Em projeto exclusivo para a Editora Planeta Brasil, o primeiro livro escrito a quatro mãos por dois dos maiores autores da língua portuguesa: Mia Couto e José Eduardo Agualusa. Ao longo de muitos anos de amizade, o moçambicano Mia Couto e o angolano José Eduardo Agualusa, dois dos principais autores africanos de língua portuguesa, escreveram três peças a quatro mãos. Neste livro, nascido de conversas informais na histórica Paraty, essas três peças foram reunidas, depois de devidamente adaptadas pelos próprios autores para o formato de contos.
Em O terrorista elegante, um angolano é preso em Portugal por suspeita de participação em atos de terrorismo. O homem alega ser capaz de voar e conversa com um passarinho na prisão, que parece lhe dar as orientações necessárias para que cumpra sua missão. “Quero explicar a vocês por que estou aqui em Xigovia, neste lugar tão cheio de lembranças. E até me treme a voz quando, por fim, confesso a razão da minha presença: venho aqui para matar.” É assim que o protagonista de Chovem amores na rua do matador pretende finalmente fazer as pazes com seu passado: matando as três mulheres que chegou a amar. A noite da cidade está mergulhada em caos. Enquanto o conflito se desenrola nas ruas escuras, um estranho mascarado invade a casa de duas mulheres. Em A caixa preta, gerações da mesma família são obrigadas a, enfim, enfrentar seus segredos mais bem guardados.
Journalist and a biologist, his works in Portuguese have been published in more than 22 countries and have been widely translated. Couto was born António Emílio Leite Couto. He won the 2014 Neustadt International Prize for Literature and the 2013 Camões Prize for Literature, one of the most prestigious international awards honoring the work of Portuguese language writers (created in 1989 by Portugal and Brazil).
An international jury at the Zimbabwe International Book Fair called his first novel, Terra Sonâmbula (Sleepwalking Land), "one of the best 12 African books of the 20th century."
In April 2007, he became the first African author to win the prestigious Latin Union Award of Romanic Languages, which has been awarded annually in Italy since 1990.
Stylistically, his writing is heavily influenced by magical realism, a style popular in modern Latin American literature, and his use of language is inventive and reminiscent of Guimarães Rosa.
Português) Filho de portugueses que emigraram para Moçambique nos meados do século XX, Mia nasceu e foi escolarizado na Beira. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal Notícias da Beira e três anos depois, em 1971, mudou-se para a cidade capital de Lourenço Marques (agora Maputo). Iniciou os estudos universitários em medicina, mas abandonou esta área no princípio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista depois do 25 de Abril de 1974. Trabalhou na Tribuna até à destruição das suas instalações em Setembro de 1975, por colonos que se opunham à independência. Foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) e formou ligações de correspondentes entre as províncias moçambicanas durante o tempo da guerra de libertação. A seguir trabalhou como diretor da revista Tempo até 1981 e continuou a carreira no jornal Notícias até 1985. Em 1983 publicou o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho, que inclui poemas contra a propaganda marxista militante. Dois anos depois demitiu-se da posição de diretor para continuar os estudos universitários na área de biologia.
Além de ser considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbabué.
Na sua carreira, foi também acumulando distinções, como os prémios Vergílio Ferreira (1999, pelo conjunto da obra), Mário António/Fundação Gulbenkian (2001), União Latina de Literaturas Românicas (2007) ou Eduardo Lourenço (2012). Ganhou em 2013 o Prémio Camões, o mais importante prémio para autores de língua portuguesa.
As três novelas que constituem este livro têm por base peças de teatro escritas em conjunto pelos autores e encomendadas pelos grupos de teatro A Barraca, de Lisboa, e Trigo Limpo - Teatro ACERT, de Tondela. Porém, depois de conversas informais na bela e histórica cidade de Paraty, no Brasil, essas peças foram reescritas pelos autores sob a forma de contos.
CDU: 821.134.3(679)-34 821.134.3(673)-34
Livro recomendado PNL2027 - 2019 2.º Sem. - Literatura - dos 15-18 anos - maiores 18 anos - Mediana - Fluente
Estava com saudades de ler um livro com histórias curtas, dotado de uma linguagem simples, mas elegante, simultaneamente divertido, original e emotivo. E tive a sorte de encontrar todas estas características neste livro escrito pelos autores Mia Couto e José Eduardo Agualusa, que em três pequenas novelas, baseadas em três peças de teatro concebidas pelos mesmos para serem representadas a pedido de duas companhias de teatro portuguesas, conseguem captar a atenção dos leitores, de forma a que estas se lêem num ápice.
A primeira novela, com o título de "O terrorista elegante", tratando-se da minha preferida, narra-nos a história de um cidadão angolano detido em Lisboa pela Polícia Judiciária, por suspeita de terrorismo, quando tenta embarcar num voo com destino aos Estados Unidos da América, carregando muitos litros de vinagre. Este havia permanecido na Síria, supostamente a colaborar com o Estado Islâmico, após se ter apaixonado em Paris pela irmã de um combatente islâmico, mais precisamente pelos seus olhos, pois a mesma andava sempre vestida com uma burka e ele mais nada conseguia observar do seu corpo. Através do interrogatório de que é alvo por um comissário e uma inspetora da Polícia Judiciária, bem como por uma agente americana, abordam-se questões como o racismo, os traumas da guerra colonial em Angola, o amor, a fantasia, os encontros e os desencontros de todas estas personagens.
O que mais me impressionou nesta história foi a capacidade dos escritores escreverem tanto em tão poucas páginas e com frases tão bem escritas, que me fizeram rir, sorrir e refletir.
A segunda novela, de nome "Chovem amores na rua do matador", descreve-nos a história de Baltazar Fortuna, o qual com 49 anos de idade regressa à terra onde vivem as suas três ex-mulheres com o propósito de matá-las, uma vez que acredita que estas lhe haviam destruído a sua vida, o haviam enganado e nunca o amaram. Mas como todas as histórias têm não uma, mas duas ou várias versões, os leitores são confrontados também com os relatos dessas três mulheres que, pouco ou nada, coincidem com as de Baltazar, o que é feito com mágoa misturada com muito sentido de humor.
A terceira novela, intitulada "A caixa preta", é a que conta a história mais triste, mas também a mais verosímil de todas, que ocorre durante um assalto noturno a uma casa localizada numa cidade muito violenta de um país africano, onde uma jovem neta rebelde vive revoltada com a avó que há anos não sai à rua, por a última esconder o destino dos seus pais. Durante o assalto, são reveladas verdades dolorosas, de uma forma muito emotiva.
Trata-se de um livro que vale a pena ler, pois consegue conciliar a leveza da escrita com a beleza das narrativas. Além disso, é bem mais difícil escrever contos do que romances, pois nos primeiros é necessário um grande talento para em poucas páginas, conseguir-se contar uma história que seja coerente e que desperte o interesse dos leitores.
Не зная какво да мисля още за двата разказа (третия не съм прочела) на двамата автори от Мозамбик и Ангола. Питала съм се какво значи една книга да е написана от двама души. При тях се получава може би заради чувството за хумор и че са "истински" приятели и "натурални" писатели и това:
"Аз съм бял африканец; [...] писател в земя на устно творчество..."
Това изречение не е от разказите (които първоначално са били пиеси и са голямо намигване), а от:
Интервю с Миа Коту и Жозе Едуардо Агуалуза
И още любими изречения от интервюто в края на книгата, без да съм записвала кой отговор на кого от двамата е (на доста казвах - и аз (italic са "аз")).
Трябва много да се чете [за да се пише].
Аз съм бял африканец, непрактикуващ атеист;... учен с малко твърди убеждения в науката; писател в земя на устно творчество...
Смеем се много на едни и същи неща, глупости.
И аз в детството бях много щастлив.
В моя домашен кът имаше много обич.
Гражданската война е война, в която се бием със самите себе си, с нашия организъм.
В Португалия съществува школата на тревожния писател.
Неговият дом не е някакво място и някакво време.
Много ми е тежко да слушам изблици на колониална носталгия.
Защото се научихме да се вглеждаме прекалено в себе си.
"... Любов. Плътта е слаба, а сърцето е изтъкано от слабости."
Прекрасни три разказа, към които подходих скептично, защото аз изобщо не обичам да чета разкази. Признавам, че тук корицата ми продаде изданието, както и това, че исках да се докосна до португалската литература.
Няма как да бъда по-доволна. Прочетох разказите на един дъх и съжалих изключително много, че първите два, не са развити в самостоятелни романи. Биха се получили чудни истории.
Толкова много се смях на "Елегантният терорист". Шарл Бентиньо е един трагикомичен персонаж, който те разплаква и разсмива едновременно. Искаше ми да разбера повече за Лара и комисаря. Такава интересна двойка се оказаха. Аз, нечетящата любовни истории, нямаше да възразя да прочета цяла книга с тяхната.
Вторият разказ, "На улица Душегубец валят любовни чувства", печели приза "най-добро заглавие, което може да съществува". Без изобщо да споменавам колко изящно бяха описани персонажите. Това щеше да бъде прекрасен хорър/ крими роман.
Заради третия разказ взех една звезда на книгата, не защото беше слаб, а защото бледнееше след прочита на предишните два. Вече си намерих още книги от авторите и скоро ще четете ревюта и за тях.
"Трябва да има един отдел, където да можем да поискаме второ издание на живота си."
Um livro, dois autores. Uma escrita cúmplice em tons quentes de África. Três histórias envolventes, com personagens deliciosamente enternecedoras. Como hábito, uma leitura muito gráfica, que nos transporta para o cenário das novelas escritas e nos faz 'viver' os contos. Um livro com muito 'suégue'. Gostei
Um livro maravilhoso, bem-disposto e que me fez rir. Não esperava outra coisa. Assim que soube que Mia Couto e José Eduardo Agualusa tinham escrito este livro juntos, pensei "vai ser genial" e não me enganei. Não podia escolher um melhor livro para terminar o ano. Recomendo vivamente!
"Apresento-me: o meu nome é Baltazar Fortuna. Tenho quarenta e nove anos, mas não mereço. A idade que me calhava bem era trinta e três. Sim, trinta e três. Trinta meus e três das três mulheres com quem vivi. Na verdade elas viveram mais do que eu. Elas, digamos, viveram contra mim. (...) A gente sempre quer viver agora e morrer mais tarde. Eu queria morrer só quando não houvesse um resto de vida dentro de mim. Mas o que estou a ver é o contrário: quanto mais vou caminhando para velho, mais vida encontro dentro de mim. E isso, meus amigos podia ser bom mas não é: pois a vida que teima dentro de mim não a chego a sentir como minha...a culpa foram as mulheres, amores antigos..."
" Porque vos digo uma coisa: não são os países que estão malgovernados. A existência humana, toda ela está malgovernada. Devia haver uma repartição em que pudéssemos pedir uma segunda via da nossa vida. Reclamávamos e ganhávamos direito à emissão de uma segunda via. Era isso ou ter asas e voar. Alguém já viu um passarinho envelhecer? Se voássemos, haveríamos sempre de ser crianças. No céu, o tempo não passa, é uma nuvem. Era onde eu queria estar, numa nuvem. Às vezes, aperece-me tanto ser uma nuvem"
3 histórias contadas com a magia habitual de Agualusa e Mia Couto, agora conjuntamente.
"Ela foi subindo a avenida, e eu atrás. Até que chegou à mesquita. (...) Vi que as pessoas se descalçavam para entrar. Hesitei. Então eu ia deixar os meus estilosos sapatos Louis Vuitton na má companhia daqueles outros calçados vagabundos?! Quando voltasse, quem sabe já não estavam lá. Nem o Louis nem o Vuitton."
"A gente sempre quer viver agora e morrer mais tarde. Eu queria morrer só quando já não houvesse um resto de vida dentro de mim."
"A mulher é perigosa, desde Eva que circula em contramão."
"- Olhem para isto, cheio de formigas. - Sacode o livro (...) - E andam por dentro do livro, malditas, parece que estão a sair das palavras, parecem letrinhas a fugir das páginas." "(...) Este país está tão mal que agora as formigas comem até livros. - É porque têm palavras muitíssimo saborosas."
Estas quatro mãos cozinham aqui um guisado de riso, dor, calor e narrativa, entregue num estilo de ilusória simplicidade, através do qual se fala de muitas coisas e, acima de tudo, se colocam muitas perguntas. O terrorista elegante é uma espécie de artista mavioso, um tretas encantador, mas cuja eficácia da sua "nonchalance" permeia tudo, desde os personagens, ao leitor. As restantes narrativas têm ambas um twist, mas, para mim, é a narrativa que nomeia o volume que representa o expoente máximo destas bem dispostas e atrevidas narrativas, que parecem permeadas por um ritmo e um calor tão caracteristico de ambos os autores, sem esquecer aquela parcela de intensidade que torna as suas palavras um valioso reservatório de pensamentos que, quem sabe, até tenhamos de reproduzir nas nossas vidas. Recomendo, e muito.
Mia Couto e Agualusa formam um encontro que eu (devido exclusivamente à minha ignorância) não esperava. Juntos escreveram três pequenas peças de teatro adaptadas em três contos. Três pratos cheios, escritos à quatro mãos, mas com a delicadeza e o cuidado de chefs que funcionam em sincronia perfeita cozinhando juntos. Não sei qual dos três eu preferi, mas me deleitei com todos. A surpresa da sobremesa final, uma longa entrevista com os dois autores formando o capítulo final, talvez tenha sido meu prato preferido. Que conversa inspiradora, poética, leve e generosa. Quero mais outras histórias.
Pequenas histórias despretensiosas e divertidas com sabor a Africa, numa escrita simples mas não descuidada. Nota-se que foi escrito com prazer e cumplicidade. Bem passei o tempo todo a tentar descobrir quem escreveu o quê mas sem sucesso. Uma leitura rápida e prazerosa que por mim só pecou por saber a pouco.
São três textos a quatro mãos em que encontramos prosa poética, personagens inesquecíveis, contraditórias e mágicas. Encontramos as vozes de ambos os escritores imbrincadas, em textos escritos através da troca de mensagens, cheias de humor e de cumplicidade com os seus leitores. E em todas perpassa uma angústia dos passados mal resolvidos.
Eu não sabia que o Mia Couto e o José Eduardo Agualusa eram amigos de longa data. Pois são, e escreveram este livro de três ótimos contos, com uma entrevista com a dupla, de brinde, no final.
Quando se juntam 2 autores como estes é um pouco difícil que não saiam bons livros, ainda para mais em contos, onde eles sempre me parecem mais interessantes. É sempre uma espécie de realismo mágico de natureza africana com o humor e a ironia sempre presentes em personagens exóticas.
Simples e macio. Prefiro, de longe, a escrita do Mia Couto. Soube a pouco. Valeu pela simbiose, sendo uma experiência nova. Para mim a não repetir - se calhar. Obrigado, Mia. Obrigado, José.
Sendo estes textos feitos com o propósito de serem encenados, a leitura é bastante fácil e teatral nas suas descrições. O primeiro conto é sublime, o melhor dos 3 na minha opinião. É curto mas consegue despoletar no leitor várias emoções. Apega se a nós em partes mais estruturais da sociedade e em como vemos o próximo. É excelente. O segundo conto, apesar do final ser bastante uma coisa que não existe palavras para descrever, é bastante mundano, tendo partes interessantes mas não muito cativante. Na generalidade a história não me cativou muito mas se calhar por ser mais novo e estar numa parte do mundo diferente das dos autores, não consegui compreender aquilo que eles tinham para mostrar. É médio mas vale a pena ler nem que seja por ser curto. O terceiro conto fala nos de um tema mais pessoal. É extremamente corrido no sentido de que desde o momento em que começamos a lê lo não conseguimos parar sem ser no último ponto final. Gostei da forma como é contada a história, com um ritmo alto e com bastantes volte faces e também da mensagem que fica connosco no final. Depois de o ler o leitor é capaz de pensar na sua vida e como aquilo que lemos pode ser comparado com aquilo que vivemos. É excelente e merece ser lido.
O livro foi escrito por dois grandes escritores. Eles escreveram três novelas, um sobre um terrorista que tinha habilidades especiais, ele é capaz de curar sentimentos de culpa e medo das pessoas. Mas mesmo ajudando todos na polícia, ainda sim, nenhum deles o ajuda a ser liberado da prisão. Essa foi a novela que mais gostei. Na segunda novela retrata os anseios de um homem que já morreu preso no loop de morte. Não consegue se libertar dos sentimentos de vingança e de possessão. A partir dessa novela vemos vários pontos interessantes sobre morte, vingança e esquecimento. E por fim, a última novela é um diálogo entre dois amigos escritores, os autores do livro. Ali, eles apontam traços autobiográficos e frisa a importância de se ter um amigo para escrever e discutir sobre literatura. Até porque, pra muitos, ser escritor é um trabalho solitário, e isso não ocorre entre esses dois.
Odiei tanto este livro. Desde as primeiras páginas que estava para desistir. Esta foi a primeira vez que li algo da autoria do escritor Mia Couto, já do escritor José Eduardo Agualusa (este livro tem dois autores) este é o segundo livro que leio e já o primeiro também não adorei. Acho que não é o escritor para mim, mas posso ainda estar enganada. Espero ler mais de Mia Couto para verificar se é um escritor que posso vir a apreciar.
Neste livro temos acesso a três histórias (muitas menos do que eu esperava tendo em conta que o título fala em outras histórias). Nenhuma delas foi interessante, relevante e nunca o fim foi um fim que explicasse o que quer que seja. Achei o vocabulário bastante simples e insípido. Já o humor achei aborrecido. Não esquecer que estas são apenas as minhas opinões pessoais, infelizmente não consegui disfarçar a raiva que senti ao ler este livro tão chato.
Uma vez mais, deixei-me levar pela narrativa de Mia Couto, agora juntamente com Agualusa. Todavia, narrativa poderá não ser a palavra mais correta visto que estas novelas baseiam-se em peças de teatro, estando portanto repletas de diálogo vibrante e cativante.
Dos três contos, preferi o primeiro pela comédia, expressada sobretudo através do "Terrorista Elegante", que rapidamente se tornou a minha personagem preferida. Já o último conto, prendeu-me pelo lindamente plantado suspense.
A introdução do fantástico no real está também presente e cativou-me, suscitando alguma curiosidade. Infelizmente a brevidade do livro deixou-me algo insatisfeita; gostaria de uma maior exposição ao mundo e ansiava por desenlaces mais satisfatórios (apesar de, muito provavelmente, a falta de conclusão/exposição/explicação ser intencional).
O humor e o suspense pintam as páginas deste curtíssimo livro, desincentivando o leitor de o largar. É uma leitura curta e divertida, recomendo a qualquer um!
‘Chovem amores na rua do matador’ “Existem criminosos que se confessam depois do crime. Eu confesso antes. O motivo que me faz matar são as memórias. Os meus amigos dizem: recordar é viver. Pode ser verdade com eles, mas comigo é o contrário. Por isso, eu as quero varrer, mas varrer tudo junto: a lembrança das pessoas e as próprias pessoas de quem me lembro.” (p64)
“Quem muito erra sempre acerta, e nem há acerto mais belo do que o que nasce do erro.” (p.85)
‘A caixa preta’ “- Tu não percebes minha neta. Não tenho lugar fora de mim. Fora desta casa eu já não conheço nada. Parece que estou a entrar num tempo que não me pertence. - Por isso não tenho horas, avó, não estou presa a tempo nenhum. Sou de todos os tempos. Nunca ficarei velha.” (p.105)
Achei esse livro por acaso esta semana numa livraria, com um preço super barato e acabei comprando pela curiosidade. Já ouvi falar bastante no Mia Couto e nunca li nada dele. Achei que um livro de contos poderia ser um bom começo. E de quebra acabei conhecendo o José Eduardo Agualusa também, que nunca tinha ouvido falar. Gostei muito da escrita deles. Um pouco por serem adaptações de peças, pois a leitura é muito fluida. E gostei muito do jogo de palavras que eles fazem em alguns momentos, da brincadeira com coisas sérias, da realidade mesclada com a fantasia. E a entrevista no final do livro com os autores ainda me fez simpatizar ainda mais com eles e querer ler mais livros de cada um, conhecer mais da escrita individual de cada autor.
“-Boa sorte, meu mano (...) vais ter saudades dos pássaros. -Fique tranquilo: em toda a terra há céu, e em todo o céu há pássaros.”
“Devia haver uma repartição em que pudéssemos pedir uma segunda via da nossa vida. (...) Era isso ou podermos ter asas e voar.”
“Caçava pássaros, mas não os guardava em gaiolas, era na varanda que os prendia. Espalhava no chão a seiva da mulemba e os pobres ficavam com os pés colados. E cantavam, quando tudo em volta ficava calado.”
Três histórias, dois escritores, um voo de liberdade!
Excelente livro a duas mãos por estes dois maravilhosos escritores de influência africana (Moçambique e Angola), onde a criatividade voa alta e as alegorias de inspiração tropical pintam em tonalidades quentes os pequenos mas profundamente ricos contos deste livro. É nessa leveza de viver em cor que se abordam temas (uns mais ou menos leves) como a interculturalidade lusófona, a ténue fronteira entre a realidade e os sonhos, entre a "normalidade" e a autenticidade, entre outros.
pessoalmente não sou fã de livros divididos em contos e aqui nenhum despertou a minha atenção. também não fiquei fã do tipo de escrita (senti que poderia ter lido no âmbito do plano nacional de leitura) no entanto é fácil de ler e tem passagens muito bonitas (“nós mulheres somos como essa chuva/ e chove tanto, mamã!” 🥹)
Um trabalho conjunto do escritor Moçambicano Mia Couto e do Angolano José Eduardo Agualusa. Gostei da escrita mas algumas das histórias pareceram-me demasiado infantis (especialmente a que dá nome ao livro).
Só peca por curto. Confesso que pensei que poderia não gostar mas na verdade o inusitado das histórias, o humor inteligenre e a brilhante utilização das palavras por estes dois grandes autores constroem uma pintura literária à qual é impossível ficar indiferente.
Depois de ler a primeira novela, “O terrorista elegante”, pensei que as duas novelas seguintes não conseguissem cativar-me da mesma forma, mas enganei-me! Adorei as três.
Um livro que toca em temas como o racismo, o amor violento ou a guerra e é ao mesmo tempo muito divertido.
Um livro que surge de uma história interessante e que junta dois autores que aprecio muito. A escrita é reconfortante e impecável, contudo a narrativa e o seu encadeamento deixa um pouco a desejar. "O riso, porém, é como a água:se tapamos a boca, ele sai pelos olhos."