Considerada uma das maiores escritoras brasileiras contemporâneas, Elvira Vigna costumava declarar que A um passo era seu romance preferido. O livro fragmentado e bastante experimental foi publicado originalmente em 1990, com o título A um passo de Eldorado, e depois teve uma nova edição, com uma série de mudanças — inclusive o título —, em 2004. A obra é pouco conhecida e passou despercebida pela imprensa à época, razão pela qual Vigna dizia tê-la como favorita.
Nos capítulos curtos, cada personagem conta a história do outro, tornando explícita as dificuldades do próprio narrar. Há um suposto crime de assassinato, em que dois amantes estariam envolvidos, e a vingança por um abuso sofrido na infância, mas são o banal e o cotidiano que irão fornecer a matéria para construir uma recusa da lógica previsível das coisas. Com sua típica ironia mordaz, a autora de Nada a dizer e Como se estivéssemos em palimpsesto de putas constrói a trama como um jogo de xadrez inusitado e fascinante.
“Tendo já publicado vários outros romances, todos marcados por um estilo peculiar (a autora é uma dentre os poucos que conseguem criar uma linguagem própria, inconfundível, dentro da literatura contemporânea), Elvira Vigna radicaliza, em A um passo, a sua leitura corrosiva da vida urbana brasileira dos dias de hoje, vida tempestuosa onde quase todos são exilados, estrangeiros dentro de seu próprio território.” — Maria Esther Maciel
Nascida no Rio de Janeiro em 1947, é diplomada em literatura pela Universidade de Nancy, França, e mestre em comunicação pela UFRJ. Escreve sobre arte contemporânea no site Aguarrás.
Fiquei impressionada por nunca ter escutado falar em Elvira Vigna antes. Não é um livro simples de ler, tem uma estrutura narrativa diferente, com cortes no tempo, narrativas misturadas em 1ª e 3ª pessoa, mas que livro bom!
Um dos melhores romances da literatura brasileira contemporânea, escrito por Elvira, que prova ter sido uma das melhores escritoras recentes de nossa ficção. A fluidez narrativa é divertida, o estilo é próprio, daquele jeito dela mesmo, e a trama é bem resolvida, cheia de metáforas e referências estimulantes. Alguns dirão que a leitura é difícil, e realmente não é um livro óbvio, mas de obviedades estamos todos fartos.
Amo a Elvira Vigna e sei que ela considerava este livro o seu preferido, mas não bateu bem em mim. Eu achei dificílima a leitura - estrutura em recortes, com uma dinâmica de jogo (de xadrez), com versões distintas sobre um mesmo fato/ou uma ideia, tudo com um crime no meio. Cheio de ironias, claro.
A nota não tão alta eu atribuo à minha limitação rs para acompanhar a gigante Elvira.
Uma vingança contada sob alegorias, subjetividades e (não) fatos, sem seguir uma lógica de linearidade, que confude, encanta e desafia o leitor a solucionar a narrativa, como o xadrez que é peça elementar do livro.
meu romance menos favorito de Elvira. publicado em 89, dá pistas de que ela seria brilhante — mas é, ainda, excessivamente hermético e desnecessariamente intrincado.
longe de ser ruim, mas ainda mais longe de ser um Como se estivéssemos em palimpsesto de putas.