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Memorial de Maria Moura

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Numa longa jornada literária e jornalística, e que ocupa, com sua persistência e fidelidade, quase todo o século XX, Rachel de Queiroz jamais se despojou de sua condição primordial. Aos oitenta e dois anos, publicava este "Memorial de Maria Moura" que é a culminância surpreendente e magistral de sua obra e de sua vida.

489 pages, Paperback

First published January 1, 1992

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About the author

Rachel de Queiroz

50 books125 followers
Quinta ocupante da Cadeira 5, eleita em 4 de agosto de 1977, na sucessão de Candido Motta Filho e recebida pelo Acadêmico Adonias Filho em 4 de novembro de 1977.

Raquel de Queirós nasceu em Fortaleza (CE), em 17 de novembro de 1910, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 4 de novembro de 2003. Filha de Daniel de Queirós e de Clotilde Franklin de Queirós, descende, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar, parente portanto do autor ilustre de O Guarani, e, pelo lado paterno, dos Queirós, família de raízes profundamente lançadas no Quixadá e Beberibe.

Em 1917, veio para o Rio de Janeiro, em companhia dos pais que procuravam, nessa migração, fugir dos horrores da terrível seca de 1915, que mais tarde a romancista iria aproveitar como tema de O Quinze, seu livro de estréia. No Rio, a família Queirós pouco se demorou, viajando logo a seguir para Belém do Pará, onde residiu por dois anos.

Em 1919, regressou a Fortaleza e, em 1921, matriculou-se no Colégio da Imaculada Conceição, onde fez o curso normal, diplomando-se em 1925, aos 15 anos de idade.

Estreou em 1927, com o pseudônimo de Rita de Queirós, publicando trabalho no jornal O Ceará, de que se tornou afinal redatora efetiva. Em fins de 1930, publicou o romance O Quinze, que teve inesperada e funda repercussão no Rio de em São Paulo. Com vinte anos apenas, projetava-se na vida literária do país, agitando a bandeira do romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca.

O livro, editado às expensas da autora, apareceu em modesta edição de mil exemplares, impresso no Estabelecimento Gráfico Urânia, de Fortaleza. Recebeu crítica de Augusto Frederico Schmidt, Graça Aranha, Agripino Grieco e Gastão Gruls. A consagração veio com o Prêmio da Fundação Graça Aranha.

Em 1932, publicou um novo romance, intitulado João Miguel, e em 1937, retornou com Caminho de pedras. Dois anos depois, conquistou o prêmio da Sociedade Felipe de Oliveira, com o romance As três Marias. Em 1950, publicou em folhetins, na revista O Cruzeiro, o romance O galo de ouro.

Cronista emérita, publicou mais de duas mil crônicas, cuja seleta propiciou a edição dos seguintes livros: A donzela e a Moura Torta, 100 crônicas escolhidas, O brasileiro perplexo e O caçador de tatu. No Rio, onde passou a residir em 1939, colaborou no Diário de Notícias, em O Cruzeiro e em O Jornal. Escreveu duas peças de teatro, Lampião, em 1953, e A Beata Maria do Egito, de 1958, laureada com o prêmio de teatro do Instituto Nacional do Livro, além de O padrezinho santo, peça que escreveu para a televisão, ainda inédita em livro. No campo da literatura infantil, escreveu o livro O menino mágico, a pedido de Lúcia Benedetti. O livro surgiu, entretanto, das histórias que inventava para os netos. Dentre as suas atividades, destacavam-se também a de tradutora, com cerca de quarenta volumes vertidos para o português.

Foi membro do Conselho Federal de Cultura, desde a sua fundação, em 1967, até sua extinção, em 1989. Participou da 21ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em 1966, onde serviu como delegada do Brasil, trabalhando especialmente na Comissão dos Direitos do Homem. Em 1988, iniciou sua colaboração semanal no jornal O Estado de São Paulo e no Diário de Pernambuco.

Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra em 1980; o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará, em 1981; a Medalha Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar (1983); a Medalha Rio Branco, do Itamarati (1985); a Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador (1986); a Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais (1989); O Prêmio Luís de Camões (1993); o Prêmio Moinho Santista, na categoria de romance (1996); o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2000). Em 2000, foi eleita para o elenco dos “20 Brasileiros empreendedores do Século XX”, em pesquisa r

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Displaying 1 - 30 of 40 reviews
Profile Image for Rita.
904 reviews186 followers
June 24, 2025
Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza (CE), a 17 de novembro de 1910, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) a 4 de novembro de 2003. Foi a primeira mulher a ocupar um assento na Academia Brasileira de Letras — quinta ocupante da Cadeira 5.
Além de romancista, foi também jornalista, tradutora e cronista. Só de crónicas, publicou mais de duas mil.

Após ter lido O Quinze, o primeiro romance de Rachel, resolvi agora ler o último, Memorial de Maria Moura, que ganhou o Prémio Jabuti de Ficção em 1993.

É uma história de sobrevivência, de intrigas familiares, de luta pelo poder, e Maria Moura é uma personagem que foge aos papéis tradicionais das mulheres do século XIX. Ela é forte, independente, determinada, desafiadora das normas sociais e do sistema patriarcal, no fundo uma líder num mundo dominado por homens.

— Aqui não tem mulher nenhuma, tem só o chefe de vocês. Se eu disser que atire, vocês atiram; se eu disser que morra é pra morrer.
(...)
Eu sentia (e sinto ainda) que não nasci pra coisa pequena. Quero ser gente. Quero falar com os grandes de igual para igual. Quero ter riqueza! A minha casa, o meu gado, as minhas terras largas. A minha cabroeira me garantindo. Viver em estrada aberta e não escondida pelos matos em cabana disfarçada como índio ou quilombola. Mas num alto descoberto, deixando ver de longe o casarão lá em cima, telhado vermelho, paredes brancas caiadas. Cavalos de sela comendo milho na estrebaria, bezerro gordo escaramuçado no pátio. Quero que ninguém diga alto o nome da Maria Moura sem me guardar respeito. Que ninguém fale com Maria Moura – seja fazendeiro, doutor ou padre, sem ser de chapéu na mão
(...)
Além do mais, eu tinha horror a casamento. Um homem mandando em mim, imagine; logo eu, acostumada desde anos a mandar em qualquer homem que me chegasse perto. Até com o Liberato, que era quem era — perigoso —, achei jeito de dar-lhe a última palavra.
Um homem me governando, me dizendo — faça isso, faça aquilo, qual! Considerando também dele tudo que era meu, nem em sonho — ou pior, nem em pesadelo. E me usando na cama toda vez que lhe desse na veneta. Ah, isso também não.
Profile Image for Luciana.
516 reviews160 followers
March 23, 2021
Não é difícil entender o porque de Rachel de Queiroz ser uma autora completa, uma vez que consegue construir uma narrativa forte e impactante, retratando com cuidado e zelo o sertão nordestino e a vida daqueles que ali sobre(vivem).

Assim como em O Quinze, a autora ambienta Memorial de Maria Moura no sertão, compondo a narrativa com situações típicas da região que viveu, seja do período escravocrata, seja machismo, seja da lei do mais forte, seja da briga por territórios. Tudo isso e mais há na presente obra, utilizando da figura de Maria Moura, somos postos a frente da vida da protagonista e tudo aquilo que faz para que venha a ser respeitada.

A bem verdade, Moura não é exemplo para ninguém, mas se destaca e encanta o leitor pela sua postura diante dos mais fortes. Junto a Duarte, Zé Soldado, João e demais, sai em busca da Serra dos Padres, onde se fixa, domina, furta, comete assassinatos e impõe respeito, criando uma trama deliciosa e divertida de se acompanhar.

Mais que Maria Moura, a autora nos apresenta também personagens peculiares, como a vida de Beato Romano e Marialva, sempre marcando a trajetória desses pela fuga e perseguição, unindo, assim, a vida desses, com a da protagonista.
Desta forma, a quem desejar ler uma obra parecida com Ana Terra, típica do sertão e de suas lutas, irá encontrar em Memorial de Maria Moura, o melhor do gênero, ficando, no entanto, a recomendação.
Gostaria, inclusive que possuísse mais páginas, tamanha a fluidez e beleza da obra.
Profile Image for Newton Nitro.
Author 6 books111 followers
December 6, 2015
Uma obra prima da nossa literatura, e da literatura mundial. Esse foi o meu primeiro contato com a prosa maravilhosa da Rachel de Queiroz.

"Memorial de Maria Moura" é uma aula de investigação psicológica de personagens, de mergulho na alma de três personagens, o último livro da cearense Rachel de Queiroz, a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras.

É um livro prazeroso de ler, seguindo a estrutura narrativa do folhetim, capítulos curtos, cheios de ação, conflito amorosos e tensões. E isso ao mesmo tempo que Rachel cria perfís psicológicos detalhados e completamente imersos na brutalidade selvagem do sertão brasileiro do final do século 19.

A linguagem é simples e direta, reproduzindo a fala do sertanejo.

São muitos temas interessantes tratados no livro, mas o que mais me impressionou foi a resistência de Maria Moura frente ao mundo patriarcal, machista e marcial em que se encontrava. Outro aspecto magnífico do livro é a descrição dos movimentos emocionais e mentais das almas dos três protagonistas da narrativa. Todos eles são criaturas complexas, com medos, desejos contraditórios, vontades que se modificam e emoções poderosas e dinâmicas.

Uma obra prima, de leitura obrigatória para escritores brasileiros.

Memorial de Maria Moura - Rachel de Queiroz (1992) | Ed. José Olympio (2004) | 500 pgs
Lido de 03.12.15 a 05.12.15
Profile Image for Gláucia Renata.
1,305 reviews41 followers
June 30, 2014
Esperava mais do livro, talvez por ser considerada a obra-prima da autora. Também esperava mais de Maria Moura,ela não é tão corajosa quanto imaginava, é super protegida por seus jagunços e praticamente nunca se expõe.
O livro é muito extenso e pouca coisa acontece, alguns personagens são sub aproveitados como o padre José Maria, cuja participação parece prometer, mas ao final vemos que se ele não existisse não faria diferença na história.
Também fiquei esperando por um embate final entre a Moura e os irmãos da Maria Preta. E Valentim e Marialva, meus personagens preferidos, perdem a força e se tornam personagens apagados.
Profile Image for Suellen Almeida.
215 reviews8 followers
February 6, 2012
When a badass woman turns stupid because of man, she loses a rating star.
Profile Image for Sandra.
963 reviews333 followers
August 19, 2015
Ho iniziato la lettura di questo romanzo aspettandomi di essere trasportata nel mondo magico e pieno di passione dei personaggi femminili di Jorge Amado, donne mezze sante e mezze puttane, che mi sono entrate nel cuore.
Maria Moura è diversa. Una adolescente che trova sua madre impiccata nella camera da letto, il padre era morto da tempo, rimasta sola viene sedotta dal patrigno. Tutto questo non la prostra, anzi la indurisce e la spinge a combattere e a ribellarsi.
“ Ho commesso un peccato grave, padre… un peccato carnale… con un uomo… il mio patrigno! E il peggio è che adesso devo farlo ammazzare..” così confessa al parroco del paesino di Vargem da Cruz, nell’arido Sertao brasiliano dove vivono ricchi fazendeiros bianchi circondati da schiavi e caboclos (meticci) nati dalle violenze perpetrate alle donne indie, in una rigida gerarchia sociale immutabile. Maria Moura esce dagli schemi della società rurale brasiliana degli inizi dell’ottocento, abbandona il suo ruolo di signorina ricca e sceglie la vita errabonda lungo le strade piene di pericoli del misero Sertao, a capo di una banda di uomini di diversa estrazione sociale, caboclos e bianchi, e parte alla ricerca di una terra di cui intende rivendicare la proprietà nel cuore del Sertao, nella Serra dos Padres. Maria Moura, donna Moura come vuole farsi chiamare, si veste da uomo, con gli abiti che gli ha lasciato suo padre, sa fare ottimo uso delle armi da fuoco, è un capo rispettato dai suoi uomini, diventa una specie di Robin Hood brasiliano, che “ prende a chi ha già” per dare a chi non ha. Maria Moura è anche una donna innamorata e conosce la sofferenza che nasce dalla passione d’amore mal riposta.
Ho letto che ne è stata tratta una “telenovela” in Brasile, ed infatti mentre leggevo pensavo che sarebbe stata adatta per una sceneggiatura.
Tirando le somme, posso dire che la lettura di questa saga brasiliana mi è piaciuta, è stata all’inizio appassionante, poi, verso la metà i toni sono scesi e la lettura è andata a rilento, per poi riprendere slancio nella parte finale. E’ stato interessante leggere il romanzo anche per conoscere le abitudini di vita dei miseri e impolverati abitanti della grande regione brasiliana del Sertao, “un sertao talmente deserto da sembrare infinito: boscaglia, pianura e caatinga”, ma ricco di sentimenti e passioni.
Profile Image for Laura.
7,132 reviews606 followers
December 23, 2015
É no Brasil rural do século XIX que se passa a história de Maria Moura. Ela tinha apenas 17 anos quando encontrou a mãe morta, foi violentada pelo padrasto e viu suas terras serem cobiçadas por primos inescrupulosos. Uma mulher vulgar sucumbiria a tantas adversidades, mas Maria Moura possuía outro temperamento.
Profile Image for Carolina Marchesin.
253 reviews2 followers
March 27, 2022
Comecei a ler Rachel de Queiroz pelo livro certo. Que obra prima! Achei realmente muito bom, desses que dá vontade de propagandear pra quem não conhece a literatura brasileira. É um livro que flui, mesmo com capítulos bem longos. Tive uma relação bem de amor e ódio com Maria Moura, mas não dá pra negar que a personagem é incrível. Aliás todos são, é uma história muito bem construída e cheia de nuances sobre o escravismo, o sertão, o ser mulher no século XIX. Eu continuaria lendo se tivesse mais páginas!
Profile Image for Walter.
30 reviews
January 25, 2020
Uma história épica e emocionante de uma mulher admirável e de um Brasil belo, apaixonante, duro e até cruel.
Profile Image for Murilo.
33 reviews9 followers
April 9, 2022
"O homem feliz é o que não tem passado. O maior dos castigos, para o qual só há pior no inferno, é a gente recordar. [...] Não há dia claro, nem céu azul, nem esperança de futuro, que resista ao assalto das lembranças."
Profile Image for luisa.
257 reviews12 followers
October 11, 2023
e se eu não aguentar, paciência; se o sangue pisado aqui dentro me matar envenenada — pois bem, eu morro! vou morrer um dia, afinal. todo mundo morre. mas quero morrer na minha grandeza.


quando eu era criança, minha mãe assistiu a reprise de memorial de maria moura, a minissérie da globo. mas eu tinha cinco anos, não só não assisti como nem sabia do que se tratava. ao longo dos meus trinta anos, eu ouvi falar sobre a minissérie, eu talvez até tenha visto a glória pires caracterizada como maria moura, mas eu não fazia nenhuma ideia sobre o que era — e menos ainda que era um livro.

eu sei, eu sei, vergonha de toda uma classe porque eu também sabia que rachel de queiroz foi uma autora clássica brasileira, mas nunca tinha chegado nem perto de um livro dela, sequer sabia os títulos.

corta para 2023 quando eu fiquei procurando algo interessante no catálogo do kindle unlimited e encontrei lá memorial de maria moura e pensei na minissérie, então achei que talvez fosse interessante ler. e juro, levei meses pra abrir o e-book de fato, porque eu pego os livros e esqueço que eles existem quando chegam livros novos que sinto maior urgência em ler, eu costumo esperar o chamado e maria moura me chamou em setembro, compartilhei no instagram que comecei a ler por influência da minha amiga laleska que leu e gostou e depois disso fiquei comentando horrores com minha outra amiga daniella porque tudo nesse livro me maravilhou.

maria moura não é uma personagem fácil de gostar, mas você acaba entendendo que ela precisa se impor em um mundo quase que exclusivamente masculino e não é só através de roupas de "homem" e um corte de cabelo que ela o faz. maria moura não demonstra seu medo, não se deixa abater, se algo precisa ser resolvido na violência, ela vai dar jeito. ela diz vez e outra que quer ser respeitada e que o medo traz o respeito que ela quer. então, precisa que seus cabras sintam medo dela. e não tem nada mais aterrorizante, eu acho, que uma mulher livre. era verdade lá em 1850 e ainda é um tanto verdade hoje em 2023. a maioria dos personagens homens são péssimos, temos o padrasto de maria moura que insinua matá-la para ficar com suas terras. os primos, tonho e irineu, que mantém a irmã marialva praticamente em cativeiro para não terem disputas de terra e ainda cercam a fazenda de maria moura para tomar-lhe o que dizem ser deles. e aí, é claro, cirino, que talvez seja o pior deles e só nos faz sentir empatia pela mulher que lhe cederia tudo.

em contrapartida, temos o beato romano, que pecou, é verdade, mas se o fez foi por amor. e duarte, que parece incapaz de fazer o mal a quem quer que considere boa pessoa. mas uma coisa que é realmente incrível é a forma como todos os personagens são humanos. todos eles possuem falhas e virtudes, cometem crimes, pecados e se redimem — ou então pagam com a vida.

acho que foi facilmente uma das melhores leituras que já fiz, e se eu puder vou recomendar o livro a todas as pessoas que querem ler uma aventura épica com um final de tirar o fôlego.

se tiver que morrer lá, eu morro e pronto. mas ficando aqui eu morro muito mais.
Profile Image for Priscilla.
1,928 reviews16 followers
May 3, 2022
"Nunca vi rastro de cobra, nem couro de lobisomem, se corrê o bicho pega, se ficá o bicho come"

Esse definitivamente vai para a estante. Num mundo fantástico em que hoje as meninas são soterradas por avalanches de heroínas insossas e submissas, temos Maria Moura - ops, Dona Maria Moura - que não permite que nenhum cabra lhe falte ao respeito.

Alguns ainda se lembram da minissérie com Glória Pires, mas se não é do seu tempo, não se preocupe, o livro vale ser lido por si só, quer com aceno ao feminismo ou não. A história, passado no sertão, retrata a vida de um povo que praticamente nada sabe além daquilo que acontece em seu quintal...

No pequeno espaço em que se situa a história, famílias se matam por pedaços de terra, crimes de morte acontecem para lavar a honra e o cangaço adquire não a forma do ativismo político que hoje tantos historiadores e jornalistas parecem abordar, mas sim a uma confluência de política e miséria - mas principalmente da última - pois, como diria o Beato Romano, que sabem eles da vida do imperador?

Há vários personagens no livro que são assim, simples em relação ao que acontece em seu próprio país, porém não há, nem por um instante, a ideia de que os personagens são simplistas. O sertanejo é um ignorante, mas não um bruto.

E voltando novamente a Maria Moura, esse é o tipo de mulher que basicamente todas as leitoras deveriam conhecer. Forte sem ser cruel, firme sem ser insensível. Não confundam Maria Moura com um Virgulino de saias, você não vai ter a impressão de estar lendo sobre um homem ou pior ainda, uma personagem desexualizada - praga que domina a literatura e o cinema, pois aparentemente, para uma mulher ser levada a sério, ela não pode ser sensual.

Recomendo.
Profile Image for Larissa.
195 reviews13 followers
January 14, 2017
I appreciate multiple point of views in novels as long as characters are well built, and the different perspectives are not lost in the plot and such art is not lost on the author. Rachel de Queiroz ends her career with this novel about a girl who turns herself into a woman by choosing to live as men would have. It is a Bildungsroman and with it there are the conflicts and emotions of the young woman, as well as the Dona Moura - the boss her men expect her to be. Curiously, the only male character with actual voice in the novel is a priest - also the only one aware of the protagonists' early choices. There's profound respect for nature and the nature of men as it grows in the hard environment of the dry lands of Brazilian Northeast, its small villages and little education.
Profile Image for Felipe Vieira.
784 reviews17 followers
July 25, 2022
2,5

Memorial de Maria Moura é sobre como uma mulher esconde-se atrás de seus jagunços para criar a mítica de uma mulher poderosa. Ela é poderosa porque tem é rica e branca. Não é ela que bota medo nos outros, mas sim os seus cabras. Eu acreditei que a veria mais vezes no sertão em ação, mas ela só dava ordens. Infelizmente a promessa de uma história agitada não ficou por conta dela, mas sim dos personagens secundários como o Beato Romano e Marialva.

Os personagens secundários são muitos mais atraentes são só por haver uma transformação significativa, mas também existir um crescimento que Maria Moura não tem. Ela não virou um "cabra-macho" porque lutou, saqueou ou matou. Foi apenas uma questão imagética. A força não veio da sua ação, mas do passado familiar que detinha dinheiro. O respeito que os outros tinham por ela veio desse passado.

Até mesmo Duarte e Cirino movimentam mais a história do que Maria Moura. Ela é apenas uma caricatura de qualquer personagem masculino que detêm poder. Maria Moura tem um caráter questionável intencional, mas é fraca em construção. Teria sido muito mais agradável acompanhar Beato Romano e Marialva. Além de tudo, há passagens sobre racismos que não são justificáveis pelo período em que se passa na história.

Enfim, Maria Moura é uma personagem que se escora nos quesitos de raça e classe para construir o seu império do medo no sertão nordestino. A sua força e personalidade forte é fajuta. Já que no final é engabelada por um macho qualquer. A minha opinião seria mais positiva se a personagem fosse melhor construída. Mas não é. Leia quem quiser.
Profile Image for Ana.
4 reviews10 followers
March 29, 2023
Esse livro é simplesmente incrível. A pesquisa que a Rachel de Queiróz fez pra escrevê-lo, tanto da geografia como dos costumes da época, incluindo os tipos de refeição, o jeito de falar e a organização da sociedade, é fascinante

É muito interessante fazer o paralelo com A Casa das Sete Mulheres, cuja história é contemporânea à de Maria Moura. Dois Brasils extremamente diferentes, mas com problemáticas que conversam - a escravidão, a subjugação da mulher, a relação/distância das províncias com o Rio de Janeiro

Também a comparação gritante do interior do Rio Grande do Sul com o sertão nordestino na primeira metade do século XIX. A vida difícil das mulheres isoladas em casa por conta da guerra dos Farrapos seria uma vida de extremo luxo se transportada pro sertão, onde a pobreza atravessava mesmo as famílias consideradas mais ricas.

Mais uma vez, fico indignada que lemos tantos autores homens na escola e não chegamos nem ouvir falar de obras épicas como essa de Rachel de Queiroz
34 reviews5 followers
December 4, 2019
Romance mostra a habilidade narrativa de Rachel de Queiroz. Com uma prosa límpida, concisa, despojada e direta, no estilo que marcou também Graciliano Ramos, o livro é integralmente voltado para história de Maria Moura, narrada sob a perspectiva de vários personagens, mas sem pretensões metafísicas ou comentários sociais. A obra extrai sua força exclusivamente de seu enredo e da caracterização de seus personagens. Para muitos pode parecer apenas um romance narrativo tradicional, sem inovação ou transcedência de grande obra literária, mas o extremo apuro e habilidade da escrita fazem dessa obra tardia uma das maiores realizações do que se convencionou chamar de "regionalismo nordestino". O canto de cisne de Rachel de Queiroz foi sua mais acabada realização de uma tradição literária que ela própria ajudou a inaugurar na década de 1930.
Profile Image for Thaínes Recila.
44 reviews2 followers
November 27, 2022
3.5

Teve uma hora que pulei alguns capítulos. Tive raiva da Maria ter traído o Duarte e pulei muita coisa, mas peguei o "espírito" de tudo. É uma saga arrebatadora. A força de Maria Moura, o império que ela constrói, o amor como a sua maior traição e fraqueza... Nossa. Muito bom! Quando eu ler as partes que pulei, volto aqui para comentar mais haha. De qualquer forma, tenho que dizer que me encantei com as partes do Beato Romano. Que vida espetacular, que saga trágica cheia de culpa e redenção. Pra mim podia se ter um livro só dele.
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Profile Image for Fernanda.
362 reviews6 followers
November 3, 2023
"Quero que ninguém diga alto o nome de Maria Moura sem guardar respeito. E que ninguém fale com Maria Moura - seja fazendeiro, doutor ou padre, sem ser de chapéu na mão."

Eu tenho uma fraqueza por história de mulher cangaceira, haha. ❤️🍀

Amei o livro ter 3 narradores, mas o final ficou perdido pra Marialva e Beato Romano. Eles mereciam mais...

Já Maria Moura conquistou meu coração, uma personagem corajosa, altiva e solitária. Não tem par pra mulher assim desde o Brasil Imperial 😅🥵🫠

Amei a experiência de leitura e recomendo fortemente. A escrita de Rachel é sublime✨️
Profile Image for Edney.
81 reviews1 follower
January 29, 2022
Decidi que leria essa livro em minhas férias. Não conhecia a obra de Raquel de Queiroz e gostei muito da personagem Maria Moura, uma anti-heroina. Durante a leitura fiz uma pesquisa e achei um comentário muito pertinente que falava sobre Maria Moura, "Forte sem ser cruel, firme sem ser insensível, não espere encontrar um Lampião de saias." Também li aqui críticas à personagem e nessas críticas cobram um protagonismo e se esquecem que a história se passa em um Brasil do século XVII.
Profile Image for Maria do Socorro Baptista.
Author 1 book27 followers
December 5, 2024
Amei!! Há anos que eu deveria ter lido este livro, não sei porque demorei tanto. É difícil descrever o quanto me identifiquei com Maria Moura, não pela questão da violência, mas pela coragem de desafiar os costumes, de lutar para sobreviver em um mundo machista, uma sociedade patriarcal que via - e em alguns lugares ainda vê - mulher como propriedade. Viva Maria.
Profile Image for Um mar de fogueirinhas.
2,192 reviews22 followers
January 13, 2018
Maria Moura é um deleite saboroso de ler: século XIX devia ter mais dessas caboclas corajosas o suficiente pra desbravar o que se dá, exercer estratégia melhor que Maquiavel e inspirar lealdade pra ambos. Adorei a jagunça e a descrição.
Profile Image for Fernanda Vilar.
17 reviews2 followers
July 16, 2018
Só me pergunto : por que não li antes?

Um romance de aventura bem elaborado e muito inteligente. Descreve uma época do Brasil e uma maneira de se viver que sem os livros seria mais dificil de imaginar.
Profile Image for Cínthia.
72 reviews
May 19, 2022
Com certeza entrou para a minha lista de clássicos brasileiros favoritos. O três protagonistas possuem histórias interessantes e a mudança na escrita nos capítulos de cada um deles dá ao livro uma personalidade incrível. Amei.
15 reviews
March 4, 2024
Uma história envolvente da Maria Moura e sua trupe ambientada no agreste brasileiro, no final do século XIX.
Cada capítulo é um relato de um personagem, e de relato em relato a história se constrói e o leitor fica cada vez mais envolvido.
Genial!
Profile Image for Julieth.
7 reviews
December 3, 2024
A história começou muito bem, muito promissora, mas o fechamento foi decepcionante, principalmente em relação ao Beato Romano e à Marialva - dois personagens com toda uma construção de história e personalidade que acabaram esquecidos, parece. Além deles, vários personagens que surgiram sem, aparentemente, nenhum desenvolvimento, que nunca mais foram retomados - um excesso, aliás, de personagens. Só de cabeça penso em Jove, Luca, os irmãos Tonho e Irineu, Firma, Iria, o filho da Bela, o João Rufo (que, inclusive, parecia uma baita figura paterna pra Maria Moura e depois mal e mal foi mencionado), o casal Libânia e Amaro (da Fazenda do Socorro), entre tantos outros. Enfim, com os personagens entrando e saindo da trama de forma trivial, a impressão que dá é que a autora construiu muito bem toda essa epopeia mas não soube conduzir.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for  nanda.
507 reviews9 followers
June 7, 2025
Li esse livro em 2017 com a minha amiga, a gente praticamente devorou o livro de tão bom mas ficamos meio chateadas com o final. Apesar de tudo foi um livro maravilhoso que até a nossa sala fizemos uma homenagem ao livro e à autora no Carnaval literário do nosso colégio.
Profile Image for Daniel Ckagnazaroff.
68 reviews1 follower
December 2, 2025
Uma aventura bem legal de uma autora nacional que eu não conhecia. Personagens interessantes, apesar de alguns núcleos serem mais interessantes que outros e mais relevância para a historia completa. Me manteve entretido e curioso com o que aconteceria a seguir.
Profile Image for Rosa Aragão.
80 reviews14 followers
June 8, 2019
Uma aventura sertaneja com personagens que prometem... Mas afinal fiquei dissatisfeita com a falta de desenvolvimento de alguns deles...
Profile Image for Silvia.
3 reviews
January 14, 2020
Excelente romance que conta a história de uma sinhazinha que aprende ser guerreira movida pelas adversidades e ambição da personagem.
Displaying 1 - 30 of 40 reviews

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