Por cima do mar, de Deborah Dornellas, venceu o Prêmio Casa de Las Américas 2019 como melhor romance brasileiro do ano e foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2019, na categoria melhor autor estreante.
DEBORAH
Deborah Dornellas, escritora, jornalista e artista plástica, é uma carioca criada em Brasília que mora em São Paulo. Em 2001, concluiu o mestrado em História Cultural (UnB), com um trabalho sobre maracatu nação pernambucano, o que a levou para dentro do universo da cultura popular brasileira de matriz africana, de onde nunca mais saiu. E 2012, publicou Triz, uma reunião de poemas. Integra o Coletivo Literário Martelinho de Ouro desde 2013 e participou de todas as publicações do grupo. Cruzou o Atlântico pela primeira vez em 2016, para ver Angola de perto e alimentar-se de histórias. Por cima do mar é seu primeiro romance.
Por cima do mar conta a história de Lígia Brasil. Uma mulher negra que vive no Distrito Federal e mais tarde se muda para Angola. O que mais me conquistou na história foi o fato dela se passar em um local em que posso reconhecer as situações e os lugares. Acho que nunca tinha lido uma história tão grande que se passasse no DF.
Apesar de ser bem escrita, a forma que a autora escolheu contar sobre a vida de Lígia não me conquistou. Ao escolher contar cenas indo e voltando, para mim, não criou uma conexão tão forte que me agradasse. Tem momentos ótimos, mas de forma geral ficou faltando algo. A parte história é boa, mas também em algumas partes deixam a desejar. Principalmente na parte em que se passa em Benguela.
Não é um livro ruim, mas a escolha narrativa fez a história menos atraente, menos envolvente para mim. Ainda assim gostei de acompanhar um pouco sobre a vida de Lígia Brasil e a sua família.
Brasília, uma cidade empoeirada. Esta história contada pela narradora personagem é muito bem definida no prefácio quando ela diz que é uma junção de cenas com fragmentos que se comunicam. A narração passeia no crescimento difícil de Lígia e nos desafios enfrentadas por ela enquanto mulher, negra e estudante. No início do livro há variação entre presente, passado recente e passado distante, mas ainda assim o enredo progride. O que incrementa a escrita é uma pitada forte de poesia e lirismo. Eu só não entendi muito bem o conceito dos desenhos e das frases entre alguns capítulos. Em questão de conteúdo, ele traz alguns conhecimentos culturais e aborda bem a história e cultura da Angola a partir de José Augusto. Por fim, é sempre bom ler algo que se passa no ambiente universitário, e gostei também do paralelo que a autora fez entre a história de Lígia e sua própria vida.
Essa leitura me levou para vários lugares, por vezes sombrios demais, felizes demais, fanfiqueiros demais! Não tenho adjetivos para falar como "Vitaligia" me encantou.