Em Topless, sem pudor algum, Martha Medeiros desnuda o dia-a-dia em 54 textos que revelam por que ela é conhecida como uma das mais importantes cronistas do Brasil. Ao olhar para o cotidiano, a escritora transforma o trivial em crônica, e a crônica em poesia da atualidade. Publicado primeiramente em 1997, a coletânea foi vencedora do Prêmio Açorianos de Literatura no ano seguinte.Como grande observadora e poeta que é, Martha Medeiros analisa, comenta e traz para o debate todas as normalidades e esquisitices do homem e da mulher moderna, com suas neuroses e anseios, medos e expectativas, fazendo um verdadeiro retrato de nossa época. Comenta filmes e livros, fala sobre o medo da morte, destrincha as agruras e as felicidades do casamento, tudo numa prosa ágil e límpida.
Martha Medeiros nasceu em Porto Alegre em 20 de agosto de 1961 e é formada em Comunicação Social. Como poeta, publicou os seguintes livros: Strip Tease (Brasiliense, 1985), Meia-Noite e Um Quarto (L&PM, 1987) Persona Non Grata (L&PM, 1991), De Cara Lavada (L&PM, 1995), Poesia Reunida (L&PM, 1999) e Cartas Extraviadas e Outros Poemas (L&PM, 2001). Em maio de 1995 lançou seu primeiro livro de crônicas, Geração Bivolt (Artes & Ofícios), onde reuniu artigos publicados em Zero Hora e textos inéditos. Em 1996 lançou o guia Santiago do Chile, Crônicas e Dicas de Viagem, fruto dos oito meses em que viveu na capital chilena. Seu segundo livro de crônicas, Topless (L&PM, 1997), ganhou o Prêmio Açorianos de Literatura.
É autora dos best-sellers Trem-Bala, Doidas e santas e Feliz por nada. Seu romance Divã, lançado pela editora Objetiva, já vendeu mais de 50.000 exemplares e também virou peça de teatro, com Lilia Cabral no papel principal. Martha ainda escreveu um livro infantil chamado Esquisita Como Eu, pela editora Projeto, e o livro de ficção Selma e Sinatra. É colunista dos jornais Zero Hora e O Globo, além de colaborar para outras publicações.
As crônicas de Topless, escritas para o jornal Zero Hora (Porto Alegre/RS) de 1995 a 1997, são repletas de frases inteligentes, dessas que a gente tem vontade de postar no facebook. Martha Medeiros (1961), sua autora, é uma das mais bem sucedidas brasileiras que começaram a publicar na década de 90. Primeiramente escritora de poesia, posteriormente dedicando-se ao gênero crônica, ela alcançou o grande público quando o romance Divã, de 2002, virou série de TV. De lá para cá, teve mais três livros adaptados para o teatro.
Mas em 1995, Martha estava com 34 anos, e o movimento dos Caras Pintadas tinha aberto e sepultado no mesmo mês a manifestação política que caberia à juventude brasileira ainda fazer naquele século. Um outro milênio se abria e, com ele, a internet. Então, tudo mudou. Digo isso porque o tema das crônicas deste livro são espantamentos de quem viu o mundo mudar ao vivo. E não estou falando do tipo de mudança que assistimos hoje em dia, que costuma receber o adjetivo de instantânea. Atualmente, tudo é tão veloz que não percebemos mais mudanças: o que existe são multicamadas, extratos se mexendo uns por cima dos outros, numa coexistência de antigo, novo e retrô. Naqueles áureos tempos pré-PT, o Brasil se abria pela primeira vez ao mundo depois de anos fechado em ditadura militar, e os adultos percebiam que, no exterior, costumes, estilos de vida e ideias andavam a anos luz. E foram todos correr atrás.
Topless é o depoimento dessa corrida atrás do prejuízo. Estão lá todas as novidades da época: mamães deixando os filhos em creches pra voltar ao trabalho depois da licença; ex-esposas sacando que não pegava mais viver de pensão de ex-marido; avós indo passar férias no Caribe; Madonna virando mãe careta; Paulo Coelho vendendo milhões de livros no exterior; a competição chegando ao atendimento a clientes; sensualidade virando sinônimo de inteligência. (Quero lembrar que foi mais ou menos por esses tempos que Marília Gabriela se tornou a primeira mulher da TV a ganhar o salário de 1 milhão de reais, uma glória!) Como alguns resistiam às mudanças, o tom que Martha impõe às crônicas é o de bronca. Claro que uma bronca bem escrita, com toques de humor inteligente, resvalando para uma auto-ajuda estilo eu-já-passei-por-isso-e-sobrevivi. Vale a pena ler porque Martha escreve ligeiro, com lucidez e consegue transpor para o papel o espírito de uma época. Mas talvez você se canse do discurso. Ou talvez não: talvez você se empolgue. Como eu havia dito, vivemos tempos de multicamadas e é possível se identificar tanto com textos clássicos universais, quanto com crônicas que, por sua própria natureza, são datadas.
Abaixo selecionei algumas das bem sacadas frases da autora. Tenho certeza de que irá gostar.
Se esse livro fosse ruim, tava até bom. O livro é péssimo! Cheio de preconceito e com crônicas vazias. Entendo que foram escritas há mto tempo mas não acho que o fator cronológico seja suficiente para justificar alguns pensamentos presentes no texto.