Interfaces

by André Mellagi

Uma coletânea de 20 contos que tratam da contemporaneidade e seus vínculos nas relações pessoais e no absurdo, manifestando tanto o moderno e tecnológico quanto o arcaico e mítico. O conto "Anamnese" foi vencedor do do 31º Concurso de Contos de Araçatuba e o conto "Interfaces" foi finalista do Prêmio Off-Flip de Literatura de 2019.
Nas palavras do escritor Rafale Gallo, que assina a orelha do livro, "a primeira cena de Interfaces é a de alguém que vê imagens de pessoas desaparecidas. Abertura bastante simbólica para essa segunda coletânea de contos de André Mellagi - sucessora de Bricabraque (Ed. Patuá, 2017) – na qual muitas personagens buscam respostas ou refúgios para suas diferentes formas de perdição. O talento do autor para narrar tais histórias, lançando mão de singulares recursos de construção narrativa, que oferecem a cada história uma linguagem própria, conduz o leitor com interesse renovado pelos labirintos que engendra.
Ao longo de tais itinerários, personagens se debatem com questões sociais (Iluminado, Anamnese), contemporâneas (Interfaces), de incomunicabilidade (Sala de jantar, Antolhos) ou mesmo míticas (Ouroboros, O testamento de Ícaro). Grande parte de seus anseios parecem encontrar síntese no questionamento do protagonista de O que cada um quer: “E como encontrarei a paz?”
Como na vida, não há resposta definitiva para essa pergunta nos contos de Mellagi. Mas ao fim, o leitor poderá se deparar com a possibilidade do encontro, esse lampejo de sentido em meio ao caos."

Unknown Binding

Reviews

[Marianne · Rating 5 out of 5]

O difusor de tempo e de linguagem de André Mellagi não é estéreo e se verticaliza se atamanhando a medida que o autor estuda as suas potencialidades em versatilizar a palavra em Interfaces, livro a qual ele se destaca como escrito inventivo em experimentar o fantástico e o realismo no híbrido de horizontes literários. Com uma narrativa nada trivial sobre a vida, os personagens apesar de tudo tem características triviais e espontâneas. O enredo psicológico e racional da implantação de nada utópico, mas sim dialeticamente concreto. O óbvio pode ser uma Interface potencializada para um rumo maior da história. A existência compensatória de influência requer abertura para a palavra evoluir e é isso que André faz: faz a palavra evoluir. A descoberta de quem não toca a superfície para tocar as Interfaces. Essa conjugação de fatores fazem da obra construir um modo sofisticado de justa medida para o leitor inteligente apreciar boa literatura.

Interfaces é uma obra que não faz silêncios, que reverbera pontes com o leitor e dá cadência de atenção com boa matriz linguística. A experiência é de atmosfera material-sensorial com um cuidado de lentes ficcionais de um universo de espectro semântico, fazendo com que a obra se torne uma ficção de literatura contemporânea agradável e de corpo crítico bem escrito.

Interfaces fica entre o formal e o informal, sai do lugar mudo e faz uma canção com a medida empenhada da palavra, comum fluxo de consciência aberto e permitido a sentir e a viver a obra.

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