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448 pages, Paperback
First published April 17, 2015
“Os seus olhos eram espelhos. Ao olharmos para eles, descobríamo-nos de uma maneira como nunca nos víramos, pois Sarah devolvia-nos um reflexo de verdade. Mas os espelhos têm uma limitação: não deixam ver através.”Parece-me existir também um alerta para que não nos sintamos tentados a concluir que tudo o que é História é passado; a humanidade parece conter sempre algumas sementes malévolas, prontas a germinar noutros contextos e a gerar o mal sob uma nova roupagem. Nas palavras da própria Sarah: “ A Europa sofre de medievalismo e, de vez em quando, tem uma recaída.” E não só a Europa, como a própria Sarah acabará por perceber vários anos depois.
“(...) Então saberia que algo terrível acontecera, pois há sempre um mau prenúncio num brinquedo abandonado.”A estrutura narrativa, assente em dois planos geográfico-temporais, que nos são apresentados de forma alternada, desenvolve-se num crescendo de tensão que mantém o leitor completamente cativo. A escrita é um misto de simplicidade e rigor, que eu descreveria recorrendo às palavras que o autor utilizou para falar dos textos de Justin: “Era ali que Justin se manifestava da forma mais límpida, numa prosa intensa e provocadora, mas lavada daqueles excessos tão comuns nos jovens da sua idade.”
“Trancou o passado dentro de si, apagou a luz e deitou fora a chave.”