"Este livro contém mais que relatos de sequestros e desaparecimentos forçados de crianças e adolescentes, praticados por agentes da repressão aos movimentos de resistência à ditadura brasileira (1964-1985). Ele demonstra inequivocamente o terrorismo de Estado cometido no período. A ninguém é facultado fazer desaparecer pessoas, mudar suas identidades, deixar cadáveres insepultos. Mas quando isto é feito pelo próprio Estado, resta configurado um crime contra a humanidade, insuscetível de anistia ou prescrição. Entretanto, tais fatos jamais foram admitidos ou investigados. No dizer do próprio autor, praticou-se "o desaparecimento e o desaparecimento do desaparecimento", o que colocou as vítimas em um "cativeiro sem fim". Após concluir sua profunda e cuidadosa pesquisa, Eduardo Reina cuidou, antes mesmo da publicação deste livro, de levar os fatos criminosos que apurou ao conhecimento do Ministério Público Federal, pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Esta, por sua vez, transformou o depoimento de Eduardo em representação a cada um dos órgãos ministeriais com atribuição sobre as graves lesões cometidas. Estamos, portanto, diante de uma obra absolutamente meritória, escrita por um jornalista que acima de tudo é um cidadão a serviço da Memória, da Verdade e da Justiça. Para que não se esqueça, para que não se repita!
Eugênia Augusta Gonzaga Procuradora Regional da República Presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos"
Os registros oficiais sobre sequestro de crianças na ditadura militar brasileira guardavam apenas um nome: Lia Cecília da Silva Martins. Eduardo Reina investiga, documenta e analisa o caso de 19 vítimas desse crime e do cativeiro sem fim no qual elas se encontram.
A busca por informações do passado é uma constante nas narrativas apresentadas, tanto quanto os desafios frente aos efeitos dos traumas vivenciados com a história pessoal fraturada de cada uma delas.
O autor identifica e encontra seis das 19 crianças desaparecidas, as quais acabaram na sua maioria sendo adotadas irregularmente. Dos 19 casos revelados, 11 estão diretamente relacionados à guerrilha do Araguaia.
Como escreve Eduardo Reina, o sequestro de crianças na ditadura e a morte dos seus pais acaba por promover "o desaparecimento e o desaparecimento do desaparecimento". Face de nossa história com a qual ainda não nos havemos, à diferença das experiências dos demais países do cone sul, em particular a Argentina.
Iracema de Carvalho Araújo e Rosângela Serra Paraná, no rastro da divulgação de seus casos promovida pelo livro, concederam entrevistas a diferentes veículos da imprensa: