Em sua primeira obra de não ficção, Fernanda Young se insere no acalorado debate sobre o que significa ser homem e ser mulher hoje. Em textos autobiográficos, ela se revela como uma das tantas personagens femininas às quais deu voz, sempre independentes e a quem a inadequação é um sentimento intrínseco. E esse constante deslocamento faz com que Fernanda seja capaz de observar o feminino e o masculino em todas as suas potencialidades. É daí que surge o Pós-F., pós-feminismo e pós-Fernanda, um relato sincero sobre uma existência livre de estigmas calcada na sobrevivência definitiva do amor, no respeito inquestionável ao outro e na sustentação do próprio desejo.
“Não sou especialista em nada. Melhor, não sou especialista de coisa pronta. Procuro me aprimorar em mim, entendendo sobre mim – usando, é claro, tudo o que observo nos outros”, escreve. Assim, em Pós-F: Para além do masculino e do feminino, que é ilustrado com desenhos da autora, Fernanda Young vasculha internamente vivências e sentimentos para oferecer aos leitores sua visão de mundo.
Fernanda se dirige a qualquer ser humano que habite nosso planeta neste século XXI, seja homem ou mulher. Como alguém que reúne diferentes perfis e concilia papéis aparentemente opostos, ela fala abertamente sobre a própria vida com o intuito de se posicionar sobre liberdades e responsabilidades – sem jamais deixar de combater o machismo em nossa sociedade. Sua preocupação central, no entanto, é superar polarizações para construir algo maior, em que caibam todos os gêneros.
O objetivo de Fernanda Young não é ter a palavra final, mas contribuir com o debate – defendendo não a sua opinião, mas o direito de tê-la. Pois ela insiste que o ponto central de toda essa discussão deveria ser o respeito ao outro, algo que continua sendo desmerecido em nome de uma bipolaridade. É por isso que no mundo Pós-F. não há mais a necessidade de discursos e atitudes radicais: masculino e feminino se dissolveram num universo de encontros de desejos, sem interdições ou medos.
Fernanda Maria Young de Carvalho Machado foi uma escritora, roteirista, apresentadora de tv e atriz brasileira.
O primeiro trabalho de Fernanda escrevendo para a televisão foi em 1995, na série A comédia da vida privada. O texto original era de Luis Fernando Verissimo, no entanto, Fernanda e o seu marido (Alexandre Machado) adaptaram o clássico para a televisão. Em parceria com o marido, ela também escreveu para a rede Globo as seguintes produções: Os Normais (2001-2003), Os Aspones (2004), Super Sincero (2005), Minha Nada Mole Vida (2006), O Sistema (2007), Nada Fofa (2008), Separação?! (2010), Macho-Man (2011), Como Aproveitar o Fim do Mundo (2012).
Em 1996, Fernanda Young lançou o seu primeiro livro intitulado Vergonha dos pés.
Fernanda young tinha fortes opiniões e nem sempre concordava com o que lia, mas gostei muito da maneira que ela colocou as ideias dela junto com a experiência pessoal. São capítulos sucintos e diretos, com direito a valiosas cartinhas entre eles, dela para diferentes lados dela mesma.
Ainda não chegamos no mundo pós-F, Fernanda. Tá longe, pra ser sincera. Ainda precisamos dele. E muito. Gostei do livro, revirei os olhos um bocado, mas mesmo assim adorei cada palavra. Você escreve bem e eu admiro esse seu jeito de gostar de impactar. Talvez seja apenas a sua liberdade e não uma afronta. Talvez a liberdade de pensamento de uma mulher seja sempre uma afronta. Fui na wikipédia para lembrar da sua morte. Você se foi com 49 anos, tendo feito um bocado na arte. Eu já passo dos 42. Que loucura é envelhecer. Teria sido massa te ver velha e ainda disruptiva. Mas o destino não quis assim.
difícil opinar sobre esse livro. em alguns momentos fiquei desconfortável com certas falas, principalmente quando ela fala sobre os corpos trans, e quando me pareceu simplificar os feminismos em um único #feminismo. talvez ela estivesse justamente criticando este feminismo que virou uma mercadoria e estampas de camisetas, ou talvez ela estivesse generalizando e colocando tudo em uma mesma prateleira, vai saber... eu enquanto leiga no assunto, porque ainda não li muito e não sei quase nada sobre as teorias e os movimentos - apesar de querer muito aprender, não para ter razão sobre alguma coisa, mas para não sair por aí falando o que bem entender sobre aquilo que não entendo -, me peguei torcendo um pouco o nariz enquanto lia suas opiniões porque, ao meu olhar leigo, me pareceram simplesmente provocativas só para provocar mesmo, incomodar, e não parar causar alguma reflexão. mas não sei, posso ter entendido errado e esse livro ter sido uma piada interna dela com ela mesma. ou com seus entes e amigos queridos. talvez não era pra refletir coisa nenhuma. afinal, o livro tem um tom de despedida mesmo, e no fim da vida acredito que a gente pare de se importar com "embasamento teórico" e só saia por aí falando o que pensa sem muita preocupação sobre a responsabilidade das nossas palavras. eu não sou grande conhecedora de fernanda young. na verdade, me aproximei de sua escrita muito recentemente, pouco antes dela morrer. apesar de sua atitude "rock n' roll", sempre achei muito visíveis seus privilégios e sua postura burguesa classe média alta carioca. o que não é necessariamente um problema, mas tem seu peso quando ela decide falar sobre questões que fogem um tanto da sua vivência. mas é isso, não tenho conclusão nenhuma sobre essa leitura. se a intenção era provocar e incomodar acredito que ela conseguiu realizar isso com sucesso. a gente é que lute pra lidar com as nossas opiniões sobre o que a fernanda quis dizer ao escrever esse livro, né? depois que o autor publica um livro, ele é praticamente do mundo. então o problema é todo nosso mesmo.
Acho que foi o primeiro audiolivro que eu escutei integralmente, e em apenas um dia (duas horinhas e alguns minutos de livro), mas porque é pequenininho, uma escrita muito boa (mesmo que eu não concorde com tudo, mas tenho esse direito como leitor), e a Malu Mader como leitora no meu ouvidinho. Hahahahha. No mais, Fernanda Young, que personalidade!!
Adorei, Patricia, seu ar irreverente, muito descontraído e divertido. Adorei a carta: Á bunda. "... Ou seja, em algum ponto, todos somos iguais". Tudo agora é assédio?
Demorei para entender mas, o movimento feminista, procura igualdade entre gêneros. Até parece muito simples, mas com séculos de ideias preconcebidas, o caminho até esa sociedade igualitaria pode ser tortuoso. Que tal se começarmos desde casa?!!
Ela tem pensamentos muito interessantes, com certeza, gosto muito de como ela conversa. Aprendi muitas coisas também. Mas em alguns pontos eu senti aquele "I'm noto like the other girls" que me incomodou um pouco. Acho tudo muito válido, mas principalmente deixar as outras pessoas serem elas também.
Recomendo a leitura deste livro porque contém ideias que podem provocar boas reflexões - mesmo que gerem uma discordância. Tenho ressalvas quanto a certas ideias descritas - e até gostaria que algumas tivessem sido desenvolvidas em maiores detalhes - mas acho que o livro é bem válido.
As expected from Fernanda Young, concise texts, intelligent ideas on feminism (without polarization), sex and relationship. Lacks some unity to the book. An identity.
Leitura um tanto decepcionante, pois de tudo que eu conhecia da autora, eu imaginava uma outra visão dela sobre o feminismo e afins. Mas ao mesmo tempo, consigo entender que muitas das ideias que eu considero equivocadas vem de um lugar de não conhecer a fundo o feminismo ou pelo menos não todas as vertentes do feminismo. E queira ou não o mundo muda muito rápido e talvez se ela ainda estivesse viva hoje ela mudasse completamente de ideia sobre o que ela escreveu neste livro, já que ela mesma fala no livro que não se envergonha de se contradizer. Afinal a gente muda e acaba mudando de opinião mesmo, faz parte. Ainda tenho vontade de ler mais livros da autora, pois nos livros ficcionais, acredito que ela conseguiu se expressar melhor em favor do feminismo e tal, criando personagens femininas fortes e representativas. A figura em si da Fernanda Young foi extremamente representativa também. E assim, não é que o livro inteiro seja problemático, tem passagens que concordei com a autora, mas as problemáticas são bem difíceis de ler. Pelo menos o livro é curto e passa rápido.
Este é o terceiro livro que leio da autêntica e corajosa Fernanda Young. Corajosa porque ela não tem medo de se expor e de se expressar, de se colocar no mundo, mesmo que saiba que vai bater de frente com certos grupos. Neste caso, ela prescinde tacitamente das feministas, acha que o caminho não é por aí, é mais além. Como foi bem colocado nessa descrição do livro, "sua preocupação central, no entanto, é superar polarizações para construir algo maior, em que caibam todos os gêneros." É isto. Quatro estrelas.
Li esse livro em 2023 e me pareceu esquisito, como se a compreensão do feminismo abordada aqui fosse limitada. Por exemplo, em nenhum momento senti a conexão entre feminismo e justiça social, o que considero central na compreensão do feminismo hoje. Acho que a questão toda é colocar o livro em contexto, e entender que se Fernanda estivesse viva e fosse escrever sobre feminismo hoje provavelmente ela abordaria outras coisas. Já a parte mais literária (as cartinhas) são uma delícia de ler e por si só já valem.
São crônicas bem espontâneas, quem assistiu suas entrevistas ou seus programas na GNT vai identificar. A definição sobre mulheres sonsas é imperdível. Você consegue imaginar a autora articulando suas opiniões e ideias. Ouvi narrado pela Malu Mader. Apesar do sotaque carregado (eu também sou do Rio, mas não gosto de narração com excesso de sotaque), a leitura foi impecável que, com certeza, a autora aprovaria.
Hmm... talvez, se não tivesse uma grande admiração pelo trabalho prévio da FY, diria que o livro é uma mistura de alguns clichês, com umas ideias do senso comum, mas escrito e desenhado com originalidade.
Desgosto de algumas opiniões sobre feminismo, sobre transexualidade... desgosto de terem sido abordadas com superficialidade.
Acho que FY esperava essa crítica, mas acho mais ainda que ela pensou profundamente nessas questões, mas largou de mão aqui neste livro.
Os desenhos e os negritos são minha parte preferida.
Me senti na sala de Fernanda, trocando ideias sobre a vida, maternidade, culpa e preconceitos. Algumas de suas visões me abriram a cabeça para entender essas ideias de outras perspectivas, e termino esse livro com a triste consciência de que Fernanda não está mais aqui para desafiar o mundo como ele é.
Algumas partes do livro foram bem interessantes e me fizeram parar pra pensar. Mas também teve muita coisa que não concordei. Achei que a Fernanda Young apresenta topicos super complexos de uma maneira muito simplista. Me deu a impressão de que ela baseia as opiniões dela exclusivamente na experiencia própria e não leva em consideração que nem todo mundo pensa e sente da mesma maneira.
sacadas geniais, conclusões não tanto. as vezes, conclusões boas vindas de raciocínios datados e até preconceituosos. mas a fernanda escreve muito bem e se colocou completamente exposta nesse livro - não duvidaria se viesse com um pré ou posfácio em edição mais recente.
infelizmente estamos MUITO longe do pós feminismo que ela sugere, muito.
Esse livro é como um bate papo com a Fernanda explorando temas como feminismo , culpa , orgasmo e maternidade. Muitas vezes levou a reflexão em torno do meu papel de “homem” na sociedade, se é que existe um “papel”.
“Eu tinha 33 anos, as pessoas me agrediam por eu falar o que penso, fazer o que quero. E, no imaginário, essa liberdade é muito mais afrontosa e imoral do que é.”