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Belhell

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Belhell é Belém, capital paraense, que, mais uma vez, pelas mãos de Edyr Augusto, se vê transformada não em cenário, mas em verdadeiro personagem desse brevíssimo romance urbano. Suas ruas, avenidas, becos, lanchonetes, clubes, casas noturnas, prostíbulos e hospitais são redimensionados pelas ações de Gil, Paula, dr. Marollo, Paulo e Sérgio Aragão. Contudo, é no clandestino cassino Royal, entre dados, cartas, fichas, dinheiro, uísque, cocaína, sexo e regras precisas, declaradas ou não, que o destino dos protagonistas é fatalmente posto em jogo. Uma narrativa que dá forma literária às diversas manifestações da violência cotidiana, revelando que o submundo está bem mais próximo do que ousamos imaginar. Após o sucesso de Pssica (2015), Edyr Augusto lança Belhell, sua sétima obra literária, todas publicadas pela Boitempo. O paraense tem uma carreira consolidada como romancista de histórias ácidas e cruas, com forte sotaque, a umidade e os dissabores da Amazônia. Seus thrillers incomodam e seduzem, mas também propõem reflexões sobre problemas encontrados em qualquer cenário urbano. Ler Edyr é um verdadeiro tratamento de choque: a velocidade brutal aliada à barbárie potencializa ao extremo o realismo presente em cada frase seca e cortante de suas narrativas. O estilo implacável, mordaz e direto, remete a algo como um soco no estômago de quem lê: “Meus livros falam sempre sobre pessoas. Pessoas que são atingidas por golpes de violência, pessoas que são atingidas em seu âmago e precisam reagir”, conta o autor em vídeo para a TV Boitempo. O autor teve quatro romances publicados na França nos últimos anos: Os éguas (que por lá saiu com o título Belém e recebeu o prêmio Caméléon de melhor romance estrangeiro, na Université Jean Moulin Lyon 3), em 2013, Moscow, em 2014, Casa de caba (Nid de vipères), em 2015, e Pssica, em 2017. Em 2020, quase simultaneamente a seu lançamento no Brasil, Belhell será publicado na França pela editora Asphalte, que publicou todos os anteriores no país. A obra Pssica teve seus direitos comprados pela 02 Filmes e será o primeiro longa-metragem dirigido por Quico Meirelles.

152 pages, Paperback

First published February 13, 2020

51 people want to read

About the author

Edyr Augusto

15 books21 followers
Edyr Augusto é um escritor e jornalista paraense, vencedor do prêmio Caméléon. Nascido em Belém, em 1954, inicia sua carreira como dramaturgo no final dos anos 1970. Escritor e diretor de teatro, Edyr trabalhou como radialista, redator publicitário, autor de jingles além de produzir poesia e crônicas. Filho do escritor e radialista Edyr de Paiva Proença, sua estreia como romancista se dá em 1998, com a publicação de Os éguas. Quadro desolador da metrópole amazonense, o "thriller regionalista" mergulha no ritmo frenético da decadência e da violência urbana.

Muito apegado à sua região do Pará, Edyr Augusto ancora lá todas as suas narrativas. Em 2001 lança Moscow, seu segundo romance, seguido de Casa de caba, em 2004. Seu mais recente romance é Selva Concreta (2012). Os thrillers escritos por Edyr Augusto são conhecidos por representarem o que há de mais interessante na literatura contemporânea paraense, mas com temas identificáveis em qualquer cenário urbano. Sua linguagem é coloquial, típica da região, compondo um retrato perfeito da oralidade local. A temática urbana, com uma trama de suspense que se desenrola por bares, botecos, restaurantes, delegacias, clubes e motéis, ecoa a tradição policialesca noir. É nesse encontro que se configura o estilo singluar da obra de Edyr Augusto.

Em 2013, com a publicação de Os éguas em francês (sob o título Belém), a obra de Edyr ganhou grande destaque na cena literária parisiense. Amplamente aplaudido pela crítica, o romance recebeu, em 2015, o prêmio Camaléon de melhor romance estrangeiro, na Université Jean Moulin. Concorreram com ele Milton Hatoum (Orphelins de l’Eldorado), Adriana Lisboa (Bleu corbeau) e Frei Betto (Hôtel Brasil). No mesmo ano, Edyr participou do festival Quais du Polar, em Lyon. O evento é mundialmente conhecido por celebrar o gênero noir na literatura e no cinema e recebeu neste ano cerca de 65 mil visitantes e nomes consagrados como Michael Connelly e Harlan Coben. Em 2014, o escritor também participou como convidado e palestrante do festival Étonnants Voyageurs em Saint-Malo, e em 2015, foi convidado a participar do Salão do Livro de Paris. Desde então, seus romances vêm sendo traduzidos para o francês. Em 2014, foi a vez de Moscow (2014) e em 2015, Casa de caba (publicado com o título Nid de vipères).

O estilo marcante, a escrita alucinante e implacável de Edyr já havia chamado a atenção de editoras internacionais, a começar pelo romance Casa de Caba, publicado na Inglaterra com o título Hornets’nest pela Aflame Books, em 2007. O paraense também teve alguns contos traduzidos no Peru, pela editora PetroPeru, e também no México, pela editora Vera Cruz. E dois de seus livros estão sendo adaptados para o cinema.

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1 star
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Displaying 1 - 9 of 9 reviews
Profile Image for Luciano.
328 reviews281 followers
September 10, 2021
'Belhell' consolida Edyr Augusto como um dos melhores autores de thrillers no Brasil. Aqui, a ação concentra-se no submundo de Belém, envolvendo políticos, cassinos clandestinos, histórias de ascensão social pelo crime e outros temas que devem soar familiares para quem já passou algum tempo naquela cidade. O estilo, de capítulos rápidos alternando personagens, sem muitas explicações, ajuda na imersão no universo obscuro criado pelo autor. Recomendo.
Profile Image for Hermes Veras.
8 reviews2 followers
January 2, 2021
Quem se aventurar em Belhell vai poder apreciar a proposta de um autor que se preocupa com o ritmo e a cadência da palavra, sem abrir mão de uma boa história. Portanto, meus amigos, temos em Edyr Augusto enredo e linguagem, e isso deixa os seus livros com um gosto especial para os olhos e ouvidos.

Pssica já vai virar filme. Os direitos foram comprados por Kiko Meirelles, filho de Flávio Meirelles. Mas quem for esperar a estreia do escritor nas telonas pode se dar mal. Não duvido da capacidade adaptativa de ninguém, mas desconfio muito que seja possível transmutar para o cinema o tratamento com as palavras e o manejo poético de Edyr. Que consiga trazer a ação, as reviravoltas e o espírito investigativo das personagens, que de glamorosas nada têm de tão reais, isto já é bem possível.

Belhell tem as características que consagraram Edyr. É curto, frenético e intenso. Violento, como a cidade que lhe rende as personagens, enredo e inspiração. O livro é desgracento, não traz descanso para as personagens e mostra como as pessoas acometidas e inseridas em um universo de violência e privação simplesmente têm que agir, sobreviver, e quem sabe até viver. A sinopse do livro pode ser contada de muitas maneiras, lá vai uma: um escritor começa a chafurdar o mundo dos cassinos de Belém. Incomoda o mandachuva, que intercede e manda raptar o escritor. Conversa vai, conversa vem, o mandachuva acaba sendo convencido a contar a sua história de ascensão ao submundo de Belém. Medicina. Tráfico. Assassinato. Assassino em série. Banditismo & Pistolagem. Prostituição. Desigualdade social. São palavras que revestem o panorama da obra.

As personagens querem crescer, ganhar dinheiro e poder, única maneira de pararem de serem exploradas nesse mundo cão e passarem justamente a explorar o próximo. Para isso, matam, seduzem, enganam e cheiram muita cocaína para aguentar as jornadas dobradas de trabalho. Dentro dessa violência enredada, de pessoas que se cruzam e entram em conflito, fodem e matam entre si, ainda encontramos as referências ao mundo cultural, político e também superficial (no sentido mesmo de primeira camada) de Belém. Clubes sociais, concursos de beleza falidos, boates tocando medoly e tecnobrega, enfim, um marsupial de gente contando uma história instigante.

Acredito que a maioria já não tem paciência para ler mais um romance que conta as peripécias de um escritor, homem e provavelmente branco. Mas tem um porém de força. O escritor aqui é um instrumento, um elemento intermediário entre a Belém diurna, moralizada, católica e tropical, e a Belém noturna, alucinada, degolada, de vísceras expostas. O escritor quase não interfere: viciado em coca zero, perambula pelos inferninhos, cassinos e trilha de pessoas destruídas pelo craque. É o escritor quem vai ouvir as histórias de Bronco, um cabeção dos cassinos ilegais da cidade. Não está explícito se a narrativa que lemos foi um apanhado do que ele ouviu, reconstituindo já em livro. De qualquer forma, essa dúvida nos move pela leitura e desperta curiosidade. Aliás, sempre queremos saber mais e mais das personagens, nunca tanto a respeito do intermediário que perpassa essas situações.

Desde que conheci a prosa e poética do Edyr tenho sido um membro da seita, talvez modesta de seus admiradores (quase certeza de que ele é mais lido no estrangeiro do que aqui mesmo) e quando posso, divulgo, falo para as pessoas lerem e comprarem seus livros. Aconselho mesmo que você, pessoa leitora que curte literatura brasileira contemporânea, que se ainda não conhece a obra desse escritor inventivo (o menino se aventura no teatro, contos, crônicas e poesias…), corre lá. E o mais importante, espero que lendo Edyr, o público busque outros autores e autoras do Pará, esse estado gigante e imenso que me acolheu tão bem. Basta procurar, minha gente, não tem mais desculpa não, os nomes estão aí, por todo lado, rabiscando o mundo inteiro.
Profile Image for Fabio Augusto.
172 reviews6 followers
April 6, 2020
Belhell conta a história de pessoas ligadas de alguma forma ao submundo do crime na cidade de Belém do Pará. Como argumento, é a história de um passado próximo contada por um bandido relevante ao “escritor”.

A principal qualidade da obra é a fluidez. É um livro curto, com frases diretas e capítulos pequenos que trazem algum acontecimento relevante para o desfecho da história. Os personagens são interessantes e suas trajetórias são contadas sem maniqueísmos. Porém, à exceção dos três principais, os demais têm desfecho um pouco descuidado, dando a impressão de que não houve empo ou interesse de desenvolvê-los mais. Uma pena, pois algumas histórias eram superinteressantes e praticamente não terminaram, como a do médico.

Belhell vale a pena para aqueles que já gostam de Edyr Augusto. Para quem ainda não leu nada do autor, talvez o ideal seja começar com Pssica, esse sim um livro imperdível.
Profile Image for Ricardo Ribeiro.
352 reviews3 followers
September 14, 2022
Parece um conjunto de contos mas não é. Pouco a pouco os fragmentos se colam e fazem sentido como um todo. Nem todos os fragmentos estão lá, e isso também ajuda a criar um clima de mistério. Um conjunto de personagens únicas a cheirar de forma gutural onde está o dinheiro, o poder, a aceitação, o prazer ...

O que eleva o livro é o seu realismo à disposição das motivações das suas personagens. E, se faça o correcto ou não, esta sociedade desassossegada os engole.
Profile Image for Giovanna Shiroma.
91 reviews4 followers
May 5, 2025
Aquele tipo de livro em que te apresentam vários personagens e histórias e aos poucos você começa a enxergar o todo que ela está prestes a formar, criando uma expectativa e antecipação pelo final do livro. Rapidinho, curto, te prende bem. Mas bem no finalzinho algumas coisas não ficaram muito claras ou se perderam um pouco, quebrando a expectativa.
Profile Image for Marte.
3 reviews
June 10, 2020
Uma escrita ágil que dá velocidade a leitura e torna a história ainda mais envolvente
Profile Image for yaviz.
8 reviews
February 9, 2023
um livro frenético, grotesco e violento em muitos sentidos, meu primeiro contato com a obra do Edyr Augusto. muito bom, certamente vou ler mais dele.
Displaying 1 - 9 of 9 reviews

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