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175 pages, Hardcover
First published January 1, 1938
O melhor que se pode fazer em favor de qualquer é ajudá-lo a entregar-se a si mesmo.
A sorte da ciência é haver por cima dela verdades que não são científicas. É a sua sorte, porque, se não fossem elas, a ciência não teria esse estímulo para estender até lá o seu conhecimento. Ao homem o que é do homem, à ciência o que é da ciência. (...)
O que há de terrível na vida moderna são os aspectos do quotidiano atingirem um tal grau de nitidez que esta fácilmente destrona aquela que devia estar em cada homem de hoje. De facto, não estamos feitos a poder receber os choques das mil e uma caras da realidade exterior e, sentindo-nos incompletos, cremos que é esse conhecimento que nos falta. Talvez. Mas o que nos falta com certeza é confiarmos mais em nós mesmos. Temos o instinto quando nos falte o conhecimento. O instinto dá-nos imaginação bastante para abreviarmos todo o conhecimento de que necessitamos para o nosso uso. E assim poderemos deixar formarem-se serenamente os nossos legítimos sentimentos.
A ciência, que não tem outro conhecimento que o das suas experiências, necessita de um espaço de tempo de que cada um de nós não dispõe. Se sujeitássemos a nossa vida ao conhecimento da ciência, acontecer-nos-ia o que às lâmpadas elétricas que tiveram o mesmo processo de fabricação: nem todas acendem. E as que não acendem deitam-se fora. Não há tempo a perder com mistérios em ciência.