Lampião é um sujeito raríssimo cuja história não se encerra. Circunscrito a seu ambiente, o semiárido nordestino, Virgulino Ferreira da Silva, bandido, assassino, terrível, encontrou Maria da Déa, casada, inquieta, aventureira. A união da dupla e a vida entre seus seguidores apresentou ao país, preocupado em ser moderno, uma forma diferente, assustadora e sedutora de viver. Gênio militar inato, galanteador, sábio, pernóstico, malvado, justo... Quantas pessoas foram capazes de reunir tantos defeitos e qualidades? Quantas mulheres abandonaram tudo para seguir o grande amor?
Testemunhada, contada, recontada, reescrita, a vida e o amor de Lampião e Maria Bonita, um legítimo romance de aventura, só podem ser projetados como ficção coletiva, erguido sobre as fundações deixadas por tantos outros narradores que se aventuraram a contar seu romance. A saga dos dois é uma história verdadeira que, até hoje, alimenta a mística do cangaço e continua mexendo com o imaginário popular.
Um bom livro para começar a conhecer a história do "Rei do "Cangaço", mas com algumas coisas a melhorar. Senti falta de um caderno de imagens na edição, além de mais informações sobre Maria Bonita (ela só aparece lá para os 75% do livro!).
A imagem que construí de Lampião na minha cabeça era uma versão de Robin Hood do sertão. Algo meio lendário, mítico. Estava errado e acabei surpreso em conhecer um pouco mais da sua história. Uma história repleta de horror e violência. Mas ainda assim um personagem enigmático e interessante. Além de ser bastante contraditório.
É um bom livro para quem não sabe muito sobre o personagem real e histórico. É um texto fluído, informativo e com bastante referencial. Apesar disso, o livro não foca na relação de Lampião e Maria Bonita como tende a nos fazer acreditar. A personagem feminina, por sinal, aparece bem pouco no livro. As principais histórias são sobre as incursões do bando de Lampião pelo sertão e enfrentamentos com a polícia. O foco não é na relação deles.
Como tinha uma visão bastante diferente sobre esses personagens fiquei bastante surpreso como funcionava as relações de Lampião com coronéis e também com a tamanha violência que agia o seu bando ao longo dos anos.
Enfim, indico a leitura para quem não conhece nada sobre Lampião e Maria Bonita. Acredito que pode ser uma leitura instigante e proveitosa.
Livro interessante, porém achei que faltou explorar mais a história do famoso casal. Eu não esperava muitos detalhes, já que a quantidade de páginas é pequena, mas, pelo título Lampião e Maria Bonita: uma história de amor e balas, eu imaginei que a mesma importância seria dada para ambas as partes. O que realmente acontece é que a história de Lampião e da formação de seu bando fica muito mais em evidência, enquanto a de Maria Bonita só é introduzida depois da metade do livro, pouco sendo falado sobre os dois como casal. Recomendo para quem procura uma leitura rápida e não pretenda se aprofundar no assunto.
A história. O polêmico ícone nacional que se preservou (que outras figuras históricas do Brasil têm tantos livros, filmes, séries, cordéis e lendas a seu respeito?). O romance impossível e incrível. O Rei do Cangaço na vida dura do sertão. E a mulata que domava uma fera perigosa, nas palavras sábias do grande Zé Ramalho.
Apesar de todas as incertezas e paradoxos envolvendo a figura de Lampião, é perceptível a busca, pelo autor, em destrinchar a mística do que foi o cangaço. Por ser um livro jornalístico, imaginei que a leitura fosse se arrastar, mas me enganei. Cada detalhe, de cada ação dos cangaceiros, alimentava a vontade de continuar desbravando a narrativa e de tentar compreender quem foi o casal que percorreu o semiárido nordestino buscando justiça (à seu modo, obviamente). Bandido, assassino? Ou herói e justiceiro? Esses questionamentos nunca se esgotaram e a discussão também não se encerra com o fim da leitura. A melhor definição talvez tenha sido a do cronista Rubem Braga: “Lampião, que exprime o cangaço, é um herói popular do Nordeste. Não creio que o povo o ame só porque ele é mau e bravo. O povo não ama à toa. O que ele fez corresponde a algum instinto do povo. Há algum pensamento certo atrás dos óculos de Lampião: suas alpercatas rudes pisam algum terreno sagrado”.
Ouvido pela plataforma Stoytel e narrado por Julia Ianina. Sempre tive curiosidade em conhecer um pouco sobre a saga do cangaceiro. O livro faz um resumo não tão aprofundado, trazendo os principais acontecimentos mas senti falta de saber mais sobre as motivações. A maior parte me pareceu vingança com motivação torpe. Me incomodou tanta crueldade, especialmente contra mulheres e idosos. Numa dessas passagens os cangaceiros torturam e marcam a ferro um grupo de mulheres que resolveram defender seu direito de cortar os cabelos. Apesar do subtítulo: Uma História de Amor e Bala, quase não se fala de Maria Bonita, ela só aparece quase no final do livro. E não há nenhum romantismo, como esse subtítulo nos leva a imaginar. Mas foi bom pra dar uma ideia geral dos acontecimentos.
Lampião é sem dúvidas um personagem da ficção coletiva brasileira. Seus atos são contados e recontados e sua figura virou mitológica, o Rei do Cangaço.
Muito interessante ver essa extensa pesquisa histórica sobre ele, colendo diversas fontes confiáveis e não confiáveis. Os movimentos políticos, as inúmeras tentativas do governo de acabar com eles, a sua vaidade, seus códigos morais, o interesse mundial no personagem. Vale muito, principalmente se você se interessa por história.
Senti falta de imagens e mais da história de Maria Bonita
Enfrentando dois personagens tão famosos e polêmicos que Lampião e Maria Bonita, a tarefa do historiador é particularmente difícil. Deve evitar tanto de perder a objetividade que de escolher os fatos atravês de uma grade de leitura predeterminada que de querer fazer uma narração de milhares de fatos que não explica sejá a realidade e seja o mito. Wagner Barreira conseguiu , mesmo, num livro bem documento e muito agradavel de ler, expor os fatos mais significantes do Virgulina e da Maria, deixando o leitor escolher entre um cruel e desprezível bandido do Nordeste ou um heroi do sofrido sertão, herdeiro de Antonio Conselheiro e de Padre Cicero.