Agnes não tem boas recordações do seu último Natal. Depois de um evento traumático na véspera da data, ela foi resgatada para o Instituto Multicor onde vive e estuda com outros jovens LGBTQIA+ que, assim como ela, tiveram problemas familiares. Sua namorada, Camila, no entanto, se empenhará para dar a amada um Natal especial ao lado de pessoas que a amam e se importam com ela.
eu não conheço o universo desse conto e isso me fez ficar completamente desconfortável com assuntos citados sem de fato ter um aprofundamento sobre. falar de abusos sexuais e racismo da forma escrita me deixou extremamente incomodada, era melhor só não falar.
Eu já conhecia o Universo Multicor de Thati Machado desde a antologia Orgulho de Ser, na qual fui apresentada à existência de um Instituto que resgata e abriga pessoas LGBT rejeitadas por suas famílias e vivendo em situação de risco. Essa ideia de acolhimento é muito reconfortante, ainda mais em época de festas, quando nos lembramos do quanto é triste não ser aceito pela família de sangue. Assim, ter uma nova família, de pessoas que escolhem estar ao nosso lado e conviver conosco respeitando quem somos, é a melhor solução. Neste conto, a personagem Camila deseja fazer uma surpresa para a namorada Agnes, que ainda sofre com a violência que sofreu anteriormente. É uma graça ver como ela planeja tudo para que a namorada sequer desconfie da ceia particular, e melhor ainda ver como nada sai da forma que Camila espera, mas Agnes acaba gostando mesmo assim. Porém achei a história bem curta e apressada, e acho que poderia ter sido mais desenvolvida.
A ideia em si, de um grupo de amigos tentando ressignificar o dia de Natal para uma pessoa que amam, é algo que me agradou e me fez querer ler sobre; entretanto a história tem aspectos demais. É um conto de apenas treze páginas e citou temas como estupro, estupro coletivo, experiências de racismo e abuso familiar. Digo “citou” porque não foram de fato abordados: não sei com profundidade como os personagens se sentiram durante as situações. A famosa estratégia de “mostre, não conte” não foi utilizada em momento algum, o que fez com que tudo que aconteceu durante a narrativa fosse apenas uma pincelada em temas difíceis.
O livro tem trechos bons e personagens com potencial, a questão é que não tiveram desenvolvimento suficiente para alcançá-lo.
Os acontecimentos que nos são revelados no conto chocam, mas ambos são rotineiros na vida de diversas pessoas no Brasil e no mundo. Nunca é fácil escutar que algo assim aconteceu, mesmo no mundo fictício, pois a ficção imita a realidade. Apesar disso, a amizade do grupo e o desejo de fazer o bem para a amiga nos deixam de coração quentinho, afinal ter amigos (que, no caso dela, são praticamente a sua família) sempre ajuda nos momentos mais difíceis da vida. Mesmo que eles não possam dissipar a dor, eles ajudam a esquecer um pouco, ou ao menos a resignificar a data. Uma lição sobre nunca menosprezar o poder da amizade.
Não é possível que não tinha NINGUÉM pra avisar toda a irresponsabilidade que isso aqui foi.
Sério, o primeiro parágrafo que fala sobre abuso sexual eu tive que reler porque não tava acreditando que aquilo existe, sem conduções. Temas sensíveis são importantes de serem retratados, mas não são motivos para jogar em um parágrafo porque não tem mais nada pra escrever, o próprio nome diz, devem ser tratados com SENSIBILIDADE.
Achei simplesmente adorável! Não sabia que existem mais histórias do mesmo universo deste conto, mas com certeza vou procurar! Foi uma leitura na medida para a época do Natal, ou qualquer época do ano, na verdade.
Essa é uma história muito fofa e aconchegante de natal, que eu amei. O livro teria benefício em ser mais comprido para o desenvolvimento dos conflitos, mas o desenvolvimento de personagem numa estória tão curta é impressionante.