Lançada originalmente no final dos anos 1990, A coroa, a cruz e a espada é o quarto volume da coleção Brasilis, que já vendeu mais de 1 milhão de exemplares, inaugurando um estilo leve, crítico e divertido de contar a história de nosso país.
“Ao ler, me senti cumprindo uma obrigação - de saber das minhas raízes - com o maior prazer.” ― MARÍLIA GABRIELA, jornalista e atriz
Em 1548, com a derrocada das capitanias hereditárias, Portugal decidiu estabelecer um Governo-Geral no Brasil. No ano seguinte, o militar Tomé de Sousa desembarcou na Bahia, acompanhado por burocratas, funcionários públicos, soldados e degredados. Sua missão era construir a primeira capital da colônia, a Cidade do Salvador, e, a partir dali, estabelecer a lei e a ordem em todo o território.
A cidade – erguida em regime de empreitada, com licitações fraudadas e obras superfaturadas – de fato foi construída. Mas a lei e a ordem não fixaram residência ali. Pelo contrário: a desordem e a ilegalidade se tornaram a regra, não a exceção.
Com a substituição do rígido Tomé de Sousa pelo corrupto Duarte da Costa, o que já estava ruim ficou pior. E, assim, o Brasil seguia um rumo incerto – com os franceses, desde 1555 instalados no Rio de Janeiro, a um passo de se tornarem os novos colonizadores.
Ao mergulhar no cotidiano de uma sociedade marcada pela desigualdade, pelo desrespeito às leis, pelo uso do aparelho do Estado para obtenção de benefícios pessoais, pelo clientelismo e pela corrupção generalizada, este livro ajuda a desvendar a origem de algumas das mazelas que continuam minando o pleno desenvolvimento do Brasil.
Esse é o primeiro livro "não-didático" de história que eu leio. Este livro é incrível, narra um período curto da história do Brasil com impressionante riqueza de detalhes. Vê-se que a pesquisa para sua composição foi extensa e muito bem documentada. Eduardo Bueno responsávelmente enuncia e faz referência à suas fontes. É escreve muito bem. Ele faz o registro histórico fluir como um romance. Nos mostra que às vezes a realidade já é ficção o suficiente.
O livro consegue um olhar interessante para eventos do Brasil Colônia inicial. Quem busca compreender as biografias de figuras-chave do começo de nossa história, e a articulação das tramas interpessoais que eram a matéria-prima da política da época vai encontrar aqui um prato cheio.
Como trabalho introdutório, a obra cumpre muito bem a função de traçar um panorama vivo e despertar o interesse por meio de narrativas. A bibliografia do final também ajuda bastante quem não é especialista, mas quer pesquisar pelos mais diversos motivos - escrever um roteiro, ter algum insight sobre a economia cotidiana da colônia, pesquisa para jogos, etc. Há fontes primárias, citadas junto com estudos importantes, como Burocracia e Sociedade no Brasil Colonial, do Schwartz.
Não há como negar que o livro acaba transpirando um pouco superficialidade nas entrelinhas. Ao insistir em explicar as mazelas brasileiras por causa da "cultura do jeitinho e do apadrinhamento", por exemplo, o autor acaba recorrendo a um senso comum que poderia ter sido evitado. Talvez Bueno fez isso para agradar leitores, talvez realmente lhe falte formação histórica. Uma leitura de clássicos como "A história da vida privada", volume I, Paul Veyne, sobre o Império Romano, mostra como praticamente qualquer sociedade pré-industrial se organiza com base em relações interpessoais, bem parecidas com o esquema brasileiro, sem que isso tivesse prejudicado seu desempenho ou progresso naquele contexto. Se hoje, no Brasil cada vez mais industrializado do século XXI, a corrupção incomoda - e deve incomodar - aplicar retroativamente juízos de valor não é a melhor receita para compreender a história de um país.
De qualquer forma, os prós compensam bem esses contras. Em primeiro lugar, Bueno é um bom narrador, que tem facilidade em tornar a matéria interessante. Em linhas gerais, como ele mesmo ressaltou, seu trabalho consiste em rescrever os cronistas com uma linguagem atual e acessível. Não há dúvida de que nesse sentido, ele fez um bom trabalho.
Além disso, no Brasil, há um vácuo de narrativas históricas mais centradas nas biografias e tramas interpessoais escritas em linguagem atual. Nos anos 40, 50, 60 e 70 houve uma renovação nos livros de história, que passaram a enfatizar mais os processos do que os eventos. Se a profundidade das análises melhorou, por um lado, por outro houve certa caça às bruxas aos livros factuais, que bem ou mal têm sua importância. As pessoas continuam com sua curiosidade em entender quem eram aquelas pessoas, suas ambições pessoais, seu estilo de vida.
Para o leitor que quer conhecer as trajetórias dessas figuras, ou aspectos factuais como o preço de uma caravela, ou quem eram os funcionários públicos daquela época, o livro é o uma referência.
Livro leve no início, mostrando um aparato do reinado português para tentar organizar a colônia. Vemos os primórdios do nepotismo com a ascensão dos “letrados”; um pouco da lenda/vida de Caramuru, um dos “turgimões” chegados ao Brasil; além de uma lista que vai de homicidas, hereges, até estupradores que foram degredados ao Brasil. Tomé de Sousa, para construir a primeira capital, conta com uma equipe enorme e ineficiente, cara demais ao erário régio. Já na construção das muralhas, vemos a ideia do arremate/leilão para contratar empreiteiro, mas que vão se utilizar de materiais bem aquém... Visualizamos o interior de uma casa de época e sabemos do “vinho de mel” dos nativos, mal visto pelos concorrentes vinhos de além-mar. Já que o jesuíta Nóbrega não conseguia catequizar direito o gentio, que venha o bispo Sardinha. Ao acompanhar Tomé de Sousa, Nóbrega vai até São Vicente e a renomeia São Paulo. Agora, em 1553, sabem de ouro na região “rumo ao Peru”, então se instaura o caos, mas por incompetência do novo Governador-Geral, Duarte da Costa. Detalhes como “havia aceito” e “tinha ganho” atrapalham um pouco a leitura.
Eduardo Bueno é um autor sensacional, que te faz se apaixonar pela história do Brasil e pelos mais diversos assuntos relacionados, como navegação, jornalismo e a própria história do nosso país.
Dotado de uma narrativa sensacional, o autor é extremamente didático e entusiasmo até os mais leigos a conhecerem mais sobre a história do Brasil. É impossível falar de Eduardo Bueno e não acompanhar o canal dele no Youtube também, como fonte de informação. O canal se chama "Buenas Ideias".
Lí este livro, o quarto da série Brasilis, logo depois do terceiro. Ainda que o estilo e o formato continue o mesmo, este volume não causou o mesmo entusiasmo que os anteriores. No entanto é uma excelente retrospectiva dos fatos e das mazelas, interesses pessoais e corrupção, seja de clérigos, políticos, funcionários públicos ou colonos. Que pena! Que herança! Pelo menos os índios foram valentes! Isso aprendi.
Depois de tentar estabelecer o fracassado sistema das capitanias hereditárias em 1548, Portugal decidiu estabelecer um Governo-Geral no Brasil. A construção da primeira capital, a Cidade do Salvador, já começou a mostrar como o país seria governado daí em diante: com bastante corrupção, desigualdade, desrespeito, clientelismo, esperteza para benefício próprio, etc.
Finalmente terminei a coleção brasilis. Infelizmente, dos quatro foi o que menos gostei. Tem menos análises e opiniões do que os outros, parecendo muito mais um simples relato cronológico. Mas é interessante saber como era a vida privada dos primeiros colonos do Brasil e a relação deles com o território e os nativos
Assim como os demais livros da coleção Brasilis, o autor faz um relato bastante detalhado dos acontecimentos de modo que é possível se ter uma noção do cenário no Brasil e em Portugal até a chegada do terceiro governador geral do Brasil.
Once again Bueno succeeds in telling a wonderful true story about the challenges, failures and achievements of those who colonized the americas in the 16th century.
I am eagerly waiting for the next book in the Brasilis collection.
Always good to know more about Brazilian history, mainly the Colonial period. The book brings interesting facts and information well registered and documented.
A Coroa, a Cruz e a Espada (Terra brasilis #4) - Eduardo Bueno | 280 páginas, Objetiva 1998 | Lido de 03.06.19 a 06.06.19 | NITROLEITURAS #história
SINOPSE
No quarto volume da consagrada coleção Terra Brasilis – com mais de meio milhão de exemplares vendidos – o escritor Eduardo Bueno traça um panorama impressionante da primeira tentativa de colonização do Brasil feita com dinheiro da própria Coroa portuguesa. Com uma narrativa repleta de detalhes saborosos, A Coroa, a Cruz e a Espada revela a origem de algumas mazelas que, 450 anos depois, ainda minam o desenvolvimento do Brasil.
No quarto volume da coleção Terra Brasilis, Eduardo Bueno explica as origens de um Brasil corrupto e burocrata
“Povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la.” O jornalista Eduardo Bueno reconhece que a frase feita não passa de um chavão, mas a considera perfeita para definir a importância da coleção de história com a qual já conquistou meio milhão de leito.
RESENHA
Aqui o foco é na colonização do Império Português no Brasil, um período marcado por investimentos da Coroa portuguesa e de muitas turbulências e eventos incríveis em terras brasileiras. Os personagens históricos são fascinantes e a construção das colônias são repletas de práticas corruptas que se prestam para analogias com o presente de nosso país.
Gostei muito das histórias fantásticas sobre o Bispo Sardinha, uma espécie de vilão de Game of Thrones ou o nosso Cardeal Richelieu! Doidimais!
Um livro fascinante para quem queira conhecer de perto a história!