Jump to ratings and reviews
Rate this book

Os Cantos : A Tragédia de uma Família Açoriana

Rate this book
Descendente de uma ilustre família açoriana, José do Canto apaixonou desde logo Maria Filomena Mónica que lhe dedica a obra que já classificou como o «livro da sua vida». Nascido em 1820, José do Canto era, no sentido próprio do termo, um 'vitoriano'. Apesar de natural de São Miguel e não de Inglaterra, a sua cultura era cosmopolita, sem no entanto jamais deixar de ter saudades da neblina, do mar e das laranjeiras da sua ilha – que queria perfeita.

Foi por isso que a deixou e foi, por isso, que, muitos anos passados, a ela voltou, para enfrentar um destino terrível. Nesta obra biográfica, Maria Filomena Mónica conta a história desta família em várias gerações, num retrato vivído e apaixonante de uma época.

430 pages, Paperback

First published November 1, 2010

4 people are currently reading
45 people want to read

About the author

Maria Filomena Mónica

70 books67 followers
MARIA FILOMENA MÓNICA nasceu em Lisboa, a 30 de Janeiro de 1943. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Lisboa, em 1969, e doutorou-se em Sociologia na Universidade de Oxford, em 1978.
Colabora regularmente na imprensa. Entre outros livros publicados, é autora de «Eça de Queirós» (Quetzal, 2001), «Bilhete de Identidade» (Alêtheia, 2005) e «Cesário Verde» (Alêtheia, 2007).
É investigadora-coordenadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
11 (26%)
4 stars
21 (51%)
3 stars
5 (12%)
2 stars
2 (4%)
1 star
2 (4%)
Displaying 1 - 7 of 7 reviews
Profile Image for Jose Santos.
Author 3 books167 followers
January 13, 2019
Que tarefa hercúlea deve ter sido passar as milhares de cartas e documentos da família Canto e torna-las numa narrativa coesa. A autora teve de ter também um grande prazer na tarefa, o que é compreensível, pois José do Canto é uma personagem apaixonante.
Adorei conhecer esta família e as suas particularidades e adorei conhecer um pouco mais dos Açores do séc. XIX onde acompanhamos a família dos Canto em três gerações, sendo, sem dúvida, o principal personagem, José do Canto (1820 -1898).
Eu não lhe chamaria uma tragédia. É um retrato da vida e é verdade que José do Canto poderia ter uma vida mais alegre e realizada, mas mesmo assim fez muito. E fez muito principalmente pelos Açores e por S. Miguel. Deixou por exemplo alguns dos mais bonitos espaços e construções da ilha. O jardim com o seu nome e a capela neogótica à beira da lagoa da furnas. Só alguém com uma educação e visão superior daria importância a deixar um legado assim.
A sua "tragédia" e o desapontamento com que ficou no final da sua vida teve a ver principalmente com os seus filhos homens e a desilusão de todo o investimento que fez na sua educação não ter dado os frutos que merecia. Não é caso único mas é compreensível que José do Canto sentisse que tinha falhado em algo.
É um livro apaixonante, de leitura agradável que recomendo a todos os que queiram conhecer mais sobre a sociedade portuguesa e micaelense da época. Agora só falta voltar a S. Miguel para rever tudo com outros olhos e com saudade de José do Canto.
Profile Image for Eva.
141 reviews5 followers
May 1, 2019
Este é daqueles livros que mesmo que fique na estante a apanhar pó e nunca mais se tenha vontade de o ler na íntegra, tem utilidade. Estou a falar do facto de como nada da história dos Açores é leccionado na escola (ou, pelo menos, para alguém de 1996, só aprendemos datas de descoberta e vagas noções de capitães donatários) e, para além disso, pouco ou nada se encontra disponível na net de modo organizado e acessível, tornando livros destes quase em relíquias.
A história de uma mão-cheia de membros de uma família rica não é o mesmo que a história de um arquipélago, ou até de uma ilha, mas permite-nos ter uma boa ideia da natureza das coisas numa época específica, numa zona restrita. Este livro não é mais uma lista de nomes e datas, mas sim uma visão íntima da vida de uma pessoa, o que via, o que pensava, o que fazia.

Mas sendo sobre São Miguel mais do que outra coisa, é relevante para quem não é da ilha? Bem, sendo isto uma biografia, penso que a geografia do leitor não afecta o interesse de leitura por este lado.
No entanto já me disseram algo do tipo “não sei se ia valer a pena ler sem conhecer nada dos sítios”, o que é claramente válido. Não posso contrariar absolutamente esta ideia, mas posso dizer que muitas (todas?) das localizações mais importantes podem ser encontradas na net, e o mesmo se pode dizer dos títulos de pessoas e alguns termos mais desusados. Só o livro em si fornece um mapa do arquipélago.

O livro também traz algumas imagens dos locais na altura, bem como retratos das “personagens” mais relevantes. Este anexo é útil mas de má qualidade, feito de um papel plastificado que não se conforma com o normal e que lentamente emigrou deste livro de capa mole por vontade própria.
Outro pormenor que desgostei bastante no livro é a transcrição de cartas em francês sem qualquer tradução ou sequer um resumo dos seus conteúdos. São parágrafos suficientes para alguém desconhecedor da língua se sentir alienado.

Em contraste, adoro a utilidade das notas de rodapé. Em grande número são as que dão informação suplementar que nos permite contextualizar o que lemos das cartas e diários. Algumas até bastante cómicas, com o tipo de situações que se esperaria de dramas vitorianos. Mª Filomena mantém sempre um tom pertencente num documentário, intrometendo-se ao mínimo nas opiniões que formulamos sobre os sucedidos, mas os escândalos por vezes são tais, que a narração que os emoldura só os torna mais engraçados de ler.

É óbvio que a autora quer contar a história num tom neutro, mas dá a percepção que tem muito mais a dizer sobre as cartas que transcreve. Felizmente no epílogo pode-se encontrar um sumário das suas opiniões quanto a Canto.

Quero mencionar a organização do livro. Não é cronológica, mas sim temática. Tornei-me fã disto a metade da leitura. Os pequenos saltos 5 anos mais para trás ou para a frente são mitigados pela enunciação das datas das cartas, e isto restringe a quantidade de coisas que temos de ter em mente. Como se o livro apresentasse os vários story-arcs um a um, quando na realidade se sobrepõem cronologicamente. Isto também facilita a pesquisa.

Para finalizar, sinto-me compelida a dizer que a ideia que tinha de José do Canto ficou muito alterada. Sim, foi um homem que muito fez e muito tentou mudar, mas era culpado de maus costumes típicos da época.
Abstenho-me de dar aqui a minha opinião sobre as várias pessoas que mais atentamente seguimos no livro mas a história que delas temos é uma boa demonstração da queda das famílias nobres da minha ilha.
Profile Image for Luis Galveias.
57 reviews5 followers
June 25, 2012
Livro muito interessante que retrata a decadência de uma família Açoreana no século 19 e que permanece uma referência para a educação e para a "gestão" inter-geracional.Apesar de não ser um livro apaixonante é uma obra bem construída e que retrata o mundo burguês e em particular os Açores. Gostei.
Profile Image for João.
18 reviews5 followers
January 25, 2023
Pensava que a narrativa do livro, iria ser de formato romance com factos históricos.
Mas foi uma surpresa agradável, basicamente é quase um livro de história dos Açores (e Portugal), especialmente no século XIX, falando de uma época muito interessante e até "gloriosa" da história dos Açores, que produziu homens inovadores, cultos e ricos como José do Canto, políticos como Hintze Ribeiro e intelectuais como Antero Quental e até, o único português que fazia correspondência com com Charles Darwin, Francisco Arruda Furtado, todos mencionados neste livro, de uma forma ou outra, "cruzam caminhos" com José do Canto. Vemos as dinâmicas e frustrações dos Açorianos com o continente, como viam Portugal no seu todo, achando mesmo sua pátria, ser sua ilha. Vendo como até a rivalidade entre ilhas era algo bem vivo na época deste, e que estas frustrações e rivalidades eram personificadas em José do Canto.
Mas o mais importante, foi a autora ler e interpretas as centenas de cartas da família Canto e interpretar os acontecimentos da época, sejam em geopolítica como os problemas familiares.
Nessas cartas, lemos de tudo, desde uma simples carta de rotina, entre pai e filho, um homem a lidar com políticos, como um homem a expor sua alma a sua esposa. Um enorme trabalho de investigação, interpretação e escrita. Recomendo muito para quem é apaixonado pelo século XIX e está interessado na história dos Açores nesse período, como na enorme figura que foi José do Canto.

ENG
I thought the book's narrative would be in a novel format with historical facts.
But it was a pleasant surprise, basically it's almost a book on the history of the Azores (and Portugal), especially in the 19th century, talking about a very interesting and even "glorious" time in the history of the Azores, which produced innovative, cultured and rich men like José do Canto, politicians like Hintze Ribeiro and intellectuals like Antero Quental and even, the only Portuguese who corresponded with Charles Darwin, Francisco Arruda Furtado, all mentioned in this book, in one way or another, they all "cross paths" with José do Canto . We see the dynamics and frustrations of the Azoreans with the continent, how they saw Portugal as a whole, even considering their homeland to be their island. Seeing how even the rivalry between islands was something very much alive in his time, and that these frustrations and rivalries were personified in José do Canto.
But the most important thing, I would say, is the enormous amount of work that went into writing this book, reading the hundreds of letters from the Canto family and interpreting the events of the time, whether in geopolitics or family problems.
In these letters we read everything from a simple routine letter between father and son, a man dealing with politicians, to a man exposing his soul to his wife. A huge work of research, interpretation and writing. I highly recommend it to anyone who is passionate about the 19th century and is interested in the history of the Azores during that period, such as the enormous figure that was José do Canto.
Profile Image for Helena.
149 reviews11 followers
May 11, 2020
Bem, tenho que começar por explicar o meu fascínio por esta família e, mais especificamente, por José do Canto. Há um ano atrás fui aos Açores, à ilha de São Miguel, e foi lá que conheci este nome. Numa das saídas para conhecer as famosas Furnas, passamos por uma capela que não ficou indiferente aos nossos olhos (vejam nas fotografias). Esta era a capela da Nossa Senhora das Vitórias (inaugurada em 1886) e quis logo saber a sua história, a razão de estar ali junto à lagoa e o que estava lá dentro... descobrimos que foi mandada construir por José do Canto como promessa de amor à sua esposa Maria Guilhermina. Os dois encontram-se lá sepultados, a esposa morreu em 1887 e ele a 1898. Mas a minha curiosidade não ficou por ali, quando voltei para o continente queria saber mais e encontrei este livro que aborda toda a história de José do Canto e da sua família.

Como já perceberam a figura central deste livro é José do Canto, o grande revolucionário da agricultura e um impulsionador da modernidade. Durante esta leitura vamos conhecendo as inovações que este levou para a ilha, mas também vamos acompanhando a sua vida a nível pessoal. Para além destas inovações, também foi construindo vários jardins com verdes que mandava vir de fora. Este não inovou apenas na sua ilha, mas também noutras, caso do Faial.
Fiquei mesmo com vontade de o conhecer (como se isso fosse possível, não é?), transmitiu-me uma grande conforto ler todas as suas cartas. As que me tocaram mais foram as que ele escrevia para Maria Guilhermina quando viajava, tinha sempre a preocupação de saber se ela estava bem e se não estivesse, fazia com que as suas palavras tornassem o seu dia mais fácil.
José do Canto toda a sua vida fez o que achou ser correto no seio familiar, mas nada correu como ele esperava, tanto que no fim dos seus dias, sentiu-se um falhado, apesar de tudo o que ele alcançou pelos Açores.

"O que o salvou foi ter compreendido a tempo que, a não ser em momentos efémeros, os homens não estão destinados à felicidade." (343)

Uma curiosidade, José do Canto tinha 17 000 livros... "(...) a sua biblioteca era uma das melhores, se não a melhor, do país." (331)

Este livro por si só já merecia as 5 estrelas, só pelo trabalho de pesquisa que a autora teve que realizar.
O ponto negativo, para mim, foi não existir qualquer tradução para as transcrições das cartas em francês, pois esta língua não é mesmo o meu forte.
É uma leitura enriquecedora e ficamos a saber alguma da história dos Açores.
Profile Image for Ana Omelete.
38 reviews15 followers
June 7, 2021
Para quem é apaixonado pelos arquipélago dos Açores e, principalmente, pelo ilha de São Miguel e a sua capital, Ponta Delgada, considero este livro uma obra indispensável, para descobrir algo da história desse arquipélago, tão longe e tão perto.

José do Canto (existe um jardim com o seu nome em Ponta Delgada, na rua que também tem o seu nome), foi um investigador micaelense, nascido em 1820, que muito fez pela investigação e introdução de novas espécies botânicas nessa ilha. Além dessa investigação, com a ajuda de especialistas parisienses e londrinos, também foi das pessoas que mais lutou pela construção de um porto/doca que permitisse o aumento de capacidade de exportação de bens para outros países, além de Portugal continental.

A partir dele e da sua teimosia, surgem, por exemplo, os campos de chá da Gorreana, com o qual contou com o auxílio de especialistas e trabalhadores chineses, requisitados propositadamente. Dele, também, a descoberta do ananás como fruto comestível e seu incentivo à produção na ilha. Se tivermos em conta que nessa altura, quem dominava a paisagem micaelense eram os laranjais, estas alternativas botânicas permitiram diversificar os produtos a exportar e a criação de riqueza e emprego no local.

Combinando cartas, memórias e pesquisa nos registos locais, este livro abre a porta para uma vida intensa, feita de viagens entre a ilha e o continente, feita de pessoas mais amadas e menos amadas, feita de filhos que o carregam com preocupações e frustrações.

Excelente para se compreender o estilo de vida do século XIX em Portugal e o isolamento a que as ilhas estavam votadas, em termos económicos, sociais e políticos.
Profile Image for Isabel.
40 reviews
October 1, 2020
Apesar de ter seleccionado este livro pela geografia da narrativa, a verdade é que José do Canto, sendo o foco principal, se tornou uma interessante surpresa. Os contrastes das suas expectativas/acções, das suas ambições/crenças, aguçaram a curiosidade de tentar entender um homem que concretizou tanto na sua terra de origem mas que nunca foi verdadeiramente feliz.
Displaying 1 - 7 of 7 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.