Da narradora d’O Livro do ano, aquela menina que carrega um jardim na cabeça e atira palavras aos pombos, chega-nos um novo diário com os seus pensamentos, inquietações, experiências e os sonhos de melhorar o mundo através de pequenos gestos ou actos heróicos, atacando o absurdo com o absurdo e a noite com canteiros de flores.
Páginas feitas de inusitada poesia, para leitores de todos os feitios. Até os normais.
Nasceu em 1971, na Figueira da Foz e estudou nas Belas Artes de Lisboa, no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira e na António Arroio. É escritor, músico, cineasta e ilustrador. Escreveu seis livros: A Carne de Deus (Bertrand), Enciclopédia da Estória Universal (Quetzal - Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2010), Os Livros Que Devoraram o Meu Pai (Caminho - Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009), A Contradição Humana (Caminho - Prémio Autores 2011 SPA/RTP; escolha White Ravens 2011; Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração 2011) e A Boneca de Kokoschka (Quetzal), O Pintor Debaixo do Lava-Loiças (Caminho). Participou ainda nos livros Almanaque do Dr. Thackery T. Lambshead de Doenças Excêntricas e Desacreditadas (Saída de Emergência), O Prazer da Leitura (FNAC/Teodolito) e O Caso do Cadáver Esquisito (Associação Cultural Prado). Ilustrou, desde 2007, cerca de trinta livros para crianças, trabalhando com autores como José Jorge Letria, António Torrado, Alice Vieira. O livro Bichos Diversos em Versos foi seleccionado pela Biblioteca Internacional de Juventude /White Ravens 2010 e Galileu à Luz de uma Estrela ganhou o Prémio Ler/Booktailors 2011 - Melhor Ilustração Original. Também tem publicado ilustrações em revistas, capas de livros e publicidade. Em 2007 gravou um disco (Homemade Blues) com a banda de que é membro, The Soaked Lamb, para o qual compôs todos os originais, escreveu letras, tocou guitarra, harmónica, banjo, lap steel, ukulele e cantou. Em 2010, lançou um novo CD, Hats and Chairs, apenas de originais e com vários convidados. Trabalhou como animador em vários filmes e séries tais como A Maravilhosa Expedição às Ilhas Encantadas; pilotos de A Demanda do R, Toni Casquinha, Óscar, As aventuras de João sem Medo; e vários filmes de publicidade. Fez layouts para alguns episódios da série Angelitos e realizou vários filmes de O Jardim da Celeste, Rua Sésamo e Ilha das Cores. Juntamente com mais duas pessoas, realizou uma curta-metragem chamada Dois Diários e um Azulejo, que ganhou duas menções honrosas (Cinanima e Famafest), um prémio do público e participou em diversos festivais internacionais. Também foi o realizador de O Desalmado e da série Histórias de Molero (uma adaptação do livro de Dinis Machado, O Que Diz Molero). Para publicidade destaca-se a campanha Intermarché onde realizou mais de duzentos filmes durante os anos de 2006 e 2007.
Normalmente devoro os livros de Afonso Cruz. Desta vez isso não aconteceu... sabia-me bem ir lendo, saboreando e desfrutando das ilustrações. Maravilhoso!
"Já não sei quem é que me disse que a sabedoria traz paz. Não tenho a certeza do que é exactamente a sabedoria, mas a minha mãe diz que há pessoas que quando mais lêem mais sabem, outras que quanto mais lêem melhor sabem. E é essa a diferença entre saber e ser sábio. É essa a diferença entre uma enciclopédia e um filósofo."
Repleto de poemas perfeitos! Basta uma semente para deixar o mundo melhor. E a visão que as crianças têm do mundo, vertida nos poemas, é uma inspiração. Para além do tema da paz, há muitos tesouros nos poemas sobre a infância. O Afonso Cruz lembra-se de muitas particularidades sobre ser criança que eu já me tinha esquecido mas que agora volto a viver através dos meus filhos, por isso estes poemas são nostalgia da minha infância e ensinamentos para a infância dos meus filhos. Deixem os miúdos equilibrarem-se nas bordas dos passeios, não lhes peçam para descer, estejam só lá caso seja necessário amparar a queda.
“O meu avô deu ao meu irmão um livro que não era para crianças, e o meu irmão comentou que não era para crianças, e ele respondeu-lhe: Se só leres livros para crianças, não deixas de ser criança. Há muitas maneiras de o fazer, mas está é a que prefiro: sair da infância a ler. Já que se perde tanto, pelo menos levamos connosco malas de histórias.”
"O meu avô deu ao meu irmão um livro que não era para crianças, e o meu irmão comentou que não era para crianças, e ele respondeu-lhe: Se só leres livros para crianças, não deixas de ser criança. Há muitas maneiras de o fazer, mas esta é a que prefiro: sair da infância a ler. Já que se perde tanto, pelo menos levamos connosco malas de histórias."
Eu também prefiro sair da infância a ler. De preferência, livros como este.
Se me perguntarem sobre os livros mais bonitos do mundo, falarei deste ❤️ pequeno, mas com tanto para dar aos leitores. Gostei de cada pedaço seu e dei por mim a sorrir durante o livro todo. Lindíssimo!
Absolutely loved it!!! I've never been one to enjoy poetry, but Anfoso Cruz has made me enjoy it! He writes in such a beautiful maner that you can't help but fall in love.
Um livro “sumptuoso” que nos transporta para a simplicidade de se ser feliz nas pequenas coisas (grãos de areia e gotas de água), nas palavras (não e a lógica da ervilha), nos gestos (caçar unicórnios e andar com beijos nos lábios) e nos imerge na grandiosidade de se ser humano. Paz traz paz. Verdade.
Paz traz paz. Beleza traz beleza. Afonso Cruz traz tudo. Um livro de poesia é sempre difícil de executar e confesso que me perdi em alguns poemas, mas o poema que dá o título ao livro é capaz de ser a melhor concretização desta ideia que me é tão querida: não somos só responsáveis pelas nossas acções mas também pelos seus impactos e consequências. Escolher a paz em vez da violência pode ter uma transcendência inimaginável. Fiquei também com duas frases gravadas na memória: "É muito difícil continuar a existir quando não acreditam em nós" e "Aos cães damos ossos, aos monstros damos medo (...) Por vezes, esses monstros parecem muros e engordam tanto que ficam de betão armado".
Este livro convida-nos a deixar o medo à fome e a alimentar o que verdadeiramente importa. A escolher a paz, a humanidade, o lado bom da vida.
"Sonho muito porque quando estou a dormir não tenho nada para fazer. Depois de acordar, continuo a sonhar muito porque tenho muitas coisas para fazer."
fofo e ligeiramente engraçado, aquilo de que precisava enquanto tento escolher a próxima leitura de verão kk
toda a gente devia ler o textinho "paz traz paz",, o mundo seria melhor (esperançosamente)
(sem querer, hoje deixei o telemóvel em casa e fui para o outro lado da ilha, então escrevi esta review etc a lápis atrás do papel de marcação de aulas de condução para não me esquecer e porque já tinha outro livro para ler e não queria misturar vibes kk ---- e tenho exame na segunda, mamma mia)
Este livro é mágico, magistral e sumptuoso (uma das palavras favoritas da narradora!). São reflexões e pensamentos sobre a vida e o mundo em forma de diário poético de uma menina. É um livro infantil para adultos ♥️ As ilustrações são lindas e também são do Afonso Cruz.
" Dizem que os dinossáurios morreram por causa de um cometa, mas todos sabemos exatamente o que lhes aconteceu, ninguém acredita em cometas: um adulto chegou, apontou, disse que eles não existiam, e os dinossáurios, coitados, tiveram de se esconder nas pedras a que chamamos fósseis. É muito difícil continuar a existir quando não acreditam em nós."
" Impressões de viagem. O estrangeiro é muito bonitio. Se não fosse, ninguém lhe tirava fotografias. Creio que a coida mais fotografada do mundo é o estrangeiro".
Um livro de uma simplicidade inebriante, com alguns dos poemas mais belos que já tive oportunidade de ler, ainda assim- após 2/3 do livro irrepreensíveis- começou o perigoso limbo entre o ingénuo- latente na perspetiva de uma criança- e o bacoco. A determinado momento do livro, comecei a questionar-me se a própria concepção do livro, veiculado através do entendimento e compreensão poética de uma jovem, não poderia ser-ainda que involuntariamente- um refúgio para alguns poemas não tão bem conseguidos. Ainda assim, um livro fantástico, com alguns poemas moralmente abastados, relembrando-nos, constantemente, que a distância que aparta a poesia da visão de uma criança é somente a impossibilidade de, com esta lástima do crescer, sermos incapazes de preservar o que há de mais "sumptuoso"-uma criança.
"Era uma vez uma criança que queira fugir, sair de dentro dela. E, ao evadir-se, tornou-se adulta. Nem todas as histórias acabam bem."
Um livro que desperta a criança que há em nós. A criatividade, a ingenuidade, a bondade e o otimismo. Liberta-nos do quotidiano e da bagagem pesada e faz-nos reflectir sobre a simplicidade que a vida também tem. Simples como existem coisas "pequenas" tão prazerosas e coisas "grandes" tão assustadoras... ou o contrário! E é tudo apenas isso, por assim dizer, "apenas".
"Paz Traz Paz" é uma viagem que convida a repensar, a ressignificar e a procurar novos sentidos para as coisas de fora pura. É um livro que nos mostra como uma espécie de infância pode ser tão madura - porque por vezes a experiência acumulada necessita de ser abanada, para sobrar a experiência dos momentos, do que é sentido. É sem dúvida um livro para reler de vez em quando, para levar a leveza a sério e os assuntos sérios com leveza.
Porque não um 5*? Por vezes algumas coisas eram mesmo muito fora e creio que não seria necessário "viajar na maionese"... pelo menos tanto assim. Confesso que em algumas ocasiões ia verificar se estava ainda a ler o mesmo texto/pensamento porque, de repente, parecia não estar nada relacionado com o que estava escrito antes!
Ainda assim, gostei muito e certamente o vou procurar vezes sem conta.
Normalmente tenho muito a dizer de tudo o que leio mas deste livro faltam-me as palavras, talvez porque todas já são tão bem usadas nele que ler é a melhor opção. O título já demonstra a leveza e ao mesmo tempo profundidade que tem e a personagem que narra os poemas é tão bela pela sua criatividade, ingenuidade da idade mas acima de tudo curiosidade. Este livro acompanhou-me durante tanto tempo porque quis saborear devagarinho e acabou por ser uma experiência mais interessante, nos momentos que precisava lá estava ele e foi delicioso dessa forma. Daqueles que vou reler sem dúvida.
“Uma gota de água junta-se a outra gota de água, formando uma gota de água, mas um grão de areia, quando se junta a outro grão de areia, resulta em dois grãos de areia, por mais juntos que estejam. É que os grãos nunca deixam de ser eles, um mais outro. Sei que há momentos gotas de água e há momentos grãos de areia, e é claro que o mais difícil é decidir quando devemos ser água ou quando devemos ser areia, mas é importante perceber que a coexistência dos dois faz uma praia.”
Mais uma obra prima de Afonso Cruz ❤️ "o mal é contagiante e pode ser pequenino e insignificante, mas pode crescer e crescer e crescer e vir a matar milhões de pessoas, porque o mal tem muita vontade de devastar. A boa notícia é que o bem também contagia, também pode ser uma pandemia e tem um nome muito simples e fácil de decorar: Paz traz paz. Que tem como consequência o fenómeno chamado ser humano"