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Estuário
Estuário é um livro sobre a vulnerabilidade de um homem, de uma família, de uma sociedade e do próprio equilíbrio da Terra, relatados pelo olhar de um jovem sonhador que se interroga sobre a fragilidade da condição humana.
Edmundo Galeano andou pelo mundo, esteve numa missão humanitária e regressou à casa do pai sem parte da mão direita. Regressou com uma experiência para contar e uma recomendação a fazer por escrito, e na elaboração desse testemunho passou a ocupar por completo os seus dias.
Porém, ao encontro deste irmão mais novo da família, vêm ter sem remédio as vicissitudes diárias que desequilibram a grande casa do Largo do Corpo Santo. Edmundo vai-se, então, apercebendo que as atribulações longínquas mantêm uma relação directa com as batalhas privadas travadas ao seu lado. E a sua mão direita, desfigurada, transforma-se numa defesa da invenção literária perante a crueza da realidade.
Em outros seus livros costumam a autora dar o rosto à modernidade para dela desocultar os seus efeitos escondidos. Mas neste caso ambiciona mais. Estuário pertence à categoria dos livros de premonição, através do enlace entre o desenho do futuro e a Literatura.
Edmundo Galeano andou pelo mundo, esteve numa missão humanitária e regressou à casa do pai sem parte da mão direita. Regressou com uma experiência para contar e uma recomendação a fazer por escrito, e na elaboração desse testemunho passou a ocupar por completo os seus dias.
Porém, ao encontro deste irmão mais novo da família, vêm ter sem remédio as vicissitudes diárias que desequilibram a grande casa do Largo do Corpo Santo. Edmundo vai-se, então, apercebendo que as atribulações longínquas mantêm uma relação directa com as batalhas privadas travadas ao seu lado. E a sua mão direita, desfigurada, transforma-se numa defesa da invenção literária perante a crueza da realidade.
Em outros seus livros costumam a autora dar o rosto à modernidade para dela desocultar os seus efeitos escondidos. Mas neste caso ambiciona mais. Estuário pertence à categoria dos livros de premonição, através do enlace entre o desenho do futuro e a Literatura.
229 pages, Kindle Edition
First published January 1, 2018
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About the author
Lídia Jorge
80 books244 followersLÍDIA GUERREIRO JORGE nasceu em Boliqueime, Loulé a 18 de Junho de 1946. Concluído o curso de Filologia Românica, dedicou-se ao ensino liceal (Angola, Moçambique e Lisboa). Publicou os romances O Dia dos Prodígios (1980, Prémio Ricardo Malheiros), O Cais das Merendas (1982, Prémio Literário Município de Lisboa), Notícia da Cidade Silvestre (1984, Prémio Literário Município de Lisboa), A Costa dos Murmúrios (1988), A Última Dona (1992), O Jardim Sem Limites (Prémio Bordalo, 1995), O Vale da Paixão (Prémio D. Dinis, 1998), O Vento Assobiando nas Grutas (2002, Grande Prémio do Romance e Novela da APE/DGLB), Combateremos a Sombra (2005, Prémio Charles Bisset) e A Noite das Mulheres Cantoras (2011); os livros de contos A Instrumentalina (1992), Marido e Outros Contos (1997), O Belo Adormecido (2004) e Praça de Londres (2005); a peça de teatro A Maçon (1993) e o ensaio Contrato Sentimental (2009). Os seus romances são constituídos por vários planos narrativos, onde o fantástico coexiste com o real, e os problemas sociais colectivos são postos em relevo através de figuras humanas com dimensão metafórica e mítica. Foi condecorada, pela Presidência da República, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 2005.
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Community Reviews
Displaying 1 - 20 of 20 reviews
April 13, 2022
"Pensando em livros, vejamos. Hoje em dia o mundo dispensa-os. São farfalhudos, pesados, ocupam espaço que deve ser ocupado por objectos úteis. Além disso são de compreensão diícil e de absorção lenta. Mas e já os livros, todos eles, apresentam esses incovenientes, um livro que avise sobre o fim do mundo só pode ser tão inútil quanto intragável. As coisas são como são." (pp.203)
July 18, 2018
Ao longo de vários anos li 8 livros de Lídia Jorge, e só me lembro de me fascinar com dois: a Costa dos Murmúrios e o Vale da Paixão.
Já tinha desistido quando me aventurei com Estuário. Fiz bem, pois como ela disse um dia, as pessoas que lêem muito são as que melhor ouvem os outros e as que melhores histórias contam.
É delas o reino da universalidade e da relatividade dos dramas alheios e dos nossos.
"Não é amor, isso já não existe. É um relâmpago que passou entre nós"
Já tinha desistido quando me aventurei com Estuário. Fiz bem, pois como ela disse um dia, as pessoas que lêem muito são as que melhor ouvem os outros e as que melhores histórias contam.
É delas o reino da universalidade e da relatividade dos dramas alheios e dos nossos.
"Não é amor, isso já não existe. É um relâmpago que passou entre nós"
July 3, 2023
"Nessa noite, ele sabia o que todo o homem deveria saber. Que a vida só está completa quando, ao morrermos, sentimos que obtivemos o conhecimento suficiente para outra vez nascermos. E essa contradição entre saber e percurso parece querer dizer que alguma coisa não está no seu lugar, mas está. Tudo está no seu lugar."
November 4, 2018
As referências à Ode Marítima e à Ilíada são o ponto alto numa saga familiar que, apesar das boas simbologias, entrega pouco depois de demasiada promessa.
(Lamentável: locação de imóveis designada de aluguer e luzes de presença, cruzamento e de estrada reiteradamente designadas à normal-estúpido).
(Lamentável: locação de imóveis designada de aluguer e luzes de presença, cruzamento e de estrada reiteradamente designadas à normal-estúpido).
March 16, 2019
"Na terceira parte do seu livro, salvavam-se aqueles que lhe tinham passado por perto, (...). Eram esses que ele desejava que sobrevivessem. Salvavam-se os que conhecia, aqueles que surpreendera em plena batalha pela vida diária, esse humilde plano."
November 24, 2018
Uma história de fantasia e humanidade
March 13, 2021
É em Dagahaley, um dos três campos de refugiados que formam o complexo de Dadaab, no nordeste do Quénia, que esta história começa. Edmundo Galeano, jovem português ao serviço da CARE, Organização Não Governamental parceira do ACNUR que presta apoio humanitário a cerca de 200.000 refugiados somalis, sofre um acidente, ficando privado de três dedos da mão direita. Com o indicador, o polegar e parte do metacarpo apenas, inicia um lento e doloroso processo de recuperação, fazendo da escrita o suporte da sua terapia. Distribuídas na superfície do papel com simetria invulgar, as letras juvenis vão-se alinhando moduladamente, à medida que no seu espírito cresce a necessidade imperiosa de escrever um livro, nele fundindo o passado, o presente e o futuro deste espaço a que chamamos Terra e de todos quantos a habitam.
São múltiplas as leituras que “Estuário” oferece, a mais presente das quais será aquela que mergulha no nosso mais fundo e nos vem dizer que é justamente aí que começa este mundo dividido tal como o conhecemos. É certo que o livro aborda alguns dos grandes problemas que afligem a Humanidade, como a guerra, a fome, os deslocados e refugiados. Que está lá, também, a cidade com os seus ruídos, a vista sobre o rio, o chiar dos eléctricos nos carris, o correr anónimo das gentes que a habitam. Ou, centrando o olhar mais na forma e menos no conteúdo, esse objecto dentro do objecto, essa forma de entretecer palavras e mostrar com que linhas pode cozer-se um livro. Mas é na redução de um campo de refugiados a perder de vista ao espaço simples de uma casa, com os seus quartos e salas, os seus corredores e escadas a ligar os pisos entre si, as suas pessoas e as relações que entre elas se estabelecem, que a ficção se adensa para nos dar a nota de verdade do que de bom e de mau há em nós.
Com “Estuário”, Lídia Jorge volta a provar o quanto a literatura serve de base de reflexão sobre o espaço em volta, buscando sentido para um quotidiano feito de fragilidades e ameaças. “E se o perigo somos nós?”, parece perguntar a escritora, à medida que convoca os lugares da memória onde se abriga um mapa cujas linhas mostram as dobras do tempo. É nelas que coabitam, em precário equilíbrio, as forças e fraquezas do ser humano, as suas grandezas mas também os seus medos. No presente pandémico que enfrentamos, este livro resgata do silêncio os contornos mais sensíveis da realidade, oferecendo-nos um testemunho notável sobre a vulnerabilidade humana. “Ah, os piratas! os piratas! A ânsia do ilegal unido ao feroz, a ânsia das coisas absolutamente cruéis e abomináveis, que rói como um cio abstracto os nossos corpos franzinos, os nossos nervos femininos e delicados, e põe grandes febres loucas nos nossos olhares vazios!”
São múltiplas as leituras que “Estuário” oferece, a mais presente das quais será aquela que mergulha no nosso mais fundo e nos vem dizer que é justamente aí que começa este mundo dividido tal como o conhecemos. É certo que o livro aborda alguns dos grandes problemas que afligem a Humanidade, como a guerra, a fome, os deslocados e refugiados. Que está lá, também, a cidade com os seus ruídos, a vista sobre o rio, o chiar dos eléctricos nos carris, o correr anónimo das gentes que a habitam. Ou, centrando o olhar mais na forma e menos no conteúdo, esse objecto dentro do objecto, essa forma de entretecer palavras e mostrar com que linhas pode cozer-se um livro. Mas é na redução de um campo de refugiados a perder de vista ao espaço simples de uma casa, com os seus quartos e salas, os seus corredores e escadas a ligar os pisos entre si, as suas pessoas e as relações que entre elas se estabelecem, que a ficção se adensa para nos dar a nota de verdade do que de bom e de mau há em nós.
Com “Estuário”, Lídia Jorge volta a provar o quanto a literatura serve de base de reflexão sobre o espaço em volta, buscando sentido para um quotidiano feito de fragilidades e ameaças. “E se o perigo somos nós?”, parece perguntar a escritora, à medida que convoca os lugares da memória onde se abriga um mapa cujas linhas mostram as dobras do tempo. É nelas que coabitam, em precário equilíbrio, as forças e fraquezas do ser humano, as suas grandezas mas também os seus medos. No presente pandémico que enfrentamos, este livro resgata do silêncio os contornos mais sensíveis da realidade, oferecendo-nos um testemunho notável sobre a vulnerabilidade humana. “Ah, os piratas! os piratas! A ânsia do ilegal unido ao feroz, a ânsia das coisas absolutamente cruéis e abomináveis, que rói como um cio abstracto os nossos corpos franzinos, os nossos nervos femininos e delicados, e põe grandes febres loucas nos nossos olhares vazios!”
June 12, 2018
Um bom livro.
February 3, 2020
stuario cuenta el desmoronamiento de una importante familia de armadores portugueses, un padre y cinco hijos, que por distintos avatares lo pierden todo menos dos barcos y la casa familiar en la que se reúnen. A través de las historias de cada uno de ellos vamos reconstruyendo su historia pero llevan la voz cantante Edmundo, el hijo pequeño, que acaba de llegar de los campos de refugiados de Siria con tres dedos de una mano mutilados, Charlotte a cuya historia de amor con un hombre mayor que ahora está en el gobierno culpan los hermanos de su desgracia y Sebastián, un abogado brillante y adinerado que lo ha perdido todo y que vive obsesionado por su caballo. Los otros dos hermanos, Joao y Alejandro tienen menos presencia en la historia.
La novela tiene un comienzo muy duro, melancólico, preciosista y sinuoso que desemboca en una parte central bastante más dinámica en la que sin abandonar nunca ese tono melancólico que siempre identificamos como algo tremendamente portugués todas las piezas van encajando. La pena es que al final acercándose al climax, la novela se deshilacha y muere.
«Mándela a un banco, Custodio Galdeano. Usted y yo ya no tendremos tiempo de verlo, pero dentro de unas décadas las ciudades, las naciones, los países, no contarán nada. El mapamundi estará dividido de acuerda con las siglas de los bancos y la paz, si la hay, también.»
Estuario es también una novela sobre desapariciones, sobre modos de vida que se pierden, sobre el paso del tiempo borrando lo que damos por seguro, lo que creemos inmutable.
La novela tiene un comienzo muy duro, melancólico, preciosista y sinuoso que desemboca en una parte central bastante más dinámica en la que sin abandonar nunca ese tono melancólico que siempre identificamos como algo tremendamente portugués todas las piezas van encajando. La pena es que al final acercándose al climax, la novela se deshilacha y muere.
«Mándela a un banco, Custodio Galdeano. Usted y yo ya no tendremos tiempo de verlo, pero dentro de unas décadas las ciudades, las naciones, los países, no contarán nada. El mapamundi estará dividido de acuerda con las siglas de los bancos y la paz, si la hay, también.»
Estuario es también una novela sobre desapariciones, sobre modos de vida que se pierden, sobre el paso del tiempo borrando lo que damos por seguro, lo que creemos inmutable.
November 2, 2025
A velocidade a que leio e termino um livro é, para mim, sempre um bom indicador. Antes de mais, a leitura tem de ser um processo prazeroso, mesmo quando envolve sentido crítico.
Este livro da Lídia Jorge li-o num instante. Aqui e ali senti-o um pouco disperso, com cenas e episódios desnecessários, e com algumas figuras de estilo e acrobacias literárias que dispensava. Mas, quando o termo de comparação é “Misericórdia” (da mesma autora), a disputa não é justa.
Gostei muito da forma como termina — esse otimismo conquistou-me.
Três estrelas na apreciação racional, cinco estrelas no page-turner index, quatro estrelas para o estilo de escrita.
Este livro da Lídia Jorge li-o num instante. Aqui e ali senti-o um pouco disperso, com cenas e episódios desnecessários, e com algumas figuras de estilo e acrobacias literárias que dispensava. Mas, quando o termo de comparação é “Misericórdia” (da mesma autora), a disputa não é justa.
Gostei muito da forma como termina — esse otimismo conquistou-me.
Três estrelas na apreciação racional, cinco estrelas no page-turner index, quatro estrelas para o estilo de escrita.
July 11, 2019
A classificação reconhece a qualidade da escrita e da estruturação da narrativa. É uma escrita depurada sem barrocos e a narrativa revela o enredo progressivamente. Mas foi uma leitura continuamente adiada e entrecortada, não foi prazeirosa. Só quando comecei a atentar em como está "construído" é que comecei a gostar. Edmundo é uma personagem tão insignificante no início quanto importante no final. Uma família peculiar.
November 12, 2019
Estupendo relato sobre el derrumbamiento, en todos los aspectos, de una familia. Relato contado a varias voces, las correspondientes a cada uno de los hijos, que narran sus derrotas y victorias en esta batalla que es vivir.
Editada en castellano por la umbria y la solana.
Gracias a @maria jesus fernández por la traducción.
Editada en castellano por la umbria y la solana.
Gracias a @maria jesus fernández por la traducción.
July 16, 2021
Todo lo que nace ocupa un lugar, pero no siempre sabe encontrarlo. Esta novela es un canto de amor a a la errancia, la Oda marítima de Pessoa en clave de narración, la historia de los vínculos que se rompen para caer al mar. Más que recomendado.
January 25, 2020
Quando vires um tipo da nossa idade a ler um livro, ele não tem a nossa idade. Ao contrário do que te parece, ele é um velhote catarroso e tem bengalas dentro da cabeça.
January 23, 2023
Este livro foi me oferecido pela minha mãe no Natal. Ela costuma ter muito bom gosto a escolher livros e este não foi exceção. Nunca antes tinha lido Lídia Jorge e achei que era uma grande falha minha, houve momentos em me deparei com eventos a decorrer que incluíam a Lídia Jorge, como por exemplo a feira do livro de Lisboa. E também ouvia falar muito dela então senti que o próximo livro de nacionalidade portuguesa deveria ser da sua autoria.
Existe sempre a intriga sobre como serão os outros livros da escritora, mas digo que, para primeira impressão e para um livro que nem fui eu que escolhi, fiquei agradavelmente surpreendida. Não lhe dava muito pela capa e pela pequena sinopse na contracapa. Daí que fiquei muito surpreendida. Não diria que foi dos melhores livro que já li, no entanto, foi sem dúvida diferente. Considero que em tudo esta história era peculiar. A mensagem definitivamente reside na fragilidade e vulnerabilidade do ser humano. A maioria da história é da perspetiva de Eduardo Galeano e de algumas personagens da sua família, neste caso de todos os seus irmãos.
É um livro muito fácil de ler e muito acessível. Também considerei que fizesse um bom trabalho em equilibrar momentos mais engraçados e momentos profundamente tristes. O final foi a minha parte preferida porque Eduardo consegue finalmente tomar uma decisão que é em tudo diferente da escolha que faz no início do livro. É interessante ver como as mudanças no seu ambiente familiar são o que culminam nesta alteração do rumo de Eduardo.
Existe sempre a intriga sobre como serão os outros livros da escritora, mas digo que, para primeira impressão e para um livro que nem fui eu que escolhi, fiquei agradavelmente surpreendida. Não lhe dava muito pela capa e pela pequena sinopse na contracapa. Daí que fiquei muito surpreendida. Não diria que foi dos melhores livro que já li, no entanto, foi sem dúvida diferente. Considero que em tudo esta história era peculiar. A mensagem definitivamente reside na fragilidade e vulnerabilidade do ser humano. A maioria da história é da perspetiva de Eduardo Galeano e de algumas personagens da sua família, neste caso de todos os seus irmãos.
É um livro muito fácil de ler e muito acessível. Também considerei que fizesse um bom trabalho em equilibrar momentos mais engraçados e momentos profundamente tristes. O final foi a minha parte preferida porque Eduardo consegue finalmente tomar uma decisão que é em tudo diferente da escolha que faz no início do livro. É interessante ver como as mudanças no seu ambiente familiar são o que culminam nesta alteração do rumo de Eduardo.
January 11, 2023
O livro 'Estuário' marca a minha estreia a ler Lídia Jorge. O livro narra a história da família Galeano, cujo patriarca viúvo e de profissão armador, que se vê caída em crise financeira por uma má aposta de negócio. A família é então sugada pelas dívidas e o status quo é abalado.
Uma porção significativa do livro é marcada pela incursão do narrador na vida dos diferentes filhos Galeano, que regressam à coabitação na grande casa do pai como solução de recurso perante as necessidades económicas. É dado especial destaque ao filho Edmundo, que regressa de um voluntariado no Corno de África com uma mão mutilada, e que o deixa numa profunda reflexão sobre a real natureza da vida humana, a ponto de relativizar a situação vivida pelo pai e irmãos.
Edmundo cai na realidade ao deparar-se com o suicídio do pai na casa da família e com a confissão do drama pessoal de Charlote - sua irmã -, a ponto de reativar a sua consciência sobre a realidade que o rodeia e de reativar o devir de intervir diretamente no presente que urge solucionar.
Para além de proporcionar uma leitura prazerosa e leve, Estuário evidencia particularmente bem como no plano psíquico as pessoas podem viver predominantemente no passado ou futuro em função das circunstâncias ou expectativas pessoais que mais marcam emocionalmente as suas vidas.
Publicado originalmente aqui: https://3vial.blogspot.com/2023/01/so...
Uma porção significativa do livro é marcada pela incursão do narrador na vida dos diferentes filhos Galeano, que regressam à coabitação na grande casa do pai como solução de recurso perante as necessidades económicas. É dado especial destaque ao filho Edmundo, que regressa de um voluntariado no Corno de África com uma mão mutilada, e que o deixa numa profunda reflexão sobre a real natureza da vida humana, a ponto de relativizar a situação vivida pelo pai e irmãos.
Edmundo cai na realidade ao deparar-se com o suicídio do pai na casa da família e com a confissão do drama pessoal de Charlote - sua irmã -, a ponto de reativar a sua consciência sobre a realidade que o rodeia e de reativar o devir de intervir diretamente no presente que urge solucionar.
Para além de proporcionar uma leitura prazerosa e leve, Estuário evidencia particularmente bem como no plano psíquico as pessoas podem viver predominantemente no passado ou futuro em função das circunstâncias ou expectativas pessoais que mais marcam emocionalmente as suas vidas.
Publicado originalmente aqui: https://3vial.blogspot.com/2023/01/so...
This entire review has been hidden because of spoilers.
September 18, 2020
Queria ler um romance de Lídia Jorge! Tantos autores que ainda desconheço e que a pouco e pouco vou desbravando, cautelosa, na tentativa de compreender o que quiseram passar ao mundo com as suas palavras. O seu testemunho. Lídia admirada por tantos era uma ousadia e um deslumbre que não me tinha permitido. A escrita irrepreensível, madura e serena que me faltava. Contudo, tenho um misto de emoções sobre este romance, contraditórios como os que se abrigam no coração e são objecto de reflexão, também neste romance. A históra que o narrador conta, por personagem, com destaque para Edmundo, o jovem sonhador que, nuima missão humanitária perdeu parte da mão direita e se agarrou a uma utopia sobre um livro grandioso que alertava sobre a ameaça global, e do qual se foi distanciando, na medida em que se tornava mais próximo da complexidade e desnorte dos que o rodeavam e nele confiavam, não me fascinou pela morosidade contemplativa que condicionou a leitura. Presa das palavras, não fiquei do sentido das mesmas. A preocupação e premonição com os riscos ambientais, nomeadamente os plásticos que poluem os oceanos, é motivo de apreço, mas as personangens errantes não.
Um livro belo mas não sedutor. Um livro que fica para reler mais tarde.
Um livro belo mas não sedutor. Um livro que fica para reler mais tarde.
September 13, 2025
Lido!
“Estuário”, de Lídia Jorge
Depois de "Misericórdia", "Estuário".
Gostei da leitura, embora ainda não tenha sido desta que me senti verdadeiramente conquistada pela escrita de Lídia Jorge.
O início da narrativa criou-me muita expetativa: a figura de Edmundo Galeano, ferido na mão direita no campo de refugiados de Dadaab, parecia prometer uma história intensa e transformadora. Contudo, à medida que a ação avançava, o entusiasmo foi-se diluindo, o fulgor esmoreceu, e senti que a promessa inicial não se cumpriu inteiramente.
Ainda assim, destaco momentos de grande beleza literária, com frases que ecoam para além da leitura:
“Quando se encontra o remédio é inútil mencionar o irremediável.”
“…porque tudo muda, e passa, mas alguma coisa do que resta se adapta.”
“Tomei rios de café, tomei nilos, amazonas desse líquido escuro…”
Gostei particularmente da descrição da biblioteca da Titi e do argumento do livro que Edmundo sonhava escrever.
"Estuário" é uma meditação sobre a fragilidade da vida humana, sobre o que permanece mesmo quando tudo parece transitório.
E, para mim, será também sempre o livro que guardarei associado à marca de uma grande amizade nascida e cultivada ao longo deste último ano letivo.
“Estuário”, de Lídia Jorge
Depois de "Misericórdia", "Estuário".
Gostei da leitura, embora ainda não tenha sido desta que me senti verdadeiramente conquistada pela escrita de Lídia Jorge.
O início da narrativa criou-me muita expetativa: a figura de Edmundo Galeano, ferido na mão direita no campo de refugiados de Dadaab, parecia prometer uma história intensa e transformadora. Contudo, à medida que a ação avançava, o entusiasmo foi-se diluindo, o fulgor esmoreceu, e senti que a promessa inicial não se cumpriu inteiramente.
Ainda assim, destaco momentos de grande beleza literária, com frases que ecoam para além da leitura:
“Quando se encontra o remédio é inútil mencionar o irremediável.”
“…porque tudo muda, e passa, mas alguma coisa do que resta se adapta.”
“Tomei rios de café, tomei nilos, amazonas desse líquido escuro…”
Gostei particularmente da descrição da biblioteca da Titi e do argumento do livro que Edmundo sonhava escrever.
"Estuário" é uma meditação sobre a fragilidade da vida humana, sobre o que permanece mesmo quando tudo parece transitório.
E, para mim, será também sempre o livro que guardarei associado à marca de uma grande amizade nascida e cultivada ao longo deste último ano letivo.
December 22, 2025
demorei a ambientar-me à escrita de Lídia Jorge. Não que seja difícil, mas ela acaba por quebrar o ritmo da narração com um lirismo deslocado aqui e acolá. é uma questão de hábito e a partir do momento em que se entende como a mente dela gosta de contar histórias, a coisa torna-se prazerosa. por isso fiquei com pena porque amei o ultimo 1/3 do livro, mas os primeiros 2/3 custaram-me.
a minha dúvida favorita neste livro é que fico sem saber bem qual o ponto principal da história. o livro de edmundo? a história da familia como um todo? as efemeridades aleatórias que nos acontecem e que se tatuam na nossa identidade? gosto dessa incerteza :) a vida que vivemos também não tem plots, somos nós quem o criamos :)
a minha dúvida favorita neste livro é que fico sem saber bem qual o ponto principal da história. o livro de edmundo? a história da familia como um todo? as efemeridades aleatórias que nos acontecem e que se tatuam na nossa identidade? gosto dessa incerteza :) a vida que vivemos também não tem plots, somos nós quem o criamos :)
July 11, 2022
J’ai dû passer complètement à côté de ce roman, qu’une des bibliothèques de mon quartier signalait comme un coup de cœur.
L’histoire est vraiment plate, même si la situation de départ à la base est intéressant. Il ne se passe rien, les personnages sont prétentieux, cliché et irritants.
Je n’ai franchement pas tiré beaucoup de plaisir de cette lecture, ni mon compagnon (visiblement j’ai verbalisé un peu trop souvent mon mécontentement…).
L’histoire est vraiment plate, même si la situation de départ à la base est intéressant. Il ne se passe rien, les personnages sont prétentieux, cliché et irritants.
Je n’ai franchement pas tiré beaucoup de plaisir de cette lecture, ni mon compagnon (visiblement j’ai verbalisé un peu trop souvent mon mécontentement…).
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