Iluminada pela poesia de Cecilia Meireles, a obra em prosa romanceia acontecimentos historicos do final da decada de 1780. O poema (na verdade formado por varios poemas que tambem podem ser lidos isoladamente) recria os dias repletos de angustias e esperancas da epoca, em que um grupo de intelectuais mineiros no fim do seculo XVIII sonhou se libertar do dominio colonial portugues e do desastre que se abateu sobre as suas vidas e a de seus familiares.Em Romanceiro da Inconfidencia, Cecilia associa a verdade historica com tradicoes e lendas. Utilizando a tecnica iberica dos romances populares, atenta para os autos do processo, as cartas, aos testamentos, a pintura, as modinhas, as estatuas de profetas de Aleijadinho. A poeta recria com intensa beleza o cotidiano, os conflitos e os anseios daquele grupo de sonhadores.
Cecília Benevides de Carvalho Meireles was a Brazilian writer and educator, known principally as a poet. She is a canonical name of Brazilian Modernism, one of the great female poets in the Portuguese language, and is widely considered the best poetess from Brazil, though she rightly combatted the word "poetess" because of gender discrimination.
She traveled in the Americas in the 1940s, visiting the United States, Mexico, Argentina, Uruguay and Chile. In the summer of 1940 she gave lectures at the University of Texas, Austin. She wrote two poems about her time in the capital of Texas, and a long (800 lines) very socially-aware poem "USA 1940", which was published posthumously. As a journalist her columns (crônicas, or chronicles) focused most often on education, but also on her trips abroad in the western hemisphere, Portugal, other parts of Europe, Israel, and India (where she received an honorary doctorate).
As a poet, her style was mostly neo-symbolist and her themes included ephemeral time and the contemplative life. Even though she was not concerned with local color, native vernacular, or experiments in (popular) syntax, she is considered one of the most important poets of the second phase of the Brazilian Modernism, known for nationalistic vanguardism.
Li quando criança em sucessivas visitas à biblioteca da escola e anos mais tarde reli a obra em Ouro Preto mesmo, caminhando pelas ruas com o livro na mão. Experiência literária e espacial. Cecília é dona de um lirismo poderoso e acrescenta alma ao relato histórico do movimento mineiro, cujo desenlace é descrito de início como envolto em "um atroz labirinto". Os romances são carregados de uma atmosfera de intriga (o papel da noite é importante: as palavras ditas e os acordos dos inconfidentes são tensos, furtivos, à luz de velas) e alimentados por um outro tanto de mistério com relação à algumas figuras importantes da trama que tiveram destino incerto (a própria traição da qual Tiradentes foi vítima é nebulosa). O recurso ao gênero literário medieval permite conferir corpo às personagens, no modo como são introduzidas e como afetam o curso dos acontecimentos, como se evadem, como vêem a parecer suspeitas, etc Não é exagero dizer que a trama tem uma nota de policial, apesar do cenário do barroco :)
Honestamente não estava esperando um livro tão bonito e tão viciante! É um dos livros indicados para leitura da FUVEST 2020 e é o último da minha lista, pois eu jurava que ia ser bem sem graça... Poemas sobre a Inconfidência Mineira? Oitenta e cinco poemas? Ah, tinha tudo pra dar errado!
Cecília conseguiu retratar diversas situações de um modo tão lindo, o que te faz sentir em 1789, vivenciando todas aquelas injustiças... Incrível, merece com certeza seu lugar nos livros indicados pela Fundação de Vestibulares da USP.
Eu adorei que tem uma parte do livro chamada “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, que consiste na Cecilia Meireles explicando como foi a criação da obra. Achei mais interessante do que o livro em si, pois adoro aprender sobre a escrita de grandes escritoras e o que elas acham sobre isso. A forma como se deu todo o processo de criação do livro é, para dizer o mínimo, genial. A mistura de registro histórico e trabalho artístico me agrada bastante e ter a própria autora explicando como funcionou foi enriquecedor. Foi um ótimo primeiro contato com a poeta (para além de um pequeno livro de poesia voltado para crianças que li tempos atrás - Ou isto ou aquilo) e pretendo revisitá-la futuramente. Dei três estrelas porque, no geral, achei a obra um pouco cansativa, talvez eu não esteja acostumada com o formato do Romanceiro, mas reconheço a qualidade da escrita que achei de fácil compreensão sem perder toda a estética poética.
sensacional! ela narra várias perspectivas da inconfidência mineira por meio de poesia, trabalho maravilhoso
destaquei alguns dos que mais gostei: chica da silva, lamentações no tejuco, riso dos tropeiros, mais tropeiros, pilatas, maio de 1789, fala aos pusilânimes, jogo de cartas, sentenças, palavras aéreas, reflexão dos justos, rainha prisioneira, um tal alvarenga, morte de maria ifigênia.
cecilia, mulher, cada poema bom viu amiga, gostei. falta o posfácio, mas enfim; muita palavra difícil e precisa de contexto pra entender, mas muito bom dps que a gente entende.
eu achei que fosse odiar por causa da tematica e por ser escrito em forma de poemas epico-liricos, mas eu adorei? é um livro bem classico vestibular, com varios detalhes de historia, nao sei se leria se nao fosse pra #fuvest
Choramos esse mistério, esse esquema sobre-humano, a força, o jogo, o acidente da indizível conjunção que ordena vidas e mundos em polos inexoráveis de ruína e de exaltação.
E os seus tristes inventores já são réus – pois se atreveram a falar em Liberdade (que ninguém sabe o que seja).
De que alma é que vai ser feita essa humanidade nova?
Onde estão seus vastos sonhos, ó cidade abandonada? De onde vinham? Para onde iam? Por onde foi que passaram?
... Eles eram muitos cavalos. E jazem por aí, caídos, misturados às bravas serras, misturados ao quartzo e ao xisto, à frescura aquosa das lapas, ao verdor do trevo florido. E nunca pensaram na morte. E nunca souberam de exílios. Eles eram muitos cavalos, cumprindo seu duro serviço.
A cinza de seus cavaleiros neles aprendeu tempo e ritmo, e a subir aos picos do mundo... e a rolar pelos precipícios...
amamos uma diva xingando burgueses!! cecília meireles é eterna!
"ó soberbos titulares, tão desdenhosos e altivos! por fictícia austeridade, vãs razões, falsos motivos, inutilmente matastes: - vossos mortos são mais vivos; e, sobre vós, de longe, abrem grandes olhos pensativos" "quais os que tombam, em crimes exaustos, quais os que sobem, purificados?"
É tão triste ler o romanceiro da inconfidência sabendo que tudo isso aconteceu, sabendo que a história do Brasil foi luta, sangue, massacre e repressão durante anos e anos. Quantos Tiradentes já morreram e seus nomes foram apagados da história? Que morreram simplesmente por serem os mais pobres. O jeito é estudar para não cometer os mesmos erros do passado, ou votar em militares negacionistas de merda, que fariam a mesma coisa que a rainha louca se tivessem mais poder.
Nascido de uma viagem de Cecília Meireles a Ouro Preto em 1947, o Romanceiro é daqueles livros que imediatamente te transportam para seu cenário durante a leitura. E quem andou recentemente pelas ruas de pedra das cidades do interior de Minas vai logo reconhecer o ambiente nas palavras da narradora.
Mas muito além do ambiente, o Romanceiro reconstrói e nos apresenta subjetividades. Primeiro, os sentimentos de uma época: a ascensão do ciclo do ouro nas Minas Gerais, a ganância e as ideias de liberdade que circulavam com origem nas Revoluções dos EUA e da França. Depois, a revolta e a ambição que levam à delação dos inconfidentes. Em seguida, as tragédias da morte e do degredo. E, por fim, um ceticismo, uma descrença em qualquer grande mudança.
É maniqueísta, ninguém nega. Contrapõe a todo tempo luzes e sombras, humildade e ganância, Tiradentes e Joaquim Silvério, esperança e loucura. Mas, e quem tem menos familiaridade com a forma que perdoe, não é nada muito mais forte do que se esperaria de um romanceiro.
Um livro incrível, que mexe com a gente do início ao fim, que resgata a história sem deixar de lado a subjetividade da poeta. Uma leitura absolutamente necessária para quem se interessa pela literatura brasileira.
Os versos de Meireles são simples em formato, resultado de seus experimentos com variados estilos, mas não podem ser de forma alguma considerados simplistas. Eles têm uma beleza de emoções, próprios para serem recitados e não apenas lidos.
Os personagens históricos são moldados para assumirem determinados fios narrativos, Xica da Silva, por exemplo, apresenta tanto o papel de movimentadora social como o de incitadora, em alguns momentos, quase a dialogar com o leitor.
Não é meu livro favorito por endeusar personagens envolvidos em uma revolta emancipacionista com motivos justos, porém se recusavam a admitir o racismo existente ao utilizar Tiradentes como representação de Jesus, mesmo sabendo que Tiradentes chegou a ter escravos. Apesar disso o livro retrata bem a realidade vivida no século XVIII, trazendo paisagens, caminho do ouro e personagens pertinentes para tal inconfidência.
Had to read this for school. Technically, I didn't read the whole thing but I read everything we had to read, so I'm counting it as read. It wasn't the worst, but I understood close to nothing. However, the writing was incredible.
Eu precisei ler para a escola, mas eu achei o livro muito bonito. Como é poema, a leitura é meio complicada em alguns pontos, mas dá pra entender tranquilo. Mas realmente tem versos muito bonitos e os romances são muito bem estruturados
O ciclo do ouro em versos. Ambições, traições, histórias do cotidiano e dissecação de heróis e vilões. Além das belas descrições paisagísticas. Variedade na estrutura poética e leitura rápida.
"Onde corre a fonte do ouro apodrece a flor da lei!"
Quando leio um livro, vejo um quadro, ou um filme, ou que seja, às vezes me ponho a pensar: será que se eu dedicasse um bom tempo e toda minha criatividade numa empreitada artística eu também conseguiria fazer algo parecido? Considerando que, fora algumas brincadeiras musicais, não sou artista, e nem me vejo como uma pessoa muito criativa. Mas no fundo, assim como o autor da obra, sou humano, certo?
Romanceiro da Inconfidência é um desses livros em que eu penso que nem se eu dedicasse minha vida inteira eu conseguiria fazer algo parecido. Acho que é um dos meus livros de poesia favoritos pelo fato de unir poesia muito linda, que é leve, delicada, mas deliciosa de se ler, reler, declamar e cantar, com a narrativa histórica da inconfidência, que eu sendo alguém que adora história, apreciei demais. É seguro dizer que Cecília, que além de poeta era professora, nos dá várias aulas com esse livro.
Claro que com relação a esse aspecto histórico, talvez haja certa liberdade poética para exageros ou efeitos. A poesia de Cecília é muito emotiva e sensível, ela escreve de uma maneira que se percebe que ela tinha uma admiração enorme pelos inconfidentes, e um desprezo pelos seus opressores. A história no livro se dá mais pela história desses personagens, apesar de alguns poemas também se preocuparem bem com descrever o cenário e vida nas Minas coloniais. No meio do fogo cruzado, a rainha Maria I, que acaba aparecendo como uma espécie de santa. Pra alguém que desconhecesse por completo a história, acho que isso seria muito curioso. Certamente é questionável, mas é uma leitura da história que Cecília fez, e que afinal das contas a história não é preta e branca.
Assim como eu, Cecília não era mineira, mas seu amor pelas Minas e pela história delas se expressou muito bem neste Romanceiro. Bom, eu me contento expressando meu amor por Minas viajando lá sempre que posso e comendo pão de queijo. Mas quem sabe na próxima encarnação eu posso ser 10% do que Cecília Meireles foi.
"Nesse ponto descobrem-se as distâncias que separam o registro histórico de invenção poética: o primeiro fixa determinadas verdade que servem à explicação dos fatos; a segunda, porém, anima essas verdades de uma força emocional que não apenas comunica fatos, mas obriga o leitor a participar intensamente deles, arrastado no seu mecanismo de símbolos, com as mais inesperadas repercussões." -Trecho retirado da Conferência proferida na Casa dos Contos, por Cecília Meireles, em 20 de abril de 1955.
É exatamente isso que Cecília consegue fazer nesse obra. Nunca fui fã das aulas de história, que pareciam apenas uma grande decoreba de fatos e datas, mas em Romanceiro da Inconfidência, a poetisa nos envolve na história do nosso país com versos muito bonitos e tocantes, narrando, de maneira lírica, a descoberta do ouro, a escravidão, os personagens da Inconfidência Mineira e seus desdobramentos.
Li o Romanceiro por causa do vestibular da Fuvest, mas devo dizer que futuramente haverá releituras dessa preciosidade da literatura nacional.
livrasso. simplesmente Lindo. cecilia meirelles foi a primeira poeta que amei, com o seu “a bailarina” que ficou guardado na minha memoria desde os meus seis anos de idade. chegar aos (quase) dezenove lendo uma obra tao madura, tao complexa de uma autora que tanto gostava mas pouco de fato conhecia foi uma experiência muito bonita. o romance é espetacular, e de novo suscita aquele sentimento nacionalista do melhor tipo. acho que é esse o algoritmo comum da fuvest, afinal. enfim, muito bom pra quem ama historia, quem sente esse arrepio de maluco de pensar nos cenários de hoje como palco pra momentos históricos tao essenciais. já quero ir pra minas, tipo.. logo. urgentemente.
favoritos: romance XXI, XXX, LIII, LX, LXXIV, Cenário (o ultimo) e LXXXI. 🌟
“…entre sigilo e espionagem, acontece a Inconfidência. E diz o Vigário ao Poeta: ‘Escreva-me aquela letra do versinho de Vergílio…’ E dá-lhe o papel e a pena. E diz o Poeta ao Vigário, com dramática prudência: ‘Tenha meus dedos cortados, antes que tal verso escrevam.’ LIBERDADE AINDA QUE TARDE ouve-se em redor da mesa. E a bandeira já está viva, e sobe, na noite imensa. E os seus tristes inventores já são réus - pois se atreveram a falar em Liberdade (que ninguém sabe o que seja). ...”
Uma narrativa poética magistral. Poderia facilmente equiparar-se a um poema épico, tamanha sua profundidade, como o retrato que a poeta / narradora nos faz dos muitos personagens de um dos mais marcantes momentos de nossa história. Eu acho que deveria ser leitura obrigatória em nossas escolas, talvez de forma transdisciplinar, pois certamente ajudaria nossos estudantes a terem uma visão mais profunda do momento nele representado. Afinal, essa é uma das funções da literatura, nos permitir uma diferente visão do mundo. Amei este livro.
Eu não acredito que eu demorei tantos anos para ler esse livro.
Em um ano em que tem sido tão desafiador manter uma rotina de leitura, esse livro é definitivamente um lembrete do quão fantástico pode ser a leitura de uma obra incrível. O trabalho de pesquisa presente na obra é de um detalhamento único; em várias passagens, eu me senti transportada para Ouro Preto. Esse episódio - assim como os protagonistas, os espaços e as ramificações - da história brasileira merecia ser registrado de uma maneira tão grandiosa, e Cecília Meireles o fez brilhantemente.
Queria poder deixar uma impressão do que é esse livro, mas ele sugou minhas palavras. A Inconfidência mineira, a ignorância teimosa da era tecnológica. Tantos paralelos!
Eles eram muitos cavalos... finalmente encontrei de onde saiu o título do famoso romance fragmentado de Luis Ruffato. Dos cavalos da Inconfidência é, sem dúvida, um dos pontos mais altos dessa produção. Ao mesmo tempo, é difícil falar em ápice no caso de uma obra que se sustenta ela toda em instantes de catarse.
Ainda penso muito que Cecília Meireles escreveu este livro séculos depois da inconfidência mineira. O trabalho pesquisando para fazer uma obra tão fiel e tão tocante é extraordinário. Ela nos faz entrar no cenário de Minas Gerais durante o ciclo do ouro. Suas reflexões acerca da mentalidade e das ações das pessoas da época se juntam a uma narrativa sólida e emocionante sobre tudo o que aconteceu. O início é mais coeso do que o final, mas, ainda é um dos livros mais geniais de já li.
Leitura indispensável para todos que gostam de poesia, mas especialmente para quem é mineiro e já teve a oportunidade de conhecer Ouro Preto! Ler este livro é como viajar no tempo e sentir-se lado a lado com as pessoas que viveram por lá há dois séculos atrás. Um convite também para refletir sobre a própria essência do tempo e da vida humana, sobre o que de fato importa e sobre as memórias que ficam com aqueles que seguem vivendo depois que nós morrermos.
Eu acho que esperava mais do que o livro me entregou. Eu pensei que a genialidade de Cecília Meireles me entregaria uma nova visão da Inconfidência Mineira, para além da dor e do ouro. Mas foi um livro inteiro de coisas que eu já sabia, sobre o Reinado, a família real e a mineração brasileira. Em sinceras palavras, diria que foi chato, mas isso pode ser só minha opinião.