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A Falência

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Ícone do modernismo brasileiro, Júlia Lopes de Almeida consegue oferecer um notável panorama das repercussões do boom do café no final do século XIX na formação da nascente burguesia urbana, e também retratar, com impecável maestria, os meandros de uma sociedade machista e hipócrita, em que subsistem as relações escravocratas e aprofundam-se as desigualdades sociais.

Rio de Janeiro, 1891. Francisco Teodoro, um bem-sucedido e ambicioso comerciante de café, conhece Camila. Em busca de um casamento que traga estabilidade, ele não vê melhor opção que desposar tal jovem, bela e de boa e humilde família. Os filhos Mário, Rachel, Lia e Ruth crescem a olhos vistos, enquanto a empresa do pai continua a prosperar.

Nem só de flores, contudo, vivem os Teodoro. Francisco, cada vez mais ganancioso, vê outros comerciantes se arriscando no trato com o café e decide fazer o mesmo. Afinal, é preciso aumentar o patrimônio familiar que Mário insiste em dilapidar. Camila, alheia aos movimentos econômicos e cada vez mais absorta em sua relação com o médico Gervásio, nada opina. Em um revés do destino, a fortuna da família acaba. Francisco Teodoro se suicida e todos, mãe e filhos, precisam aprender a lidar com a nova situação social.

304 pages, Paperback

First published January 1, 1901

64 people are currently reading
858 people want to read

About the author

Júlia Lopes de Almeida

92 books41 followers
The first Brazilian woman to lead what can legitimately be called a career as an author, Júlia Valentina de Silveira Lopes de Almeida was a novelist and playwright, an advocate for women's education and other progressive social reform, and an all-around intellectual. Though she was immensely popular in the late 19th and early 20th Century, her works were forgotten soon after her death, largely due to the country's literary trajectory toward modernism. Recently, however, scholars and readers have begun to unearth and rediscover the pleasures and technical merits of the vast and diverse body of literature she left behind.

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16 (1%)
Displaying 1 - 30 of 159 reviews
Profile Image for Mariana Moro.
46 reviews
July 6, 2020
a diferença de ler um livro escrito por uma mulher em tempos quase que inteiramente de homens tá aí. gosto muito de narrativas de degradação e essa em especial me agradou muito porque é um romance que, embora não seja feminista, é muito mais sobre mulheres do que qualquer coisa - mesmo que nas entrelinhas. me pergunto por que não lemos júlia lopes de almeida para o vestibular desde sempre (mas sei a resposta).
Profile Image for Rita.
906 reviews185 followers
January 9, 2023


Júlia Lopes de Almeida nasceu em 1862, no Rio de Janeiro, filha dos emigrantes portugueses Adelina Pereira Lopes, musicista, e Valentim José da Silveira (Visconde de São Valentim), médico. A família pertencia à classe alta, o que proporcionou uma excelente educação à promissora escritora.
O pai de Júlia descobriu a vocação da filha, e incentivou-a a que escrevesse um artigo para a Gazeta de Campinas. E foi assim que tudo teve início. Júlia foi uma escritora com uma vasta produção literária conseguindo, à época, viver dos rendimentos da sua profissão.
Era uma mulher muito à frente do seu tempo, era republicana, defendia a educação feminina, o divórcio e a abolição da escravatura.

... Os povos mais fortes, mais práticos, mais ativos, e mais felizes são aqueles onde a mulher não figura como mero objeto de ornamento; em que são guiadas para as vicissitudes da vida com uma profissão que as ampare num dia de luta, e uma boa dose de noções e conhecimentos sólidos que lhe aperfeiçoem as qualidades morais. Uma mãe instruída, disciplinada, bem conhecedora dos seus deveres, marcará, funda, indestrutivelmente, no espírito do seu filho, o sentimento da ordem, do estudo e do trabalho, de que tanto carecemos.
- Júlia Lopes de Almeida, em A Mensageira

Júlia Lopes de Almeida teve uma vida intelectual bastante activa, fez parte do grupo de intelectuais que criaram a Academia Brasileira de Letras, mas o seu nome não foi incluído. Era mulher - a ABL era um clube do Bolinha – e em vez dela foi considerado o nome do marido, Filinto de Almeida – Cadeira 3, sem produção literária de destaque.
Após a sua morte, em 1934, Júlia Lopes de Almeida foi caindo no esquecimento, mas o seu regresso aos escaparates das livrarias deveu-se à leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp.

Aos mais desatentos (onde me incluo) há em Lisboa um busto da escritora, ali no Jardim Gomes de Amorim.


O monumento, obra de Margarida Lopes de Almeida, composto de busto em bronze sobre pedestal de pedra, foi oferecido pelas mulheres brasileiras às mulheres portuguesas. O busto, executado em 1939, só viria a ser inaugurado, no Jardim Gomes de Amorim, localizado na Praceta da Av. António José de Almeida, em 28 de Março de 1953.


São várias falências

O livro conta a história de Francisco Teodoro, um português, proprietário de um armazém de café, que enriqueceu com o comércio do café, e a esposa Camila, uma mulher de origem pobre, que arranja o casamento como forma de sair da situação que vivia com a família.

Teodoro e Camila tiveram quatro filhos: Ruth, Lia, Raquel e Mário. Junto com a família vive Nina, uma sobrinha de Camila, que assume algumas tarefas na casa e, inevitávelmente, apaixona-se pelo primo Mário, um boémio que se aproveita da mordomia de ter uma família com posses. Noca, uma ex-escrava, é a empregada que faz tudo na casa da família.
Uma das visitas assíduas é o Dr. Gervásio, que Teodoro já considera “de casa”, sem perceber que além da amizade, o médico tem um caso com a mulher.
A falência da família acontece quando Teodoro é seduzido a investir na bolsa de valores, e devido à queda do valor do café, perde toda a sua fortuna. É a falência económica.
Mas há outras falências nesta história, a social, a familiar a ética e a moral. Uma história interessante que aborda muitos assuntos, alguns continuam na ordem do dia.



#incunábulos @mastodon
Profile Image for Luiza.
42 reviews5 followers
April 27, 2019
Que diferença faz ler um livro escrito por uma mulher!

Publicado no início do século XX por uma mulher nascida em 1862, passa longe de ser uma obra feminista. Contudo, a forma de escrever e representar as mulheres (e os diferentes tipos de mulheres!) é bastante refrescante quando comparado aos demais livros escritos nessa época.

Apesar de não ser exatamente progressista para os dias de hoje, com toda certeza era revolucionário para época. Com comentários críticos aos romancistas/realistas e sua fascinação por julgar e condenar as mulheres (e somente as mulheres) pelo adultério, com a fala de uma personagem mulher sobre o direito ao voto feminino (em um livro que se passa no início da primeira república!), e também com uma visão igualitária entre brancos e negros (“Sim, o coração dela [da personagem negra] deve ser da mesma cor que o meu.”; “Negra ou branca, é criatura.”) — embora, claro, algumas passagens, aplicadas aos valores atuais, sejam problemáticas.

A trama em si entretém bem. Me afeiçoei aos personagens, que foram todos muito humanos e pouco idealizados. Todos têm suas falhas e acertos e acho que o livro mostra isso de forma brilhante.

Me surpreendi com a autora e, após ler o livro e pesquisar mais sobre ela, me surpreendi ainda mais com o fato de ela não ser comumente abordada nas aulas de literatura. Abolicionista, defensora do direito ao voto feminino, autora brilhante num momento onde as mulheres que seguiam essa carreira não eram bem vistas, e idealizadora da Academia Brasileira de Letras — da qual foi excluída no último minuto e trocada por seu marido, pois decidiram que a ABL seria exclusivamente masculina (fato que só foi corrigido em 1977!). Um pequeno consolo para mim é que o marido dela passo a ser chamado de “acadêmico consorte”.

Bom, enfim. O livro é maravilhoso e a Júlia é maravilhosa. Mais pessoas deveriam conhecê-la
Profile Image for Julia Dutra.
29 reviews2 followers
May 23, 2020
por que a gente lê josé de alencar na escola?
Profile Image for O. Couto.
29 reviews2 followers
April 20, 2021
O apagamento de Júlia Lopes de Almeida foi uma das facadas mais duras do patriarcado contra a literatura brasileira.
Profile Image for Monica Cabral.
249 reviews49 followers
July 6, 2022
"Aquela infância de degredo era agora o seu triunfo. Vinha de longe a sua paixão pelo dinheiro; levado por ela, não conhecera outra mocidade. Todo o seu tempo, toda a sua vida tinham sido consagrados ao negócio era o seu sonho de noite, a sua esperança de dia, o ideal a que atirava a sua alma de adolescente e de moço. "

Esta é a história da família Teodoro, o patriarca Francisco, é um português de origem muito humilde, que emigrou muito jovem para o Rio de Janeiro, onde fez uma fortuna colossal com a fundação de uma empresa de exportação de café.
A família Teodoro que vista de fora parece uma família modelo, maravilhosa e é muito invejada, na realidade é uma família completamente disfuncional: Mário o primogénito, é um bon vivant, não trabalha e estoura o dinheiro com mulheres de origem "duvidosa" ; a mãe Camila é uma mulher fútil e adúltera e o próprio Francisco é um homem que negligencia a família em prol dos negócios ; as outras filhas, Ruth, Rachel e Lia andam um pouco ao Deus dará.
Este magnífico romance de Júlia Lopes de Almeida faz um retrato da sociedade carioca do final do século XIX, onde nos mostra tanto os bairros ricos como os mais pobres interligando personagens de diferentes extractos sociais de uma forma muito realista. Á medida que avançamos na narrativa vemos que o título não fala só na falência do negócio de Francisco mas também da falência da chamada família tradicional bem como da sociedade absurdamente machista e racista da época.
Profile Image for Cicero Marra.
353 reviews23 followers
November 5, 2018
Em termos daquilo que é necessário pra se fazer um romance: personagens e uma trama bem amarrada, esse livro consegue ser mais sofisticado que a maioria dos romances lançados no início do século, inclusive os dos figurões aí. Livrão!
Profile Image for Guilherme.
89 reviews6 followers
January 21, 2019
Romance bastante ambíguo, em que se vê certos lampejos de criação artística de altíssimo nível e outros momentos de uma prosa com pouca vivacidade e repleta de limites formais e de conteúdo. No fim, porém, pode-se dizer que o livro tem qualidade, como sua prosa, sua narrativa e seus caminho. A narrativa de Almeida carrega bastante de um certo espírito de época naturalista e romântica, seguindo certos preceitos positivistas, deterministas ao mesmo tempo que romantiza, especialmente na sua conclusão, o esforço e o trabalho individual.
Personagens interessantes no livro, de fato, são as mulheres: Camila, Ruth, Nina são o centro da grande qualidade artística do romance, enquanto outros como D. Itelvina, Francisco Teodoro, Mário, Dr. Gervásio são personagens aparentemente pior construídos, por condizerem de maneira rasa com a narrativa, ainda que construam o imaginário do livro de modo central. Deste modo, a narrativa traz seu valor mais forte nos grandes discursos e questionamentos sobre a posição social da mulher, dentro e fora do ambiente doméstico, principalmente inserida numa lógica colonial no período de transição entre o Império e a República. O romance que se passa nos idos de 1892 traz em uma série de momentos este tipo de reflexão, que, centrado especialmente na figura forte da protagonista Camila, na intelectual e libertária Ruth e mais profundo ainda na agregada Nina, constitui uma redução bastante profunda das contradições do Brasil alforriado, mas ainda bastante incapaz de agregar a si uma emancipação. Neste sentido, então, que talvez Nina seja a personagem mais interessante do livro: a prima agregada da casa, apaixonada pelo primo Mário mas incapaz de realizar sua ascensão por sua posição ingrata de agregada (tipo tão característico das práticas clientelistas do Brasil).
Contudo, o livro parece que ao seu final traz uma certa ingenuidade liberal de uma possibilidade de emancipação pelo trabalho: sua conclusão, nesta linha, parece bastante evidente, centrada na reviravolta do penúltimo capítulo e na romantização do trabalho braçal de Camila e Nina. Ademais, aparentemente isto é fortalecido pela constituição do capítulo final e o anunciado concerto de Ruth. Ainda assim, estas ambiguidades são o que constroem o valor de um livro que parece absorver pela voz de uma grande autora dos fins do século XIX e começo do XX as próprias contradições do Brasil que permanecem até hoje.
Profile Image for João Pinto.
12 reviews
July 18, 2022
I generally like realist books, so starting this one was easy. Like most from that time, this book was also written by a rich white person - but a woman. The perspective is unique and the descriptions are quite vivid. It's interesting to see how space is socially divided: at home, mostly women and in the office, mostly men. The way the main male character decided to kill himself because he felt he couldn't serve his family (and humankind in general) anymore, contrasts with the effort his wife turned widow makes to reunite the family at the very end. Yet, the description of the thoughts of the man just before he pulled the gun are very human and there is no judgement by the author. There is an understanding for the pressures he suffered as man who was the only provider for the whole family. The author just manages to navigate really well between the deepest thoughts of the characters. This is a great book for everyone and especially those looking to understand a feminist perspective from early XX century Brazil.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for claraaa.
33 reviews
December 31, 2023
devo dizer que dei 4 estrelas por apego. ele é cansativo de ler, só quando o negócio do inocêncio surge e a gnt sabe que vai dar merda o livro começa a andar. a partir daí a trama fica boa, até a última página tem coisa. apesar do sufoco que foi ler isso, gostei.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for JuliaR.
313 reviews
March 15, 2024
One of my 2024 goals is to read more in Portuguese, my native language, one in which I hadn't read a book in over 5 years. I can't even remember the last time I read a book in Portuguese that was by a Brazilian or Portuguese author before getting this one. I had zero expectations going in and it was an interesting read, in particular considering the old vocabulary and the early post-republican times.

The title - The Bankruptcy in English - is more of a spoiler than anything, even reading the synopsis could classify as a view into the end of the book. The story itself is slice of life, current family drama and so much of Brazil's ease into industrious endeavours that I almost wish it was called something else instead.

There is a lot of finely written racism, mistreatment of poor people, class discrimination and misogyny is this book - all portrayed with a lens of distancing and judgement, mostly against those situations. It didn't shock me until I remembered this was published in 1901, and then it made sense again when I realised that I had never heard of this book while growing up, back in school. Brazil is a particular country, so changes since the abolition of slavery happened suddenly and also not yet. With this context, I have high praise for this book.

Overall, the writing style was not to my preference and I found myself several times having no idea who was speaking in a dialogue. The rhythm felt off somehow and it was slower than I would have liked, in particular at the first 40%. After that it did start to evolve and made for easier reading.

The characters are complex, the whole plot situation is very strongly done and it leaves nothing when comparing to writing of Jane Austen, for example. The classics just require more patience, but the story itself continues as contemporary as it was back then.

I'm happy I read this book and I would definitely recommend it for the curious about Brazil's historical times.
Profile Image for Mariana.
367 reviews54 followers
Read
August 8, 2019
“A Falência” de Júlia Lopes de Almeida publicado pela primeira vez em 1901, foi o livro escolhido para discussão no mês de julho do Leia Mulheres Jundiaí

Minha edição é da Penguin & Companhia das Letras , mas o livro está em domínio público e você encontra facilmente o arquivo digital para ser lido gratuitamente de forma legal.

Confesso, que por causa do título, esperava encontrar a tal da falência antes da metade do livro, porém, isso não aconteceu. Depois que parei de me preocupar com a chegada da falência e me permiti mergulhar no retrato familiar que Júlia criou, as páginas correram sob meus dedos e a história deslanchou.

A história se passa em 1891, no Rio de Janeiro durante o auge do comércio de café e o título não se refere apenas à falência financeira, o livro vai bem além disso.

A autora diz muito sobre a condição da mulher na sociedade e elas merecem todo o destaque, mas devo dizer que Nina, Catarina e a sensibilidade de Ruth roubaram meu coração.
(Ainda não consegui me decidir se meu ranço é maior por Gervásio ou Mário)

Me agradou o feminismo ser abordado de forma não panfletária, que pode ser uma semente a gerar questionamentos e curiosidade nas pessoas para procurarem saber mais sobre o feminismo. Ainda mais se levarmos em consideração seu ano de publicação.

A narrativa da Júlia é envolvente, suas descrições tridimensionais me transportaram para dentro da história. Os diálogos são sensacionais e a autora não poupa palavras para alfinetar temas sensíveis como os (sub)empregos dos escravos libertos, racismo, machismo estrutural, início da formação de favelas, entre outros.

Fiquei bastante incomodada com alguns termos racistas empregados no livro, talvez isso tenha acontecido por reflexo da sociedade da época, de qualquer forma, é um aspecto que senti necessidade de apontar.

Foi uma experiência de leitura incrível, mas não entrou na lista de favoritos da vida.

Após finalizar a leitura, ouça os podcasts:
- S01Ep06 A Falência de Classicxs sem classe
- Papo de Pinguin: Julia Lopes de Almeida de Rádio Companhia

https://www.instagram.com/p/B065NVGD8pp/
Profile Image for Juliana Torres.
14 reviews1 follower
July 20, 2020
O enredo desse livro não é muito diferente dos outros tantos romances clássicos, crescemos lendo as histórias de traição feminina como Madame Bovary de Gustave Flaubert, Anna Karenina de Leon Tolstói e O Primo Basílio de Eça de Queiroz. Porém, o livro de Júlia precisa ser lido com bastante atenção, pois nele estão presentes elementos que podem passar desapercebidos para alguns leitores. A Falência pode não ser um livro revolucionário, mas traz questões que questionam completamente o status quo da época.

Em um determinado momento, ainda no início da trama quando Dr. Gervásio entrega um livro para Camila ler e diz que é uma história de amor como a deles, recebe da amante a seguinte resposta:

“Então não leio. Sei que está cheio de injustiças e de mentiras perversas. Os senhores romancistas não perdoam as mulheres; fazem-nas responsáveis por tudo como se não pagássemos caro a felicidade que fruímos! Nesses livros tenho sempre medo do fim; revolto-me contra os castigos que eles infligem às nossas culpas, e desespero-me por não poder gritar-lhes: hipócritas! hipócritas! Leve o seu livro; não me torne a trazer desses romances. Basta-me o nosso, para eu ter medo do fim.”

Não tem como deixar mais claro a crítica da autora ao machismo inerente noS romances que fizeram parte de nossa formação cultural. Não se sabe qual era o livro em questão, mas tenho um forte palpite de se tratar de algum dos três citados acima (provavelmente Madame Bovary, já que a elite carioca era muito influenciada pela cultura francesa naquela época) [ + no blog]

http://vagalumesnaestante.com.br/2020...
Profile Image for Ariadne Pires  Barbosa.
77 reviews1 follower
December 11, 2021
Muito bom.

Li para o Leia Mulheres de dezembro na categoria "Autora esquecida pela crítica" e tive uma grata surpresa com a escrita e sagacidade de Júlia Lopes de Almeida.

As descrições das ruas do Rio de Janeiro do final do século XIX são encantadoras e oferecem detalhes tanto a respeito da vida da parte pobre da cidade quanto da parte rica e o terço final chega até ser eletrizante devido aos acontecimentos trágicos.

Excelente livro que deve ser lido sem medo por ser um clássico e ter uma escrita um pouco mais difícil do que hoje a literatura nos oferece. Não tive grandes percalços durante a leitura e agora estou de olho no "A família Medeiros", da Carambaia.
Profile Image for Jaqueline.
551 reviews47 followers
October 25, 2022
"Sondai bem o coração mais puro, que lá no fundo achareis um mistério, alguma coisa que existe e que se nega, ou porque faça corar ou porque faça sofrer."

Rio de Janeiro, 1891, boom do café. A falência em si acontece apenas no final do livro, acompanhamos a família de Francisco Teodoro, um imigrante português que enriqueceu com o comércio de café e que vive uma vida de luxo. Ao mostrar cada detalhe da riqueza da família, a autora nos prepara para o tombo que é a falência na realidade dela. E o livro me prendeu muito, me senti totalmente imersa nesse Rio de Janeiro do passado, curiosa sobre as intrigas, a traição e surpresa por encontrar críticas à sociedade, ao racismo e ao tratamento dado às pessoas negras depois do fim da escravidão, à misoginia, à hipocrisia dos religiosos. É um livro completo sobre o panorama da época, interessante e gostoso de ler. A Júlia Lopes de Almeida foi injustiçada ao não ser eleita para uma cadeira da ABL e lê-la, hoje, é mais do que um prazer, é uma reparação histórica.
Profile Image for Walkíria.
91 reviews7 followers
July 13, 2022
A falência, um livro para se refletir em que meios sua relação com as pessoas são baseadas, dinheiro? Ou a relação em si? Teodoro achou que seu único valor era o dinheiro e com isso seu destino já estava concluído no minuto em que ele perde tudo... Esse foi o propósito que ele escolheu para si. Assim como Camila que tinha vida de luxo, teve que refazer. No final das contas ela só tinha duas opções sofrer com o passado ou seguir em frente, que bom que ela escolheu seguir em frente.

Nina e Ruth foram minhas personagens favoritas, guerreiras, mesmo depois de uma mudança brusca na vida, elas foram corajosas o suficiente para seguir em frente!

"Senhor, que haveria no mundo para salvação das almas doloridas?! Alguma coisa falou-lhe no ar, em um rasgo de poesia, que subia as estrelas: a música de Ruth.
A essência da lágrima purificava-se no som, com um poder de infinita pacificação"
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Profile Image for Otávio.
14 reviews
January 1, 2023
Esse é, honestamente, um dos melhores clássicos da literatura brasileira realista que eu já li.
O texto começa bem tradicional, o que tende a me deixar desconfortável, principalmente pelas palavras e descrições racistas que eram comuns em 1901 (data de publicação do livro), mas ele traz temáticas bastante atuais, empoderamento feminino e através da narrativa, uma crítica as tradições do Brasil da época, à religião e a classe burguesa brasileira, com trechos engraçados e gostosos de ler, tudo isso retratando com realidade a vida no Rio de Janeiro na época.

Recomendadíssimo.
Profile Image for Carla Tunes.
50 reviews1 follower
March 29, 2025
Finalmente um livro em que a mulher adúltera não morre louca ou por suicídio! Talvez por ter sido escrito por outra mulher. Sempre achei injustiça o que fizeram com Madame Bovary, com Ana Karenina e com Luísa, do Primo Basílio. Nunca li um livro em que o homem adúltero quisesse se matar.

Os personagens são mais reais, ninguém sendo totalmente bom ou ruim. Apesar disso, a narrativa às vezes se tornava cansativa e o final foi um pouco decepcionante. Só por isso não consegui dar 5 estrelas.
Profile Image for Eduardo.
33 reviews
September 16, 2019
Um bom livro que retrata a mudança de vida que a perda do luxo e das riquezas impõe às pessoas. Passa por dilemas socio-econômicos, com foco nas mudanças da personagem principal. É uma leitura que sem dúvida o fará refletir sobre a importância que dá ao dinheiro, e como enfrenta as adversidades da vida.
51 reviews
December 21, 2020
Um romance inovador. Uma releitura muito bem feita de clássicos como Ana Karênina e Madame Bovary, porém com um olhar inédito para as mulheres de histórias como essas e as questões que as cercam. O diálogo com outros romances de adultério mostra com ironia e genialidade suas falhas e machismos, com uma linguagem, forma e conteúdo bastante brasileiros.
Profile Image for Maria Clara de Assis.
54 reviews2 followers
January 6, 2021
Li porque está na lista de obras do vestibular da Unicamp, mas acabei me surpreendendo positivamente. Gostei muito da escrita e, apesar de ter demorado um pouco para pegar o ritmo de leitura, consegui me envolver com a história. Não faz meu estilo, mas foi interessante sair da minha zona de conforto.

3,5/5
Profile Image for helena falcão.
89 reviews2 followers
January 22, 2022
que ódio de ver um livro tão bom como esse, clássico, nacional, escrito por uma mulher, ser completamente esquecido e ignorado. literalmente fez por mim td o que madame bovary não fez
Profile Image for Luciana Betenson.
271 reviews2 followers
August 27, 2021
Depois de ler “Úrsula”, achei legal pegar “A Falência” da Júlia Lopes de Almeida, outra autora brasileira do século XIX. Neste caso uma autora branca, de família rica, com acesso à educação, mas que teve a vida marcada pela limitação do papel da mulher e foi considerada uma escritora com ideais feministas, que defendia a abolição da escravatura, o direito ao divórcio e a educação formal para mulheres Só como exemplo, seu nome foi cogitado para a Academia Brasileira de Letras, mas como o ambiente era exclusivamente masculino, nomearam seu marido no lugar dela (!)... Enfim, o livro é associado aos movimentos literários do Realismo, Naturalismo e Determinismo e descreve de uma forma deliciosa a sociedade da época, trabalhando mulheres reais e não idealizadas como suas personagens principais, mostrando seus erros, interesses, força e paixões. Neste ponto, dá para ver até semelhanças com a Jane Austen (que nasceu 87 anos antes e começou a escrever praticamente um século antes da Júlia, mas que guardadas as proporções viveu no mundo sobre o qual escrevia, escreveu sobre mulheres e conseguiu dentro de seus livros expor suas críticas feministas).

“ – Trata-se de um amor um pouco parecido com o nosso. – Então não leio! Sei que está cheio de injustiças e mentiras perversas. Os senhores romancistas não perdoam às mulheres; fazem-nas responsáveis por tudo – como se não pagássemos caro a felicidade que fruímos! Nesses livros tenho sempre medo do fim; revolto-me com os castigos que eles infligem às nossas culpas, e desespero-me por não poder gritar-lhes hipócritas! hipócritas! [...]”

“Ela fingiu aceitar a promessa; no fundo duvidou dela; mas para que tentar uma recriminação, se a sua língua fraca não lhe sabia traduzir os sentimentos fortes? Ficaria no seu papel de mulher: esperaria calada...”
845 reviews
May 13, 2023
«A Falência» foi um romance publicado em 1901, o mesmo ano que Eça de Queirós morreu. Mas ao contrário do realista português, a realista brasileira Júlia Lopes de Almeida é quase desconhecida, embora também ela retrate a sociedade e os males do seu país e o inevitável adultério e respectiva hipocrisia geral. No seu romance vemos desfilar os trabalhadores negros e brancos, as mulheres fechadas em casa, os homens do café poderosos e reaccionários. Mas, neste caso, não é a mulher adúltera que se suicida, mas sim o marido que fez investimentos arriscados e entrou em falência. Está latente uma observação perspicaz dos problemas de uma sociedade profundamente desigual, muito pertinente hoje.

«Os senhores romancistas não perdoam às mulheres; fazem-nas responsáveis por tudo - como se não pagássemos caro a felicidade que fruímos! Nesses livros tenho sempre medo do fim; revolto-me contra os castigos que eles infligem às nossas culpas, e desespero-me por não poder gritar-lhes: hipócritas! hipócritas!» P.39
Profile Image for Antoni Jan.
33 reviews
November 19, 2025
I’m genuinely impressed by how powerful A Falência becomes in this English annotated edition. Júlia Lopes de Almeida is one of the most important voices in early Brazilian literature, yet so many of her works remain inaccessible to English readers. This edition finally gives the novel the treatment it deserves—and honestly, it feels like discovering a missing piece of literary history.

From the first pages, it’s clear how much care went into the translation. The language is smooth, modern, and faithful without sacrificing the emotional texture of the original Portuguese. Brazilian realism can be heavy with social nuance, but here everything feels vibrant and readable.

What makes this edition exceptional, though, are the annotations. They’re not intrusive; they’re incredibly helpful. This novel deals with class struggle, gender expectations, and the economic pressure placed on women in a society built to silence them. The notes explain the historical realities behind the plot—bankruptcy laws, patriarchy in the late 19th century, and the position of Brazilian women in the household and public life.

Without these notes, you might miss how radical Almeida truly was.

The introduction is another standout. It situates A Falência within feminist literary history, comparing Almeida’s themes to authors like Edith Wharton, Kate Chopin, and even George Eliot. Suddenly, this “lost” Brazilian classic feels like it is standing shoulder to shoulder with the greats of world literature.

I also appreciated the clean formatting, well-organized structure, and thoughtful sectioning. For a novel about collapse—financial, emotional, and social—this edition gives the story clarity and flow that enhances every chapter.
Profile Image for Cecília Lorca.
Author 12 books1 follower
October 19, 2025
Júlia Lopes de Almeida foi esquecida pela ABL, mas continua sendo uma das melhores escritoras do nosso Brasil.

Com uma escrita forte, às vezes dura, capta a realidade, mostra as mazelas da sociedade e nos perturba.


A Falência é uma obra excepcional, visceral, realista, que tem como protagonista o empresário cafeeiro Francisco Teodoro.

Uma vida excelente, dinheiro sempre entrando, uma família perfeita. Casado com a sensual Camila, tem seus filhos embaixo dos braços: Mário é frívolo e preguiçoso, as gêmeas Lia e Rachel são pequenas e inocentes, e a menina Ruth, sempre a tocar o violino... ela é a minha personagem favorita! Não me esqueci de Nina, a sobrinha apaixonada pelo primo, Mário.


Muita hipocrisia, traição, cobiça, prepotência e soberba são o recheio desta história é que nos incita a lê-la sem parar.


Eu sou Cecilia Lorca, professora aposentada e escritora apaixonada!
Profile Image for beca.
376 reviews24 followers
June 12, 2024
tive que ler esse livro pra faculdade e pensei “pelo menos vai servir pra meta de leitura”, mas fui surpreendida pela obra. não tinha a julia no meu radar, e fiquei surpreendida pela narrativa.

os primeiro capítulos são meio difíceis de ler e a escrita por vezes fica meio monótona, porém a história é cativante e as personagens femininas são o ponto alto da história. obviamente há problemas de preconceito, descrições e falas extremamente problemáticas sobre as personagens negras que infelizmente é algo comum da literatura do século xix.

o final foi meio agridoce. é fácil de entender como as coisas chegaram ali e que não havia muitas possibilidades para essas mulheres, entretanto é muito satisfatório ver que as mulheres no final estavam juntas e se apoiando.
Profile Image for Zaid Ahmed.
35 reviews
November 19, 2025
A Masterfully Restored Edition That Makes a Brazilian Classic Come Alive
I wasn’t expecting this edition of A Falência to impress me as much as it did, but it absolutely exceeded every expectation. Júlia Lopes de Almeida’s novel is already a landmark of Brazilian literature—feminist, sharp, emotionally complex—but this Edição Anotada e Comentada adds so much depth and clarity that it feels like reading the book for the first time, even if you already know it.
The clean text is a major strength. No outdated formatting, no scanning artifacts—just a carefully prepared version that’s easy on the eyes and smooth to read. The illustrations scattered throughout the book add an atmospheric touch, helping bring the late-19th-century world of Rio de Janeiro into focus.
What truly elevates this edition, however, are the notes and explanations. Instead of simply pointing out obscure references, the editor provides context about economics, women’s rights, family structures, and the political tensions of the era. Suddenly, the characters’ struggles—financial ruin, social pressure, moral conflicts—become clearer, more urgent, and surprisingly contemporary.
The critical commentary is another highlight. It examines why A Falência has been overlooked in the past and how Júlia Lopes de Almeida helped shape early feminist literature in Brazil long before the term even existed. The commentary never talks over the novel; instead, it guides readers gently, helping them appreciate details that might otherwise be missed.
For readers, students, or collectors seeking a definitive version of this classic, this edition is easily the best option available. It respects the original while giving modern readers everything they need to understand the novel’s emotional power and historical importance.
A beautifully crafted, thoughtfully enhanced edition—worthy of a place on any literary shelf.
Profile Image for Letícia Jost.
21 reviews1 follower
September 12, 2024
nunca tinha lido nada da júlia lopes de almeida (e pra ser sincera nem a conhecia). que bom que a falência foi meu primeiro contato, porque é sempre muito gostoso quando as primeiras impressões sobre um autor surpreendem. comecei lendo meio desmotivada, muito na ideia de fazer o vestibular da ufrgs novamente esse ano, e quando vi já estava completamente imersa na história. baita livro!
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