Jeder Schritt vor die Tür ein Spießrutenlauf, jede Begegnung mit der Polizei eine Schikane, jeder Blickkontakt ein Todesrisiko: Die Favelas von Rio de Janeiro sind harte Orte. Hier herrschen Armut und Brutalität. Hier leben die Ohnmächtigen und Verdammten. Und hier leben junge Menschen – sind sie Täter? Opfer? –, die mit all dem klarkommen müssen und sich ihre alltägliche Fragen stellen: Die Schusswaffen des Vaters mal ausprobieren? Wie kriegt man eine Frau rum? Wie wird man eine Leiche los? Wie rettet man eine Hexe? Wohin mit den Drogen, wenn eine Sondereinheit das Haus stürmt?
Kindheit und Jugend im Zeichen von Gewalt und Diskriminierung – in dreizehn dichten, autobiographisch grundierten Geschichten von heikler Schönheit erschließt uns Geovani Martins das Leben in den Favelas. Und eine irritierende Welt, von der wir bislang kaum etwas wussten.
Born in 1991, in Bangu, in Rio de Janeiro. He worked as a “plate man”, a cafeteria attendant, a waiter at a children's buffet and at a beach tent. In 2013 and 2015, he participated in the workshops of the Literary Festival of the Peripheries (“Flup”). He published some of his short stories in Setor X magazine and was invited twice to Flip's parallel programming.
Eu tô dando 5 estrelas pra tudo hoje, porque TÃO MERECENDO.
Esse é mais um livro que foi além do que eu esperava. 13 contos curtinhos e bem variados já me fizeram achar que o Geovani é um dos melhores autores nacionais da atualidade. Em nenhum momento eu li uma frase desse livro e pensei "nossa, ninguém fala assim". O cara sabe descrever a realidade como poucas vezes eu leio. Cada história que eu começava a ler, era um super mergulho. Em vários momentos eu queria ler um livro inteiro sobre aquela temática específica. Ele arrasou demais MESMO.
Pra todo mundo esse livro vai ser foda, mas pra galera do Rio, como faço parte, vai ter uma dimensão extra imperdível <3.
29-year-old Geovani Martins is already a literary sensation in Brazil, celebrated for his "New Realism", and "The Sun on My Head" was a major hit in his home country. The short story collection consists of 13 gripping, atmospheric tales about everyday occurrences in a favela - and Martins knows what he's talking about: He himself grew up in the favelas of Rio de Janeiro and only went to school for four years before starting to work menial jobs. In his stories, he shows people trying to make a life for themselves, to belong, to deal with their surroundings - the themes are highly relatable, but the events are set in a very specific environment. There is no kitsch, the question of dignity arises from what happens to the characters, what they experience, which is a very engaging approach.
We meet killers, dealers, gangs, a healer, a graffiti artist, corrupt policemen, children, there are tons of guns and drugs, there is poverty and fear, and there is an indistinct threat looming over everybody, stemming from the knowledge that there is no reliable enforcement of any rules in the favela. Rio is shown as a city at war with itself, its society deeply divided between rich and poor ("It's all too close and too far. And the more we grow, the taller the walls become."). The whole atmosphere Martins evokes - the heat, the haze, the tension - reminded me of the movie "City of God" that also depicts the cycle of poverty and violence, a dynamic that is the actual ruler of the favelas.
Martins' language is very distinct: Unsentimental and straightforward, and apparently, the original Portuguese is strongly influenced by slang, which is of course fitting. This book is fascinating and disturbing, and I highly recommend it to anyone interested in Brazil or more generally in societies that lose cohesion. I once traveled to Brazil for work, and one evening, my colleagues there started to tell me some shocking stories, closing with "you Europeans have no idea what average people here have to deal with". I'm sure they were right, and we certainly should know, or at least try to know more. Martins book is a an excellent starting point.
Geovani Martins nasceu em Bangu, uma favela da zona oeste do Rio de Janeiro e aos 13 anos mudou-se para a favela do Vidigal, na zona sul da cidade. Passou a infância e adolescência entre as duas favelas e as diferenças que encontrou entre essas duas realidades - jeito de falar, de brincar na rua, as regras no futebol, os dribles de corpo, as pipas, a música, o ritmo das pessoas, o volume dos gritos - serviram de inspiração este livro de estreia. Segundo o autor, foi o desespero que o motivou a escrever. Tinha 24 anos, estava desempregado, sem profissão e obrigado a mudar-se da casa onde vivia.
É uma boa estreia mas não me parece que seja “o novo fenómeno literário brasileiro” nem tão pouco que o livro seja “uma obra-prima”. A mega campanha de marketing feita por altura do lançamento só a consigo compreender por ele ser negro, favelado e escritor, ou não fosse a área da literatura aquela que ainda não tinha um “herói” vindo de uma classe desfavorecida.
São 13 contos curtinhos que falam da vida nos morros cariocas, da violência, da guerra de facções, das milícias, do vício e tráfico de drogas e da morte. São 13 contos que me fazem ter saudades de uma cidade maravilhosa não favelizada, onde estas histórias eram a excepção e não a regra.
Há um ou outro conto bom, os restantes são medianos e há três que considero fraquinhos. O que Geovani tem de melhor é o domínio da linguagem, das diferentes oralidades, tanto nos apresenta um conto com o linguajar da favela - com a sua gíria, ausência de regras etc – como logo em seguida outro com um português clean e respeitando as regras. As personagens são bastante realistas mas as histórias são um bocado herméticas, sem espaço para diferentes interpretações.
Rolezim - ★★★★ Espiral – ★★★★ Roleta-russa – ★★ O caso da borboleta – ★ A história do periquito e do macaco – ★★★ Primeiro dia – ★★ O rabisco – ★ A viagem – ★★ Estação Padre Miguel - ★★★★ O cego – ★ O mistério da vila – ★★★ Sextou – ★★★★ Travessia – ★★★★
El sol en la cabeza (Alfaguara, 2019) es la primera publicación de Martins, un libro de relatos compuesto por trece cuentos cortos que toman la realidad de las favelas no como mero telón de fondo sino, como única forma de vida.
Este libro nos intuye la devastadora desigualdad que asola la sociedad brasileña y nos habla de la vida callejera en un tono que es tierno por dentro y duro por fuera.
Creo que Martins vacila y pierde fuelle en determinados puntos, que el desenlace de alguno de sus cuentos es precipitado y su lenguaje no me llega a convencer.
Un libro recomendable si tenéis interés en conocer el pillaje y las drogas que se mueven por las favelas de Río de Janeiro, pero no es nada del otro mundo en mi opinión.
Dizer que a obra é uma revolução ou chamar o autor de fenômeno é um grande exagero, além de mostrar que desconhece nomes com Ferréz, por exemplo, que já fazia uma literatura de realismo social (ou qualquer outro nome que queiram dar) bem antes. Ainda assim, desconsiderando o peso exagerado que ser chamado de fenômeno carrega, a obra é boa. Alguns dos contos são bem interessantes, mas a obra perde pontos em outros que não levam a lugar algum e apenas parecem querer confirmar um estilo literário que, por vezes, soa forçado. Ao fim e ao cabo, tem seu valor.
A compilation of short stories, Geovani Martins is being heralded as the new voice of Brazilian literature. To his credit, Martins has provided authentic reflections of Rio de Janeiro's Caricocas Hills favela, where soccer, drugs, guns, poverty, sex, and corruption seem to dominate life. The short story format may be well suited for his voice, as the stories did not drag or become tedious. However, for the same reason, it was hard to become engaged because each story had different people. Moreover, many felt shallow or inconsequential and most had ambiguous endings, with not enough plot or character development to get readers thinking about the final outcomes. I expect that Martins will further develop his style, perhaps focusing on common themes in his stories or more complex plots if he moves onto novels.
“Sol na cabeça” enquadra-se numa categoria muito atual de textos que emergem do hiper-realismo, uma revival desta corrente artística muito em voga nos anos 60 e 70 do séc.XX.
Podemos esperar um retrato da vida nos morros do Rio tal qual ela é. Não são pinceladas de circunstância ou endeusamentos. São olhares breves, ritmados, para dentro de casas, pátios, carros, deixando quadros no ar já que, tal como na vida real, nada tem um início e um fim perfeitamente delimitados.
Um grande ponto positivo que encontrei foi a capacidade de o autor utilizar o vernáculo carioca, a gíria da favela, o calão atual, da mesma forma com que se usa a norma culta da língua. Ambas têm e devem ter o mesmo espaço na escrita.
Não senti, contudo, humanização das personagens. Comparei até a um desenho animado transformado em “live action” já que no hiper-realismo se perde a expressão, a emoção.
Tratando-se de um jovem autor, espero que algumas arestas sejam limadas e passe do exercício criativo para a Literatura. São, contudo, quadros imperdíveis de uma realidade tantas vezes tratada pela arte de forma ficcionada e que aqui recuperam a sua dimensão rica em experiência e tremendamente vívida.
Geovani Martins traz para os livros a linguagem, que tão bem conhece, dos morros e favelas cariocas, mostrando uma língua que se transforma para refletir a dura realidade dos seus moradores. Este Sol na Cabeça é uma coletânea de contos onde cabem crianças e adolescentes brincando, amizades à prova de bala, meninos que ficaram viciados, traficantes que se converteram em assassinos. O medo está sempre à espreita. Vale a pena estarmos na pele de quem nasce e vive toda a vida nesse lado obscuro onde qualquer "vacilação" pode ser fatal.
Esse livro do Geovani Martins é pequeno no tamanho e gigante na essência e no conteúdo. Nos inúmeros contos presentes no livro, ele conduz o leitor pela vida de múltiplos personagens - em sua imensa maioria jovens de comunidades cariocas - com intensidade e delicadeza. É dono de uma prosa rica, transita por várias formas de narrar a história.
Cada um dos contos que compõem o livro é incrível, e fica difícil escolher um favorito. Ele consegue prender o leitor numa atmosfera de tensão, curiosidade e angústia, tudo na medida certa, como só um grande escritor consegue fazer. E faz tudo isso lidando com temas de enorme importância. Fala de violência policial, racismo, abandono, falta de perspectiva, diferenças religiosas...
Enfim... Um grande livro que eu gostaria que estivesse na lista de todas as pessoas que eu amo. Merece a leitura.
Um amplo retrato da vida nas favelas é o mote principal desse livro de contos e de estreia de Giovanni Martins; com narrativas sempre carregadas de tensão, o escritor narra o cotidiano de quem ali mora, abordando desde o enfrentamento para com os policiais, até os diversos preconceitos vivenciados, passando por histórias de crianças, adolescentes, jovens e idosos, sob a mira da violência e da sobrevivência.
Embora seja de fato muito importante vozes como a de Giovanni, a mim, os contos foram bem apáticos, alguns até mesmo sem sentido, não gostei em totalidade. O ponto positivo é que em Via ápia, recente romance do escritor, ocorre o inverso, ali o escritor é brilhante, enquanto aqui está mais opaco; ao final, uma leitura razoável. Espero ler novos romances do escritor.
The author wouldn't have made friends with the Brazilian tourist board. His 13 short stories of life in a favela paints Rio as a dangerous place full of drugs, violence and boys wanting to be like men and prepared to act viciously to get or protect. Some of the stories must have been a translator's nightmare as they are full of local lingo, expressions and meanings as they describe a drug binge, life on the streets or chasing the next hit be that by drugs or in a fight.
Uma leitura fora da minha zona de conforto que me agradou bastante. São treze contos curtos, sendo que o que os une, mais do que uma temática, é a ambientação. Gostei muito disso porque, apesar de ter sim a presença constante de elementos como a violência, o tráfico e o uso de drogas, esse tipo de aspecto da vida periférica não é ponto central de vários dos contos. É um livro bem honesto, também, mas a origem do autor não tira nada de seu mérito porque são personagens muito diversos, mas todos igualmente verossímeis. Essa verosimilhança é sim reflexo de uma vivência, mas acima de tudo da capacidade de absorver essas vivências de um jeito tão legal. Vale o destaque pro uso de registros bem diversos ao longo dos contos, com uma mistura interessante de formal e informal em alguns deles. Recomendo muito! Uma leitura bem rápida, mas bem profunda.
Giovani Martins' quick, incisive portraits of inhabitants of Rio de Janero's famed favelas ring true as he lived that life. Some are written in first-person patois, some, third person, and what they hold in common is the dream of making a life possibly through football, the national obsession, but reality is getting by through drugs which are as prevalent as the sun that beats relentless down, burning away hope. Escaping is only for the few, and here's hoping Martins is one so that more can come from him.
Um escritor que esgrima uma língua desconhecida de muitos, e impressiona seja pelo que conta, seja pela forma utilizada. Sugiro ler depois, ou antes, o Ronaldo Correia de Brito; assim você lerá outro e o mesmo Brasil de tantos, em diversos momentos, de outras eras , todos habitantes do nosso ser, lá das profundezas. Ambos intraduzíveis em outros idiomas.
Entendo a importância da presença de autores e livros como esse e por isso quis prestigiar. No entanto, pessoalmente não achei muita coisa de original no livro, nem nada diferente a ser dito, em forma ou conteúdo.
never read anything of this style before (fiction, short stories) but v enjoyable. it creates an image of brazilian society that is often quite tragic, but he does a really good job of embodying the mind and social burdens of each leading character
These stories were rooted in Place. Martins did a brilliant job with characters, circumstances, and experiences; in such a short collection, the reader was easily pulled into the world of the hills and favelas.
These stories are short, punchy, raw; wrapped and written richly in the slang that permeates Martins' Brazil, the people and experiences he so vividly depicts come alive authentically.
Each story gives the reader an intimate portrait of the boys and young men of the favelas: their actions, play, thoughts, feelings, friendships, hustle, grind, family dynamics, drug exposure and use. They tell of the rung they occupy in the socio-economic landscape; how they are viewed by certain members of society because of where they reside; how those perceptions can lead to them leaning into the stereotype, seeing how far they can instill terror, if only to feel the thrill or the illusion of power it may grant them; just so they can regain control of their narrative in some way.
Martins populates each story with living, breathing, familiar characters that I can definitely draw some relation to the community in which I grew up: the labels that were placed on certain young men who did not conform to a mold that was dictated by an uneven society; being targeted, harassed, and exploited by corrupt police; turning to peddling and indulging in drug use as a means of lashing out against the restrictions being placed on them.
But there is also hope, strength, love, determination, talent and perseverance within these pages, and to see the characters being so aware of the plane that they exist in and inhabit, and how the system is stacked against them, yet still they push on, was such a joy to read.
I enjoyed every story contained within this collection, but my favourite by far was 'The Mystery of the Vila'. In this story, a group of children filled with the adventure and curiosity that all kids are, test the limits of their bravery in approaching the home of Dona Iara, a practitioner of macumba. It is revealed that Dona Iara has used her 'witchery' to help and heal each of the three friends, even as the adults in their lives decry macumba, and espouse God. I loved this story because it gave me a glimpse into the effects of a syncretic religion and its decline in a space where it once was revered, as well as brought back childhood memories of being drawn to mysterious atmospheres.
The collection is short and will keep you interested and engrossed from cover to cover.
Rolézim (★★★) Espiral (★★★) Roleta-russa (★★★★) O caso da borboleta (★★★★★) A história do Periquito e do Macaco (★★) Primeiro dia (★★★★) O rabisco (★★★★) A viagem (★★★) Estação Padre Miguel (★★★) O cego (★) O mistério da vila (★★★★★) Sextou (★★★★) Travessia (★★) - Todos os personagens de O Sol na Cabeça estão se movendo, fisicamente ou não. Pegando um ônibus, correndo, caminhando, curtindo a viagem de alguma droga ou viajando de uma experiência de vida para outra toda nova. Essa força motora que irrompe ou desaba sobre estes meninos e homens de maneira implacável é talvez a chave mais interessante para compreender a estreia de Geovani Martins. Tratar estes contos como um grande retrato dos jovens periféricos brasileiros que pela primeira vez ganharam voz através de um igual é fácil demais, mesmo que não seja uma inverdade (Ferréz estava por aí há muito mais tempo, mas os registros me parecem diversos). A estratégia de marketing da Companhia das Letras pensou bastante nisso, vender para a classe média branca e esclarecida um novo Guimarães Rosa ou João Antônio (ignoremos a percepção da crítica de que os citados se resumiam em seu gosto por neologismos e regionalismos), um autor que traz em si a linguagem "das ruas" e oferece aos privilegiados uma chance de se aventurarem pelo escuro e dramático da "realidade". É algo que pode e deve acontecer de fato, mas o texto de Martins pouco tem desse fetiche pelo desvalido, dessa cosmética da fome que alguns parecem ávidos por reencontrar. Não que esse sentimento inexista, mas O Sol na Cabeça é infinitamente mais potente quando olha para essas pessoas não por onde estão mas por quem são, e aí sim, compreendendo por completo suas pulsões, observa qual trajeto preferirão seguir (com isso considerado, Borboleta, Rabisco, Primeiro Dia e Mistério da Vila são os momentos mais interessantes). Geralmente, um livro que carrega, ou tem atrelado a si, um componente de reflexão social tão intensa parece se ver imiscuído de qualquer análise estética mais profunda, mas felizmente Martins não parece querer ser apenas o porta-voz de uma parcela sofrida, ele quer também ser um ótimo escritor, e essa estreia aponta para um caminho promissor nesse sentido mas não, ele não é o salvador da literatura brasileira e tanto melhor que se pense assim.
3.5 Tem umas resenhas boas por aqui no Goodreads, não tenho muito a acrescentar.
Acho que minha opinião se resume a: curti muito os contos em que o Geovani usa a interação entre os personagens pra desenvolver uma história e em volta disso explora o contexto social, e bem menos os contos que colocam o personagem pra tabelar direto com o contexto social. Até por ser do RJ e ter vivido uns bons 25 anos nesse contexto explorado, o que tira o aspecto do exótico para mim. Mas pra quem é de fora, é uma boa fonte pra saber como as coisas funcionam, essa relação bem cinza entre asfalto e favela; polícia, milícia e traficante. E como as pessoas mais pobres, principalmente moradores das comunidades, acabam se ferrando aí no meio.
O mais foda, sem nenhuma dúvida, é "O mistério da vila", que trata de pseudolimites entre religiões na cabeça das pessoas. Vale o livro.
"Sextou" também segura a qualidade junto com "O rabisco". São 3 que se dariam bem no audiovisual.
Os dois primeiros, "Rolézim" e "Espiral", também fazem um bom cartão de visita, e já deixam na expectativa pra saber o que Geovani, que já estreia best-seller e publicado internacionalmente, vai entregar em uma próxima publicação.
Este livrinho de Geovani Martins mostra como é vida nas favelas, onde o próprio autor, é morador numa delas e descreve as vivências nesses “bairros” no Rio de Janeiro.
Para quem já viu o filme Cidade de Deus, então já tem uma idea como é vida das pessoas que vivem nessas zonas, onde violência e tráfico de droga são os principais sons sonoros. No entanto, nos dias atuais, não mudou muito o nível de segurança, onde a ameaças, o tráfico e pessoas inocentes que mais tarde tornaram-se suspeitas /delinquentes, marca o dia-a-dia da população local.
A escrita do autor é crua e dura, como se fosse um autêntico diário, mostrando acontecimentos e mentalidades das pessoas que vivem nesse meio.
Achei bom livro, no entanto como já tenha visto alguns documentários e filmes de histórias reais sobre as flavelas ou o Rio de Janeiro, talvez esta obra não foi tão marcante ao ponto ter um impacto.
Com a proposta de trazer ao leitor 13 contos sobre a infância e adolescência nas favelas cariocas, o livro de estreia de Geovani Martins, nascido em Bangu e criado no Vidigal, vem sendo vendido como um novo fenômeno literário. Quando comecei a ler o livro, já estava ciente do hype que a mídia vinha criando sobre ele, até por trazer uma temática de representatividade muito relevante no momento atual. Então, como alguns hypes costumam decepcionar, fui sem muitas expectativas... Logo no começo, o leitor já se depara com uma escrita original, que foge daquele português padrão que estamos acostumados a encontrar. Geovani usa e abusa da oralidade, se valendo de gírias e palavrões, sem se preocupar com regras gramaticais padrão. E, na minha opinião, esse foi um dos pontos altos da obra, dando um ritmo inovador à leitura.
No entanto, as histórias em si não me cativaram. Apesar de abordar temas necessários, como a marginalização dos mais pobres, a violência nas favelas e a presença constante das drogas na vida desses jovens, encontrei ao longo da leitura contos superficiais e histórias meio batidas, que não conseguiram me prender. Lógico que como em qualquer coletânea, há aqueles contos que você gosta mais e outros que você gosta menos. No caso, embora não tenham chegado a me surpreender, os meus contos preferidos foram “Rolézim” e “Espiral”, uma vez que eles conseguem fazer uma incursão com o leitor no quotidiano das favelas – algo que eu esperava encontrar nos demais contos. Mas é possível perceber o grande potencial do autor e, por ser um livro de estreia, ainda tem muita coisa boa por vir! Sem falar do quanto precisamos desse tipo de literatura de representatividade em nosso país! Obrigado @companhiadasletras pelo envio do livro!
“É tudo muito próximo e muito distante. E, quanto mais crescemos, maiores se tornam os muros.” (Espiral)
conheci o geovani por causa de uma newsletter de trechos de literatura brasileira que ele mandava lá pra 2016, por aí? uns anos depois fiquei sabendo do livro e fiquei empolgada com o conceito, mas não a ponto de ler. hoje achei aleatoriamente e comprei no impulso assim. li em umas três horas. a escrita dele é muito envolvente, em todos os tipos de linguagem que ele resolve usar. os contos são independentes um do outro, mas parece que todo mundo tá geograficamente ligado então quando você termina parece que acabou de sair de um mundo muito particular. e as histórias são engraçadas, bonitas, tocantes. gostei de como os finais são meio incertos e imprevisíveis, dá uma ideia de que aquelas pessoas ainda vão continuar vivendo porque a vida é isso aí. enfim. tudo de bom.
Livro cultuado que infelizmente não superou as expectativas, mas que, ainda assim, merece 4 estrelas. Curtinho, de fácil leitura e com histórias instigantes, o que faltou foi um desenvolvimento narrativo maior. Grande parte dos contos termina em seu ponto alto, como é o caso no embate entre o homem de classe média com o moleque que o perseguia por brincadeira e raiva (um dos melhores contos da coleção). Essa característica dos contos pode até ser uma escolha autoral, de mostrar que a vida na favela é dura e sem final satisfatório, independente de feliz ou triste; mas mesmo assim, senti falta de um maior desenvolvimento. Recomendado para quem tem interesse em literatura nacional contemporânea.
alguns contos muito bons, mas outros vários que pecam na profundidade e em sair do senso comum estabelecido pelo próprio autor :( apesar disso, leria mais do geovani, é inegável que ele é um bom contador de histórias
A coletânea de contos “O sol na cabeça” traz em sua capa um selo chamando-a de “o novo fenômeno literário brasileiro vendido para nove países [o número varia conforme a edição]”. O comentário – que, no fundo é mais uma jogada de marketing do que qualquer outra coisa – joga sobre o livro e os ombros de seu autor, Geovani Martins, um penso que eles não merecem ter que carregar.
Conforme também diz a orelha do livro, Martins nasceu em Bangu, e é disso que ele fala: de meninos e rapazes que como ele nasceram em comunidades. São contos honestos e cheios de verdade que funcionam em boa parte das vezes. Os melhores momentos são quando os textos revelam o cotidiano de seus personagens de maneira quase casual. Há outros em que uma poesia forçada entre em cena, e atrapalha a escrita, a narrativa e os personagens.
Os protagonistas sempre são do sexo masculino em diversas faixas etárias de juventude. Martins explora especialmente os laços fortes de amizade que se formam diante do cenário que os obriga a fazer grupos para, mesmo que de maneira inconsciente, proteger um ao outro, e compartilhar as alegrias e medos. As personagens femininas, por sua vez, são poucas e bastante caricatas, superficiais mesmo, enquadradas em dois grupos: as santas (geralmente mães, avós) e o outro oposto do espectro, e essas sempre são as “minas” de alguém. Esse é o ponto mais fraco da coletânea que é incapaz de criar uma figura feminina mais densa. Chega perto em um conto, sobre uma macumbeira da vizinhança, e contado sob o ponto de vista de três crianças – possivelmente o melhor texto do livro.
A linguagem de “O sol na cabeça” elogiadíssima pelo cineasta João Moreira Salles na contracapa do livro, na verdade, não foge do esperado, com uma gíria aqui e acolá. O fato é que desde que o romance “Cidade de Deus”, de Paulo Lins, foi publicado em 1997, ficamos procurando uma literatura que traga “a linguagem da comunidade”. Ferrez também fez algo bem parecido especialmente com seu “Capão Pecado”, mas, novamente, é mais uma expectativa de quem lê do que obrigação do autor.
Talvez o maior valor dessa coleção de contos está especialmente em retratar a vida nas comunidades cariocas com a chegada das UPPs. É uma visão de dentro para fora, que vem alguns clichês esperados, e repleta de verdades. E, nesse sentido, “O sol na cabeça” é um livro mais importante do que bom.
não sei se teria ido atrás desse livro tão rápido se não fosse pelo marketing gigantesco que fizeram. Mas super valeu a pena. Não sou muito uma pessoa de contos e acho que na vida toda só havido gostado muito mesmo de dois livros de contos. Esse foi mais um deles. gostei muito de todos os contos e não queria parar de ler, apesar de ficar muito mal com algumas das histórias. resumindo: vale o hype