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O privilégio da servidão: O novo proletariado de serviço na era digital

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O novo livro do sociólogo e professor da Unicamp Ricardo Antunes apresenta um retrato detalhado da classe trabalhadora hoje, em suas principais tendências. O estudo apresenta uma análise detalhada das mudanças trabalhistas que ocorreram na história recente do país, desde a redemocratização até o impeachment de Dilma Rousseff, e seu eixo está em compreender a explosão do novo proletariado de serviços, que se desenvolve com o trabalho digital, on-line e intermitente. Antunes demonstra como estão se manifestando essas tendências tanto nos países da Europa quanto no Brasil, apresentando elementos presentes na nova morfologia do trabalho. Os adoecimentos, padecimentos, precarizações, terceirizações, desregulamentações e assédios parecem tornar-se mais a regra do que a exceção. Um dos principais estudiosos da sociologia do trabalho no Brasil, Antunes combina a pesquisa sociológica concreta, rigorosa e empiricamente fundamentada com um compromisso social intransigente, a saber, a tomada de partido pelos explorados e oprimidos. "Se o mundo atual nos oferece como horizonte imediato o privilégio da servidão, seu combate e seu impedimento efetivos, então, só serão possíveis se a humanidade conseguir recuperar o desafio da emancipação", afirma o autor.

477 pages, Kindle Edition

Published June 11, 2018

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Ricardo Antunes

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Displaying 1 - 5 of 5 reviews
Profile Image for Timóteo Monteiro.
4 reviews
January 5, 2021
Leitura essencial para compreender fenômenos e categorias da sociologia do trabalho contemporânea, como o pós-fordismo e a indústria 4.0, além de apresentar a história sindical do país.
Profile Image for Tiago Padlir.
42 reviews3 followers
July 31, 2020
Um livro que pensei ser mais básico, mas de vez em quando Antunes entra bastante no marxismo para explicar sua ideia de como há um plano em curso para acabar com os direitos dos trabalhadores. Como foi publicado em 2018, ainda tem alguns levantamentos sobre se Dilma seria impeachida, o que pode estranhar a leitura. Mas é um livro necessário para entender porquê devemos odiar a burguesia.
Profile Image for Fábio de Oliveira Martins Martins.
23 reviews2 followers
April 6, 2019
Principais trechos:

* A instabilidade e a insegurança são traços constitutivos dessas novas modalidades de trabalho. Vide a experiência britânica do zero hour contract [contrato de zero hora], o novo sonho do empresariado global. Trata-se de uma espécie de trabalho sem contrato, no qual não há previsibilidade de horas a cumprir nem direitos assegurados. 23
* se por um lado necessitamos do trabalho humano e de seu potencial emancipador e transformador, por outro devemos recusar o trabalho que explora, aliena e infelicita o ser social, tal como o conhecemos sob a vigência e o comando do trabalho abstrato. 26
* (...) o sentido do trabalho que estrutura o capital (o trabalho abstrato) é desestruturante para a humanidade, enquanto seu polo oposto, o trabalho que tem sentido estruturante para a humanidade (o trabalho concreto que cria bens socialmente úteis), torna-se potencialmente desestruturante para o capital. aqui reside a dialética espetacular do trabalho, que muitos de seus críticos foram incapazes de compreender. 26
* No Japão, cujo capitalismo de tipo toyotista inspirou os países ocidentais, as figuras dos jovens operários (decasséguis) que migram em busca de trabalho nas cidades e dormem em cápsulas de vidro são emblemáticas, como também o são as ocorrências mais recentes, em Tóquio, de jovens trabalhadores sem-casa, subempregados ou desempregados, que procuram refúgio noturno em cibercafés - sendo, por isso, denominados ciber-refugiados -, buscando encontrar algum trabalho ao mesmo tempo que descansam e interagem virtualmente. eles se somam às diversas expressões, na ponta mais precarizada, do que Ursula Huws designou como cibertariado, do infoproletariado, ou ainda dos intermitentes globais. 29
* Das as profundas metamorfoses ocorridas no mundo produtivo do capitalismo contemporâneo, o conceito ampliado de classe trabalhadora, em sua nova morfologia deve incorporar a totalidade dos trabalhadores e trabalhadoras, cada vez mais integrados pelas cadeias produtivas globais e que vendem sua for;ca de trabalho como mercadoria em troca de salário, sendo pagos por capital-dinheiro, não importando se as atividades que realizam sejam predominantemente materiaisi ou imateriais, mais ou menos regulamentadas. 31
* Assim, de um lado deve existir a disponibilidade perpétua para o labor, facilitada pela expansão do trabalho on-line e dos "aplicativos", que tornam invisíveis as grandes corporações globais que comandam o mundo financeiro e dos negócios. De outro, expande-se a praga da precariedade total, que surrupia ainda mais os direitos vigentes. 34
* Trabalho produtivo para Marx: 1) Cria mais-valor. (...) 2) É pago por capital-dinheiro, e não por renda. (...)3) Resulta do trabalho coletivo, social e complexo, e não mais individual. (...)4) Valoriza o capital, não importando se o resultado de seu produto é material ou imaterial. (...)(5) Mesmo quando realiza uma mesma atividade, somente poderá ser definido como produtivo ou improdutivo em sua efetividade concreta, isto é, dependendo de sua relação social, da forma social como se insere na criação e valorização do capital. 45
* Sem a produção de energia, de cabos, de computadores, de celulares e de uma infinidade de produtos materiais, sem o fornecimento das matérias-primas para a produção das mercadorias, sem o lançamento de satélites ao espaço para carregar seus sinais, sem a construção de edifícios onde tudo isso é produzido e vendido, sem a produção e a condução de veículos que viabilizem sua distribuição, sem toda essa infraestrutura material, a internet não poderia ser sequer conectada. 50
* (...)a precarização não é algo estático, mas um modo de ser intrínseco ao capitalismo, um processo que pode tanto se ampliar como se reduzir, dependendo diretamente da capacidade de resistência, organização e confrontação da classe trabalhadora. 59
* Contrariamente, portanto, às teses que advogam a perda de importância da classe trabalhadora, que estaria sendo substituída pela "sociedade de classe média", ou ainda àquelas que vislumbram a criação de "novas classes" (para não falar daquelas que propugnaram o "fim"das classes sociais), estamos desafiados a compreender sua nova polissemia, sua nova morfologia, cujo elemento mais visível é o desenho multifacetado, que faz aflorar tantas transversalidades entre classe, geração, gênero, etnia etc. 63-64
* Uma análise do capitalismo atual nos obriga a compreender que as formas vigentes de valorização do valor trazem embutidos novos mecanismos geradores de trabalho excedente, ao mesmo tempo que expulsam da produção uma infinidade de trabalhadores, que se tornam sobrantes, descartáveis e desempregados. Esse processo tem clara funcionalidade para o capital, ao permitir a intensificação, em larga escala, do bolsão de desempregados, o que reduz ainda mais a remuneração da força de trabalho em amplitude global, por meio da retração salarial daqueles assalariados que se encontram empregados. 66
* Como o tempo e o espaço então em frequente mutação nessa fase de mundialização do capital, a redução do proletariado taylorizado, sobretudo nos núcleos mais avançados da indústria, e o paralelo aumento do trabalho intelectual caminham em clara inter-relação com a expansão de novos proletários. 76
* O trabalho tinha uma conformação mais coisificada e reificada mais maquinal, mas, em contrapartida, era provido de direitos e de regulamentação, ao menos para seus polos mais qualificados. 77
* "A crise da medição do tempo de trabalho engendra inevitavelmente a crise da medição do valor. quando tempo socialmente necessário a uma produção se torna incerto, essa incerteza não pode deixar de repercutir sobre o valor de troca do que é produzido." 82
* Nunca é demais lembrar que a classe trabalhadora é uma condição de particularidade, um modo de ser com claros, intrínsecos e inelimináveis elementos relacionais de objetividade e subjetividade. mas a classe trabalhadora, para Marx, é ontologicamente decisiva pelo papel fundamental que exerce no processo de criação de valores e na luta entre as classes. 90-91
* Vale lembrar que o trabalho nas TICs é pautado por uma processualidade contraditória, uma vez que articula tecnologias do século XXi com condições de trabalho herdeiras do século XX. 93
* "quanto mais o trabalhador produz, menos tem para consumir; que quanto mais valores cria, mais sem-valor e indigno ele se torna; quanto mais civilizado seu objeto, mais bárbaro o trabalhador; que quanto mais poderoso o trabalho, mais impotente o trabalhador se torna; quanto mais rico de espírito o trabalho, mais pobre de espírito e servo da natureza se torna o trabalhador." - citando Marx, manuscritos econômico-filosóficos. 97
* Uma leitura atenta dos capítulos do Livro I de O Capital nos quais Marx discorre analiticamente sobre a maquinaria e grande indústria poderá constatar que o taylorismo e o fordismo têm mais elementos de continuidade do que de descontinuidade em relação às engrenagens propulsoras da grande indústria do século XIX. E que a fábrica moderna de massa só poderia funcionar com um exército de feitores controlando o trabalho, exercitando uma modalidade de despotismo fabril. 102
* (...)reengenharia, leand production, team work, eliminação de postos de trabalho, aumento da produtividade, qualidade total, "metas", "competências", "parceiros", "colaboradores" são partes constitutivas do ideário e da pragmática cotidiana da "empresa moderna". 104
* (... o trabalho se tornou mais desregulamentado, mais informalizado, mais intensificado, gerando uma dissociabilidade destrutiva no espaço de trabalho que procura dilapiar todos os laços de solidariedade e de ação coletiva, individualizando as relações de trabalho em todos os espaços onde essa pragmática for possível. 105
* "como criador de valores de uso, como trabalho útil, o trabalho é, assim, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas sociais, eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza, e, portanto, da vida humana" - citando Marx, O Capital, Livro I. 106
* Pode ser percebida ainda no dia a dia da atividade laboral, diante da forte sensação de que o tempo foi comprimido, e também na clara densificação da jronada de trabalho, na qual todos se desdobram para executar sozinhos o que antes era feito por dois ou mais trabalhadores. Além disso, é visível nos bancos de dias e de horas que ajustam a jornada às demandas flexíveis do mercado, assim como na instituição de uma parcela variável do salário, subordinada ao cumprimento de metas de produção e "qualidade". 141
* A pressão pela capacidade imediata de resposta dos trabalhadores às demandas do mercado, cujas atividades passaram a ser ainda mais controladas e calculadas em frações de segundos, assim, como a obsessão dos gestores do capital por eliminar completamente os tempos mortos dos processos mortos dos processo de trabalho, tem convertido, paulatinamente, o ambiente de trabalho em espaço de adoecimento. 142
* O capitalismo no plano mundial, nas últimas quatro décadas, transformou-se sob a égide da acumulação flexível, trazendo uma ruptura com o padrão fordista e gerando um modo de trabalho e de vida pautados na flexibilização e na precarização do trabalho. São mudanças impostas pelo processo de financeirização e mundialização da economia num grau nunca antes alcançado, pois o capital financeiro passou a dirigir todos os demais empreendimentos do capital, subordinando a esfera produtiva e contaminando todas as suas práticas e os modos de gestão do trabalho. 153
* Sobre o toyotismo: 1) é uma produção diretamente vinculada à demanda (...); 2) dependo do trabalho em equipe (...) 3) estrutura-se num processo produtivo flexível (...); têm como princípio o just-in-time(...); 5) desenvolve-se o sistema de kanban, senhas de comando para reposição de peças e estoques (...); 6) as empresas do complexo produtivo toyotista têm uma estrutura horizontalizada(...); 7) desenvolve-se a criação de círculos de controle de qualidade (CCQs)(...) 155
* (...) as últimas duas décadas do século XX empurraram o novo sindicalismo em direção a uma esdrúxula combinação, síntese de ao menos três movimentos? a velha prática peleguista, a forte herança estatista e grande influência do ideário neoliberal (ou social-libeal), impulsionada ainda pelo culto da negociação e da defesa do cidadão. 214
* A retórica socialista e as práticas trabalhista e reformista anteriores encontraram seu substituto na defesa da economia de mercado, mesclando liberalismo com traços da "moderna" social-democracia. 219
* "a terceira via representa um novo movimento de modernização do centro. Embora aceite o valor socialista básico da justiça social, ela rejeita a polítca de classe, buscando uma base de apoio que perpasse as classes da sociedade." citando Anthony Giddens - A terceira via em cinco dimensões - 220
* Sobre os desafios do sindicalismo contemporâneo: 1) o primeiro deles, determinante para a sua própria sobrevivência, será romper a enorme barreira social que separa a classe trabalhadores "estável", em franco processo de redução, dos trabalhadores e trabalhadoras intermitentes, em tempo parcial, precarizados, subempregados e desempregados, todos em significativa expansão no cenário mundial de hoje. 294
* Um processo de emancipação simultaneamente do trabalho, no trabalho e pelo trabalho. 304
* O novo princípio societal imprescindível é, então, conceber o trabalho como atividade vital, como autoatividade. o que significa dizer que a nova forma societal socialista deve recusar o funcionamento com base na separação dicotômica entre tempo de trabalho necessário para reprodução social e tempo de trabalho excedente para a reprodução do capital. Isso porque o tempo disponível será aquele dispêndio de atividade laborativa autodeterminada, livre, voltado "para atividades autônomas, externas à relação dinheiro-mercadoria", e por isso capaz de se contrapor à relação totalizante dada pela forma-mercadoria e pelo capital. Para além da divisão hierárquica que subordina o trabalho ao capital hoje vigente. / Se o mundo atual nos oferece como horizonte imediato o privilégio da servidão, seu combate e seu impedimento efetivos, então, só serão possíveis se a humanidade conseguir recuperar o desafio da emancipação. 306
Profile Image for mary.
1,456 reviews33 followers
April 5, 2021
3,5 ⭐️ primeiro contato com esse tipo de leitura e foi interessante e sei que importante tb. em alguns momentos acabei ficando entediada por conta da linguagem que eh normal nesse assunto mas acaba sendo cansativo. pretendo reler ele no futuro e de vem enquanto voltar p recapitular e reforçar algumas coisas.
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