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Mašina za pravljenje Španaca

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Dobitnik nagrade Žoze Saramago.

Neznanje nas drži u pokornosti. a ta pokornost potiče iz neznanja i to je najlakši put do sreće. po tom receptu je diktatura funkcionisala.

„Portugalija je još uvek mašina za pravljenje Španaca“, kaže jedan junak ovog popularnog romana, aludirajući na Salazarov režim, kada su se mnogi Portugalci iselili u Španiju.

Odnedavno udovac, glavni lik, berberin Antonio Žorž da Silva, pošto ga ćerka smešta u starački dom, otpočinje mudar i fascinantan narativ o sudbini Portugalaca i ožiljcima njihove nedavne prošlosti, o smrti i starosti, o diktaturi i demokratiji, učeći nas kako da prepoznamo svoje slabosti i promašaje, kako da oživimo veru u život i smognemo snagu da svoje telo u najtežim trenucima, među koje spadaju i starost i usamljenost, prilagodimo okolnostima kako naša duša ne bi patila.

240 pages, Paperback

First published January 1, 2010

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8773 people want to read

About the author

Valter Hugo Mãe

68 books2,288 followers
valter hugo mãe é o nome artístico do escritor português Valter Hugo Lemos. Além de escritor é editor, artista plástico e cantor.
Nasceu em Saurimo, Angola em 1971. Passou a infância em Paços de Ferreira e, actualmente, vive em Vila do Conde.
É licenciado em Direito e pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.
Vencedor do Prémio José Saramago no ano de 2007
É autor dos livros de poesia: Livro de Maldições (2006); O Resto da Minha Alegria Seguido de a Remoção das Almas e Útero (2003); A Cobrição das Filhas (2001); Estou Escondido na Cor Amarga do Fim da Tarde e Três Minutos Antes de a Maré Encher (2000); Egon Shiele Auto-Retrato de Dupla Encarnação, (Prémio de Poesia Almeida Garrett) e Entorno a Casa Sobre a Cabeça (1999); O Sol Pôs-se Calmo Sem Me Acordar (1997) e Silencioso Sorpo de Fuga (1996). Escreveu ainda o romance O Nosso Reino (2004).
Organizou as antologias: O Encantador de Palavras, poesia de Manoel de Barros; Série Poeta, em homenagem a Julio-Saúl Dias; Quem Quer Casar com a Poetisa, poesia de Adília Lopes; O Futuro em Anos Luz, por sugestão do Porto 2001; Desfocados pelo Vento, A Poesia dos Anos 80, Agora.

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192 (2%)
1 star
47 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 827 reviews
Profile Image for Cristina | Books, less beer & a baby Gaspar.
452 reviews119 followers
March 25, 2018
A minha estreia com o autor não poderia ter sido melhor. A escrita é tão bela que dei por mim imersa na leitura, sem dar conta do que se passava à medida minha volta, completamente absorta na vida destes homens, velhos de corpo, mas enérgicos de espírito, nas angústias, dúvidas e peripécias do dia-a-dia no lar. A narrativa é brutalmente crua e real e fez-me sentir triste e, por vezes, envelhecida. Ao mesmo tempo, são velhos num lar, com todas as suas manias e teimosias de 3a idade, que me fizeram rir e deixaram-me com um sorriso nos lábios. É uma prosa poética envolvente.
Profile Image for Wanessa.
94 reviews12 followers
October 30, 2011
pg 240
sabes que os peixes têm uma memória de segundos. aqueles peixes bonitos que vês dentro dos aquários pequenos, sabes que tem uma memória de uns segundos, três segundos, assim. é por isso que não ficam loucos dentro daqueles aquários sem espaço, porque a cada três segundos estão como num lugar que nunca viram e podem explorar. devíamos ser assim, a cada três segundos ficávamos impressionados com a mais pequena manifestação da vida, porque a mais ridícula coisa na primeira imagem seria uma explosão fulgurante da percepçãi de estar vivo. compreendes. a cada três segundos experimentávamos a poderosa sensação de vivermos, sem importância para mais nada, apenas o assombro dessa constatação.

pg 244
... fôssemos uma família, uma outra família pela qual eu não poderia ter esperado. unida sem parecenças de sangue, apenas no destino de distribuirmos a solidão uns pelos outros, distribuída assim, a solidão de cada um entregue ao outro, era tanto quanto família. era uma irmandade de coração, uma capacidade de ser leal como nenhuma outra.
nunca tinha percebido a vulnerabilidade a que um home chega perante outro. nunca teria percebido como um estranho pode nos pertencer, fazendo-nos falta. não era nada esperada aquela constatação de que família também vinha fora do sangue, de fora do amor ou que o amor podia ser outra coisa, como uma energia entre pessoas, indistimtamente, um respeito e um cuidado pelas pessoas todas.


Apenas duas passagens de um livro lindo, tocante, que trata do tema do fim da vida com dureza mas, ao mesmo tempo, com uma sensibilidade, daqueles que doem de tão lindo!
Profile Image for misael.
383 reviews32 followers
June 17, 2019
Reli esta obra-prima. A opinião mantém-se. Que livro, Jesus. Que livro! Amo cada linha deste livro. Uma das melhores coisas que já li. Só não digo que é a melhor leitura deste ano, porque já o foi de 2017, quando o li pela primeira vez.
Profile Image for Alma.
751 reviews
February 2, 2021
"um problema com o ser-se velho é o de julgarem que ainda devemos aprender coisas quando, na verdade, estamos a desaprendê-las, e faz todo o sentido que assim seja para que nos afundemos inconscientemente na iminência do desaparecimento, a inconsciência apaga as dores, claro, e apaga as alegrias, mas já não são muitas as alegrias e no resultado da conta é bem visto que a cabeça dos velhos se destitua da razão para que, tão de frente à morte, não entremos em pânico"
Profile Image for Nuno Ferreira.
Author 19 books85 followers
February 1, 2019
O autor alega que escreveu em minúsculas porque elas simbolizam uma utopia de igualdade. Uma democracia que equipara as palavras na sua grafia e deixa o leitor definir o que deve ou não ser acentuado. Pessoalmente, foi uma leitura difícil. Talvez por estar acostumado à prosa dita “normal”, foi um grande esforço seguir atentamente um livro em que as pausas quase não se sentem.

A escrita de Valter Hugo Mãe neste livro tornou-se um pouco cansativa. Adorei o livro A Desumanização, escrito posteriormente, mas não consigo nem de perto considerar a máquina de fazer espanhóis ao mesmo nível. Nem só pelo texto. Apesar de ter achado interessante a perspetiva de um homem no fim da vida, do seu quotidiano no lar de terceira idade e das suas inúmeras reflexões, apesar de ter sentido empatia, profundidade e consistência, faltou-me gostar.

Aos 84 anos, António Silva perdeu a mulher, Laura. A mulher que mais amou. O que lhe resta da vida, senão entrar no Lar da Feliz Idade e esperar pela morte? É ali que ele conhece personagens como a Marta, o Américo, o Silva da Europa, o Senhor Pereira, o Senhor Esteves sem Metafísica (do poema Tabacaria de Álvaro de Campos) e muitos outros. No entanto, à medida que vai perdendo alguns desses amigos, é como se revivesse a despedida de Laura.

Há uma série de mistérios que envolvem o lar, do paralelismo entre a extinção da metafísica e o significado da morte, a solidão que afeta todos os que ali vivem os seus últimos dias, aos efeitos nocivos do salazarismo. Afinal, a máquina de fazer espanhóis é a certeza do povo de então de que todos os que nascem ali seriam mais felizes se Portugal nunca tivesse alcançado a independência. E resta-nos perguntar até que ponto a liberdade isso mudou.

Apesar de não ter gostado do livro, tanto pelo tom lúgubre como pelo estilo narrativo, que me cansou, não deixa de haver muita qualidade tanto na escrita de Valter Hugo Mãe, como na quantidade de reflexões a que obriga o leitor a tirar, nas entrelinhas. Este é um exemplo claro de literatura sobre identidade que devíamos todos ler, para nos fazer pensar em quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Hugo Mãe é sublime em fazer-nos pensar.

Há uma candura terna na escrita do autor que é difícil deixar de apreciar. Ele fala-nos de temas ao mesmo tempo tão corriqueiros e tão difíceis de falar, com uma leveza de pôr um leitor mais desprevenido em pés de galinha. Apresenta um tom críptico, ao mesmo tempo pessimista e irónico, sem deixar de ser sério e acima de tudo preocupado. Porque a sua obra é sobretudo uma ode à igualdade, à capacidade de amar os outros como a nós mesmos.

O sentimento de inferioridade é outro dos temas levantados neste livro. O homem que se sente inferior pela demência, pelas debilidades físicas, mas também o português que se sente inferior pela ideologia salazarista. A ideia fantasiosa que germina na mente dos idosos sobre um aparelho que rouba a identidade portuguesa às pessoas é uma referência clara ao período e às restrições sociais que se viveram naquele regime político. Salazar pensava pelos portugueses e isso tornava-os fracos.

A partir daí é apresentada a dimensão social do envelhecimento e da solidão. Entre a lucidez e o delírio, é difícil não sorrir perante as desventuras dos idosos e as suas conceções de vida, sobre o mundo e sobre eles mesmos. Da política à identidade, dos reflexos de vida à ambiguidade de sentimentos, Valter Hugo Mãe oferece uma obra aberta a interpretações que apela à reflexão. Não gostei de a máquina de fazer espanhóis, mas não deixa de ser um livro de grande qualidade.

http://noticiasdezallar.wordpress.com
Profile Image for Andrea Phillips.
116 reviews21 followers
October 6, 2018
Um livro muito sutil que fala sobre temas existencias e sociais. Uma historia comovente e atual, uma vez que o mundo hoje esta vendo o renascer do fascism em diversos paises. Gostei demais desse livro.
Profile Image for Elsa.
64 reviews37 followers
January 14, 2019
Gostei muito desta obra de Valter Hugo Mãe onde se pode ler sobre assuntos muito pouco tratados em livro; como seja o caso da solidão dos mais velhos que são levados a viver em lares de idosos. O amor na terceira idade. Os filhos que não visitam nem dão notícias. O dinheiro das heranças...
A ideia do narrador foi muito bem cuidada e as personagens são muito bem cuidadas. Há momentos muito divertidos e há momentos bem tristes e alguns para nos deixar a pensar um pouco mais além do que é escrito.
Para mim, que não tenho filhos, que perdi o meu pai há já 15 anos e com a mãe com a bonita idade de 81 anos, esta foi sem dúvida uma daquelas obras que me deixou a pensar muito em tudo o que lemos que se passa por esses lares de idosos" por esse país fora.
Vale a pena ler... e nos deixarmos levar pela forma carinhosa e divertida como os mais velhos são caracterizados neste romance.

“com a morte, também o amor devia acabar. acto contínuo, o nosso coração devia esvaziar-se de qualquer sentimento que até ali nutrira pela pessoa que deixou de existir. pensamos, existe ainda, está dentro de nós, ilusão que criamos para que se torne todavia mais humilhante a perda e para que nos abata de uma vez por todas com piedade. e não é compreensível que assim aconteça. com a morte, tudo o que respeita a quem morreu devia ser erradicado, para que aos vivos o fardo não se torne desumano. esse é o limite, a desumanidade de se perder quem não se pode perder.”
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
391 reviews5,463 followers
March 11, 2020
Arrisco dizer que esse é um dos meus livros favoritos! A escrita de Valter Hugo Mãe é sempre brilhante, extremamente poética, como se cada palavra tivesse sido pensada e repensada antes de ser incluída no texto. Nessa obra, o autor aborda de forma muito sensível – e com certo toque de humor – a velhice do ser humano. Tamanha é a profundidade com que a narrativa é construída, que o leitor se sente como se estivesse “dentro” da cabeça do protagonista, partilhando com ele a solidão, os anseios, a impaciência e as angústias trazidas pelo acúmulo dos anos. Um verdadeiro ensaio sobre a velhice! Leiam!

Nota: 10/10

Leia mais resenhas em https://www.instagram.com/book.ster
Profile Image for Rita.
904 reviews186 followers
June 23, 2017
Há livros que não gostamos não porque não sejam bons, mas porque não estamos no momento certo para os ler. Acho que foi o que me aconteceu. Quem sabe um dia regresso a est' A máquina de fazer espanhóis e realmente consiga gostar.
Foi uma leitura difícil e um pouco desesperadora. A ausência de maiúsculas enervou-me bastante e a pontuação pouco convencional faz com que a história não flua.
É um livro triste, sobre a velhice, com muito sofrimento, perdas, mágoas e morte. Enfim tudo aquilo que não me apetecia no momento.
Profile Image for Andreia Moreira.
7 reviews2 followers
May 13, 2013
“A máquina de fazer espanhóis” é futuro na medida em que nos faz viajar no tempo. Eis que me vi com 82 anos internada no Feliz Idade. Assoma-se-nos como desolador o destino de uma vida longa. É, todavia, muito mais do que definhar e pode encerrar intensas emoções e um imenso sentido de validade, embora pareça resumir-se a uma agoniante espera. Estive entre os velhos. O cheiro a morte pairava sobre todos e a vista para o cemitério segredava-nos: “Falta pouco para seres tu aqui, para sempre”. Aterrada constatei que a lesta mobilidade de outrora já pretérito; que me havia morrido gente sem a qual o ar se me rarefazia nos pulmões e que os novos me tratavam como se não lhes merecesse toda a atenção. Como se tonta e nada do que viesse a dizer contivesse, para eles, qualquer sentido. Falavam-me como às crianças, a quem tudo falta aprender, o que me revoltou deveras. Quis impor-me. Porém, a força do corpo não correspondia à do pensamento e assim me resignei à velhice. Deixei-me levar, a cabeça desistente sobre o ombro, a boca aberta como quem vai para dizer alguma coisa e se esqueceu, ou achou que não valia a pena partilhar, restando o movimento em suspenso.

Fui-me sentando pelos cantos da minha incapacidade, sempre perto dos heróis para não perder pitada da trama. Aprendi tanto com eles. Envergonhei-me, outro tanto, por todos quantos ainda lá não chegados se comportam de forma negligente, esquecendo-se que, fatalmente, um dia aí se encontrarão. Só Américo (um auxiliar) os via deveras - Quero dizer: via para além do corpo em decadência. - e os tratava como a amigos. Afeiçoei-me àqueles cinco magníficos, tomando como minhas as suas dores: António Silva, Silva da Europa, Pereira, Anísio Franco e Esteves sem metafísica. - O homem que sobreviveu ao passado, para trazer ao presente dos restantes o enlevo que lhes faltava para que desejassem persistir na existência. - Encantei-me com a enorme riqueza de todas as pessoas a quem o autor dotou de tanta vida, não obstante estarem tão perto do fim.

Personagens deliciosas como Leopoldina a mulher que coça o rabo, para afrontar os “colegas”, enquanto berra “Viva o Porto”, clube do futebolista peruano que a livrara da virgindade. Dona Marta a mulher que não quer conceber a traição e que alimenta um amor ingénuo, devota ao homem que a abandonara ali. D. Glória do linho que, nessa idade improvável, vive o seu primeiro amor. Enrique o português de Badajoz e Medeiros, o homem vegetal que parece conhecer os meandros da geringonça de criar espanhóis.

valter hugo mãe (1971) é magistral no seu ofício. As sensações que provoca, com a sua escrita singela e poética, são físicas. Ri-me às gargalhadas, inúmeras vezes, envolta em ternura. Também chorei, abraçada à angústia. Intuí nas entranhas como há-de ser achar-me velha. Este escritor é de um talento arrebatador e ensinou-me bastante sobre os significados da palavra humanidade.

P.S. Não consigo destacar-vos uma citação. Tenho o livro todo sublinhado. Não percam mais tempo comigo, vão lê-lo.

(Publicação do texto originalmente em geracao-c.com)
Profile Image for Srđan Vidrić.
57 reviews16 followers
November 20, 2017
"Mašina za pravljenje Španaca" portugalskog autora Valtera Uga Maia četvrta je po redu (a prva koju sam ja pročitao) knjiga iz Lagunine edicije Prometheus koja ima za cilj da srpskoj čitalačkoj publici predstavi savremeni (angažovani) evropski roman. Projekat je dobro zamišljen i ovo mi verovatno neće biti jedina pročitana knjiga iz te edicije.
Naime, u pitanju je roman čiji je pripovedač i glavni lik ostareli Antonio Žorž da Silva kojeg, nakon smrti supruge Laure, protiv svoje volje smeštaju u starački dom. Međutim, kako vreme bude odmicalo, Silva će se sve više prilagođavati, razmišljati o svom možda promašenom životu i u novom okruženju po prvi put steći prave prijatelje. Ceo roman je pisan malim slovima i s proređenom interpunkcijom što donekle podseća na knjige autorovog mnogo poznatijeg zemljaka Saramaga. Razočaran u svoju decu, a naročito sina koji nije došao ni da ga obiđe, i kukavički i podanički život kakav je vodio za vreme fašističkog režima Antonia de Oliveire Salazara, Silva će tek u svom trećem dobu uspeti da dotakne ono što bi se moglo nazvati smislom života. Roman je prožet finom dozom humora i ironije što ga, uprkos neuobičajenoj koncepciji teksta, čini prilično prohodnim za čitanje. Pripovedačeva razmišljanja o životu, smrti, starosti, diktaturi, demokratiji, identitetu, prijateljstvu, ljubavi i privrženosti ponekad prevazilaze razmišljanja "običnog" čoveka iz naroda što je odlično motivisano iskustvom i starosnom dobi glavnog junaka. Na momente, ovaj roman, pre svega zbog ambijenta i dijaloga koji se vode među likovima, priziva u svesti Manov "Čarobni breg". Uspostavljajući analogiju s mašinom za pravljenje Španaca, mogu reći da mi u Srbiji, uzimajući u obzir zemlju u koju se odavde najčešće emigrira, već izvesno vreme živimo s mašinom ili u mašini za pravljenje Nemaca.
Profile Image for Filipe Botas.
31 reviews8 followers
March 23, 2023
Este foi o primeiro livro que li deste autor, e posso afirmar que gostei.

Pela sua maneira de escrever, bem como a forma como aborda os temas nota-se uma importante influência de José Saramago.

O envelhecimento, a solidão e o isolamento, as amizades improváveis, a ditadura e, o destino final de todo o ser humano...

4.2
Profile Image for crίѕтίŋα•●Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ●•.
893 reviews230 followers
September 21, 2020
“eu queria pouco saber se aos oitenta e quatro anos via a minha própria mulher como a mãe necessária para uma sobrevivência equilibrada, era certo que me atrapalhavam todas as coisas que enfrentava sozinho, já há tanto estávamos no tempo da reforma, tão habituados a depender um do outro para o gasto dos dias, a alegria dos dias, e a gestão ainda de uma certa nostalgia dos filhos, ela não gostava muito que eu o pensasse, e menos ainda que o dissesse, mas era-me claro que já não mandávamos nos filhos, crescidos e independentes, fazendo isso com que parte dos nossos papéis ficassem vazios, era como morrer para determinadas coisas, restava apenas uma nostalgia.”
- António Jorge da Silva

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“um dia essa saudade vai ser benigna, a lembrança da sua esposa vai trazer-lhe um sorriso aos lábios porque é isso que a saudade faz, constrói uma memória que nós nos orgulhamos de guardar, como um trofeu de vida. um dia, senhor silva, a sua esposa vai ser uma memória que já não dói e que lhe traz apenas felicidade, a felicidade de ter partilhado consigo um amor incrível que não pode mais fazê-lo sofrer, apenas levá-lo à glória de o ter vivido, de o ter merecido, tenho até inveja de si, senhor silva.”
- Américo Setembro

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“andar pelo cemitério é a última coisa de velho a entrar-nos na cabeça. é o que verdadeiramente nos torna velhos sem regresso, diferentes dos outros humanos. afeiçoamos-nos à morte. é como se fôssemos cortejando a confiança dessa desconhecida, para nos encantarmos, quem sabe. ou para percebermos como lhe podemos escapar ainda. coisas diversas e complementares, porque os nossos sentimentos vão oscilando entre uma necessidade de ultrapassar o impasse do fim da vida, e o trágico de que isto se reveste. a coragem tem falhas sérias aqui e acolá. e nós que não somos feitos de ferro, falhamos talvez demasiado, o que nem por isso nos torna covardes, apenas os mesmos de sempre. os mesmo vulneráveis e atordoados seres humanos de sempre. tanta cultura e tanta fartura e a pé da morte a igualdade frustrante e a mesma ciência. sabemos todos rigorosamente uma ignorância semelhante, e assim não há quem aponte um caminho mais fácil, mais interessante das vistas, mais proveitoso, mais acompanhado, um caminho disparatado que é partir sem na realidade se sair do lugar.”
- António Jorge da Silva

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“eu queria muito que a minha velhice não tivesse de ser a sobrevivente do casal, porque a laura, com o seu modo de resistência, saberia implodir melhor do que eu, mantendo intacta a estrutura exterior, atendendo sem falha aos apelos quotidianos dos nossos, eu queria ser o lado pragmático do casal, mas eu era o dos poemas, o lado mais burro e incompetente dos afectos, ainda que aqui e acolá dotado de tanta fantasia e beleza.”
- António Jorge da Silva

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“quando eu estiver para morrer não me tragam um padre, não permitam que me toque ou se ponha a rezar ao pé de mim. quando eu morrer quero garantir que não vou para o céu.
se algum anjo me vier buscar, cortem-lhe as asas, afoguem-no, mas não o deixem escapar comigo por aí acima, quero ser deitado fora. metido aí para baixo de terra como ficam as coisas a que ninguém se lembrou de imaginar uma alma. não autorizo que me levem para o céu. não autorizo que me levem senão para o fundo porco da terra onde os bichos me comam e me poupem, para sempre, do incómodo de estar consciente da injustiça que é existir.”
- António Jorge da Silva

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“fora uma ingenuidade da minha parte achar que armado com um livro me armara para todos os inimigos do mundo.”
- António Jorge da Silva
Profile Image for Semjon.
763 reviews496 followers
July 30, 2020
Valter Hugo Mãe ist nach den Kommentaren der portugiesischen Leserschaft hier auf Goodreads eher ein Lyriker und kein Romancier. Das Buch über das Leben des 84jährigen Herrn Silva, der nach dem Tod seiner Frau von den Kindern ins Altersheim gesteckt wird, ist daher auch stilistisch ungewöhnlich. Der Autor arbeitet gerne mit Metaphern und derben Beispielen. Im Original muss es wohl ein Buch ohne Großschreibung sein, worauf aber in der Übersetzung verzichtet wurde. Die Dialoge sind zudem nie in direkter, sondern als lange Abfolge nur in indirekter Form zu finden. Es gibt viele Kapitel, aber wenig Absätze. Diese lange Litaneien sollen bestimmt aber eine Wirkung beim Leser erzielen, in dem Fall wohl das gleichförmige Dahinziehens des Lebens im letzten Abschnitt.

Silva ist ein zorniger Mensch, der dem Alter nichts Positives abgewinnen kann. Erst langsam findet er sich in die Pensionsgemeinschaft ein, bis sich sogar richtige Freundschaften entwickeln. Der Hass brodelt aber unentwegt in ihm, was in Handgreiflichkeiten gegenüber Mitbewohner/innen führt. Ich hatte gehofft, dass sich im Verlauf der Geschichte aus der Anstalt eine persönliche Entwicklung feststellen lässt. Aber darauf hofft man vergebens. Silva bleibt eigentlich bis zum Ende unnachgiebig und unversöhnlich. So sagt er fast am Ende über seinen anstehenden Tod:

“Wenn mich ein Engel holen will, sagte ich, dann schneidet ihm die Flügel ab, erwürgt ihn, aber lasst ihn nicht mit mir nach oben entkommen. Ich will weggeschmissen werden. Ich will unter die Erde kommen wie die Sachen, denen niemand eine Seele angedichtet hat. Ich erlaube nur, dass man mich nur in den dreckigen Grund der Erde bringt, wo mich die Würmer fressen und mir für immer den Ärger ersparen, mir der Ungerechtigkeit des Lebens bewusst zu sein.“

Auf so einen Stil muss man schon Lust haben. Ich war zu Beginn von der schonungslosen Art der Gedanken und Reden Silvas angetan, konnte dann aber recht schnell mit der destruktiven Weise nichts mehr anfangen. Im Altersheim hielten sich für mich zudem zu viele Stereotypen auf. Bedauerlich war es darüber hinaus, dass eine gute Grundlage über die portugiesische Geschichte hilfreich ist, um den Roman in seinen ganzen Anspielungen zu verstehen. Insofern musste ich viel nebenher noch recherchieren.
Profile Image for Beatriz.
313 reviews98 followers
July 22, 2020
O LIVRO QUE NINGUÉM DEVE OFERECER A MAIORES DE 65

Não gostei do livro desde o início e foi difícil sentir-me entrar na história do senhor silva. No entanto, pelo terceiro ou quarto capítulo comecei a sentir muita afinidade, um carinho manso pelas personagens.
Este é um livro seriamente hilariante sobre o amor, sim, e sobre a amizade e a família, todos os temas tratados com uma atenção especial. Apesar de não ser um romance moralista, ensina qualquer coisa. Faz pouco, obriga-nos a pensar a morte e outros tantos temas difíceis.
O legado que a personagem anísio queria deixar com o seu próprio livro talvez acabe por ser deixado pelo seu criador VHM.

Todos somos ou temos um bocadinho do senhor silva em nós: somos passivos, consentimos ao calar, vivemos aventuras e desafios pelos outros, fechamo-nos no nosso círculo mais próximo e no núcleo familiar. Queremos é paz e sossego para "os nossos". Somos apenas humanos e falíveis, mas este livro relembra-nos das consequências desse silêncio conivente, assim como do quão triste é não deixarmos pessoas novas entrarem e participarem na nossa vida, as amizades que nos esquecemos de travar ou alimentar por inércia ou comodismo. O senhor silva percebe a sua solidão e aprende a entregar-se, finalmente, aos outros, já no final da vida, por isso VHM relembra os leitores de que nem sempre essa escolha é a mais acertada, por mais fácil que seja na vida diária e que corre.

Além disso, serve o presente livro para chamar a atenção sobre a efemeridade do "juízo" e da vitalidade de cada um, ricos ou pobres, quão descartáveis acabamos as nossas existências. Portugueses ou espanhóis, vamos todos para a mesma ala da enfermaria, vemos os mesmos abutres, rezamos ao mesmo deus desconhecido, agarramo-nos a crenças parecidas por desespero e acabamos a fazer tijolo debaixo de pedra onde se depositam flores que murcham e são violentamente pisadas por quem fica na superfície a fazer luto por nós (ou a gastar a herança que lhes deixamos).
Profile Image for Rui Ferreira.
Author 2 books49 followers
July 30, 2021
A máquina de fazer espanhóis é um livro extremamente impactante. Explora o fim da vida de um modo cru, descomplexado e perturbador. A ida para um lar de terceira idade é um dos momentos mais fraturantes em qualquer família, quem assistiu sabe do que falo. O autor põe o dedo na ferida, nessa revolta, nessa angústia e nessa culpa. A escrita é maravilhosa e verte no papel a emoção que o Valter Hugo Mãe revela na secção dos agradecimentos. Um livro que é como um ajuste de contas com a idade e com muitos dos temas relacionados com o Ser português. Recomendo, para todas as idades.
Profile Image for Sara Ponte.
116 reviews12 followers
January 24, 2022
Não tenho capacidade emocional para digerir este livro. Derrete o coração a qualquer um, de tão belo que é.

Apetece-me citá-lo por inteiro, mas como não posso….digo só que é das melhores coisas que já li.
Profile Image for João Barradas.
275 reviews31 followers
December 23, 2021
Como os anciãos apregoam: “a única certeza da vida, é que um dia tudo se fina”. Qual condão de uma bela adormecida, esta é uma inevitabilidade que os primeiros já alcançam, não estivessem eles numa espécie de antecâmara. No entanto, mascarada de maldição, a velhice não deve ser entendida como tal, até porque “velhos são os trapos”. Esta idade do descanso e da contemplação, por excelência, pode representar um momento de descoberta, rumo a uma meta, até então, não vislumbrada no horizonte.

Para o Sr. Silva, o seu horizonte perdeu as cores que carregava: a sua esposa faleceu, sem ele o esperar (afinal, quando será suposto?), e a sua filha inscreveu-o num desses depositários de idosos perdidos, para o manter entretido. Sentido-se abandonado, entregue a uma solidão saudosista e a uma rabugice aguçada pela idade, ultrapassa a relutância inicial e enceta conversações com os outros desgovernados, cada um espicaçando a vida à sua medida. Até perceber todos os cantos e recantos, físicos e mentais, que aquela “Feliz Idade” guarda.

Sou tendencioso (nestes tempos de neutralidade): a fronteira da vida é um tema fetiche, que não me canso de ler. Quiçá para lhe retirar o estatuto de tabu, que tanto lhe incutem. A tarefa torna-se mais fácil com a escrita poética mas mudana de vhm, contrastando com algumas partes de leitura mais exigente, pela pontuação libertina (influências saramaguianas!?). Pelas roldanas desta máquina, passam uma portugalidade amatutada, uns laivos de crítica política e uma pitada de referências literárias, culminando num produto polifónico, sem grandes desafinamentos. Moço da raia, fiquei com as lembranças dos caramelos duros, de outrora. Quanto aos espanhóis!? Nem sinal deles!
Profile Image for Sofia.
1,034 reviews129 followers
February 3, 2016
primeiro livro de valter hugo mãe que leio e confesso que gosto da escrita dele. mas irrita-me o facto de não usar maiúsculas. não é tanto a falta de pontuação e o não respeito pela forma convencional do diálogo, basta vermos o texto como uma conversa. mas a ausência de maiúsculas parece um grito de chamada de atenção, imaturo e desnecessário.

Agora que mostrei o meu ponto de vista, podemos falar das coisas boas do livro. A história de um Silva que se vê viúvo ao fim de um casamento de 60 anos e atirado para um lar... onde fica à espera da morte:
"esse era o segredo que só o tempo guardava. só o tempo revelaria tal milagre. o tempo, e a sensibilidade de quem via o tempo diante dos olhos a acabar-se a cada dia."
" os mesmos vulneráveis e atordoados seres humanos de sempre. tanta cultura e tanta fartura e ao pé da morte a igualdade frustrante e a mesma ciência. sabemos todos rigorosamente uma ignorância semelhante."
"(...) tudo o que a velha lhe dizia de concreto, directo nos olhos como se o fizesse por força maior, era que havia uma morte para cada um. alinhada como em fileiras do exército, aprumada em grande brio para vir colher quem lhe competia no momento certo. a morte era, afinal, a mais organizada das instituições. cheia de afazeres e detalhes, mas muito competente e certeira."

É no lar que o Silva descobre que "a família também vinha de fora do sangue, de fora do amor ou que o amor podia ser outra coisa, como uma energia entre pessoas, indistintamente, um respeito e um cuidado pelas pessoas todas."

Muito bem escrito, não fosse a questão das maiúsculas e teria dado 4 estrelas.
Profile Image for Carmen.
74 reviews13 followers
December 6, 2012
Este livro conquistou-me, como por certo te conquistou a ti quando mo escolheste, pelo primeiro capítulo: lindo, lindo, bem escrito, uma mor daqueles que sonhamos ter quando formos velhinhos. Depois a história desenvolveu e eu fui entristecendo, não sabia ao que ia, e sempre que tomava consciência de que me esperava uma descrição crua da solidão da velhice, parava e começava um outro livro. Faltava-me a coragem, como me falta a capacidade de conviver com a ideia de envelhecer, não eu, mas os meus pais. Assusta-me, magoa-me, entristece-me, afunda-me e este livro teve esse efeito em mim. Não me entreteve, foi uma leitura difícil e por isso apenas as 3 estrelas. Nunca me derá prazer um livro sobre algo que me magoa, da mesma forma que já não vejo filmes de guerra e saio da sala quando alguma cena na televisão ultrapassa os meus limites do suportável.
Fico, no entanto, curiosa de ler mais alguma coisa deste autor, sobre outras vidas ou mesmo outras formas de morrer.
Profile Image for Filipa Machado.
234 reviews8 followers
January 19, 2020
Bonito mas muito pesado de ler. Uma tristeza e uma dor enormes em quase todas as páginas. No entanto, uma reflexão necessária, vamos todos para o feliz idade contra a nossa vontade?
Recomendo, mas com cautela. Podem não estar preparados para o sofrimento.
Profile Image for Héctor Genta.
401 reviews87 followers
August 29, 2020
Un altro libro che testimonia la vitalità della letteratura portoghese contemporanea. Mãe è uno dei semi germogliati nel solco fecondo lasciato dai Pires, Saramago e Lobo Antunes, uno scrittore che stilisticamente mostra di aver acquisito la lezione saramaghiana, limitando le interpunzioni ai soli punti e alle virgole e riducendo al massimo l'uso delle maiuscole, applicandola a una trama originale raccontata in prima persona da un ottuagenario, António, appena entrato in una casa di riposo.
Se qualcuno cerca il ritmo, l'azione, le avventure rocambolesche e i colpi di scena, è bene che si tenga alla larga da queste pagine. Qui succede poco, pochissimo, la scena è limitata alle quattro mura dell'edificio e alle chiacchiere di un gruppo di anziani. Ma che anziani! I personaggi descritti da Mãe sono lontanissimi dagli stereotipi del vecchio ai quali siamo abituati e si portano dietro storie affascinanti: da quella della signora Marta, in perenne attesa di una lettera da parte del marito che in realtà l'ha abbandonata da anni, a quella della signora Leopoldina e della sua unica notte di passione con un giocatore del Benfica, a quella di João Esteves ("Esteves senza metafisica") che ispirò a Pessoa la Tabaccheria.
Il protagonista del libro è un uomo dall'animo diviso tra materialismo e immaginazione: António si sforza spesso di indossare la maschera del cinismo per difendersi dalla sensibilità che sente affiorare e che non vorrebbe mostrare agli altri, ma le sue contraddizioni non sono altro che le nostre. La scelta di un uomo anziano come protagonista permette all'autore di ampliare il campo delle sue riflessioni: dal senso della vita, di Dio e della morte alla nostalgia del passato ("abbiamo paura di questi tempi nuovi, non sono i nostri tempi, e abbiamo bisogno di difenderci. Quando diciamo che una volta era meglio è solo per nostalgia, in realtà vogliamo dire che un tempo eravamo giovani, è nostalgia di noi stessi"), fino al ricordo passando dalla sfera personale a quella generale e affrontando il passato salazarista della nazione (e la macchina che nega l'identità portoghese ne è un chiaro riferimento) e il senso di colpa individuale che i portoghesi si portano dietro e del quale António, con i suoi scheletri nell'armadio e il suo atteggiamento auto-assolutorio ("un brav'uomo che, per pura casualità, era fascista"), rappresenta un perfetto esempio.
Profile Image for Marta Ribas.
24 reviews5 followers
April 18, 2021
"com a morte, também o amor devia acabar. acto contínuo, o nosso coração devia esvaziar-se de qualquer sentimento que até ali nutrira pela pessoa que deixou de existir."

"(...) e por um tempo a consciência foi-se e eu pude ser ninguém, como as coisas deviam ser sempre nestas alturas."

"onde ficamos nós, os velhinhos (...)"

“eu acabara de aprender que a vida tem de ser mais à deriva, mais ao acaso, porque quem se guarda de tudo foge de tudo.”

Um livro que me marcou, pela impotência que é envelhecer e, acima de tudo, pela impotência de continuar a amar (além vida) quem amamos no dia-a-dia. O amor, sentimento carregado de outros tantos sentimentos menores e que, todos juntos, o compõem, vê-se consumado em nada quando chega a hora da morte. A vastidão da nossa mente extrapola um corpo vencido pelo fim.
Profile Image for Gonçalo Hilário.
10 reviews1 follower
November 29, 2022
Podia dizer que a escrita é poética e de uma grande beleza.
Podia dizer que me afeiçoei aos velhotes Silvas como se fossem de carne e osso.
Podia dizer que o livro é uma reflexão incrível cheia de metafísica e metáforas sobre a velhice, a morte, a perda, a religião, a vida, o amor e claro - Badajoz que é de Portugal.

“precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de companhia. este resto de vida, que eu julguei já ser um excesso, uma aberração, deu-me estes amigos. e eu que nunca percebi a amizade, nunca esperei nada da solidariedade, apenas da contingência da coabitação, um certo ir obedecendo, ser carneiro. eu precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de amizade.”

Podia citar o livro todo e ainda assim não responder à questão mais importante - porque é que podendo comprar e ler este livro, alguém se sujeitaria ao horror de nunca o fazer?
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