Após o sucesso de A tolice da inteligência brasileira e A elite do atraso , a LeYa publica Subcidadania brasileira , de Jessé Souza. Escrito antes das suas duas obras de maior sucesso, o livro consolida o pensamento do autor – um dos mais profícuos e originais pensadores brasileiros – e o coloca definitivamente no rol dos grandes intelectuais que se dedicaram a buscar caminhos para a superação dos grandes problemas nacionais. Crítico severo da corrente acadêmica que busca na herança colonial portuguesa e no patrimonialismo – pais do famoso "jeitinho" – as chaves para desvendar todos os males da sociedade brasileira, Jessé afirma que a soma incalculável de privilégios acumulados pelas elites, aliada a um racismo estrutural, são os verdadeiros responsáveis por nossas desigualdades. Esse racismo, considerado por ele implícito e permanente, cria cidadãos de segunda classe e reforça um complexo de vira-lata no brasileiro. Partindo de referências do porte dos sociólogos Pierre Bourdieu e Charles Taylor, Subcidadania brasileira busca explicar esse conceito, quais são os pilares que o sustentam e como ele é utilizado politicamente para perpetuar o abismo social em que vivemos há séculos. Pela originalidade e força de suas ideias, é um livro que os leitores podem discordar, mas não podem deixar de ler – para pensar e debater o Brasil de ontem e de hoje.
Jessé José Freire de Souza is a sociologist, university professor and Brazilian researcher who works in the areas of Social Theory, Brazilian Social Thought and theoretical / empirical studies on inequality and social classes in contemporary Brazil. He is the author of the books 'A Ralé Brasileira', A Radiografia do Golpe', 'A Elite do Atraso' and 'A Classe Média no Espelho'.
Graduated in Law from the University of Brasília (1981), he completed his Master's degree in Sociology from the same institution in 1986. In 1991, he obtained a PhD in Sociology from the Karl Ruprecht Universität Heidelberg (Germany), where he obtained free teaching and PhD in the same discipline at the Universität Flensburg in 2006. He also did postdoctoral studies in Sociology at the New School for Social Research, New York, (1994/1995).
From 2009, Souza undertook sociological research across the country to confront the thesis that a "new middle class" had emerged in the country. The result was the configuration of new nomenclature, namely, "ralé", "batalhadores", "classe média" and "elite", the latter two having privileges that the first two do not have.
He wrote and organized 22 books in Portuguese, English and German on political sociology, peripheral modernization theory, and inequality in contemporary Brazil. He is currently a full professor of political science at the Fluminense Federal University, in Niterói, Rio de Janeiro.
On April 2, 2015, he was appointed by the Presidency of the Republic to the position of president of the Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea (Institute of Applied Economic Research), formerly occupied by Sergei Suarez Dillon Soares, but resigned in 2016 shortly after Vice President Michel Temer temporarily took over presidency.
The importance of the scientific production of Jessé de Souza to different fields of study in Brazil, mainly to sociology, is important in the discussion of expensive subjects, both for the political, social, economic and cultural spheres, and for the academy that produces knowledge who aspire to disclose content not given to them.
He is currently writing articles for Carta Capital magazine.
Interpretando o Brasil Jessé Souza apresenta de forma fundamentada e clara o modo que lhe parece adequado para pensar e compreender a sociedade brasileira. Recusando a explicação canônica, apresentada por Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda, que aponta o personalismo e o patrimonialismo como “representando a singularidade valorativa e institucional da formação social brasileira”, procura explicitar outra descrição, apoiado na idéia de autenticidade, que retira de Charles Taylor, e de habitus, que toma por empréstimo de Bourdieu. Essa (nova) descrição procura desvelar os mecanismos simbólicos e crenças compartilhadas pré-reflexivamente que dão origem à “constituição de uma gigantesca ralé de inadaptados às demandas da vida produtiva e social modernas, constituindo-se numa legião de imprestáveis, no sentido sóbrio e objetivo deste termo, com as óbvias consequências - tanto existenciais, na condenação de dezenas de milhões a uma vida trágica do ponto de vista material e espiritual, quanto sociopolíticas, como a endêmica insegurança pública e marginalização política e econômica desses setores”. Ao fim e ao cabo, o Autor convida o leitor a pensar o Brasil não como o país pré-moderno, do patrimonialismo, da corrupção apenas do Estado e da política, das relações pessoais e do “jeitinho brasileiro”. Essa estratégia, observa, “só passou a ser a dominante porque torna invisível tanto o saque do trabalho coletivo de todas as classes, via salários achatados e lucros escorchantes, quanto a captura do Estado e do orçamento público, em favor da elite dos donos do mercado”. Trata-se de livro que condensa as reflexões do Autor a propósito da sociedade brasileira. A forma como interpreta o Brasil merece ser conhecida e submetida à reflexão crítica.
Subcidadania brasileira é um livro de um sociólogo feito para sociólogos e estudiosos da sociologia. Assim, se você não estuda a fundo os conceitos e teorias deste ramo da ciência, mas quer conhecer um pouco mais do tema subcidadania brasileira, pode passar longe desta obra! Diferente de A elite do atraso, outro livro do autor, que aborda de maneira clara temas mais acessíveis ao leitor médio, "Subcidadania brasileira" traz uma leitura inacessível, árdua e intrincada do inicio ao fim. Ao contrario do que sugere o titulo, ao final do livro o leitor não vai entender nada ou muito pouco do país ou, no mínimo, vai ter a impressão de que poderia tirar muito mais proveito desse tema ao ler um artigo que abordasse os mesmos conceitos, mas de uma forma mais breve. Isto ocorre pois Jessé Souza se demora muito ao fazer divagações e criticar conceitos abstratos, teses e teorias de outros estudiosos, sem fazer- ou se o faz, faz com muita parcimônia- o necessário link com o que se passa na sociedade brasileira, com o caso concreto que ele se dispõe a estudar. Ao final tem-se a impressão que o leitor passou a conhecer um pouco sobre as teorias de Charles Taylor e Pierre Bordieu, leu algumas criticas a respeito da obra de Gilberto Freye, mas pouco acumulou em conhecimento quanto ao tema que da nome ao livro, a subcidadania brasileira.
Não é um livro fácil É um livro que demanda uma leitura lenta, atenta, reflexiva e uma busca para compreender a base da qual o autor parte (Pierre Bourdier e Charles Taylor) e pela qual passa (Sérgio Buraque de Holanda e Gilberto Freyre) para chegar a sua tese final sobre a criação da subcidadania brasileira. Vale à pena o empenho.
Livro escrito em formato de tese com escrita difícil para uma leitura casual.
Fortemente embasado em teoria de grandes pensadores o livro tenta apontar a razão pelo qual o Brasil tem a mentalidade atual para com as classes e periferias.
Boa arte na capa.
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Uma análise bastante pertinente, instigante e atual da sociedade brasileira, seus conflitos e desigualdades sociais. Não apenas este vale a leitura, como os demais livros do autor.