Quando Vicente responde ao anúncio de um quarto para alugar, descobre que a senhoria é Diana Albuquerque, a célebre pivô do telejornal das oito. A estupefação inicial do estudante - assim que ela lhe abre a porta - rapidamente se transforma numa forte atração mútua. Diana tem o dobro da idade de Vicente, mas é bela, sensual e respira aquela serena autoridade que conquista o espectador mais renitente. Vicente muda-se para casa de Diana, ocupando o quarto no sótão; e Diana ocupa-lhe a cama. Mas não é apenas a mulher complexa e carente que depressa mostra ser; fazendo jus ao nome, Diana é também uma predadora. E, uma manhã, Vicente acorda para a estranha realidade de estar trancado no seu novo quarto. É vítima de sequestro, mas está apaixonado pela sua sequestradora. Finalmente, a entrada em cena da mãe de Diana - tão bela quanto a filha - vai mudar tudo.
Sérgio Godinho é um poeta, compositor e intérprete português.
Como autor, compositor e cantor, personifica perfeitamente a sua música “O Homem dos 7 Instrumentos”. Multifacetado, representou já em filmes, séries televisivas e peças teatrais. A Dramaturgia surge com a assinatura de algumas peças de teatro assumindo-se também como realizador.
Não tinha lido o anterior livro de Sérgio Godinho e certamente não vou lê-lo, pois não gostei nada deste. A história é conhecida, uma mulher de quarenta anos que aprisiona em sua casa um jovem de vinte anos por quem desenvolve uma obsessão sexual. E vice-versa.
Toda a história é inverosímil. Em primeiro lugar, há indícios por todo o lado de tudo o que vai acontecendo. Vicente está preso no sótão, mas é o sótão de um prédio, o que significa que qualquer pessoa o ouviria se pedisse ajuda a sério (até porque Diana tem uma empregada que o ouviria perfeitamente). Depois, qualquer golpe de mais força o tiraria dali e não seria o cinturão negro de judo que Diana afirma ter que o impediria de fugir. E há tantas outras coisas absolutamente improváveis, como a relação que mais tarde se cria com a mãe de Diana, sexagenária, a desculpa para a sua ausência do mundo livre após a libertação, o desfecho do livro.
Há sexo, muito, mas um sexo gratuito, que não precisaria de ali estar a cada dezena de páginas ou menos. Há uma impossibilidade de uma série de sirtuações estarem a acontecer. E nem sequer há beleza ou estilo na escrita.
como alguém que admira imenso o trabalho do sérgio godinho enquanto cantautor, queria ter adorado a minha primeira leitura de uma das suas obras. no entanto, acho que vinha com expectativas demasiado altas - penso que o livro peca por se desenvolver demasiado rápido, acabando por abordar o tema central de maneira demasiado superficial, especialmente quando é algo tão complexo e denso. isto deve-se muito provavelmente ao facto de não ser um livro tão extenso quanto provavelmente deveria, para conseguir ir à raiz do problema. se por um lado os sentimentos e angústias da personagem masculina foram relativamente bem explorados, por outro as motivações da personagem feminina ficaram perdidas algures, não sentido que a sua caracterização tenha sido bem conseguida. além disso, gostava de ter percebido melhor a dinâmica de algumas relações existentes no livro, sendo que ajudariam a compreender o porquê das personagens agirem como agem. no entanto, é impossível não adorar a escrita deste grande senhor, que é sem dúvida o ponto positivo deste livro ❤️
O segundo livro de Sérgio Godinho não é melhor que o primeiro (Coração Mais Que Perfeito), mas é também uma obra que nos agarra a leitura e nos faz ligar às várias personagens. Um romance feito de histórias já muitas vezes vistas, nada originais, mas que nos deixam sempre a pensar na natureza dos excessos e prazeres da carne humana.
Agora já sei que Sérgio Godinho é mais que música e letras bonitas: é também um companheiro de histórias e desafios. Venha o próximo.
É de Sérgio Godinho e mais que não seja, só por isso vale a pena. Mas é um Estocolmo que não chega a sindrome, um jovem que parece velho, e aparentemente sem botão de desligar ou motivação sexual que se perceba, seja com a idade da mãe ou da avó ele lá está para o que der e vier, sem angústia, sem emoção. Mais diria se falasse do autor projetado no livro, mas seria pouco correcto.
esperava mais deste livro, acho que seria melhor se não fosse tão curto. a história pareceu uma corrida e não houve tempo para desenvolver qualquer ligação com as personagens. também achei algumas partes um pouco desnecessárias e até confusas... muito do meu rating deve-se ao facto de achar que o sérgio godinho escreve lindamente e de parecer que o conseguia ouvir a ler-me a história (e também porque é dos meus artistas preferidos, a minha opinião é tendenciosa). curiosa por ler outro dos seus livros.
Estocolmo é um livro que lembra as histórias retratadas nos filmes de Pedro Almodovar. Foi essa a energia que senti. Sérgio Godinho tem essa visão urbano-decadento-romântica das coisas. Tem-na nas suas canções e também neste livro. Muito injustas as críticas negativas que li aqui.
É o segundo romance que leio do Sérgio Godinho, e dei-me conta de sentir coisas semelhantes ao que tinha sentido da outra vez. É uma história muito bem escrita (sem surpresas, dado o autor); é uma história… negra. Passei grande parte do livro com aquele frio no estômago, com um “o que vai acontecer agora”. Há passagens de que gostei bastante, apesar de as ter detestado (não o vejo como uma contradição. :) ). É uma história negra, interessante, e acho que assustadoramente verosímil. Estava à espera de um final mais impactante, de alguma forma. Dou 4 estrelas sobretudo por isso.
Quando o sequestrado se apaixona pela sequestradora numa narrativa hábil e rápida que mostra ao leitor as viagens interiores de ambos e as teias amorosas inesperadas, numa escrita que antecipa com indícios a não descurar e que mantém o leitor preso a um duplo final não tão inesperado.
Terrível. Uma história sem pés nem cabeça. Com um tema que podia ser a base para um bom enredo, o que aqui está é de uma pobreza inacreditável. A única parte boa é ser um livro muito pequeno.
Estocolmo. Vicente e Diana são a expressão clássica desta síndrome, à volta da qual gira o enredo deste romance de Sérgio Godinho. A escrita, muito simples e pouco elaborada, crua e cinematográfica, tornam este livro particularmente fácil de ler. Com a leitura de Estocolmo somos confrontados com uma realidade repugnante que, apesar de ficcionada, se assemelha a tantas outras histórias que ao longo dos tempos têm sido notícia. Mas nada mais. Fica, por isso, ao critério de cada um, a decisão sobre se se justificará a sua leitura.
This is a thriller and it keeps us interested untill the end, on the uncertainty of what is going to happend next. It proposes some interesting themes for reflection. I liked it.
Desapontante. Uma história que falha desde logo por não conseguir criar no leitor empatia pelas personagens e pela sua relação. Nada credível, mesmo aceitando o surreal da situação que nos é apresentada. Um gigante compositor e músico que no campo literário ficou muito aquém das expectativas.
Diria que há livros que se revelam pouco merecedores do tempo que lhes dispensamos e “Estocolmo”, de Sérgio Godinho, só vem reforçar esta convicção. Não que não se consigam vislumbrar méritos nos seus pressupostos – uma ficção onde avulta a bizarra relação entre um jovem em cativeiro e uma mulher, com o dobro da idade, que o mantém cativo -, mas porque há maneiras e maneiras de se contar uma história. Ora, no caso em apreço, há toda uma história contada tibiamente, que dá voltas sobre si mesma sem sair do sítio, incapaz de despertar qualquer interesse, a emoção no grau zero.
Das páginas iniciais, retém o leitor breves traços das duas personagens, ficando na expectativa de que o livro as vá alimentando, até se oferecerem por inteiro no seu enviesamento doentio ou na sua sordidez. Mas o que sobressai é uma narrativa que cedo se revela pouco prometedora, falha de ideias, repetitiva e maçadora, pródiga em tiradas cuja moralidade cresce em bicos de pés para logo se reduzir à sua pequenez. Preponderante, a sensação de vazio avoluma-se com o final da história, uma patine cor-de-rosa de mau gosto a invadir pessoas e lugares, distorcendo e deformando até aos limites do suportável.
Por aquilo que é enquanto escritor de canções e pelo lugar que a sua música ocupa no nosso imaginário colectivo, Sérgio Godinho é merecedor do meu mais profundo respeito. Mas porque vibro, ainda e sempre, com os seus temas maiores, também sinto que não devo “fechar os olhos” a “Estocolmo”, ainda que a minha opinião seja profundamente negativa. Tentasse o autor uma abordagem pura e dura aos contornos psicológicos de cada uma das personagens e, ainda que incoerente ou repleto de lacunas, desculpar-se-ia o “atrevimento”. Fosse mais “íntimo” deste casal improvável e assumisse, do princípio ao fim, o erotismo apenas sugerido e talvez tudo fosse bem diferente. Agora este “nem sim nem sopas”, sensaborão e enfadonho, é que não.