A idéia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra... Enxergar um significado maior na vida aproxima o tema da espiritualidade do mundo do trabalho. Este é um texto sobre as inquietações do mundo corporativo. Neste livro o autor desmistifica conceitos e pré-conceitos, e define o líder espiritualizado, como aquele que reconhece a própria obra e é capaz de edificá-la, buscando incessantemente o significado das coisas.
Mario Sergio Cortella (Londrina, 05 de março de 1954) é um filósofo brasileiro, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde também é professor-titular do Departamento de Teologia e Ciência da Religião e da pós-graduação em Educação (Currículo), além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral e do GVpec da FGV-SP.
"Eu me vejo naquilo que faço, não naquilo que penso". (...) "A coragem não é a ausência de medo. A coragem é o enfrentamento do medo. Corajoso é aquele que enfrenta o medo e não admite que este sentimento se transforme em pânico ou em inação, em imobilidade. Mudar é complicado, sem duvida, mas acomodar é perecer". (....) "Excelência não é um lugar aonde você chega. Excelência é um horizonte". "A vida é muito curta para ser pequena". Benjamin Disraeli "Conheço muitos que não puderam quando deviam porque não quiseram quando podiam". François Rabelais
Sem dúvida trata-se de um livro que é o que é não somente pelo conteúdo, mas pelas reflexões que propõe. Pela primeira vez leio uma obra de Cortella na íntegra, mas identifiquei diversos pensamentos já trazidos pelo autor em entrevistas de TV e artigos na Internet. Ele, inclusive, rememora que certas passagens já foram abordadas em livros anteriores, o que, para quem lê ou leu outras de suas obras, pode parecer repetitivo.
No entanto, é justamente a repetição uma das técnicas mais interessantes que Cortella utiliza na produção desse livro. Pontos importantes, frisados duas, três vezes, e revistos em capítulos posteriores, ajudam a fluir a leitura (sem necessidade de retrocessos) e auxiliam indivíduos de diferentes faixas etárias, por exemplo, a encontrarem um ponto em comum. Cabem também às suas analogias um papel de destaque. Didáticas, irônicas e certeiras, sem dúvida, mas, principalmente, elucidativas. Afinal, não é assim uma tarefa tão simples interpretar o que Heidegger, Kant e Freud quiseram dizer algum dia.
Outro ponto interessante, em termos de estrutura, é a organização do livro em três grandes capítulos (Gestão, Liderança e Ética) e em subcapítulos pequenos (entre 3 e 5 páginas). Isso é ótimo para leitores que, como eu, realizam leituras fragmentadas em deslocamentos via transporte público e necessitam interrompê-la abruptamente. É bastante fácil retomar!
'Qual é a sua obra?' pode ser um apanhado de frases de impacto, de experiências bem sucedidas de Cortella, de analogias mirabolantes e de receitas de autoajuda. Mas, também pode ser um tapa na cara, um chute no estômago, uma topada com o dedinho do pé na ponta da mesinha de centro. Impossível não se ver retratado nas broncas, nos conselhos, nos afagos. O princípio de que não existe distinção entre vida profissional e vida pessoal (por mais que se esforce para conseguir), abre portas para pensarmos em nosso papel de pessoa, cidadão, amante, empregado, líder e punhado de pó no meio do universo.
Para quem já acompanha o trabalho do Cortella alguns pontos podem parecer repetitivos, porém o livro é bem interessante e de fácil leitura. Sempre coloca exemplos a respeito da teoria, tornando mais claro o entendimento.
Um bom livro sobre o conceito de ética e liderança.
Uma boa leitura! Escrita acessível. Ensinamentos simples e diretos. Considero que o conteúdo deste livro são informações que a maioria tem conhecimento, mas que nem sempre coloca em prática. Alguma repetição de ideias ao longo do livro, ficando a dúvida se é involuntário ou propositado. O melhor foram definitivamente os relatos das experiências pessoais do autor.
Trechos sublinhados: "...O trabalho como castigo persiste. Tanto que a maior parte das pessoas diz: 'Quando eu parar de trabalhar, eu vou fazer isso, isso e isso'. Sendo que isso é uma ilusão, porque você pode dizer: 'Quando eu não tiver dependência em relação ao trabalho, eu vou fazer isso'. Mas parar de trabalhar, você não vai parar nunca. Nem pode. Porque você nunca deixará de fazer a sua obra. Seja a sua obra aquela que você faz para continuar existindo, seja para ter o seu reconhecimento. Eu me vejo naquilo que faço, não naquilo que penso. Eu me vejo aqui, no livro que escrevo, na comida que eu preparo, na roupa que eu teço. Etimologicamente, a palavra 'trabalho' em latim é labor. A ideia de tripalium aparecerá dentro do latim vulgar como sendo, de fato, forma de castigo. Mas a gente tem de substituir isso pela ideia de obra, que os gregos chamavam de poiesis, que significa minha obra, aquilo que faço, que construo, em que me vejo. A minha criação, na qual crio a mim mesmo na medida em que crio no mundo... Reconhecer o desconhecimento sobre certas coisas é sinal de inteligência e um passo decisivo para a mudança... Nenhum e nenhuma de nós é capaz de fazer tudo certo o tempo todo de todos os modos. Por isso, você só conhece alguém quando sabe que ele erra, e quando ele erra e não desiste. E dizem: ah, é por isso que a gente aprende com os erros? Não, a gente não aprende com os erros. A gente aprende com a correção dos erros. Se a gente aprendesse com os erros, o melhor método pedagógico seria errar bastante. (É bom lembrar que todo cogumelo é comestível. Alguns apenas uma vez... É preciso saber equilibrar a tensão da flexibilidade com a rigidez. Existe uma tensão entre o que eu mantenho, que é a rigidez, e o que eu mudo, que é a flexibilidade. Como é que se vive essa tensão? Estamos vivendo a emergência de novos e múltiplos paradigmas. São novos tempos que exigem novas atitudes. Não dá para fazer a velha edição para as coisas que caminham em direção à excelência... Nenhum ou nenhuma de nós é líder em todas as situações, nenhum ou nenhuma de nós consegue liderar qualquer coisa, ou todas as coisas e situações. Por outro lado, qualquer um ou qualquer uma de nós é capaz de liderar alguns processos, algumas pessoas, algumas situações... No meu modo de ver, o mundo ocidental capitalista produtivo material altamente eficaz caiu numa armadilha: especializou-se nos 'comos' e deixou de lado os 'porquês'. E aí temos um adensamento da insatisfação, do incômodo e, especialmente, do desespero... Nós, brasileiros, temos um vício, que é muito perigoso, de nos contentar muitas vezes com o possível, em vez de procurarmos o melhor... Não se confunda intensidade com extensidade. Por exemplo: alguém que guie carro há trinta anos não necessariamente tem mais experiência do que alguém que guie há cinco anos. Pode ser que alguém habilitado há trinta anos faça somente dois trajetos por dia: vá para o trabalho e volte. Enquanto pode haver alguém que guie há cinco anos, mas passe o dia inteiro se deslocando. Aliás, líderes circunstanciais são aqueles que se formam em situações em que a experiência é intensificada... Você obtém um pouco de sossego mental quando aquilo que você quer é também o que você deve e é aquilo que você pode. Quanto mais claros os princípios, mais fácil fica lidar com os dilemas. Você não deixa de ter dilemas, mas é preciso ter como razão central a integridade. O que é uma pessoa íntegra? É uma pessoa correta, justa, honesta, que não se desvia do caminho. É uma pessoa que não tem duas caras. Qual a grande virtude que uma pessoa íntegra tem? Ela é sincera. De onde vem a palavra sinceridade? Ela tem várias acepções, porém a mais recente tem a ver com marcenaria. No século XIX, quando o marceneiro, ao trabalhar com aqueles móveis chamados coloniais, errava com o formão, ele pegava cera de abelha e passava naquele lugar para disfarçar o erro. Sine cera significa 'sem cera', uma pessoa sincera é aquela que não disfarça o erro, ela assume. Em vez de fazer de novo, ele finge que está certo passando cera de abelha. É igual a certas pessoas que, quando vão mudar de casa, pegam pasta de dente e colocam em todos os furos de quadro para fazer uma maquiagem... Portanto, ao proteger a vida em geral nós estamos nos protegendo. Tudo o que for feito a Terra será feito a nós, tudo o que acontecer com o nosso planeta nos atingirá. Não é possível que, na relação hóspede-hospedeiro, o que acontece ao hospedeiro não atinja o hóspede. Nesse sentido, nós somos, no nosso planeta, hóspedes e hospedeiros ao mesmo tempo. A vida não nos pertence, somos parte dessa vida. Por isso, é preciso discutir, ensinar, refletir e aprender também. Nós podemos, queremos e devemos. É nosso dever ético que façamos isso... O copo transbordar? A primeira gota ou a última? São todas as gotas. Qualquer gota que a gente tirar do copo, ele não transbordará. Não é a última gota que faz o copo transbordar. Daí que a relação entre ética e meio ambiente é um tema de cada indivíduo... Quando estamos insatisfeitos somos capazes de inovar, mudar e nos construir aos poucos, pois o grande desafio humano é não se satisfazer com as coisas como estão. Quem assume este compromisso constrói uma existência significativa e gratificante..."
Eu não consegui apreciar muito dos artigos no começo. Eu acabava sentindo que diziam algo óbvio, ou sem proposito. Só lá pelo meio do livro comecei a ver alguns trechos, pérolas, que realmente gostei. Aqui a seguir vão alguns trechos que salientei:
“Tem gente que não consegue avançar em direção ao futuro e acaba ficando com um enorme passado pela frente.” Pg 73 Qual é a tua obra Mario Sergio Cortella
“gente que te respeita discorda de você quando tem que discordar. Do contrário você não cresce” pg 77
“Ócio não significa não ter o que fazer, é poder escolher o que fazer” Pg 97
“jamais o líder admita a tristeza como sinônimo de seriedade” Pg 98
“Eu não nasci pronto e vim me gastando. Eu nasci não pronto e vim me fazendo” Pg 100
“Uma das coisas que mais temo quando se tem um debate ético é a chamada adesão cínica. É quando o sujeito diz: “Nós temos que discutir ética, esse país só vai para frente com ética”. Mas, ele mesmo, no dia a dia, comporta-se da seguinte maneira: “Isso é bobagem. O mundo é competitivo, a regra básica é cada um por si e Deus por todos. Cada um tem que se virar, senão a gente dança”. Esse tipo de adesão cínica é muito perigoso [...] Eu prefiro o mentiroso ao cínico” Pg 115-116
“um poder que se serve, em vez de servir, é um poder que não serve” pg 139
Esse foi meu primeiro livro do Cortella depois de muitos anos assistindo seus debates e palestras pela internet, é difícil sempre ir ler algo quando o autor é uma figura já tão presente na sua cabeça é quase como ter que ler um texto de um amigo e não saber até que ponto suas críticas e análises não estão enviesadas pelo amor (neste caso pela admiração).
Ainda sim fui com a mente aberta e confesso que sempre vou me surpreender com a biblioteca presente dentro da fala de Cortella, é incrível sua capacidade de referenciar grandes nomes e de aproximar deles sem medo nenhum, como quem diz pra visita “pode entrar ele não morde!”
No entanto confesso que esse livro foi um pouco mais vazio do que eu esperava de uma obra do mesmo, talvez pela época em que foi publicado talvez mas apesar de muitas boas reflexões era possível ver ele por vezes andando em círculos e falando “obviedades” (e ao escrever isso me questiono se posso considerar assim já que talvez o que é óbvio para mim não seja para outro), de qualquer forma parece uma reflexão um pouco simplista demais em certos momentos mas nem por isso se torna ruim!
3.5! Uma leitura tranquila, boa, calma e que com certeza ainda te traz boas reflexões e uma escrita magnífica, cheia de conhecimentos!
Eis mais uma obra do grande Cortella; dessa vez, algo que faz você refletir sobre a sua obra, o seu legado, aquilo que as pessoas enxergam em você, a maneira como você enxerga as coisas ao seu redor e as ações exercidas por você para conquistar objetivos. Você é alguém que sabe diferenciar entre erro e negligência? Você trabalha para viver, ou vive para trabalhar? O nosso mundo exige cada vez mais que sejamos vitoriosos e prósperos; muitos (talvez, a maioria dos que conheço) agem como aventureiros, com uma ou mais ideias na mão (boas ou não,...mais para o não!), saem mundo a fora sem projeção ou preparo. O famoso “vamos lá, e depois veremos no quê vai dar”! São esses que percebo serem um pouco mais frustrados com suas conquistas, confusos com as incertezas que não conseguem suportar e, perdidos em seus propósitos.
Cortella tem essa grande capacidade de nos causar "inquietações", e como ele mesmo diz um bom livro ou filme é aquele que te deixa insatisfeito... Pois é, termino leitura insatisfeita, queria mais... Queria ficar horas e horas sendo provocada a descobrir qual a minha obra! As abordagens sobre ética, liderança, relações e competências são sensacionais, mas nada se compara ao exemplo dos Índios que passaram um dia por São Paulo, onde fica claro quem é civilizado e quem é selvagem. Ficou curioso pra saber a resposta? Leia o livro e entenda, por quê é impossível não se inquietar com as provocações filosóficas de Cortella! 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
O que fica da vida são os sonhos que conseguimos realizar... Na realidade, qual é a obra? Será o trabalho essencial à vida ou simplesmente fundamental para alcançarmos o essencial? Se estou a perder vida, estou a vender a minha alma. Aliás os cristãos usam uma frase sobre a qual muitos executivos deveriam parar para pensar. Diz: “De nada adianta a um homem ganham o mundo se perder a sua alma” (Mt. 16:24) Estas e mais um conjunto de reflexões sobre a vida, o trabalho, a liderança e a ética são nos sabiamente transmitidas por Mário Sérgio Cortella neste livro.
"Qual é a tua obra?" além de trazer pontos interessantes e importantes sobre cada dos três principais tópicos, também chama a atenção por ser ter um punhado de frases que causam impacto e reflexão. Vai além das questões do ambiente de trabalho, trata também da nossa relação com o mundo, com as pessoas e com nós mesmos. Trata sobre a vida e suas realizações. Esse livro fala sobre sua marca, seu legado, aquilo que você deixa para as pessoas. O legado é eternizado porque ele não está nas coisas, mas nas pessoas. Você decide qual a tua obra!
Daria 4.5 se pudesse... Passei um ano sem ler Cortella porque tinha enjoado dos livros dele, que tem um quê de ideias repetitivas. Mas este foi um dos livros mais originais -- isto é, ideias e contos que não estão presentes em outros livros do mesmo autor -- que li dele. As seções de gestão e liderança são muito boas.
o livro é conformista e tenta te convencer que o sistema capitalista é mais do que vender o seu tempo de vida para fazer outra pessoa ficar rica. por mais que eu não compactue muito bem com isso, ele cumpre o seu papel em mostrar a importância de cada um para a construção de um todo e se você acredita em meritocracia provavelmente será uma boa leitura 👍
Gostei bastante! É um livro fácil e agradável de ler. As vezes acaba sendo um pouco repetitivo, mas isso também tem um lado positivo, que ajuda a fixar alguns dos conceitos que o livro tenta nos ensinar! Nos traz bons questionamentos e reflexões. Recomendo.
Gosto mais do estilo das “provocações filosóficas”, onde conta situações e casos com humor, para fazer-nos pensar. Esse livro é mais sério, com informações de como agir, como ser, como se comportar para estar alinhado com os próprios princípios.
Gostei muito de algumas histórias pessoais que ilustraram alguns capítulos e adorei o uso da etimologia em outros. A mensagem do livro é positiva e necessária em muitos aspectos, mas o autor peca pela repetição e obviedade na explicação de alguns conceitos.
Um livro “sucinto” e objetivo, que traz grandes reflexões para quem somos. Cortella como sempre usando de sua sabedoria com abordagem leve e didática, fazendo-nos questionar de fato “qual a nossa obra?”
Gostei bastante da temática, conseguiu ser ao mesmo tempo um livro "coach" e filosófico. Gosto bastante das surpresas de origem das palavras. Único ruim é que se trata de uma coletânea de artigos de 4 páginas, onde muitas vezes eles se repetem e não têm uma sequência muito lógica.
Um livro que nos inspira, abre os olhos e nos atira com a verdade sem cuidado. Gostei bastante. Fala muito sobre como a vida deve ser vivida e como cada um deve tomar as suas decisões e que somos responsáveis pela mesma.
Esse livro é tão incrível e tão gostoso de se ler que eu o li em 2 dias. O título já dá uma boa ideia do que vai ser tratado nos textos. Recomendo demais.
Livro sucinto que indaga uma questão muito relevante enquanto, empregado ou chefe, mas alguém que trabalhe. Estamos aqui para executar uma obra e nos enxergarmos nela.
A Simplicidade e Carisma do Cortella torna a leitura muito agradável. O que mais admiro no Cordela é a elegância para "lembrar ao ser humano o seu devido lugar"