viver lá?” (1961).

[Isabel Rute · Rating 4 out of 5]

Miguel Sousa Tavares relata vários episódios da sua vida, desde a infância, fazendo referência a vários acontecimentos da história do país e da actualidade. Lê-se com muito interesse e prazer. Nem sempre concordo com o autor, mas felizmente no livro não aborda o FCP (um dos principais pontos de discórdia!)

[Filipe Teixeira · Rating 5 out of 5]

“Segunda volta” (4 anos depois) a este relato fantástico do passado recente do nosso país. Feito na primeira pessoa e pela mão de um dos melhores jornalistas e escritor Português de todos os tempos.
Um fiel testemunho sobre Liberdade, vícios e as hipocrisias que foram e continuam a ser o lastro do nosso país.