Estorvo é o primeiro romance de Chico Buarque e venceu o Prémio Jabuti.
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Plano Nacional de Leitura
Literatura - 15-18 anos - Maiores de 18 anos
O nosso narrador dorme quando a campainha toca e lhe interrompe o sono. Espreita pelo olho mágico e não reconhece o homem de fato e gravata que procura por si. A campainha insiste, o olho mágico distorce o rosto do outro lado da porta. E isto é o que basta para o narrador fugir de casa e cair numa espiral obsessiva, uma viagem de regresso a lugares esquecidos, de reencontros e recordações estranhamente familiares, uma odisseia que acaba por ser um exílio dentro de si mesmo.
Estorvo, o primeiro romance de Chico Buarque, é um texto notável, que se mantém constantemente no limite entre o sonho e a vigília, entre a realidade e a alucinação. E o olho mágico que separa os dois homens talvez seja a melhor metáfora da visão deformada com que o narrador, e o leitor com ele, olha o mundo que lhe é tão familiar e ao mesmo tempo tão distante. E talvez uma metáfora do mundo em que vivemos, em que é tão fácil sentirmo-nos sós.
Os elogios da crí
«O que sobressai é a escrita mais exigente da literatura. Ponto para este cantor e compositor de grande renome, que consegue a proeza de que não o reconheçam nessa obra, a não ser pela assinatura, e por uma de suas qualidades nem sempre bem o humor fino, muitas vezes cruel, mas em tudo ajustado ao drama brasileiro, que atualmente se representa na boca do lixo em que se transformou a comunicação de massa no país.»Sérgio Sant'anna, Jornal do Brasil
«Este romance de Chico Buarque, logo à primeira leitura, afirma-se como uma demonstração exemplar disso mesmo. Estorvo é, quanto a mim, uma peregrinação alucinada em demanda das raízes perdidas, através dum percurso existencial povoado de assombro e de solidão. Aqui todas as funções de equilíbrio das estruturas sociais - família, amizade, poder - perdem a sua consistência formal logo ao primeiro embate e entram em ruptura quando o olhar do protagonista (e do escritor) se prolonga sobre elas.»José Cardoso Pires, Folha de S. Paulo
«Estorvo é um livro brilhante, escrito com engenho e mão leve. [...] Esta disposição absurda de continuar igual em circunstâncias impossíveis é a forte metáforaque Chico Buarque inventou para o Brasil contemporâneo, cujo livro talvez tenha escrito.»Roberto Schwarz, Veja
«É um belo livro, esse Estorvo de Chico Buarque. Como o título sugere, está longe de ser uma leitura fácil. Muito bem escrito, palavra por palavra (#) Não há descrição que não seja exata, perfeita, acabada em si mesma; para isto não basta "escrever bem"; é preciso uma acuidade intelectual, um poder de observação, que Chico Buarque revela ter à maravilha.»Marcelo Coelho, Folha de S. Paulo
Francisco Buarque de Hollanda is popularly known as Chico Buarque, is a singer, guitarist, composer, dramatist, writer and poet. He is best known for his music, which often includes social, economic and cultural commentary on Brazil and Rio de Janeiro in particular.
Son of the academic Sérgio Buarque de Hollanda, Buarque lived in several locations throughout his childhood, though mostly in Rio de Janeiro, São Paulo and Italy. He wrote and studied literature as a child and came to music through the bossa nova compositions of João Gilberto. He performed music throughout the 1960s as well as writing a play that was deemed dangerous by the Brazilian military dictatorship of the time. Buarque, along with several of his fellow musicians, were threatened by the government and eventually left Brazil in 1970. He moved to Italy again. However, he came back to Brazil in 1971, one year before the others, and continued to record albums, perform, and write, though much of his material was not allowed by government censors. He released several more albums in the 1980s and published three novels in the 1990s and 2000s, all of which were acclaimed critically.
Buarque came from a privileged intellectual family background—his father Sérgio Buarque de Holanda was a well-known historian, sociologist and journalist and his mother Maria Amélia Cesário Alvim was a painter and pianist. He is also brother of the singer Miucha. As a child, he was impressed by the musical style of bossa nova, specifically the work of Tom Jobim and João Gilberto. He was also interested in writing, composing his first short story at 18 years old[1] and studying European literature, also at a young age.[2] One of his most consuming interests, however, was playing soccer, beginning at age four, which he still does today.[2] Though he was born in Rio de Janeiro, Buarque spent much of his childhood in Rio de Janeiro, São Paulo and Italy.
Before becoming a musician, Buarque decided at one point to study architecture at the University of São Paulo, but this choice did not lead to a career in that field; for Buarque often skipped classes.
He made his public debut as musician and composer in 1964, rapidly building his reputation at music festivals and television variety shows when bossa nova rhythm came to light and Nara Leão recorded three of his songs.[3] His eponymous debut album exemplified his future work, with catchy sambas characterized by inventive wordplay and an undercurrent of nostalgic tragedy. Buarque had his first hit with "A Banda" in 1966, written about a marching band, and soon released several more singles. Although playing bossa nova, during his career, samba and Música Popular Brasileira would also be widely explored. Despite that, Buarque was criticized by two of the leading musicians at the time,Caetano Veloso and Gilberto Gil as they believed his musical style was overly conservative.[3] However, an existentially themed play that Buarque wrote and composed in 1968, Roda Viva ("Live Cycle"), was frowned upon by the military government and Buarque served a short prison sentence because of it.[3] He left Brazil for Italy for 18 months in 1970, returning to write his first novel in 1972, which was not targeted by censors.
Here's a scene that gives the essence of this book: A character is knifed in the stomach in a dispute. He has no money, so he boards a bus, thankful that the bus driver takes pity on his condition and does not charge him the fare. Bleeding, he rides the bus, hopeful that at the end of the ride someone else will pity him and give him change to call his mother.
It is fitting that the theme of this book is really the contrast between the ultra-rich and the poverty-stricken. This is Brazil in the early 1990s (the book is translated from Portuguese).
The main character is one of the poverty-stricken ones but his sister is ultra-rich by marriage and lives in a triple-gated community. He stoops to stealing his sister's jewels at a party and this leads to a story of absolute and total police corruption - corruption on a scale where the police are simply another gang of robbers.
The writing is straightforward and I would not call it literary, but a good story. The book reminds me of the novel Delirium by Laura Restrepo, set in Columbia, with a plot along similar lines, contrasting the drug-wealthy elite with the poverty-stricken.
The Brazilian author (b. 1944) has also written plays and poetry. However, he is best known in Brazil as a singer-songwriter, guitarist and music composer. He is well known for bossa nova and samba music. From what I can determine, although he has written perhaps ten novels, this one I reviewed appears to be the only one translated into English.
Top photo of favelas, Brazilian slums, from worldatlas.com The author from stubhub.com
Depois de ler Budapeste, estava curioso por ler a obra, logo a primeira, que lhe valeu o prémio Jabuti.
O autor descreve uma série de poucos dias na vida de um anónimo em perpétua fuga. Tal como o título sugere, este homem é um estorvo da sociedade. Quase nada é revelado do seu passado e a história inicia-se como se tivéssemos subitamente encarnado no personagem principal, que inicia a fuga, e não pára mais até ao final. Mas não é conclusivo.
Um pouco como Sampsa na Metamorfose e Meursault em O Estrangeiro, a vida do Estorvo é apresentada através de uma distância absurda entre os eventos e a moralidade, e o personagem não emite juízos de valor. Esta ausência de julgamento é no entanto sub-aproveitada e torna-se frustrante, não no sentido da inquietude exploradas por Kafka ou Camus, que conduz o leitor a uma reflexão individual dos eventos relatados, mas por ser um artifício sem um objectivo claro. A curiosidade inicial do livro, querendo saber porque foge o personagem, de quem foge e afinal quem é o próprio personagem, dilui-se e desaparece rapidamente com o folhear das páginas. O personagem não é universal, em parte porque os seus problemas são específicos demais para serem captivantes, em parte por não se perceber o propósito. No final senti-me completamente desligado da narrativa.
Li Budapeste antes de Estorvo e o estilo de escrita entre os dois é bastante similar, o que já é mau sinal, mas a narrativa em Estorvo é menos interessante. A história é narrada na primeira pessoa, quase a partir do interior do cérebro do personagem principal. Quando este estilo de escrita não é aproveitado para uma vista privilegiada para os motivos e decisões do personagem, gasta-se rapidamente. Repetido assim, passa de estilo a handicap.
Sabe aqueles livros que te dão vontade de escrever um livro? Estorvo é assim, o que é bem curioso porque sempre virei o nariz para a prosa do Chico Buarque, digamos que até então eu estava lendo os livros errados, esse aqui é obra-prima. Acho que o ponto de confluência aqui é de como o Chico Buarque escreve o livro como se fosse um caderno de sonhos - quem faz análise sabe o quanto é bom ter um caderno de sonhos - isso aproxima o leitor de uma escrita do possível, onde justamente tudo é possível, isso aproxima mais Estorvo do surrealismo do que do fluxo de consciência. Antes de ler o livro achava que o Jabuti de livro do ano fora dado só porque o autor era o Chico Buarque, depois entendi que foi merecido. Agora resta ver a adaptação do Ruy Guerra, mais um livro infilmável pra sua coleção que está completando 25 anos esse mês.
2,5⭐️ Uma narrativa metafórica, fragmentada e que apresenta a realidade e a irrealidade de uma forma bastante peculiar e, por vezes, desordeira e confusa. Não foi um livro que me encantou e que deixe saudades, porém estive sempre na expectativa do que mais poderia o narrador contar sobre a sua estranha e inconsolável vida até à última página.
Me prendeu mais que Benjamim e me entusiasmou menos que Leite Derramado. O protagonista, que não tem nome, nem bem vive nem morre, vagueia. Vagueia perdido, obsessivo não se sabe bem com o quê e contemplando a hipocrisia e a decadência da sociedade em que vive, da irmã e da mãe que o sustentam, da ex-mulher, dos ex-amigos, do ex-apartamento, enfim, tudo em sua história falhou ou foi perdido. Esse homem é o estorvo do mundo em que vive.
Resumido assim parece uma história deprimente de um vagabundo fracassado qualquer, mas o tom que é empregue à escrita além de pesado, é contraditório, conseguindo ser ao mesmo tempo desesperado e apático, além de dar a algumas das estórias que o compõem contornos de romance policial. Uma história estranha e atribulada, contada duma maneira completamente desprendida.
Sendo o segundo melhor que o primeiro e pior que o último (pelo meio ainda há Budapeste, que já li mas ainda não blogava), não é uma evolução linear, e nem o deveria ser; são uns altos e baixos de um escritor, não de um músico que decidiu se aventurar pela escrita: Chico Buarque é um escritor que, para mim, já conquistou o pleno direito de figurar entre os melhores da literatura brasileira.
Leitura muito díficil. Vale pelo que descreve mas não pelo que narra. Um excelento uso da língua portuguesa, com uma riqueza de figuras de estilo acima da média. Tem situações muito caricatas, no limite entre o rídiculo e o non-sense, que são muito divertidas de ler mas fazem com que o fio da história se vá perdendo e enrolando, até já não termos qualquer expectativa em relação ao seu fim, sentindo que é plausível que termine a qualquer momento. O livro não é, então, uma história convencional, mas mais um relato de como alguém de boas famílias e com a vida organizada se perdeu no Brasil das favelas e da mediocridade, sendo ele próprio o estorvo, que dá o nome ao livro. Nota-se que a intenção era produzir algo do género d'O Estrangeiro, mas desculpa, Chico, não és Camus... No entanto, momentos como este certamente ficarão na minha memória: "Vejo a multidão fechando todos os meus caminhos, mas a realidade é que sou eu o incômodo no caminho da multidão"
A leitura da obra torna visível a influência de Kafka e Salinger no autor. Literariamente, não traz nada de novo. No entanto, a narrativa é interessante.
Estorvo é o romance de estreia do Chico Buarque e em razão dos 30 anos de seu lançamento resolvi lê-lo. O livro é uma experiência literária que foge do lugar comum. Não há um protagonista nos moldes da jornada do herói, nem ao menos há um enredo lógico ou com ideias concatenadas. Não sei se podemos chamar Estorvo de um livro experimental, mas de fato é um romance diferente, tanto positivo quanto negativamente. No início o texto causa um estranhamento no leitor e podemos notar uma falta de nexo que lembra as situações insólitas que encontramos nos escritos de Kafka. No entanto, com o andar da leitura, o efeito kafkiano vai se tornando repetitivo e cansativo. A falta de uma história mais palatável e coerente faz com que o romance perca fôlego já em sua metade, fato que me levou a empurrar a leitura com a barriga até o final. A intenção por trás da obra é boa e a escrita do Chico é sempre muito fluida e poética. Porém, o resultado final é um livro com muitas passagens enfadonhas e pouco envolventes.
Muito, muito estranho, mas dá para ver que o escritor escreve muitíssimo bem e consegue manter um bom ritmo narrativo, alucinante e constante. Não tem momentos mortos, apetece sempre ler mais e mais.
Eu esperava bem pouco, embora respeite demais a história musical dele. Me surpreendeu não querer desistir e ser envolvida pelo desespero da apatia e inutilidade do protagonista, assim como a tristeza pela vida tão desperdiçada. Mas não gosto desse desespero sem foco, razão ou história prévia.
Na primeira leitura, eu percebi que em Estorvo não há espaço para invenções e reviravoltas planejadas. Não há espaço para a transformação de caráter e revelações surpreendentes. Os acontecimentos seguem o fluxo de uma mente perturbada, implicitamente, pelo abuso de drogas. É dessa forma que o romance se desenvolve. O personagem principal tem uma paranoia em que se sente perseguido, e por isso decide rumar em fuga. Ele nunca para, está sempre visitando. Visita a irmã, a ex-esposa, a irmã de novo e de novo, a mãe e o prédio da mãe e o sítio da família, tomado por traficantes violentos, e vai descrevendo a vida ao redor como se fosse um jornalista de periódico sensacionalista sobre violência - famílias ricas e pessoas pobres, a violência, as drogas. O romance trata-se da descrição do mundo real visto pelos olhos de um indivíduo paranoico. As descrições nos mostram o que vivemos hoje, a violência em constante crescimento. A violência terrível que culmina em morte. As pessoas se enclausuram em condomínios de luxo para se protegerem da violência, mas a violência está na esquina, no bairro do lado, na porta da casa. Ela nos alcança sempre. A vida não é isso, e isso é o pior.
Em uma segunda leitura, o romance ma pareceu mais claro, mas ainda sim confuso, muito confuso. A narrativa é desenfreada, semelhante a mente conturbada de uma pessoa alucinada, e as coisas fluem e mudam de direção de maneira tão brusca, que por vezes nos perdemos no romance. Boa parte dos capítulos descrevem as visitas, os desencontros, as impressões; mas, no entanto, são capítulos que parecem não ir a lugar nenhum. E por isso é importante persistir. No final, nos últimos capítulos, as coisas parecem ligeiramente se interconectar. As coisas parecem se encaixar, se explicar, se entender e se justificar. O final. Acho que o final faz sentido para tudo que foi a narrativa. É um romance estranho, que precisa de um leitura muito dedicada e disposta, porque o livro é confuso e difícil. Mas no final, ele entrega uma imagem talvez sobre como é a percepção de mundo de uma pessoa com a mente perturbada, um indivíduo sem pretensões, desistente da vida que se espera, um irmão fracassado e sem futuro de uma família rica, interessado apenas nas drogas e com relacionamento perigoso com bandidos, traficantes, e a violência que causam. Talvez a mensagem seja sobre a violência. A descrição de uma violência devastadora que dia após dia se alastra sobre as cidades. E a narração feita por um personagem perturbado é como se fosse a apresentação do resultado, o efeito que a violência tem sobre as pessoas. Viver não está fácil com todos os riscos que o mundo apresenta. Chico nos mostra isso.
Estorvo no verdadeiro sentido da palavra. A personagem deste livro é simplesmente angustiante. Um autêntico parasita. Sem eira nem beira. Ele próprio nem sabe quem é. Anda à deriva de um lado para o outro e só trás mal a quem se dirige. As descrições de algumas das situações provocam um peso no estômago quando me dispus a pensar que haveria com certeza situações assim na vida real. Adorei algumas das expressões que parecem transformarem-se com o sotaque brasileiro de quem as escreveu. Mas nada mais...
Estorvo foi o quarto livro do Chico que eu li e o primeiro que nao gostei. Havia lido anteriormente Budapeste, que achei muito bom; Benjamin e Irmão Alemão, que também gostei, porém em menor grau.
Em Estorvo, está lá a qualidade da escrita e , principalmente, o domínio da linguagem que Chico sempre exibe como músico ou escritor. No entanto, nessa obra, a narrativa é confusa durante toda a trama, parecendo emular um sonho, algo que definitivamente não me apeteceu. Os diálogos entre os personagens parecem obscuros e “esfumaçados”, alem da mudança entre um contexto e outro na historia ser geralmente abrupta e sem razão aparente. Num dado momento o personagem está no sítio, depois aparece dentro do apartamento e na cena seguinte, retorna ao sítio. Além disso, o protagonista parece se mover como um barco à deriva: sem motivação e intencionalidade. Assim, a obra parece constituída de elementos da atividade onírica ou de intensa confusão mental do protagonista; repleta de “pontas soltas” sem desfecho e com questões não respondidas. Em diversos momentos parece que algo vai acontecer, mas logo após a sensação é de que nada real aconteceu (ou se aconteceu, foi através de um relato cheio de lacunas). Enfim, com o perdão do trocadilho, mas a leitura do livro foi um “estorvo” pra mim.
The Kafka of Brazil turns out to be a bossa nova pop singer. Chico Buarque has released too many albums to count, and a singular debut novel, Turbulence. An unnamed protagonist proceeds with no apparent purpose through landscapes of menace and decay. Stabilizing societal norms no longer apply. Buarque’s narrative is linear but seems to go nowhere, and inverts reality all along the way. A feeling of queasy apprehension comes in early, and it’s not easily calmed even after Turbulence is done.
No es mi favorita, pero me fascina el método. Todo en primera persona, línea de pensamiento, monólogo interior continuo, haciendo suposiciones, nada de la trama terminas sabiendo si lo está suponiendo, pensando o está realmente pasando pero, al final, y a pesar del yo constante, el narrador es casi un desconocido. Es pura acción, es muy Aira me parece siempre.
As aventuras de um homem, ainda jovem, cuja vida parece ser uma sucessão de falhanços. Numa fuga constante vê-se envolvido em roubos, tráficos e mentiras que alternam com as histórias que vai criando na sua cabeça. Um homem à deriva, que não consegue relacionar-se e que não encara as evidências. Primeiro romance de Chico Buarque, está bem escrito e foi uma leitura agradável.
Eu vi nisto uma espécie de Húmus, motivo que me levou a apressar a leitura. Vi mal, certamente, lavei os óculos, sequei-os, voltei a pô-los. Húmus é um grande salto, Raul Brandão está no ramo mais alto da árvore, mas este Estorvo não está assim tão mau.
Asså... Evil amerikansk litteratur be like: Det är Brasiliens Cornelis Vreeswijk, som försöker skriva Joyces Odysseus, i den stil en 2:a-ringare har efter att ha sett the Graduate och läst L'Étranger.
Mais experiência literária que literatura, um tanto chatolengo e arrastado. Tem ritmo, mas vai descambelando até murchar. Acho que tem um início de Ana Paula Maia aqui.
Não gostei deste livro, ou então não percebi nada do que li.
Gosto muito do Chico Buarque enquanto cantautor. Já quanto escritor, tenho algumas reservas, porque tenho a ideia de que ele escreve de uma forma demasiado prolixa e não muito clara para o leitor. Neste Estorvo creio que isso está bem patente, pois a narração é bastante difusa. Isso apercebe-se principalmente nos passos da história em que o narrador fala hipoteticamente. São muitos os momentos em que considerei a narrativa muito confusa.
Resumindo, este é um livro que não me deixou marca absolutamente nenhuma. Ficou apenas a vaga memória de que foi um livro que li, mas do qual não gostei.
Este romance de Chico Buarque trata o percurso de um homem do qual, se não me engano, nem chegamos a saber o nome, que reage de forma passiva aos eventos que lhe sucedem, agindo aparentemente de forma bastante aleatória, por motivos incompreensíveis ao leitor. Não deixa de nos fazer pensar e seguramente também não nos deixa indiferentes perante a disfuncionalidade de uma existência que não é mais do que um estorvo para o personagem. Gostei da escrita poética do escritor; por vezes pode tornar-se um tanto confusa mas acaba por estar concordante com a narrativa.
"Sinto que, ao cruzar a cancela, não estarei entrando em algum lugar, mas saindo de todos os outros. Dali avisto todo o vale e seus limites, mas ainda assim é como se o vale cercasse o mundo e eu agora entrasse num lado de fora. Após a besta hesitação, percebo que é esse mesmo o meu desejo. Piso o chão do sítio e caio fora."