Eça de Queiroz (1845-1900) was considered by V. S. Pritchett as a writer who must rank with Proust as one of the greatest of European novelists. For Zola he was 'far greater than my own dear master, Flaubert'. Had Queiroz written in a language other than his native Portuguese he would undoubtedly have been, and be, much more famous. His novels illuminate nineteenth-century Portuguese society as those of Dickens reveal Victorian England. As well as being a novelist, the author of The Crime of Father Amaro, Cousin Basilio and The Maias was a distinguished diplomat and journalist, who lived in Cuba, England and France in the course of his consular duties. Although he struggled to adapt to life in Newcastle, his first UK posting, he spent a decade in the country in various locations and wrote arresting articles and reports on contemporary social and political problems. Some literary studies have been published, but this is the first readable, yet scholarly, biography available in English. Maria Filomena Moacute;nica lectures at the Institute of Social Sciences of the University of Lisbon
MARIA FILOMENA MÓNICA nasceu em Lisboa, a 30 de Janeiro de 1943. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Lisboa, em 1969, e doutorou-se em Sociologia na Universidade de Oxford, em 1978. Colabora regularmente na imprensa. Entre outros livros publicados, é autora de «Eça de Queirós» (Quetzal, 2001), «Bilhete de Identidade» (Alêtheia, 2005) e «Cesário Verde» (Alêtheia, 2007). É investigadora-coordenadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
It wasn´t long ago that I realised all the writers I really love are dead. But I never think of them as dead, I think of them as friends, and Eca is one of my best friends. I met him about seven years ago, in a bookshop in Coimbra in Portugal. I bought "The Crime of Father Amaro" as a souvenir: I´d never heard of Eca in my life and liked the idea of a story about a dodgy priest and his lover. I don´t think I read the book for about a year or two after coming home, but when I did, I was enlightened. Eca is the type of writer you read with a half-smile on your face; one you cannot help responding to emotionally. Sometimes it´s the characters leaping off the page, sometimes the pinpoint descriptions, but always the truth of what you are reading: told by someone who sees it like you do; sees the whole lunacy and joke of it. You have to laugh, because if you don´t... Eca´s reputation now (as it did when he was alive) suffers because he´s Portuguese. He can´t possibly be as good as French, Russian, English or Spanish writers, can he? Plus, he´s hard to define: is he a realist? A satirist? A misogynist? He´s a mess; doesn´t fit into any of the accepted schools, comes from a European backwater, led a quiet, private life - best leave him alone. The accepted shorthand these days is to stick him a group with, but under, Zola, Flaubert etc al and say Os Maias is his best book and then leave well alone. But Eca is worth seeking out, especially in Margaret Jull Costa´s translations. He´s a great outsider writer - in a sense he was an outsider all his life. There´s an element of provocation in his books, a feeling of not being part, nor wanting to be part, of the hypocritical shenanigans of society. But he loves his characters, even and especially those most fiercely lampooned. He is a great observer and a gentle anarchist as far as genre, idea or subjects are concerned (writing about incest, cunnilingus, Christ, the rich, literature, spirituality, incest again - at will) and, as this new, big, academic biography shows, will always be something of a mystery. Born a bastard, soon legitimised, Eca never wrote anything in the way of biography. He never wanted a biography to be written - comparing his history to that of Andorra: dull, in other words. In a twist which would have raised his moustache in a smile, all his personal papers went down on a boat off Lisbon just after his death. With the boat went his secrets, for despite the thousands and thousands of pages of fiction and journalism he wrote, we know very little about him. This leaves tantalising glimpses of his life: a snapshot, literally, in the case of the beautiful English woman he holidayed with in France who might forever remain nameless. Then there are imaginings of his visits to English pubs and brothels in Bristol and Newcastle and his later years in Paris, closeted in his apartment, bored and ignored, making sure all his things were lined up perfectly, his writing utensils, cologne bottles, desks, tables, hair, moustache. Wherever he is, Eca is always standing at his desk, scribbling and tossing his finished cigarettes into the fire, writing to us, ignored by the world. This biography is a hefty tome and much of it is padded out with discussions on Eca´s work, more than his life. When there are things to say about where he went and what he did - his travels in Cuba, Egypt and England, for example - the book, like Eca´s writing, comes alive. But it works as biography: you get a picture of the man by the end which you can take with you. You can put a face to your friend´s words. You feel closer to him.
Gostei muito desta biografia. Está muito bem documentada, usando documentos, correspondência e textos do próprio Eça, e fazendo o devido enquadramento histórico, tudo isto sem que praticamente nunca a leitura se torne aborrecida.
Talvez porque já li a maior parte dos livros de Eça de Queirós, achei apenas um pouco excessiva a inclusão de uma espécie de resumos, sempre que uma obra era mencionada pela primeira vez. Mas a verdade é que, nos casos em que não conhecia o conto / poema / livro, eles foram-me úteis.
Quem é admirador de Eça, como eu, termina esta biografia a admirá-lo ainda mais, e a colocar os seus livros ainda por ler mais perto do topo da pilha.
Este ano deu-me para explorar a vida de Eça de Queiroz. Comecei pela revista da Visão Biografia, tendo-me introduzido na sua vida tão vasta e repleta das personalidades mais em voga do seu tempo, como Ramalho Órtigão, Batalha Reis, Antero de Quental, Camilo Castelo Branco e até Zola.✨
De seguida, tendo já conhecido o seu estilo em “Cônsul Desobediente”, leria o livro de Sónia Louro “Eça de Queiroz segundo Fradique Mendes”. Este é um estilo mais romanceado, mas sempre tendo em conta os factos reais que aconteceram na vida de Eça.🌻
Eça não foi um homem fácil. Foi um homem do seu tempo, de pleno século XIX, em que o progresso se fazia sentir por toda a parte, menos no seu tão criticado Portugal. Terá sido crítica ou amor ao país? Eça viajou por todo o Mundo, começaria com as expedições jornalísticas do Canal de Suez, que ditariam a sua escrita realista, por oposição à escrita fantasista dos anos pós-Coimbra. Iria até Havana, Bristol e acabaria também como cônsul em Paris, embora já não fosse a cidade dos seus sonhos. Conheceria mulheres nos EUA que viriam a ser inspiração para “Singularidades de uma Rapariga Loira”, defenderia os direitos dos “coolies”, que serviriam de inspiração para “Mandarim”. 🗺️
Escreveria muitos rascunhos para livros, que só viriam a ser publicados postumamente, pelas mãos do seu filho José Maria e de Ramalho Órtigão. As verdadeiras palavras de Eça chegar-nos-iam através do “Padre Amaro”, sujeito a 3 versões e o “filho preferido” de Eça; “O primo Basílio” que lhe daria fama e “Maias”, sua obra-prima que lhe levaria 10 anos a escrever. 📚
Constituiria família já quase perto da sua morte. Tentaria ter melhores relações com os seus pais, que negaram a sua legitimidade aquando do seu nascimento. Andaria às batatadas com Antero e Batalha, passaria de uma amizade idolatrável para um respeito mútuo. Defenderia uma literatura de vanguarda realista por oposição à romântica. Defenderia com unhas e dentes a sua obra, embora também fosse o seu maior crítico e perfecionista. Conheceria Eduardo Prado e Tormes, a terra dos Resendes onde agora está a Fundação ( que quero muito visitar) e palco de fundo do seu último romance “Cidades e Serras”. Teria as suas superstições, a sua escrivaninha de pé, as canetas e aparador no local certo. Seria um homem de estômago sensível e língua afiada mas dotado de um humor tão, tão inteligente. ❤️
Maria Filomena Mónica escreveu das melhores biografias que já li nesta vida. Ignoraria a visão freudiana de João Gaspar Simões (raios partam o homem, só via complexos freudianos em tudo, até no Pessoa. Isabel Nóbrega, até te compreendo 🤪) e retrata a vida de Eça de uma forma bem real, recorrendo a cartas, fragmentos da sua obra, testemunhos de quem viveu com Eça. Este livro já me tinha chamado a atenção na biblioteca e fico tão contente por ter obtido em segunda mão, fartei-me de sublinhar e gostaria tanto de o revisitar. 💐
"Fazendo o balanço das comemorações do centenário da morte de Eça de Queirós, esta nova biografia do autor de "Os Maias", é um dos melhores contributos para o conhecimento daquele que muitos consideram o maior romancista português de sempre."
Nunca tinha lido nenhuma Biografia, e não me podia ter estreado com nenhuma melhor, ou não estivessemos a falar do meu idolatrado Eça de Queirós.
Conheci uma série de factos sobre a vida do escritor que nem em sonhos me passara pela cabeça.
Recordo algumas fotografias excelentes que o livro mostra e alguns factos de Eça de Queirós que partilharei convosco.
Eça de Queirós viveu até tarde com uns avós, pois nascera antes dos pais se casarem e ficara escrito na cédula de nascimento "filho de mãe incógnita";
Maria Filomena Mónica refere também a relação entre as figuras feminas na vida de Eça e as personagens femininas da obra queirosiana, uma teoria surpreendente!
Um facto que eu achei muito curioso na altura, foi o do casamento de Eça com Emília, uma mulher muito mais nova que ele.
O percurso diplomático de Eça é também, "brilhantemente" contado.
Li também algo que adorei, já não recordo as palavras exactas, mas era mais ou menos assim (Eça escrevia numa carta, segundo me lembro, sobre o porquê de não existirem muitos factos sobre a sua vida privada): "Se um homem de Letras não escreve a sua própria Biografia é porque não quer que se escreva alguma!".
Para os amantes de Eça de Queirós, é sem dúvida, um livro a não perder. Maria Filomena Mónica, segundo li, também ela uma amante de Queirós, fez um excelente trabalho com esta Biografia, nunca li outra, por isso não posso opinar no assunto.
Para resumir a minha opinião sobre esta biografia de Eça e Queirós, basta utilizar a palavra "Magnífica". Adorei. Para além da vida de Eça ser um tema que sempre me despertou curiosidade, a biografia está escrita de uma forma sublime, à altura do biografado. A Maria Filomena Mónica não poderia ter sido mais feliz com esta obra. É um livro cativante, que dá vontade de ler "de enfiada", apesar do seu tamanho. Dá-nos não só uma perspetiva da vida pessoal do escritor, mas também a relação da sua obra com esta. Recomendo a leitura.