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O Crime do Cais do Valongo
Um corpo amanhece em um beco, envolto em uma manta e com pequenas partes cortadas. O crime do cais do Valongo, de Eliana Alves Cruz, é um romance histórico-policial que começa em Moçambique e vem parar no Rio de Janeiro, mais exatamente no Cais do Valongo. O local foi porta de entrada de 500 mil a um milhão de escravizados de 1811 a 1831 e foi alçado a patrimônio da humanidade pela UNESCO em 2017. A história acontece no início do século 19 e é contada por dois narradores — Muana e Nuno — que conviveram com a vítima: o comerciante Bernardo Vianna.
202 pages, Paperback
First published January 1, 2018
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About the author
Eliana Alves Cruz
15 books138 followersJornalista por formação, Eliana Alves S. Cruz nasceu no Rio de Janeiro, onde atua como chefe do Departamento de Imprensa da Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos, sendo também vice-presidente do Comitê de Mídia da Federação Internacional de Natação – FINA. Nesse campo de trabalho, visitou dezenas de países e participou de três Olimpíadas, vinte Campeonatos Mundiais e inúmeros eventos nacionais ligados ao esporte aquático, sendo também responsável pelo site www.blacksportclub.com.br, voltado para o resgate da presença negra no esporte.
Como escritora, vem se destacando na ficção, inicialmente com o romance Água de barrela, fruto de cinco anos de pesquisa sobre a história de sua família desde os tempos da escravidão. Em 2015, o livro foi contemplado em primeiro lugar no Prêmio Oliveira Silveira, concurso promovido pela Fundação Cultural Palmares, que o publicou no ano seguinte. E uma nova edição já se encontra disponível pela Malê Editora. Para a antropóloga Ana Maria da Costa Souza,
A profundidade dos personagens e a verossimilhança das situações por eles vividas são os pontos chave deste romance baseado em 3 séculos de história real de uma família negra no Brasil. Não há como não ser tocado por emoções intensas diante de muitos momentos do texto. A força da narrativa reside, precisamente, na riqueza de detalhes que conferem densidade e vigor à história.
Em 2016, integrou a edição 39 da série Cadernos Negros, com poemas de sua autoria. E, no ano seguinte, contribuiu com dois contos para a 40ª edição dos Cadernos, entre eles a narrativa de ficção científica intitulada “Oitenta e oito”. Neste mesmo ano, participou também da premiada antologia Novos poetas.
Empenhada no resgate da memória social e cultural afro-brasileira, seu mais novo romance – O crime do cais do Valongo – figura como romance histórico e policial, com uma instigante narrativa que se inicia em Moçambique e chega até o Rio de Janeiro.
A influência que a autora teve para escrever sobre o Valongo, foi a descoberta dos objetos encontrados em escavações recentes. Entre o período de 1811 a 1831 muitos escravos chegaram ao Brasil por esse cais, todos os artefatos despertaram a criatividade da autora, possibilitando assim o começo da escrita do seu livro, que é feito de inúmeras memorias dos ancestrais que foram escravizados e mortos no cais, - diz autora em entrevista a Médium Books(https://medium.com/blooks/entrevista-...-).
A mensagem que a autora deixa para os seus leitores em entrevista a Médium Books é “Brasil, se olhe no espelho, enxergue quem você realmente é se ame. A história e o conhecimento do povo negro são tesouros riquíssimos que precisam ser descobertos e aproveitados por toda a nação”. Assim é possível observar o resgate da memória e a preservação da identidade cultural negra almejado pela escritora.
Eliana Alves Cruz é também autora do blog www.flordacor.blogspot.com com textos voltados para a apreciação do trabalho de mulheres negras brasileiras em diversos campos de atuação.
Como escritora, vem se destacando na ficção, inicialmente com o romance Água de barrela, fruto de cinco anos de pesquisa sobre a história de sua família desde os tempos da escravidão. Em 2015, o livro foi contemplado em primeiro lugar no Prêmio Oliveira Silveira, concurso promovido pela Fundação Cultural Palmares, que o publicou no ano seguinte. E uma nova edição já se encontra disponível pela Malê Editora. Para a antropóloga Ana Maria da Costa Souza,
A profundidade dos personagens e a verossimilhança das situações por eles vividas são os pontos chave deste romance baseado em 3 séculos de história real de uma família negra no Brasil. Não há como não ser tocado por emoções intensas diante de muitos momentos do texto. A força da narrativa reside, precisamente, na riqueza de detalhes que conferem densidade e vigor à história.
Em 2016, integrou a edição 39 da série Cadernos Negros, com poemas de sua autoria. E, no ano seguinte, contribuiu com dois contos para a 40ª edição dos Cadernos, entre eles a narrativa de ficção científica intitulada “Oitenta e oito”. Neste mesmo ano, participou também da premiada antologia Novos poetas.
Empenhada no resgate da memória social e cultural afro-brasileira, seu mais novo romance – O crime do cais do Valongo – figura como romance histórico e policial, com uma instigante narrativa que se inicia em Moçambique e chega até o Rio de Janeiro.
A influência que a autora teve para escrever sobre o Valongo, foi a descoberta dos objetos encontrados em escavações recentes. Entre o período de 1811 a 1831 muitos escravos chegaram ao Brasil por esse cais, todos os artefatos despertaram a criatividade da autora, possibilitando assim o começo da escrita do seu livro, que é feito de inúmeras memorias dos ancestrais que foram escravizados e mortos no cais, - diz autora em entrevista a Médium Books(https://medium.com/blooks/entrevista-...-).
A mensagem que a autora deixa para os seus leitores em entrevista a Médium Books é “Brasil, se olhe no espelho, enxergue quem você realmente é se ame. A história e o conhecimento do povo negro são tesouros riquíssimos que precisam ser descobertos e aproveitados por toda a nação”. Assim é possível observar o resgate da memória e a preservação da identidade cultural negra almejado pela escritora.
Eliana Alves Cruz é também autora do blog www.flordacor.blogspot.com com textos voltados para a apreciação do trabalho de mulheres negras brasileiras em diversos campos de atuação.
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 39 reviews
December 24, 2020
Este livro é uma preciosidade!
Eu adoro livros de ficção com uma carga Histórica, e o Crime do Cais do Valongo é exactamente isso. Com personagens bem definidos e uma trama policial, o livro traz bastantes reflexões em torno da construção do Brasil e do papel dos povos escravizados no crescimento das cidades e aparecimento das grandes elites, que persistem até hoje.
Espero que Eliana continue escrevendo e buscando essas referências histórias de que tanto precisamos.
Eu adoro livros de ficção com uma carga Histórica, e o Crime do Cais do Valongo é exactamente isso. Com personagens bem definidos e uma trama policial, o livro traz bastantes reflexões em torno da construção do Brasil e do papel dos povos escravizados no crescimento das cidades e aparecimento das grandes elites, que persistem até hoje.
Espero que Eliana continue escrevendo e buscando essas referências histórias de que tanto precisamos.
March 9, 2025
gente eu detestei isso aqui kkkk alem de ser chata a historia os erros de revisao me incomodaram bastante. tem espaçamento duplo o tempo inteiro sendo que isso eh uma coisa mt simples de tirar ate em ferramentas do word
historia esquecivel tb. amanha eu ja nao vou lembrar mais de nd sobre ela. mto triste so pq solitária eh um dos meus livros favoritos e que eu tenho muito carinho
historia esquecivel tb. amanha eu ja nao vou lembrar mais de nd sobre ela. mto triste so pq solitária eh um dos meus livros favoritos e que eu tenho muito carinho
August 4, 2021
Incrível! Li esse livro por sugestão de uma das minhas melhores amigas e fiquei feliz por ser uma leitura que eu jamais iria escolher sozinha.
História incrível, bem escrita, com personagens encantadores. A descrição dos horrores da escravidão no Brasil me pegavam de surpresa às vezes, pois por mais que a gente estude sobre isso nas escolas, nunca saberemos realmente o horror que foi.
Adorei algumas reviravoltas que o livro deu, bem como o desfecho. Recomendo!
História incrível, bem escrita, com personagens encantadores. A descrição dos horrores da escravidão no Brasil me pegavam de surpresa às vezes, pois por mais que a gente estude sobre isso nas escolas, nunca saberemos realmente o horror que foi.
Adorei algumas reviravoltas que o livro deu, bem como o desfecho. Recomendo!
June 7, 2025
A autora é uma feiticeira, no melhor sentido da palavra. Personagens que hoje fazem da minha vida e os carregarei para sempre ❤️
March 11, 2020
Autora carioca. Eliana Alves Cruz é jornalista e escritora brasileira.
Romance histórico ambientando no Rio de Janeiro do século XIX.
Texto ágil, leitura rápida, por isso agradável de ler. As descrições e os detalhes históricos, como as notícias reais de jornais da época, são o destaque. Trama bem urdida.
Trata-se de uma história que se passa no Rio antigo. O enredo central gira em torno de uma morte misteriosa ocorrida nos arredores do chamado Cais do Valongo.
O pano de fundo é a escravidão no Brasil, este o verdadeiro crime - o "crime do Cais do Valongo" - página triste de nossa História e mácula impagável do passado e do presente do país.
Faz referência ao Cais do Valongo, no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, por onde milhões de escravizados africanos chegaram ao país ao longo do século XIX. Menciona-se também o horror do Cemitério dos Pretos Novos, no bairro da Gamboa, descoberto nos anos 90, hoje museu.
Gostaria de ver mais livros do tipo aqui no país; infelizmente, há poucas obras no gênero Romance Histórico.
Recomendo fortemente.
Romance histórico ambientando no Rio de Janeiro do século XIX.
Texto ágil, leitura rápida, por isso agradável de ler. As descrições e os detalhes históricos, como as notícias reais de jornais da época, são o destaque. Trama bem urdida.
Trata-se de uma história que se passa no Rio antigo. O enredo central gira em torno de uma morte misteriosa ocorrida nos arredores do chamado Cais do Valongo.
O pano de fundo é a escravidão no Brasil, este o verdadeiro crime - o "crime do Cais do Valongo" - página triste de nossa História e mácula impagável do passado e do presente do país.
Faz referência ao Cais do Valongo, no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, por onde milhões de escravizados africanos chegaram ao país ao longo do século XIX. Menciona-se também o horror do Cemitério dos Pretos Novos, no bairro da Gamboa, descoberto nos anos 90, hoje museu.
Gostaria de ver mais livros do tipo aqui no país; infelizmente, há poucas obras no gênero Romance Histórico.
Recomendo fortemente.
February 16, 2023
3.5****
Tem umas passagens muito bonitas, algumas partes que me deixaram confusas sobre quem estava narrando e algumas cenas que me deixaram reflexiva se poderiam ter acontecido....
Mas também, por que não?
Tem umas passagens muito bonitas, algumas partes que me deixaram confusas sobre quem estava narrando e algumas cenas que me deixaram reflexiva se poderiam ter acontecido....
Mas também, por que não?
Read
March 1, 2025muito legal!!! gostei mais da narrativa da mulher escravizada do que do cara que é o estereótipo do malandro carioca , por mais que entenda por que ela tá lá
March 11, 2025
Infelizmente há vários erros de revisão no texto, o que me distraiu bastante durante a leitura.
Sobre a história em si, fiquei muito imersa na narrativa da Muana, embora tenha sentido, de modo geral, que muitas informações foram jogadas sem que fossem retomadas.
Quanto à narrativa de Nuno, entendo sua função na história, mas ela foi tão sem sal que penso que um narrador onisciente teria ocupado a mesma função e teria sido mais interessante.
No mais, fiquei com vontade de ler mais ficções históricas brasileiras, e gostaria que o livro tivesse sido mais bem explorado.
Sobre a história em si, fiquei muito imersa na narrativa da Muana, embora tenha sentido, de modo geral, que muitas informações foram jogadas sem que fossem retomadas.
Quanto à narrativa de Nuno, entendo sua função na história, mas ela foi tão sem sal que penso que um narrador onisciente teria ocupado a mesma função e teria sido mais interessante.
No mais, fiquei com vontade de ler mais ficções históricas brasileiras, e gostaria que o livro tivesse sido mais bem explorado.
January 3, 2020
Excellent reading for those interested for the point of view of the enslaved africans during the nineteen century. It is a fictional story wrote on top of true events of that time. Totally recommend!
September 25, 2023
eu gostaria muito de dizer que amei esse livro, que a história foi extremamente bem contada, que o leitor se sente capaz de sentir e imaginar tudo o que acontece. mas não é o caso.
Eliana, infelizmente você tropeçou.
Eliana, infelizmente você tropeçou.
March 10, 2025
3.5
achei bem interessante! percebi que nunca tinha lido uma ficção histórica brasileira e vou buscar ler mais, me tocou de forma diferente
achei bem interessante! percebi que nunca tinha lido uma ficção histórica brasileira e vou buscar ler mais, me tocou de forma diferente
June 4, 2021
O Cais do Valongo é um vestígio material da escravidão no Brasil. Ali, aportaram africanos de incontáveis etnias trazidos forçadamente nos exíguos e insalubres porões dos navios negreiros e escravizados pelo empreendimento colonizador português. Nele, Eliana Alves Cruz ambienta uma trama investigativa em cujas suspeitas pelo assassinato do comerciante Bernardo Lourenço Viana, no início do século XIX, recaem inicialmente sobre seus três escravos, em que pese a vastidão de desafetos alimentados pela vítima em vida.
As microinterações envolvidas nas investigações servem como um retrato fiel daquele Brasil-colônia: o personalismo e imprevidência da administração colonial portuguesa; o uso das religiões como ferramenta colonial; o fomento e a instrumentalização, pelos europeus, das disputas interétnicas no continente africano em favor do comércio de escravos; a importante resistência material e simbólica destes mesmo em meio aos horrores do cativeiro; o pretenso abolicionismo inglês que, em verdade, não era movido por ideias de liberdade, mas promovia a perpetuação de assimetrias (raciais, inclusive), mas sob a égide do trabalho livre e assalariado.
As pistas que aos poucos desvelam o mistério que cobre a morte do famoso comerciante nos são reveladas pelo comerciante Nuno Alcântara Moutinho e por Muana, mulher escravizada da etnia macua-Lómuè. Enquanto o primeiro se investe de corpo e alma nas investigações do assassinato, tendo, para isto, motivações personalíssimas; a segunda constrói um verdadeiro memorial de sua trajetória biográfica desde a África até chegar à condição de cativa e suspeita pelo ocorrido com seu senhor, Bernardo, evidenciando que o verdadeiro crime do Cais do Valongo fora a escravidão e Bernardo, suposta vítima, era efetivamente o seu perpetrador.
As microinterações envolvidas nas investigações servem como um retrato fiel daquele Brasil-colônia: o personalismo e imprevidência da administração colonial portuguesa; o uso das religiões como ferramenta colonial; o fomento e a instrumentalização, pelos europeus, das disputas interétnicas no continente africano em favor do comércio de escravos; a importante resistência material e simbólica destes mesmo em meio aos horrores do cativeiro; o pretenso abolicionismo inglês que, em verdade, não era movido por ideias de liberdade, mas promovia a perpetuação de assimetrias (raciais, inclusive), mas sob a égide do trabalho livre e assalariado.
As pistas que aos poucos desvelam o mistério que cobre a morte do famoso comerciante nos são reveladas pelo comerciante Nuno Alcântara Moutinho e por Muana, mulher escravizada da etnia macua-Lómuè. Enquanto o primeiro se investe de corpo e alma nas investigações do assassinato, tendo, para isto, motivações personalíssimas; a segunda constrói um verdadeiro memorial de sua trajetória biográfica desde a África até chegar à condição de cativa e suspeita pelo ocorrido com seu senhor, Bernardo, evidenciando que o verdadeiro crime do Cais do Valongo fora a escravidão e Bernardo, suposta vítima, era efetivamente o seu perpetrador.
February 28, 2024
Livro incrível!! Li como sugestão de uma professora de Ficção Africana.
Trabalho muito criativo com os anúncios antigos da Gazeta, trama curta e interessante, cenas de embrulhar o estômago descritas na medida certa pro livro, personagem amáveis e também gostei muito do que Muana conta da sua vida próxima ao Monte Namuli e das crenças do povo moçambicano Lomwé.
Só achei que ela poderia ter se demorado um tanto mais pro final para narrar mais a fundo alguns acontecimentos.
Trabalho muito criativo com os anúncios antigos da Gazeta, trama curta e interessante, cenas de embrulhar o estômago descritas na medida certa pro livro, personagem amáveis e também gostei muito do que Muana conta da sua vida próxima ao Monte Namuli e das crenças do povo moçambicano Lomwé.
Só achei que ela poderia ter se demorado um tanto mais pro final para narrar mais a fundo alguns acontecimentos.
April 16, 2021
"Quando saiu, fiquei a meditar sobre tudo e sobre nada. Passei os olhos na Gazeta daquele sábado e vi que trouxe um aviso que me pareceu cômico. Anunciava livros que falavam de bruxarias, encantamentos e coisas do outro mundo. Murmurei: "E quem precisa sentir medo de tais monstros, se temos a nós mesmos?"
December 22, 2023
Surreal!
Ainda digerindo tudo que li. Uma experiência de retorno a um passado nem tão distante, que nos marca e fere até os dias atuais. Minha parte favorita é a descrição dos detalhes da vivência da personagem antes do sequestro para o trabalho forçado nas Américas. Leitura essencial.
Ainda digerindo tudo que li. Uma experiência de retorno a um passado nem tão distante, que nos marca e fere até os dias atuais. Minha parte favorita é a descrição dos detalhes da vivência da personagem antes do sequestro para o trabalho forçado nas Américas. Leitura essencial.
January 14, 2021
“O crime do cais do Valongo”, segundo livro de Eliana Alvez Cruz, é um thriller que se passa no Rio de Janeiro de 1809, logo após a chegada da coroa portuguesa ao Brasil. A autora usa diversas referências históricas retiradas de jornais e documentos da época para a construção de sua trama e, consequentemente, para a reconstrução daqueles lugar e momento históricos.
Cruz nos apresenta dois protagonistas cujas vozes se alternam na narração: Muana Lomuè, uma escrava, e Nuno Alcântara Moutinho, um mestiço. Com pitadas de realismo fantástico, muita pesquisa e a verve para dignificar as parcelas oprimidas da população, a autora demonstra que são poucos e curtos os dois séculos que nos separam do cenário retratado. Escravidão, machismo, exploração e até politização de vacina: realidade que sangra até os dias hoje. Em suma: livro ágil, instigador e necessário.
“Eu podia ver em seus olhos que não pretendia prejudicar-me e dividi com ele um de meus segredos. Disse a ele que abrisse os ouvidos e os olhos, pois estava prestes a entrar no mundo real, já que este em que estávamos era grossa mentira. Estamos todos acorrentados. Pretos, brancos, senhores, escravos, libertos. Todos presos a grilhões pesados.”
Cruz nos apresenta dois protagonistas cujas vozes se alternam na narração: Muana Lomuè, uma escrava, e Nuno Alcântara Moutinho, um mestiço. Com pitadas de realismo fantástico, muita pesquisa e a verve para dignificar as parcelas oprimidas da população, a autora demonstra que são poucos e curtos os dois séculos que nos separam do cenário retratado. Escravidão, machismo, exploração e até politização de vacina: realidade que sangra até os dias hoje. Em suma: livro ágil, instigador e necessário.
“Eu podia ver em seus olhos que não pretendia prejudicar-me e dividi com ele um de meus segredos. Disse a ele que abrisse os ouvidos e os olhos, pois estava prestes a entrar no mundo real, já que este em que estávamos era grossa mentira. Estamos todos acorrentados. Pretos, brancos, senhores, escravos, libertos. Todos presos a grilhões pesados.”
March 9, 2024
Mais uma vez fui arrebatado pela escrita da Eliana! Com "Solitária" ela me arrancou lágrimas com uma narrativa contemporânea. "Nada digo de ti..." e esse, "O crime do cais do Valongo" são romances históricos que também tratam de temas muito importantes. Entretanto, nesses dois últimos, vemos uma outra faceta da escrita da autora que puxa para algo mais cômico - sem ser forçado, sem desrespeitar a grandeza e a relevância dos temas abordados.
"O crime..." traz dois narradores: Nuno de Alcântara Moutinho e Muana Lomuè, temos alternância desses dois em todos os capítulos. Acompanhamos o desenrolar da investigação do assassinato cometido próximo ao cais do Valongo ao mesmo tempo que Muana reconstrói seu passado desde África, contando da sua infância aos pés do monte Namuli até sua chegada ao Brasil, chegando pelas areias do mesmo local antes da construção do cais. Não digo mais nada do enredo, apenas repito o que sempre digo (e com certeza sempre direi) ao terminar mais uma leitura dessa autora: leiam Eliana Alves Cruz!
Agora, só me falta ler "Água de Barrela" e aguardar ansiosamente por mais romances dela.
"O crime..." traz dois narradores: Nuno de Alcântara Moutinho e Muana Lomuè, temos alternância desses dois em todos os capítulos. Acompanhamos o desenrolar da investigação do assassinato cometido próximo ao cais do Valongo ao mesmo tempo que Muana reconstrói seu passado desde África, contando da sua infância aos pés do monte Namuli até sua chegada ao Brasil, chegando pelas areias do mesmo local antes da construção do cais. Não digo mais nada do enredo, apenas repito o que sempre digo (e com certeza sempre direi) ao terminar mais uma leitura dessa autora: leiam Eliana Alves Cruz!
Agora, só me falta ler "Água de Barrela" e aguardar ansiosamente por mais romances dela.
March 24, 2025
Não faltará muito para que esse livro vire obrigatório nos vestibulares do Brasil. Toda a narrativa riquíssima de detalhes do Brasil Colônia, os pontos de vistas dos excluídos, dos que nunca tiveram a chance de contar suas histórias, estão aqui neste livro. Um romance policial com um contexto histórico que te prende até o fim para saber quem matou Bernardo Viana, um homem cercado de inimigos de todos os lados por ser uma pessoa péssima. Ao mesmo tempo, você quer entender o que aconteceu com a escrava Muana, como ela foi parar no Rio de Janeiro. Toda a ancestralidade é bem forte neste livro.
Como todo livro sobre a história do nosso Brasil, haverão relatos de violência e estupros. Então, caso não tenha se ligado, esse é um ponto sensível. Não há riqueza de detalhes sexuais, mas você entende através das falas dos personagens.
Ademais, recomendo fortemente esse livro para quem quer entender sobre o principal e maior porto de entrada de cativos : o Cais do Valongo, considerado hoje patrimônio da humanidade pela Unesco e toda a movimentação que ocorria ao redor dele. Que nunca possamos esquecer para
que não possamos repetir todas as atrocidades que nossos ancestrais foram acometidos.
Como todo livro sobre a história do nosso Brasil, haverão relatos de violência e estupros. Então, caso não tenha se ligado, esse é um ponto sensível. Não há riqueza de detalhes sexuais, mas você entende através das falas dos personagens.
Ademais, recomendo fortemente esse livro para quem quer entender sobre o principal e maior porto de entrada de cativos : o Cais do Valongo, considerado hoje patrimônio da humanidade pela Unesco e toda a movimentação que ocorria ao redor dele. Que nunca possamos esquecer para
que não possamos repetir todas as atrocidades que nossos ancestrais foram acometidos.
June 1, 2021
Foi muito bom ter conhecido essa escritora. Recomendo muito.
O livro é um romance histórico sobre Muana, uma escravizada do Rio de Janeiro. A história se passa em torno do ano 1809, quando o senhor dela é assassinado e há uma investigação. Muana é narradora desse caso, mas ela também conta a sua trajetória desde a África e detalha os horrores da escravidão desde a captura até a chegada no Valongo - o cais que "recepcionou" milhares de africanos no RJ.
Por isso tudo, o cotidiano da sociedade escravista é muito bem retrato no livro.
Obs: algumas questões ficam em aberto no livro, há fatos repentinos e nem tudo está amarradinho. Mas a narrativa é instigante!
O livro é um romance histórico sobre Muana, uma escravizada do Rio de Janeiro. A história se passa em torno do ano 1809, quando o senhor dela é assassinado e há uma investigação. Muana é narradora desse caso, mas ela também conta a sua trajetória desde a África e detalha os horrores da escravidão desde a captura até a chegada no Valongo - o cais que "recepcionou" milhares de africanos no RJ.
Por isso tudo, o cotidiano da sociedade escravista é muito bem retrato no livro.
Obs: algumas questões ficam em aberto no livro, há fatos repentinos e nem tudo está amarradinho. Mas a narrativa é instigante!
April 3, 2023
A autora fez uma vasta pesquisa do Rio de Janeiro dos tempos da família real e o resultado foi surpreendente.
Como já disse em histórico de.leitura , pude entender na prática através dos personagens tudo o que Laurentino Gomes descreveu em sua trilogia Escravidão.
O destaque fica com as lembranças descritas pela moçambicana Muana, com as tradições de sua etnia e temas polêmicos como a mutilação sexual de meninas na África.
O título do livro em si já é uma grande provocação , pois retrata ao mesmo tempo o crime do enredo e algo.maior que foi a hedionda vinda de pessoas escravizadas para as Américas por mais de três séculos.
Como já disse em histórico de.leitura , pude entender na prática através dos personagens tudo o que Laurentino Gomes descreveu em sua trilogia Escravidão.
O destaque fica com as lembranças descritas pela moçambicana Muana, com as tradições de sua etnia e temas polêmicos como a mutilação sexual de meninas na África.
O título do livro em si já é uma grande provocação , pois retrata ao mesmo tempo o crime do enredo e algo.maior que foi a hedionda vinda de pessoas escravizadas para as Américas por mais de três séculos.
August 12, 2024
Gostei muito da história, em outras resenhas, já escrevi sobre minha opinião sobre a escravidão, então não vou repetir. A história é muito boa, e muito bem escrita, embora os personagens não tenham tanta profundidade quanto outros romances, como Um Defeito de Cor, que já li, por isso deu quatro estrelas.
January 2, 2025
Caso você vá para o livro esperando algo como um romance policial moderno, esqueça! Esse não é o estilo que encontrará aqui. Ainda bem!
O trunfo da história não se dá na resolução do assassinato, mas sim na tragetória de vida contada pela personagem Muana em seus diários.
Misturando realidade com ficção, a narrativa é bem construída, principalmente misturando realidade com ficção.
O trunfo da história não se dá na resolução do assassinato, mas sim na tragetória de vida contada pela personagem Muana em seus diários.
Misturando realidade com ficção, a narrativa é bem construída, principalmente misturando realidade com ficção.
July 16, 2020
A powerful book. Eliana is a fantastic writer and scholar. In this book fiction mixes with the reality of the streets of Rio de Janeiro, Brazil back in slavery times. It’s an honest and powerful portrait of the origins of Brazil and it’s mixed races and culture.
November 29, 2021
O que mais gostei na leitura foram as informações históricas e a visão do Rio colônia a partir das pessoas escravizadas. A vida delas nessa parte da cidade, onde já caminhei muitas vezes e sempre me encanta e me lembra a dor dos que ali viveram. Deu sentido à vários aspectos históricos invizibilizados. Essa leitura é uma oportunidade de conhecer a real história de formação do país. Traz à luz o verdadeiro crime do cais do Valongo e desmistifica a hipocrisia oficial.
A estória me lembrou muito Um Defeito de Cor, livro que também aborda a história de pessoas escravizadas desde sua saída da África até seu regresso ao país de seus sonhos, e também aborda, com riqueza de detalhes, o que constitui as religiões de matriz africanas.
Achei algumas partes incongruentes, mas aprendi muito e, com certeza na minha próxima caminhada por aquela região vou levar comigo essa estória
A estória me lembrou muito Um Defeito de Cor, livro que também aborda a história de pessoas escravizadas desde sua saída da África até seu regresso ao país de seus sonhos, e também aborda, com riqueza de detalhes, o que constitui as religiões de matriz africanas.
Achei algumas partes incongruentes, mas aprendi muito e, com certeza na minha próxima caminhada por aquela região vou levar comigo essa estória
August 8, 2023
A perfect book through and through, holy shit. I recommend everyone in my life to read this every time they ask me for a book recommendation. I've never read a novel so fast in my life. The writing, the pacing, the characters, the plot... Everything was so engaging.
October 31, 2025
Que livro!!!! Que história!!!
Estou apaixonada. Todo livro que fala de escravizados me deixa angustiada. Esse não foi diferente, mas foi, também, uma angústia diferente...
Só leiam!
O livro é espetacular!
Estou apaixonada. Todo livro que fala de escravizados me deixa angustiada. Esse não foi diferente, mas foi, também, uma angústia diferente...
Só leiam!
O livro é espetacular!
February 6, 2021
Narrativa policial que traça paralelo entre o RJ e Moçambique do sec XIX. Prosa envolvente, o que deu uma leve desanimada foi a edição
June 19, 2021
Que livro bom!
April 18, 2022
Ótima leitura, recomendo
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