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Pós-extrativismo e decrescimento: saídas do labirinto capitalista

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Acosta nasceu em um pequeno país da América do Sul rico em recursos naturais e dono de uma das maiores biodiversidades do planeta. Brand vem da nação mais poderosa da Europa, reconhecida pelas indústrias de alta tecnologia. As distâncias não impediram, porém, que se juntassem para pensar alternativas complementares para o velho e o novo mundo. “O pós-extrativismo e o decrescimento são duas faces da mesma moeda”, escrevem.

Como se verá neste livro, o pós-extrativismo surge da resistência centenária dos povos latino-americanos, sobretudo das populações indígenas. Sem ceder a romantismos, os autores veem nos modos de vida tradicionais andinos e amazônicos exemplos de como deter o progresso e o desenvolvimento — que, como sabemos, destroem o meio ambiente, concentram renda e promovem desigualdade.

O decrescimento se origina na Europa, contrariando a ideia de que o crescimento econômico infinito é um caminho viável para melhorar a vida das pessoas. Típico do regime capitalista, este raciocínio desconsidera os impactos sociais e ecológicos do crescimento; seus defensores parecem esquecer que a evolução tecnológica dos países desenvolvidos depende da exploração de matérias-primas no mundo subdesenvolvido.

Pós-extrativismo e decrescimento contrariam radicalmente tais princípios. Até porque já não há dúvidas de que estamos depredando a Natureza em uma escala muito maior do que sua capacidade de regeneração. Além disso, a úlima crise do capitalismo não parece arrefecer: pelo contrário, continua avançando sobre direitos sociais e ecossistemas.

Na Europa — e, agora, também na América Latina — as políticas de austeridade estão fazendo com que a pobreza e a desigualdade voltem a aumentar: o Estado de bem-estar social sucumbe diante do mercado financeiro, enquanto novas fronteiras petrolíferas, mineiras e agropecuárias engolem a vegetação nativa, atropelando os Direitos Humanos e os Direitos da Natureza.

Acosta e Brand são categóricos: não existe justiça social sem justiça ambiental, e vice-versa. No momento em que a chamada “onda progressista” abandona a América Latina, e que a extrema-direita cresce em todas as partes, os autores apontam a necessidade urgente de alternativas que superem — e aperfeiçoem — a modernidade. Se nem as experiências socialistas nem as progressistas conseguiram romper com as ideias de progresso, desenvolvimento e crescimento, é preciso apurar a reflexão.

O pós-extrativismo e o decrescimento atacam o cerne do capitalismo. Para Acosta e Brand, o freio à exploração maciça dos recursos naturais na periferia do sistema deve aliar-se a uma reversão — não apenas a uma interrupção — do crescimento nos países centrais do capitalismo. “Estas discussões se nutrem da imperiosa necessidade de promover uma vida harmoniosa entre os seres humanos e entre os seres humanos e a Natureza. Este é, definitivamente, um grande desafio para a Humanidade — e implica ter em mente uma mudança de eras.”

Eis uma tarefa extremamente complexa e repleta de percalços, que os autores — renomados intelectuais críticos — não deixam de apontar. A começar pelo próprio nome: haveria maneira mais eficaz de expor as visões de mundo propostas pelo pós-extrativismo e pelo decrescimento? Seria melhor falar em Bem Viver, mas a saída do labirinto capitalista não é apenas uma questão terminológica. Por isso, o debate não se encerra em nomenclaturas.

Em tempos de desesperança, este livro surge como um convite a caminhar radicalizando a democracia. “Porque precisamos de sempre mais democracia, nunca menos.”

224 pages, Paperback

Published November 1, 2018

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About the author

Alberto Acosta

54 books12 followers

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Profile Image for Carol Costa.
11 reviews
March 25, 2019
O bem viver é a saída para o colapso ambiental que ameaça a extinção da raça humana. O livro traça dilemas e caminhos para chegarmos lá. Vale a leitura.
Profile Image for Sacha.
32 reviews22 followers
April 2, 2020
8 de março de 2020. Termino de ler esse livro, uma introdução sobre o debate do pós-extrativismo e do decrescimento, movimentos críticos ao capitalismo contemporâneo: um com conceitos mais próximos à realidade latinoamericana e outro com conceitos europeus. Mas o ponto central de ambos se converge: o planeta Terra possui limites ecológicos e o modo da nossa sociedade produzir já está em um patamar insustentável.
É um livro bonito, mas utópico. Li com certo cinismo. Ambos os movimentos precisam de uma mudança PROFUNDA nos meios de produção e no modo de viver para poderem se concretizar. São ideias maravilhosas, mas esse debate emergencial sobre o bem-estar não vai acontecer tão cedo. Queria eu.

16 de março de 2020. Casos de coronavírus na cidade. Quarentena. Comércio fechado. Pessoas sem trabalhar. Pessoas sem consumir. Na semana seguinte começa um debate sobre renda básica universal (o que eu, sinceramente, não achei que fosse viver pra presenciar). De repente o bem-estar social não apenas está em pauta como é item ESSENCIAL no debate político.

Puta que pariu, preciso reler o livro.
Profile Image for Nestor.
462 reviews
March 20, 2025
Me gusto que explicara el problema con Brasil, con la primarización de la economía hacia la profundización del extrativismo, y con Lula tratando de distribuir ese beneficio a través del consumo, y en algo hacia otros beneficios de igualdad pero muy poco para mantener a las masas contentas. Por otro lado la ultra-derecha, con Bolsa de Mierda, eso lo mismo primarizar la economía sin distribuir pero con el contubérnio mediático lograron convencer al pobre de derecha(Jesse Souza) que eso era algo positivo y beneficioso a la sociedad.

La pregunta que me hago, al igual con el Acuerdo Climático, quién empieza primero con el decrecimiento y post-extrativismo. Sin movimiento o una presión social, esto nunca comenzará, y viendo el grado de locura que se a generado en Brasil con Bolsonaro(2018-2022) y en Argentina con Niley(2023- ) donde literalmente las sociedades de han convertido en un hospital psiquiátrico al servicio de la ultra-derechas, no creo que esto vaya a ocurrir. Creo que hasta que el mundo literalmente no este ahogado en mierda, y sin la salvación propuesta, emigrar a las estrellas para luego regresar, en la película Wall-E, dudo que reaccione, y allí será tarde, muy tarde. Ahora la mierda nos llega la nariz, todavía se puede flotar en la mierda, y aunque el olor, de la ultra-derecha, nos atrofie las vias olfativas, todavía se flota.

Editorial Tinta Limón hace un gran esfuerzo en editar esto libros. Este libro se escribió hacia el 2017…en el 2025 sigue más vigente que nunca, en especial en Argentina, con la asunción del desequilibrado mental de Niley, junto con "políticos" como Pischeto, De Loredo, Espert, etc. que esta entregando al país a un saqueo como no se ha visto nunca, peor que Roca en 1930 o los diversos gobiernos militares.
Profile Image for Lucas.
5 reviews3 followers
January 5, 2022
Livro expõe os conceitos de pós-extrativismo e decrescimento - sendo este referente ao Norte Global e aquele ao Sul - que, basicamente, enunciam o fim do modo de produção capitalista devido aos claros danos que o mesmo traz, além de ser insustentável ecologicamente.
Enquanto o decrescimento - por se tratar de uma visão eurocêntrica - é uma versão soft anticapitalista, o pós-extrativismo toca mais profundamente ao problema e traz como necessidade o conhecimento dos povos originários ou não europeizados.

Ambas as visões se opõem à visão de "progresso" como crescimento ilimitado, premissa capitalista.

Não há nada inovador além dos itens citados que correntes socialistas e anarquistas, especialmente eco socialistas, não tenham discursado sobre. Também não corre para um primitivismo cego, tendência em alguns ensaios ultimamente. Diz, incessantemente, que o problema é complexo e que todos devem se empenhar em não causar um suicídio civilizatório, mas não avança muito além disso. Em contraponto, também admite que atitudes individuais devem ser tomadas, mas não mudarão um problema que é, assumidamente pelos autores, estrutural.

Traz também uma exposição didática sobre como o extrativismo não nos levará a lugar algum - além da ruína ambiental -, além de citar algumas formas de relacionamento econômico de comunidades indígenas, no fim do livro. Excelente.

Profile Image for Pedro Figueira.
15 reviews2 followers
November 3, 2023
Pouco interessante para quem já leu mais de um punhado de texto do acosta. Talvez um bom livro de presente para pessoas pouco acostumadas com o assunto
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