What do you think?
Rate this book


o de todos os corpos rasgados…
que se espalha pelo céu, pelo sol,
e derrama sobre toda a terra.
O Riso Vermelho surge como sucessão de fragmentos de um manuscrito; saído, na aparência, da pena de dois autores irmãos, mas que acabamos por perceber que se trata apenas de um deles, com uma primeira parte que imagina a experiência de guerra do irmão já morto, a partir das memórias que as suas emocionadas descrições lhe deixaram, com uma segunda que relata a sua própria experiência perante as consequências apocalípticas da guerra — em si e em tudo aquilo que o rodeia.
[…]
Andreiev afirmou que esta novela lhe foi inspirada por gravuras de Goya. Chegou a imaginar uma edição ilustrada por essas gravuras; pintou com grande dimensão algumas delas, que tinha expostas nas paredes do seu escritório. Mas os seus excessos visionários desviam-se do humor sarcástico de Goya; Andreiev é amargo e militantemente austero, sempre afastado do horror satírico que o pintor espanhol nunca abandonou nos mais negros momentos da sua imaginação.
[…]
Andreiev foi durante a sua vida um apaixonado pela fotografia, atento aos maiores avanços técnicos que houve no seu tempo neste domínio. Há no seu espólio centenas de chapas e máquinas fotográficas de fabrico alemão e francês, e foi pioneiro na fotografia a cores. Gostando, como gostava, fisicamente de si, prolongou no tempo a sua imagem deixando à posteridade um grande número de auto-retratos. São todos de um rosto mais ou menos melancólico e sobrecarregado na expressão por um qualquer martírio interior; reflecte em quase todos, assumindo como seu, o que imaginamos para muitas das atormentadas personagens dos seus livros.
[Aníbal Fernandes]
112 pages, Paperback
First published January 1, 1904
…Horror and madness.
I felt it for the first time as we were marching along the road – marching incessantly for ten hours without stopping, never diminishing our step, never waiting to pick up those that had fallen, but leaving them to the enemy, that was moving behind us in a compact mass only three or four hours later effacing the marks of our feet by their own.
His lips twitched, trying to frame a word, and the same instant there happened something incomprehensible, monstrous and supernatural. I felt a draught of warm air upon my right cheek that made me sway – that is all – while before my eyes, in place of the white face, there was something short, blunt and red, and out of it the blood was gushing as out of an uncorked bottle, such as is drawn on badly executed signboards. And that short, red and flowing ‘something’ still seemed to be smiling a sort of smile, a toothless laugh – a red laugh.
I recognised it – that red laugh. I had been searching for it, and I had found it – that red laugh. Now I understood what there was in all those mutilated, torn, strange bodies. It was a red laugh. It was in the sky, it was in the sun, and soon it was going to overspread the whole earth – that red laugh!


