Baseada em factos reais, esta é a história de Klaus Kittel, um alemão portuense que combateu na Segunda Guerra Mundial. Um homem mergulhado numa época de pesadelo, de guerra, morte e ditaduras. Uma Europa destroçada, de onde surge uma história improvável, mas verdadeira, feita de viagens e fintas ao destino.
Esta é a história de Klaus Kittel, um alemão portuense, que combateu na Segunda Guerra Mundial. Enquanto que Portugal e o governo de Salazar tinham declarado uma política de neutralidade no conflito, Klaus, apesar de ter nascido em Portugal, devido à sua ascendência germânica alista-se na Whermacht e combate na Guerra .
Klaus viveu sempre dividido nesta Europa destroçada. Em criança, ele e os seus pais foram expulsos de Portugal, na altura da participação do CEP ao lado dos Aliados na Primeira Guerra Mundial. Viveu os bombardeamentos aliados. Chegou a conhecer altos partidários alemães, assistiu à ascensão de Hitler. Combateu na Guerra e foi preso. Esteve em campos de concentração na França, onde milhares de prisioneiros encontraram a morte. Por sorte ou azar do destino, Klaus percorre um caminho tortuoso, de fuga, e perseguições.
Esta é uma história baseada em factos reais, que percorre o Porto do século XX, quando um luso-germânico percorreu as mesmas ruas que nós, amou tanto Portugal como Alemanha, que teve a fatalidade de nascer no tempo errado, em plena Europa dividida e conflituosa.
Hoje em dia já me começo a questionar se o interesse crescente da sociedade do séc. XXI perante a 2ª Guerra Mundial se prende com a necessidade de conhecimento e reconhecimento do nível de maldade até onde as pessoas podem ir ou se é puro voyeurismo da desgraça alheia e degradação do ser humano. Julgo que inadvertidamente acabámos por cair num meio termo, e daí a crescente no mundo literário de ficção e não ficção sobre a temática, que nunca passa de "moda", mas que peca por incidir precisamente nas mesmas análises, nos mesmos níveis de desgraça e calamidade, sem aprofundar ou obedecer minimamente a um espírito crítico que vá para além da emissão de um juízo de valor ou outro, já muito pobre e gasto. Nesse sentido, obrigo-me a ter um olhar mais crítico e a realizar uma selecção mais cuidada sobre o que pretendo ler sobre este período (embora, e mea culpa me confesso, ainda me deixe resvalar na outra direcção quando um romance ou outro me puxam pela sinopse). Acima de tudo, o que procuro são abordagens diferentes, leituras diferentes, e uma leitura da realidade segundo uma manta de retalhos mais vasta. Em seguimento dessa análise, "Os Provocadores de Naufrágios" pareciam-me uma leitura indicada. Ao fim ao cabo, não é todos os dias que enveredamos na história de um alemão que ingressa na guerra sem necessidade e por sentido patriótico, patriotismo esse acerbado pelas raízes saudosistas e familiares de uma história não vivida. O que em última instância nem é assim tão verdade, já que para todos os efeitos, Klaus Kittel cresceu e viveu em Portugal, sendo mais português do que alguma vez foi alemão, mas é arrastado por força das circunstâncias para um momento em que não é considerado pelos seus pares nem uma coisa nem outra: nem tão português que seja bem-vindo nos seus circuitos familiares enquanto a nação que lhe deu origem ocupa lentamente toda a Europa, nem tão alemão que se reveja em funcionalismos culturais criados por um povo longe do qual sempre viveu. Este livro é escrito em jeito de reconto memorial, com alternâncias entre um período em que Klaus se encontra como prisioneiro de guerra na Alemanha e posteriormente em França, com momentos episódicos da sua vida, e que compõem o seu tecido cronológico. É acima de tudo o relato de uma vivência de um homem real, com inspiração em pedaços de uma memória relatada em diário, e imaginados por João Azambuja de forma a compor todo o seu historial. Daí advém a aplicação de vários provérbios populares, de uma sensatez e ligação às raízes muito portuguesa e também de um certo distanciamento - quase observacional e não vivencial - na descrição de momentos que seriam muito difíceis de superar e observar. Não há de facto um reforço empático ao nível das emoções, porque toda a narrativa é tida como um relato algo distanciado, mas torna-se um troféu quase que corriqueiro e esperado de um homem em final de vida, que não se sente vítima do que viveu e aceita-o em pleno como um momento da sua História. É uma abordagem peculiar e original de um relato que poderia ser algo polémico, mas também muito humana e sensível, atenta aos detalhes e à representação do ser humano no seu todo. Não me senti comovida, porque não é esse o sentimento que o livro incute, mas fui agradavelmente surpreendida pela narrativa. "Os Provocadores de Naufrágios" revelou-se uma leitura peculiar mas que me deu bastante prazer. - Cláudia
Muito interessante e importante a leitura deste livro. Um alemão, que vive em Portugal. Um relato na primeira pessoa, muito intimista e muito verdadeiro, sobre as vivências de um homem desde a infância à velhice, em altura de guerra e regimes totalitários. O que mais me impressionou foi o carácter e conduta nobre dos seus comportamentos e discursos. Uma vertente diferente dos livros que costumo ver sobre o assunto.
Uma história verídica da vida de um alemão natural do Porto. Passado numa época conturbada, a Segunda Guerra Mundial, esteve prisioneiro e nessa condição até discursou para os nazis. Muito bem contada, é leitura compulsiva.