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Ciranda de Pedra

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Na magnífica casa de Natércio, que Virgínia visita semanalmente, há num recanto frondoso do jardim, uma fonte dentro de uma roda formada por cinco anões de pedra. Ela efabula que essas cinco figuras são as suas irmãs, Bruna e Otávia e os amigos Afonso, Letícia e Conrado. Porém, Virgínia sente o peso da rejeição junto dessa família idealizada. Por isso, ao descobrir quem é o seu verdadeiro pai, após a morte trágica de Laura e Daniel, pede a Natércio que a deixe estudar em regime de internato. Voltará quase adulta para finalmente descobrir o que se oculta por detrás do mito familiar que cristalizou na imagem da ciranda dos anões de pedra. Este é o romance de estreia de Lygia Fagundes Telles (1944), autora agraciada com o Prémio Camões/2005.

150 pages, Paperback

First published January 1, 1954

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3736 people want to read

About the author

Lygia Fagundes Telles

91 books558 followers
Lygia Fagundes Telles (born April 19, 1923) is a Brazilian novelist and short-story writer. She was born in São Paulo and is one of Brazil's most important living writers.

Her first book of short stories, Praia Viva (Living Beach), was published in 1944. In 1949 got the Afonso Arinos award for her short stories book O Cacto Vermelho (Red Cactus). Among her most successful books are Ciranda de Pedra (The Marble Dance) (1954), Verão no Aquário (1963), Antes do Baile Verde (1970), Seminário dos Ratos (1977) and As Horas Nuas, (1989). The book Antes do Baile Verde won the Best Foreign Women Writers Grand Prix in Cannes (France) in 1969.

Her most famous novel is As Meninas (The Girl in the Photograph), which tells the story of three young women in the early 1970s, a hard time in the political history of Brazil due to the repression by the military dictatorship. In 2005 she won the Camões Prize, the greatest literary award in the Portuguese language.[1]

She is one of the three female members of the Brazilian Academy of Letters.

From Wikipedia

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421 (13%)
2 stars
83 (2%)
1 star
13 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 378 reviews
Profile Image for Alfredo.
470 reviews600 followers
July 1, 2023
Que triste terminar essa leitura no dia em que a autora nos deixou! :(

"Ciranda de Pedra" é um romance de formação sobre uma garota que não se encaixa em nenhuma "ciranda" social ao redor dela, por mais que tente. É um livro corajoso, considerando a época que saiu, porque aborda, muitas vezes nas entrelinhas, separação parental, suicídio, homossexualidade, liberdade sexual... Ainda assim, a autora conseguiu grande destaque com ele. Merecido.

Algumas passagens da leitura me incomodaram (especialmente uma racista sobre a impossibilidade da existência de anjos negros, "ser preto era triste e no céu só tinha que ter alegria") e sinto que não aproveitei todo o subtexto dessa primeira vez. Talvez melhore em uma segunda leitura.
Profile Image for maria vitória .
69 reviews17 followers
February 11, 2021
"Amar a pessoa errada não é das melhores coisas que nos podem acontecer e acontece com tanta frequência."
Profile Image for Cláudia Azevedo.
395 reviews218 followers
August 21, 2022
Ciranda de Pedra prende, cativa, enfurece, apazigua. Nos dias em que estive a ler esta obra maior da brasileira Lygia Fagundes Telles, senti-me sempre acompanhada por Virgínia e vivi os seus dramas e perplexidades.
Virgínia é a filha mais nova de Laura, com quem vive depois de esta ter traído Natércio com Daniel, o médico da família. Virgínia sofre por viver separada das irmãs, Bruna (a criança moralista) e Otávia (a artista desligada), e dos amigos Letícia, Afonso e Conrado (a sua paixão platónica). Sofre, sobretudo, por ser rejeitada, sistematicamente excluída.
A história começa na infância e prossegue até à idade adulta, quando Virgínia volta a tentar ser aceite e amada.
Não é um livro alegre. Aliás, é tristíssimo. Ele mostra-nos que o encantamento da infância , fruto de imaginação e muita ingenuidade, não sobrevive às duras provas da vida adulta. As pessoas mudam ou revelam as suas outras faces, a hipocrisia toma o lugar do sonho, a ingratidão e a insensibilidade substituem os afetos de antes. Acontece a desilusão.
Várias metáforas perpassam o livro: são muitos os animais que representam o indizível, como a loucura, a morte e, enfim, a ressurreição. A própria ciranda, que surge no título, é esse muro de pedra intransponível para a protagonista, esse círculo que se ergue e no qual ela não consegue entrar, onde fica sempre à margem, estranha e estrangeira, mas jamais alheia.
Publicado em 1954, este primeiro livro de Lygia Fagundes Telles foi elogiado por notáveis, caso de Carlos Drummond de Andrade, e foi adaptado para televisão. Faz lembrar Clarice, a inimitável.
Com uma linguagem límpida e fluida, Ciranda de Pedra comprova o que já sabia desde que li "As Meninas", ao qual dei uma pontuação abaixo da que devia ter dado. Não sabia que aquelas meninas iriam perdurar na minha memória e isso é coisa rara e digna de estrelato.
Quero ler tudo de Lygia Fagundes Telles.
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
391 reviews5,519 followers
March 2, 2020
Sensibilidade. Se eu tivesse que definir essa obra de Lygia Fagundes Telles em apenas uma palavra, seria sensibilidade. Em “Ciranda de pedra”, a autora conseguiu narrar o drama de uma família desestruturada a partir da visão de uma criança, Virgínia, de uma forma extremamente humana, que envolve e toca o leitor.

Filha caçula de um casal separado, Virgínia precisa desde criança conviver com a loucura da mãe, a falta da afeto do pai e o isolamento por parte de suas duas irmãs mais velhas. Após um episódio de traição, a protagonista passa a viver com a mãe e seu amante, enquanto suas irmãs ficam morando com o pai. Virgínia é constantemente excluída pelas irmãs e passa a sua infância buscando uma certa aceitação.

A obra é dividida em duas partes. Na primeira, Virgínia é ainda criança e tem um olhar infantil e imaturo - mas repleto de emoções - sobre os problemas que vive. Já na segunda parte, o leitor acompanha a personagem no final da adolescência, com ideias e reflexões mais complexas sobre os impactos que esses problemas enfrentados na infância surtiram, e continua surtindo, em sua juventude. Ou seja, é um romance sobre o amadurecimento em um ambiente caótico, conflituoso, mas que não é nem um pouco irreal.

É impressionante a capacidade da autora, já em seu primeiro romance, de colocar um drama familiar no papel tão humano, sem tornar a trama exagerada ou pouco provável. Apesar de sua extrema sensibilidade, os diálogos também são muito bem construídos e dão fluidez ao texto.

Uma excelente obra escrita por uma autora nacional e que deve ser muito valorizada! Pronto e animado para conhecer mais do trabalho de Lygia Fagundes Telles… Qual vocês recomendam?

"Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente melhora. Mas passa.”

Nota: 10/10

Mais resenhas em: https://www.instagram.com/book.ster/
Profile Image for Fátima Linhares.
934 reviews339 followers
September 10, 2021
Primeira leitura para o excelente projeto da Ana Lopes, #emsetembrolemosbrasil. Literatura brasileira não é da que mais consumo e esta iniciativa é o ideal para colmatar esta minha falha. Comecei com a Senhora Dona Lygia e acho que não foi um mau começo. O início da história foi um pouco confuso, pois não estava a perceber bem a situação toda de Virgínia com a mãe e o tio Daniel, isto na primeira parte do livro. Depois de perceber o contexto, ficou tudo mais claro e comecei a apreciar muito mais a história e a evolução da nossa protagonista. Mas, quando parecia que ela se ia rebelar e manipular as irmãs, Bruna e Otávia, Afonso, Conrado, Letícia e Rogério, fiquei surpreendida quando descobri que o seu plano não passava por aí, que não era nada do que imaginava. A autora conseguiu surpreender-me e eu gostei dessa surpresa e da Virgínia.
Profile Image for Ricardo Silvestre.
206 reviews36 followers
February 10, 2025
Este foi o primeiro romance escrito por Lygia Fagundes Telles. Nunca tinha lido nada da autora mas fiz por manter a mente aberta para o que quer que viesse a encontrar (até porque tinha uma muito ténue ideia da novela dos anos 80 ter passado em Portugal e os comentários a respeito, ainda que poucos, não foram os mais positivos).

Gostei bastante da forma como a história foi sendo desenvolvida aos olhos de Virgínia, a filha bastarda que se sentia desenquadrada em qualquer uma das casas por onde passou. Muitas dos dilemas explorados pela autora devem-se exactamente a este sentimento de não pertença de Virgínia (na primeira parte do livro enquanto criança e na segunda já mulher).

Todos os personagens do livro são muito interessantes e todos eles participam na forma como Virginia escolhe fazer o seu trajecto ao longo da trama: a menina que vivia uma mentira familiar e que, como consequência, se torna uma pessoa desacreditada em se fazer valer por si própria.

A escrita da autora é muito agradável e flui quase sem esforço. Lygia demonstra uma certa simplicidade na forma como aborda questões que na altura eram tudo menos simples (relembro que o livro foi publicado numa época em que a mulher ainda se encontrava interdita a outros papéis que não os de “mãe de família” e “fada do lar”). Solidão, homossexualidade feminina, queda do modelo arcaico da estrutura familiar e doenças do foro psicológico são apenas algumas delas.

Quero muito ler outros livros da autora. Este foi uma bela surpresa!

"Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio gênero humano, ninguém presta. Às vezes a gente melhora. Mas passa."
Profile Image for Gabrielle Cunha.
429 reviews114 followers
March 26, 2025
A-DO-REI!!!! embasbacada com a audácia e coragem da Ligya de escrever uma história assim, com tantos temas tabus, em plena década de 1950!
Profile Image for Rita.
906 reviews185 followers
May 25, 2018
“Li-o, emocionei-me com suas páginas (…) na literatura brasileira, nada há que se possa comparar com seu trabalho: trama de assunto, arquitetura de livro, singular poder de reunir o que parece disperso, de dispersar o que se pensaria, continuasse na sequência do tempo, emoção, grande emoção, mas contida, quase sóbria, tipos excelentemente criados, língua conveniente a cada um dos personagens, tudo espontâneo, fluido e límpido, sem atitudes preconcebidas, sem tiradas patéticas, uma delícia!! (…) há no livro uma grande ciranda de caracteres, de seres que se sucedem, que se contrastam entre si, muito humanos, dessa humanidade que eu diria desumanidade, nada porém de pedra, tudo de sangue e lágrimas, com os poucos parênteses de felicidade que Deus abre na sequência de sofrimentos que é a vida. Que tipos, porém! O de Virgínia, figura central do romance, é extraordinário.”
Prof. Silveira Bueno


Sandra Guinle
Profile Image for Marilia.
299 reviews25 followers
September 4, 2017
4.5/5
Terminei o livro em choque. Não achei que gostaria, de verdade. A obra é dividida em duas partes e a primeira não é a minha favorita. A estrutura é super interessante, fazendo com que o texto nos deixe quase tão confusos quanto a própria Virgínia. Aliás, que criança insuportável - e, justamente por isso, Lygia Fagundes Telles ganha muitos pontos: cria uma personagem infantil que de fato parece uma criança e não um mini-adulto.
Além disso, são muitos personagens e demorei um pouco para entender quem era quem. Racionalmente, entendo que foi melhor assim, porque vamos conhecendo aos poucos essas pessoas, formando quem são com tempo e até crescendo com eles. Esse processo se dá ao longo de todo o livro, na verdade. Porém isso dá um desânimo quando começamos a leitura. Aliás, pra quem se animar, recomendo fazer uma espécie de árvore genealógica junto, conforme as personagens aparecem.
E embora entenda os motivos da construção ser feita como é, não deixou de cansar e tornar a leitura um pouco pesada - precisava voltar algumas vezes para ver se tinha entendido mesmo. A segunda parte é bem mais fluida e ainda que ao fim volte a empregar uma linguagem/estrutura mais parecida com o começo, não pesa tanto porque já entendemos a questão e já conhecemos aquelas personagens. E é muito foda e muito bem executado! (Tá meio cifrado pra evitar spoilers!)
Geralmente, comento que tal livro é bom para se ler no ônibus. Pois é, não é o caso aqui - a não ser que seu trajeto contenha exatamente o tempo de um capítulo. Mesmo assim, não recomendaria. Parar no meio do capítulo pode tornar a leitura mais confusa. Além disso, os capítulos te prendem, então você quer seguir para saber o que vai acontecer.
Era meia noite e pouco quando terminei a primeira parte e vem uma sequência de revelações do caramba que foi impossível não continuar lendo! Ou seja, recomendo para finais de semana de preguiça e/ou feriados em que queremos ficar desconectados do mundo.
Profile Image for Luciana Betenson.
271 reviews2 followers
August 22, 2022
"Uma vez você me citou um verso, era mais ou menos assim, 'Nascemos todos os dias quando nasce o sol'. E depois? - Começa hoje mesmo a vida que te resta." Adorei este livro, consegui ver a beleza e a emoção nas palavras da Lygia Fagundes Telles, como ainda não tinha visto. Agora me animo para ler mais coisas dela, quem sabe retomar "As Meninas", que foi interrompido no início, ou então tentar os contos de "Antes do Baile Verde". "Já que é preciso aceitar a vida, que seja então corajosamente".
Profile Image for maria julia.
91 reviews6 followers
December 10, 2025
caramba, meu primeiro livro dela e acho que se tornou um dos meus favoritos da vida. que escrita linda, cheia de poesia, cheia de cuidados e amor pela literatura. a primeira parte sendo a descrição mais linda e precisa de como é a mente de uma criança, pra segunda parte a mudança brusca pra virginia adulta e apática, descobrindo que a vida continuou apesar da dela ter “parado”, que o grupo que ela era obcecada continuou sendo o escape perfeito pra ela fugir da memória da mãe, do pai, do daniel. to muito apaixonada por cada detalhe desse livro, ja quero reler e reler ate ter todas as passagens na minha mente e poder ler só fechando meus olhos. lindo lindo lindo!!!!
Profile Image for Adriana Scarpin.
1,736 reviews
March 30, 2021
Como se não bastasse eu estar em mil e um clube de leituras, entrei mais em um, mas nesse tenho certeza que darei prioridade. Organizado pelas @leitorascaoticas a meta é ler sempre autoras brasileiras e o primeiro livro fica por conta de Lygia Fagundes Telles e seu Ciranda de Pedra. Pude também verificar e votar nas próximas leituras e também são escolhas de alto nível dentre nossas maiores escritoras, sobretudo contemporâneas, o que felizmente me fará ler mais delas.
Ciranda de Pedras é de fato um bom livro de formação, mas me incomodou o tom folhetinesco de sua linguagem, mesmo não tendo sido escrito como folhetim, daí ele ter sido novelizado pela Rede Globo por duas vezes foi um pulo. Não sei, talvez teria gostado mais dele se o tivesse lido com 18, 20 anos.
Profile Image for João Cavalcanti.
127 reviews31 followers
July 11, 2022
lygia… era mais fácil ter enfiado uma faca no meu peito! na medida que fui lendo, me tocava cada vez mais. as falas e os sentimentos dos personagens são tão reais que, muitas vezes, me pegaram de surpresa. as reflexões sobre solidão foram muito dolorosas, me identifiquei mais do que queria kkkkkk uma obra prima, realmente.
Profile Image for Sara.
156 reviews17 followers
May 25, 2025
"Ciranda de Pedra", o primeiro romance de Lygia Fagundes Telles, é amplamente considerado um dos melhores romances de formação da literatura brasileira, tendo sido, inclusivamente, adaptado para televisão.
A obra está repleta de símbolos e metáforas, começando pelo próprio título, cuja interpretação pode assumir diferentes significados.
À primeira vista, a 'ciranda de pedra' remete para um círculo de anões de pedra que ornamenta o jardim da mansão — imóvel e impenetrável.
No entanto, à medida que a narrativa se desenrola, percebe-se que o termo também representa o círculo de relações entre as irmãs de Virgínia, a protagonista, e os seus amigos. Embora pareça um grupo animado, mantém-se inacessível, ilustrando a barreira invisível que separa Virgínia dos demais. Lygia questiona a paralisia das relações interpessoais, denunciando a estratificação social e o empedramento desumano que afecta o colectivo e condiciona as acções individuais.
Ao longo da trama, tanto a Virgínia criança como a jovem adulta carregam consigo uma visão de si própria como inimiga. Apenas com o passar do tempo e com o processo de autodescoberta é que o 'eu' se transforma no seu maior aliado.
Filha de pais separados, Virgínia vive essa dualidade de forma distinta: com a mãe, exprime os seus extremos e a sua intensidade natural; já com o pai, adopta uma postura contida, alinhada com ele e com os habitantes da imponente mansão.
Assim, vários 'eus' coexistem, formando um círculo que é simultaneamente individual e colectivo.
Uma leitura indispensável!
Profile Image for Lucas Mota.
Author 8 books138 followers
March 23, 2021
NOTA: 3,9

Virgínia cresce sem entender a dinâmica familiar na qual se encontra. Vive na casa do padrasto, com a mãe adoecida, mas sonha em viver na casa do pai, com suas irmãs, e fazer parte do grupo social que dividem com os vizinhos.
Ciranda de pedra é um livro sobre como as nossas inseguranças nos levam a tratar com frieza aqueles que só nos desejam o bem. É um relato intimista que conta o que acontece depois de uma grande tragédia.
Terminei a leitura com vontade de conhecer mais trabalhos da autora.
Profile Image for sol.
108 reviews
December 23, 2021
"Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher as rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas."


Que livro lindo bicho... 👏😭
Profile Image for Leonardo Bianchi.
84 reviews1 follower
December 10, 2023
Aqui vemos um romance da alta qualidade e originalidade, aclamado inclusive por ninguém menos do que Carlos Drummond de Andrade, quando lançado em 1954. Com ousadia na linguagem, como o uso liberal do discurso indireto livre e diálogos vivazes, a autora traz o drama narrado pelos olhos confusos de Virgínia, a história de uma família fraturada pelo adultério de Laura, a mãe que perdeu sua sanidade no amor sombrio por Daniel, outra figura soturna e melancólica. “Assim via a mãe, enleada em fios que lhe tapavam os ouvidos, os olhos, a boca…Apenas uma pessoa conseguia penetrar no emaranhado: Daniel”. Virgínia mergulha fundo na loucura da mãe, que se descreve estar presa em “raízes terríveis”, na penumbra do seu quarto, perdida na turbulência do passado.

Virgínia muda-se então para a casa do esposo traído, Natércio, uma figura severa e recriminadora. Lá encontra o círculo de 5 personagens que dá título ao livro: as irmãs Bruna e Otávia, os rapazes Afonso e Conrado - a quem sempre nutriu um amor platônico - e Letícia. Com um senso de rejeição e não pertencimento àquele ambiente onde todos parecem impermeáveis, Virgínia exila-se voluntariamente em um colégio de freiras, onde permanece por longos anos.

Amadurecida, porém não livre de idealismo e ingenuidade, Virgínia retorna, anos depois, à ciranda de personagens que tanto sofrimento lhe causou. Mas agora passa a ser o centro da roda, admirada, temida, desejada.

Podemos destacar a profundidade psicológica da autora nos discursos e descrição das personagens, estilo que iria lhe consagrar como “a grande dama da literatura brasileira”.
847 reviews
August 18, 2023
Este romance foi publicado no Brasil em 1954. Lygia Fagundes Telles foi muito corajosa, ao expor mulheres e homens em relações que ainda hoje, no mesmo país, são censuradas: adultério, impotência, amor homossexual, emancipação feminina... Fez-me lembrar Maria Judite de Carvalho e Tanta Gente Mariana, pela frontalidade, a linguagem limpa e frontal, a complexidade das personagens, e uma aparente simplicidade da narrativa.
Cheguei a este livro através de Isabella Lubrano, do Ler Antes de Morrer, e foi uma boa descoberta.

PS. o poema que Daniel tão premonitoriamente refere (p. 73) foi escrito por Charles Morgan (1894-1958).
Aqui está a transcrição:

“Last night I flew into the tree of Death;
Sudden an outer wind did me sustain;
And I, from feathered poppet on its swings,
Wrapt in my element, was bird again.”
Profile Image for Mariana Almeida.
49 reviews6 followers
April 8, 2021
um livro excepcional sobre a busca por pertencimento, amor e aceitação. 4 estrelinhas, pois senti que não li no melhor momento. a temática pesada, melancólica, não caiu muito bem pro tempo atual. com certeza farei releituras pra melhor apreciar essa trama profunda e real que lygia construiu com tanto talento e coragem <3
Profile Image for Felipe Vieira.
784 reviews19 followers
March 8, 2023
Ciranda de pedra é um livro que a gente devora. É instigante, complexo e acaba ressoando depois da leitura. A protagonista Virgínia é intensa. Ela é muito, mas não a deixam caber no espaço que a rodeia. Lygia faz um trabalho excelente aqui. É um livro curto, mas carregado de informação. É denso. A autora aborda temas tabus como homossexualidade e bissexualidade, traição feminina, divórcio, além de ter um pouco de racismo também.

Eu não acho que falte algo no livro, mas eu queria ter visto mais da dinâmica interativa dos personagens que acontecem na parte final. Sei que é uma história sobre rejeição e não adequação, mas o livro me ganhou muito nessa troca entre os personagens. Enfim, é um ótimo livro. Uma leitura excelente.
Profile Image for Isabella C..
37 reviews13 followers
September 9, 2023
“"Achei-a", pensou fechando lentamente a mão. E colheu uma libélula que vinha a se debater debilmente na correnteza. Colocou-a na haste de um junco. Mas as longas asas continuaram grudadas ao corpo, paralelas e transparentes como um esquife de vidro. Soprou-a em vão. Estava morta.
Deixou-a, mas continuava a observá-la: era natural que outra libélula passasse por ali voando como era natural aquela estar imóvel. Vida e morte se entrelaçavam. E se no momento era difícil amá-las, impunha-se recebê-las com serenidade.
Agora as asas da libélula estremeciam. Moveu as patinhas com esforço. Virgínia aproximou-se, fascinada. Parecia morta quando a retirara e eis que as asas, secas sob o sol, já tentavam alçar voo. Soprou-a. "Vá, não perca tempo!" E vendo que a libélula enveredava por entre os juncos, ficou pensando que mais importante do que nascer é ressuscitar.”

Li Ciranda de pedra pra leitura conjunta de setembro do Página 99, era pra acabar de lê-lo só no final do mês mas fui tão absorvida pela narrativa que acabei atropelando todo o cronograma. Ainda sem palavras pra tamanha delicadeza que Lygia empregou aqui, tanto cuidado com imagens e símbolos que retornam o tempo todo na história… a partir de certo ponto entendi o motivo de ter sido adaptada para novelas, e fiquei assim, morrendo de vontade de ver uma adaptação que fosse feita pelo David Lynch, por conta do onírico latente em cada memória e acontecimento, que é um dos aspectos que mais amei. Depois dos encontros da leitura conjunta devo voltar aqui pra dizer mais coisas, mas já nasceu favorito.
Ai, Lygia ♥️ sempre faz tanto em mim…
Profile Image for Sophia Luduvice.
23 reviews1 follower
April 13, 2021
Virgínia não pertence. Desde a infância acompanhamos a sua desconexão com os ambientes que passa. Como saída, ela vai fugindo, se esgueirando das pessoas que lhe provocam o não pertencimento.

Um belo romance de formação que gera desconforto e identificação.

Ressalto uma das frases mais bonitas do livro na minha opinião: « Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher as rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer as coisas assim, sem esperar nada em troca »
Profile Image for André Bocuzzi.
50 reviews17 followers
March 1, 2020
Aqui temos um grande romance de formação dividido em duas partes. Na primeira, através dos olhos infantis da protagonista Virgínia, somos apresentados à história. Acompanhamos uma menininha bastante estressada no meio de uma crise familiar. Prefiro não entrar em detalhes porque o interessante é ir juntando pouco a pouco as peças da trama. Basta dizer que os ricos também sofrem! Na mansão da família, uma ciranda de anões enfeita o jardim e fascina Virgínia. Uma ciranda impenetrável que remete a uma outra, de carne e osso, composta por suas irmãs e amigos. Na segunda parte do livro, Virgínia já é uma jovem adulta recém-saída do internato onde concluiu seus estudos. De volta à casa, tem de lidar com os sentimentos de inadequação e buscar o seu lugar no mundo.

Ciranda de Pedra é o primeiro romance da Lygia Fagundes Telles, lançado em 1954. É um livro ousado para a época, pois aborda temas espinhosos como adultério, divórcio, homossexualidade, racismo, emancipação feminina, doença mental e suicídio.

Trata-se de um melodrama clássico (não por acaso já adaptado duas vezes para a televisão), mas sóbrio e verossímil. Personagens imperfeitos e bastante vivos, em um enredo simples carregado de sentimento, pois Lygia domina a técnica do discurso indireto livre, a linguagem interior dos personagens. Mas mesmo sendo psicologicamente denso, não é um livro difícil e a leitura flui muito bem. Pode ser uma boa porta de entrada para as obras da maior escritora brasileira viva!
Profile Image for Marcela.
21 reviews1 follower
July 2, 2016
“Pedra, pedraria, pedrada de drama que vai ser esse...”
De fato, a ciranda criada por Lygia Fagundes Telles não traz deleite; é caracterizada, isso sim, por um arremesso de pedras. Na história dividida em duas partes, separadas por um período aproximado de dez anos, a autora aborda o relacionamento entre a personagem principal, Virgínia, e as demais: Otávia, Bruna, Afonso, Letícia e Conrado. Se na primeira parte, em que é abordada a infância das personagens, a narrativa da autora já descreve com esmero as imperfeições humanas, na segunda parte, em que as personagens são jovens adultas, essa narrativa é potencializada, aprimorando-se a descrição das “pedradas” jogadas pelas personagens e por elas recebidas. O enredo, tão realista, é delineado por uma escrita excepcional e por diálogos formidáveis. Indubitavelmente, esta não será a única obra de Lygia que irei ler...
Profile Image for Marina Tommasi.
166 reviews3 followers
May 5, 2022
Uma pena eu só ter parado para ler Lygia Facundes Telles após o seu falecimento, pois gostei demais. Uma experiência imersiva onde você sente junto com a personagem principal, Virginia, a rejeição e a vontade de pertencer. Também questiona relações e o amor de maneira muito humana e real. É uma história sofrida, porém fluida e fácil de ler.
Profile Image for Erika.
359 reviews4 followers
January 4, 2018
Written in 1954, this elegant and powerful prose explores the psychological characteristics of its characters, especially those viewed from the perspective of the protagonist Virginia, first as a child and later as an adult.
Displaying 1 - 30 of 378 reviews

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