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Festival de Besteiras que Assola o País

Febeapá: Festival de Besteira que Assola o País

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Segundo o autor, é difícil precisar o dia em que o Festival de Besteira que Assola o País começou. Este livro do aclamado Stanislaw Ponte Preta, heterônimo de Sérgio Porto, é uma reação cômica, irreverente, à mediocridade política da época, que embora tenha sido lançado em 1966, adapta-se muito bem aos dias de hoje. O livro, que era editado em três volumes, agora é em um só.

431 pages, Kindle Edition

First published January 1, 1966

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About the author

Stanislaw Ponte Preta

22 books9 followers
Sérgio Marcus Rangel Porto (January 11, 1923 in Rio de Janeiro – September 30, 1968) was a Brazilian columnist, writer, broadcaster and composer. He was better known by his pen name Stanislaw Ponte Preta.[1]

Sergio began his journalistic career in the late 1940s, working in publications such as Sombra and Manchete magazines and newspapers Ultima Hora, Tribuna da Imprensa and Diário Carioca. In the same period Tomás Santa Rosa also acted in several newspapers and newsletters as an illustrator. It was then that the character Stanislaw Ponte Preta and his satirical and critical chronicles was born, a creation of Sergio along with Santa Rosa - the character's first illustrator - inspired by the character Serafim Ponte Grande by Oswald de Andrade. Porto has also contributed to music publications and wrote musical shows for nightclubs, as well as composing the song "Samba do Crioulo Doido" for revue theater.

He was also the creator and producer of the beauty pageant's As Certinhas do Lalau, which featured vedettes such as Anilza Leoni, Diana Morel, Rose Rondelli, Maria Pompeo,and Irma Alvarez, and of the FEBEAPÁ - Festival de Besteira que Assola o País (Festival of Nonsense which Sweeps the Country),a news satire column where he made corrosive jokes against the military dictatorship, and the social moralism of his time.[2][3] Porto died in 1968, before the dictatorship's Institutional Act n°5, that established censorship in the Brazilian press.

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Profile Image for João Victor.
10 reviews
May 30, 2018
Lendo Febeapá na sala de aula, dava aquelas risadinhas abafadas intermitentemente. Daí um colega meu falou: "Como pode alguém rir com um livro?!". Certamente o sujeito não leu Stanislaw Ponte Preta. Nessa série de relatos, sobre o que era o Brasil durante o regime militar, o leitor fica naquela situação de ter que rir pra não chorar, já que a piada é o país em si, e a política continua tão ou mais ridícula que antes. O que não falta é "cocoroca" pedindo intervenção militar, por exemplo.
Profile Image for Valmir Almagro.
75 reviews4 followers
September 6, 2020
Se Stanislaw Ponte Preta estivesse vivo, com certeza acrescentaria mais capítulos a este livro. Impressionante saber que várias histórias contadas no Febeapá se repetem. A ignorância prevalece quando a educação não é prioridade de governo.
Profile Image for Henrique Fendrich.
1,026 reviews26 followers
January 15, 2024
Embora só tenha vivido os primeiros quatros anos do regime militar no Brasil, pode-se dizer que Sérgio Porto se tornou o cronista daquele período – pelo menos entre aqueles que o combatiam. Afinal, é a ele, transfigurado em Stanislaw Ponte Preta, que se recorre para evidenciar o absurdo e o ridículo em que, invariavelmente, a ditadura (ou a “Redentora”) caia na tentativa de impor à nação “uma pseudomoral, em nome da hipocrisia”. Assim é que, tendo coletado um punhado de notícias impagáveis ocorridas pouco tempo após o golpe, Sérgio fez ver ao país que ele estava sendo assolado por um festival de besteiras. Publicou então um livro com essas pérolas, tão bem vendido que decidiu fazer outro, e depois mais outro, e a trilogia, sob o nome de “FEBEAPÁ”, se tornou um dos maiores clássicos da crônica, celebrada até os dias de hoje. Aliás, num tempo em que muita gente defende justamente a volta desse regime, o que torna esta nova edição, agora pela Companhia das Letras, ainda mais oportuna.

Com seu estilo divertido, gaiato mesmo, Stanislaw Ponte Preta nos conta episódios inacreditáveis daquele período, como o dos agentes do Dops que foram ao Theatro Municipal de São Paulo para prender Sófocles, autor de uma peça considerada subversiva, ou o de uma encíclica papal que foi recolhida de uma feira de livros sob a mesma acusação. O dedo-durismo rendia muitas notícias absurdas, e foi justamente ele a motivação inicial do Festival, graças às “cocorocas de diversas classes sociais” e às “otoridades” que buscavam prestígio pessoal.

Sérgio acompanha atentamente o noticiário, no que é ajudado por seus leitores, e, diante da impotência que sente ao ler “cada besteira de encabular dupla caipira”, se vinga da única forma que está ao seu alcance: debochando delas. Ao transcrever essas notícias, Sérgio acrescenta os seus próprios comentários, fazendo, dessa maneira, uma negação da retórica e do discurso oficial dos personagens, e revelando aspectos escondidos na matéria jornalística. É possível dizer que ele faz, de maneira irônica, o “aprofundamento da notícia”, que geralmente se atribui como característica da crônica. Seus textos evidenciam a relação indissociável com o jornalismo, muitas vezes negada pela literatura, e sem sofrer os prejuízos da temporalidade.

Afinal, as besteiras continuam assolando o país, mesmo em tempos de democracia, e faz falta um Stanislaw Ponte Preta para registrá-las em todo o seu ridículo. Mas há marcas do seu legado até os dias de hoje. Abordagens como a que José Simão faz do noticiário, embora de forma mais escrachada, certamente possuem origem em Stanislaw Ponte Preta. Até mesmo o sucesso de sites de notícias falsas como o “Sensacionalista” deve a sua porção ao cronista. A notícia inventada, afinal, é uma notícia “possível”, a serem mantidos os rumos absurdos que as notícias verdadeiras sugerem. Também ali se faz uma revanche diante da retórica do poder.

Além das notícias que coletava e comentava, Stanislaw preencheu os três volumes do FEBEAPÁ com crônicas propriamente ditas, todas ligadas de alguma forma ao tempo de sua escrita e marcadas fortemente pelo humor e pela oralidade. O cronista abusa das anedotas e salpica os textos de incríveis achados, divertidas comparações, engraçadas gírias e certeiras alfinetadas, na medida em que retreta pequenas histórias do cotidiano e conduz o leitor a um inusitado desfecho. Em tudo, sobressai a sua preferência pelos mais humildes, que, nem por isso, deixam de ser alvo de piadas – é possível que hoje algumas sejam vistas com restrições.

Stanislaw é um cronista singular, a começar por não ser exatamente cronista, mas um personagem, de modo que Sérgio Porto, o seu autor, abre mão da simples expressão do seu ponto de vista para buscar diferentes formas de refletir sobre a realidade. Essa ousadia de criar personagens e misturá-los à individualidade do autor não é algo muito comum à crônica (pode-se falar, talvez, apenas em Nelson Rodrigues, que também muito brincou de misturar a ficção com a vida real). Quando cria tipos como Stanislaw Ponte Preta, a Tia Zulmira, o Primo Altamirando (nefando parente), Rosamundo ou Bonifácio, o patriota, Sérgio Porto exagera as características de muitos de nós, e por isso faz mais do que divertir – também nos expõe.

Tudo isso é feito com uma desenvoltura narrativa notável, o que torna a leitura do livro extremamente prazerosa e justifica a sua inclusão entre os grandes livros do gênero.



SELEÇÃO DE BESTEIRAS

Foi então que estreou no Teatro Municipal de São Paulo a peça clássica Electra, tendo comparecido ao local alguns agentes do DOPS para prender Sófocles, autor da peça e acusado de subversão, mas já falecido em 406 A.C.

*

O General Olímpio Mourão Filho doava ao Museu Mariano Procópio, de Juiz de Fora, a espada e a farda de campanha que usava como comandante das forças que fizeram a ‘redentora’ de 1º de abril. Isso é que foi revolução; com pouco mais de dois anos já estava dando peças para museu.

*

Quando se desenhou a perspectiva de uma seca no interior cearense, as autoridades dirigiram uma circular aos prefeitos, solicitando informações sobre a situação local depois da passagem do equinócio. Um prefeito enviou a seguinte resposta à circular: ‘Doutor Equinócio ainda não passou por aqui. Se chegar será recebido como amigo, com foguetes, passeata e festas'.

*

“Repetia-se em Porto Alegre episódio semelhante ao ocorrido com Sófocles, em São Paulo. O Coronel Bermudes, secretário da insegurança pública, acusava todo o elenco do Teatro Leopoldina de debochado e exigia a presença dos atores e do autor da peça em seu gabinete. Depois ficou muito decepcionado, porque Georgers Feydeau – o autor – desobedeceu sua ordem por motivo de força maior, isto é, faleceu em Paris, em 1921.”

*

“E quando a gente pensava que tinha diminuído o número de deputados cocorocas, aparecia o parlamentar Tufic Nassif com um projeto instituindo a escritura pública para venda de automóveis. Na ocasião, enviamos os nossos sinceros parabéns ao esclarecido deputado, com a sugestão de que aproveitasse o embalo e instituísse também um projeto sugerindo a lei do inquilinato para aluguel de táxis.”

*

A Pretapress continuava trabalhando ativamente e colecionando novas notícias para o Festival de Besteira que Assola o País. E este ano começou tão bem que na Paraíba, o Prefeito da cidade de Juarez Távora nomeou para a Prefeitura local, como funcionário público, figurando na folha de pagamento, o cavalo ‘Motor’ de sua propriedade. Dizem que o cavalo do Prefeito João Mendes é muito cumpridor dos seus deveres.

*

A Delegacia de Costumes de Porto Alegre mandava retirar das livrarias, sem dar a menor satisfação aos livreiros, todos os livros que fossem considerados pornográficos. Um dos livros apreendidos era ‘O amante de Lady Chatterley’ e, quando o delegado soube que o autor era súdito de Sua Majestade Britânica, mandou devolver todos os exemplares, explicando aos seus homens: ‘Nós não temo nada que ver, tche, com a pornografia inglesa. Só com a nacional, tche!’.

*

Em Recife, quem tocasse buzina na zona considerada de silêncio, pagava uma multa de Cr$ 200. O deputado estadual Alcides Teixeira sabia disso mas distraiu-se e tocou. Imediatamente apareceu um guarda e multou-o. Alcides deu uma nota de Cr$ 1.000 para pagar os 200 e o guarda informou-o de que não tinha troco. O deputado quebrou o galho: deu mais quatro buzinadas na zona de silêncio, ficou quite com a Justiça e foi embora.

*

Um time da Alemanha Oriental vinha disputar alguns jogos no Brasil e o Itamaraty distribuiu uma nota avisando que os alemães só jogariam se a partida não tivesse cunho político. ‘Cunho político’ — explicaria depois o próprio Itamaraty, era tocar o hino nacional dos dois países que iriam jogar. Um dia eu vou contar isto aos meus netinhos e os garotos vão comentar: ‘Esse vovô inventa cada besteira!’”
Profile Image for Adriano Koehler.
210 reviews2 followers
July 7, 2019
Ah, Stanislaw... Se você soubesse o quanto a sua ausência nos dias de hoje é sentida!! Os cocorocas voltaram ao poder, de outra maneira dessa vez, mas com os mesmos sintomas que você já havia percebido lá atrás: o dedurismo, o autoritarismo, a ignorância acima do conhecimento, a parvalhice, o país sem lógica em suas decisões e estratégias. Não tem mesmo nenhum descendente dos Ponte Preta para retomar as seguidas edições do Febeapá?
Profile Image for Ricardo Urresti.
210 reviews3 followers
July 18, 2020
Uma foto do período logo após o golpe militar de 64 (a “Redentora”), com os absurdos que os militares, políticos e jornalistas faziam ou descreviam, numa visão sarcástica e simples de ler, com os comentários da família Ponte Preta - e que mostram uma atualidade impressionante com os gastos dos anos 2020. Stanislaw não poupa nem os colegas, nesse festival de besteiras que assolavam o país naquela época, e que perduram até hoje.
14 reviews
August 20, 2018
Um livro repleto de histórias reais que parecem mentira por serem resultado de preocupações excessivas anti comunismo do regime militar instaurado em 1964. Crítica inteligente aos absurdos impostos por aquele regime.
Profile Image for Murilo.
30 reviews1 follower
August 2, 2020
Eu tinha lido algumas crônicas do Stanislaw ainda no Ensino Médio - sorte a minha de ter professores nada "cocorocas"-, mas foi agora que me interessei em fazer uma leitura mais completa. Resolvi começar por Febeapá apesar de estar ciente que Garotinho Linha Dura precede os Festivais.

De qualquer modo, as crônicas de absurdos do cotidiano é algo que me agrada muito. Acompanhava desde adolescente o Macaco Simão (como na minha casa não tinha assinatura de jornal grande, acabava meio que lendo quando o dono de uma banca aqui da minha cidade tava meio ocupado devido ao fluxo).

Literaturas como essas, que escancaram a estupidez conservadora do brasileiro são extremamente importantes e, comentando com uma amiga, parece que o Festival continua a pleno vapor...
14 reviews
May 22, 2020
Retrato de uma época. Consegue mostrar de uma forma irreverente e divertida um momento tão difícil pelo qual o país passou. Vale muito a pena ler.
Profile Image for Harvey Hênio.
626 reviews2 followers
February 2, 2022
O carioca Sérgio Marcus Rangel Porto (1923/1968) foi um cronista, escritor, radialista, comentarista, teatrólogo, jornalista, humorista, ex-funcionário do Banco do Brasil e compositor brasileiro. Mas também era mais conhecido pelo pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. O destemido Stanislaw, alter ego de Sérgio Porto, terminou por publicar mais livros do que seu criador em função do sucesso do personagem, atrevido, debochado, arguto e impiedoso crítico das hipocrisias infindas ligadas à ditadura civil/militar brasileira (1964/1985) iniciada com a “redentora” de março/abril de 1964.
Na verdade o personagem Stanislaw Ponte Preta estreou de forma bombástica em 1955 e, como disse o jornalista e escritor Sérgio Augusto na apresentação da obra: “Cada um tem o Mr. Hyde que merece; o de Sérgio foi merecidíssimo, pois de monstro nada tinha, muito antes pelo contrário, como ele próprio diria, com seu jornalismo inconfundível”. Mas com o advento do medonho regime civil-militar em 1964 o astuto Stanislaw encontrou sua principal fonte de inspiração. Alimentado pela “Pretapress” (fictícia agência noticiosa) e contando com seus “olheiros especializados” o arrojado cronista passa a desancar sem dó nem piedade a política, os políticos, a sociedade, as “otoridades”, o regime e as “cocorocas” que o apoiavam em sua coluna intitulada muito oportunamente como “FEBEAPÁ” (o festival de besteiras que assola o país).
Muito interessante seria se os ridículos saudosistas da ditadura civil-militar pudessem ler esses textos com senso crítico e comparar as tendências e características do regime civil/militar com tudo aquilo que Stanislaw demolia em suas crônicas. A comparação mostraria de forma inequívoca que o desastre de 1964/1985 que se repete como farsa no regime “capitaneado” pelo risível capitão Bolsonaro também caracteriza-se pela ignorância atávica, pelo anticomunismo surreal, pelo moralismo abjeto e pelo reacionarismo evidente.
Pena que o nobre cronista se foi precocemente em 1968, com apenas 45 anos, quando o pior ainda estava por vir.
Ele teria muito ainda a dizer.
Leitura excelente a despeito de alguns temas de algumas crônicas soarem incompreensíveis nestes tempos de redes sociais e “tempo real”.
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