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Contos Completos

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Publicados entre as décadas de 1970 e 1990, os contos de Caio Fernando Abreu são o retrato de uma geração. Os tempos autoritários e sombrios dos anos de chumbo aparecem nesta reunião não apenas como pano de fundo, mas como parte constituinte de uma prosa que se consagrou pelo estilo combativo e radical. Vida e obra, aqui, se misturam a ponto de biografia se transformar em literatura e vice-versa.
Em Contos completos, o leitor tem a chance de percorrer toda a produção do autor no gênero da prosa breve. O volume abarca seis títulos — Inventário do irremediável (1970), O ovo apunhalado (1975), Pedras de Calcutá (1977), Morangos mofados (1982), Os dragões não conhecem o paraíso (1988) e Ovelhas negras (1995) —, além de dez contos avulsos, sendo três deles inéditos em livro. O livro inclui, por fim, textos de Italo Moriconi, Alexandre Vidal Porto e Heloisa Buarque de Hollanda, que jogam luz sobre a atualidade de Caio Fernando Abreu.
Ao escrever sobre amor, morte, medo, sexualidade, solidão e alegria, o autor de Onde andará Dulce Veiga? constrói personagens complexos e absolutamente profundos em cada detalhe. Com verve e sensibilidade, o “escritor da paixão”, na alcunha de Lygia Fagundes Telles, soube como ninguém combinar delírio e lucidez, euforia e angústia, luz e sombra.

768 pages, Paperback

First published January 1, 2018

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About the author

Caio Fernando Abreu

59 books234 followers
Caio Fernando Loureiro de Abreu nasceu no dia 12 de setembro de 1948, em Santiago, no Rio Grande do Sul. Jovem ainda mudou-se para Porto Alegre onde publicou seus primeiros contos. Cursou Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, depois Artes Dramáticas, mas abandonou ambos para dedicar-se ao trabalho jornalístico no Centro e Sul do país, em revistas como Pop, Nova, Veja e Manchete, foi editor de Leia Livros e colaborou nos jornais Correio do Povo, Zero Hora, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo.

No ano de 1968 — em plena ditadura militar — foi perseguido pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), tendo se refugiado no sítio da escritora e amiga Hilda Hilst, na periferia de Campinas, São Paulo.

Considerado um dos principais contistas do Brasil, sua ficção se desenvolveu acima dos convencionalismos de qualquer ordem, evidenciando uma temática própria, juntamente com uma linguagem fora dos padrões normais.

Em 1973, querendo deixar tudo para trás, viajou para a Europa. Primeiro andou pela Espanha, transferiu-se para Estocolmo, depois Amsterdã, Londres — onde escreveu Ovelhas Negras — e Paris. Retornou a Porto Alegre em fins de 1974, sem parecer caber mais na rotina do Brasil dos militares: tinha os cabelos pintados de vermelho, usava brincos imensos nas duas orelhas e se vestia com batas de veludo cobertas de pequenos espelhos. Assim andava calmamente pela Rua da Praia, centro nervoso da capital gaúcha.

Em 1983 transferiu-se para o Rio de Janeiro e em 1985 passou a residir novamente em São Paulo. Volta à França em 1994, a convite da Casa dos Escritores Estrangeiros. Lá escreveu Bien Loin de Marienbad.

Ao saber-se portador do vírus da AIDS, em setembro de 1994, Caio Fernando Abreu retorna a Porto Alegre, onde volta a viver com seus pais. Põe-se a cuidar de roseiras, encontrando um sentido mais delicado para a vida. Foi internado no Hospital Menino Deus, onde posteriormente veio à falecer.

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Displaying 1 - 7 of 7 reviews
Profile Image for Carla Botteon Catai.
174 reviews8 followers
January 30, 2022
eu adorei o livro e foi uma excelente experiência, ele só não ganhou 5 estrelas porque a leitura foi arrastada por motivos para além do livro em si.

de qualquer forma, foi ótimo reviver a vibe underground-homoerótica-politizada-brasileira que a Carla de 15 anos amava (e que eu lembro que gosto toda vez que ouço Cazuza no repeat). e é bem isso que o livro faz com a gente: a gente cresce e morre literariamente com o Caio sem deixar de ser jovem em momento algum. por isso eu recomendo altamente esse mergulho no trabalho de contista dele se você tem alma jovem ou se quer encontrar a sua.

os contos do Caio transpiram vida, por isso dá pra resumir essa experiência em uma frase do posfácio: "só lê Caio Fernando Abreu quem, mesmo em situação adversa, quer seguir vivendo"
Profile Image for laura.
130 reviews28 followers
December 21, 2023
deus leva o bolsonaro e devolve o caio f abreu
Profile Image for Mariana.
367 reviews53 followers
Read
March 27, 2019
“Contos Completos” de Caio Fernando Abreu abarca toda obra do autor dentro do gênero conto, com seis livros publicados, mais 10 contos avulsos sendo 3 deles inéditos.
Nesse volume há textos de Italo Moriconi, Alexandre Vidal Porto e Heloisa Buarque de Hollanda.
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Completar a leitura desse livro com mais de 760 páginas foi uma longa jornada que se iniciou em agosto de 2018 e terminou em março de 2019.
O começo da leitura me empolgou bastante, eu não conhecia nada do autor e fiquei encantada com sua urgência narrativa, com a forma que ele retratava emoções de pessoas experimentando a rotina da vida, e mais tarde, algumas de suas dores não apenas emocionais.
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Passada a fase de lua de mel com o autor, eu comecei a me cansar um pouco da leitura, mas isso foi culpa minha, apenas minha, por achar que seria uma boa ideia ler a obra completa, de uma só vez, um conto por noite.
Como resolver o problema?
Deixar o livro descansar na mesa de cabeceira e ler outros autores, experimentar mundos diferentes, me permitir sentir saudades da escrita de Caio para finalmente retornar a ele com vontade e não pela “obrigação” de terminar um livro.
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Finda leitura, o que sobra são sentimentos conflitantes em relação à obra como um todo, alguns contos eu amei tanto que já fiz releitura (“Os sapatinhos vermelhos” e “Pequeno monstro” perdi as contas de releituras), outros eu odiei e não quero retornar de forma alguma.
Meu livro preferido é “Os dragões não conhecem o paraíso”, gostei de todos os contos contidos nele (leia o conto “À beira do mar aberto” em voz alta, faz toda a diferença!)
“Morangos Mofados” deixou marcas com os memoráveis “Terça-feira Gorda”, “Transformações”, “Sargento Garcia” e “Caixinha de música”.
Já “Ovelhas Negras” me desapontou, foram pouquíssimos os contos que me agradaram.
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Agradecimento especial para @taryzottino que sempre fala do autor com brilho nos olhos e foi a grande responsável por eu me interessar pela leitura desse livro.
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https://www.instagram.com/p/BvWwwlngVvg/
Profile Image for afonso abreu.
49 reviews4 followers
December 20, 2024
Woody Guthrie, guru de Dylan e dos músicos de protesto, escreveu em seu violão folk: "arma de matar fascistas". A máquina de escrever de Caio F. era uma arma contra toda forma autoritária de poder. Sua obra vista em seu conjunto é uma espécie de "barricada invisível" contra toda forma de preconceito, de ódio, de intolerância: seus contos, suas novelas, suas peças, suas cartas, seus romances são um antídoto contra qualquer manifestação de tirania.

[“16 anos sem Caio Fernando Abreu”, Paulo César de Carvalho]
Profile Image for DTK.
197 reviews20 followers
September 11, 2020
De longe, minha parte favorita da obra dele é Morangos Mofados, cada conto é perfeito em si
Mas apreciar os demais contos foi bom demais
Profile Image for Harvey Hênio.
626 reviews2 followers
July 27, 2025
O gaúcho Caio Fernando Loureiro de Abreu, mais conhecido como Caio Fernando Abreu (1948 / 1996) foi jornalista, dramaturgo e escritor. Venceu por três vezes o prestigiado prêmio Jabuti e também foi várias vezes premiado por sua atuação no teatro. Ele é apontado por muitos como um dos maiores expoentes de sua geração. Sua perda, por demais precoce, em 1996, com apenas 48 anos em função de complicações da AIDS, é até hoje lamentada em função de tudo o que ele ainda podia produzir nas áreas onde atuava.
Caio Fernando era um romancista talentoso. Seu livro “Onde andará Dulce Veiga”, lançado em 1990, recebeu em 1991 o prêmio APCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte) de melhor romance do ano mas ele, indubitavelmente, se destacava mais como exímio contista.
Caio Fernando, em seus contos, usava toda a sua erudição para gerar narrativas que se destacavam pela verborragia derramada em longos parágrafos e igualmente longas digressões e em que a sua perspectiva sobrepunha-se aos demais aspectos. Nesse contos ele falava abundantemente de sexo, do fascínio e do drama provocados pela descoberta da homossexualidade, do medo, da morte, do medo da morte e, principalmente, da solidão. Impressiona a vasta coleção de personagens (alteregos do autor?) que encaram uma angustiante e quase palpável solidão que praticamente se apresenta como uma espécie de visão dramática do mundo moderno. Seria lícito, inclusive, afirmar que ele, embora não tenha conhecido o mundo das redes sociais que são usadas pelas pessoas para mitigar as próprias solidões, antecipou em vários aspectos do mundo atual.
Esse excelente “Contos Completos”, editado com esmero pela editora Companhia das Letras e lançado em 2018, é uma ótima oportunidade para conhecer o “lado contista” de Caio Fernando. Nesse volume estão todos os contos do autor originalmente publicados nos livros “Inventário do ir-remediável” (1970), “O ovo apunhalado” (1975), “Pedras de Calcutá” (1977), “Morangos mofados” (1982), “Os dragões não conhecem o paraíso” (1988) e “Ovelhas negras” (1995) sendo que este último traz textos que foram engavetados pelo autor, por vários motivos, além de um conto chamado “A maldição dos Saint-Hilaire” produzido quando ele tinha apenas 14 anos e que foi premiado no ginásio onde ele estudava. Segundo o autor o conto “não presta” mas vale uma conferida —, além de dez contos avulsos, sendo três deles inéditos em livro.
A obra merece ser conferida em sua totalidade mas em minha avaliação alguns contos merecem um maior destaque. São eles “Amor” (de “Inventário do “Ir-remediável”), “Gravata”, “Retratos”, “Afogado” e “Uns sábados, uns agostos” (de “O ovo apunhalado”), “Recuerdos de Ypacaraí” (de “Pedras de Calcutá”), “Sargento Garcia” e “Aqueles dois” (de “Morangos Mofados”), e “Linda, uma história horrível”, “Os sapatinhos vermelhos” e “O pequeno monstro” (de “Os dragões não conhecem o paraíso”).
Merecem destaques também os ensaios que buscam analisar a breve porém marcante trajetória do autor inclusos na parte final do livro. São eles "A Literatura Como Vingança e Redenção" de Italo Moriconi, "O Homem do Imediato" de Alexandre Vidal Porto e "Hoje Não É Dia de Rock” de Heloísa Buarque de Hollanda.
No primeiro e o melhor desses ensaios Italo Morriconi, professor, crítico literário e poeta, nascido em 1953, afirmou o seguinte:

“Caio Fernando Abreu destaca-se como um dos principais representantes da geração de escritores brasileiros surgida no início dos anos 1970, em plena vigência da ditadura militar, com seu corolário de repressão política, social e comportamental. Nessa geração, a obra e a vida de Caio Fernando alinham-se ao conjunto de autores e artistas ligados ao contexto do que se usa chamar de contracultura, associando elementos de vanguarda estética e existencial à formação determinada tanto pelas fontes da cultura do entretenimento ou pop (cinema, música popular, TV...) quanto pela cultura popular e erudita, propriamente literária, no sentido tradicional da palavra. Para dar conta dessa experiência histórica, traço forte em sua proposta é o elo indissolúvel entre vida e obra, biografia e criação literária. Em sua prosa, com exceção das cartas e crônicas, impera a fabulação. Mas o biográfico é pano de fundo, indicado de maneira oblíqua, em epígrafes, em detalhes de narração”.

Não há como discordar de Italo Morriconi mas eu faço uma ressalva aos contos de Caio Fernando: em muitos deles a narração é calcada em certos modernismos literários e, ou em longas digressões construídas em longuíssimos parágrafos muitas vezes desprovidos de vírgulas. Esses recursos são muito interessantes mas muitas vezes prejudicam a fluidez da leitura e tornam certas narrativas algo cansativas.
Mas, mesmo com essa ressalva, trata-se de uma ótima pedida e de uma grande oportunidade para conhecer a obra de um grande escritor que se foi precocemente.
Profile Image for Vitor Or.
7 reviews
June 15, 2021
Nada a dizer a não ser leiam. Caio é um dos meus autores prediletos e nesse livro você talvez possa se emocionar mais do que espera.
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