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Os Cães de Salazar

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Lisboa. 1937. Quatro de julho, 11 horas da manhã. O Buick onde Salazar seguia, com o motorista e o chefe de gabinete, entra na Avenida Barbosa du Bocage, para ir assistir à missa, como faz todos os domingos, na capela da casa do seu amigo Josué Torquato. O motorista abre a porta da viatura para dar passagem a Salazar. Pela outra porta sai o chefe de gabinete. Dão três ou quatro passadas na direção da porta da residência de Josué Torquato quando uma explosão formidável faz estremecer o chão e os prédios envolventes.

Impávido, Salazar terá sacudido a poeira que sujava o fato, o chapéu e as botas, e seguiu para a missa.

Segue-se uma caça ao homem por parte da PVDE dirigida pelo seu chefe máximo, Agostinho Lourenço, para apurar os responsáveis. Suspeitando de militantes comunistas apoiados pelo próprio Partido Comunista Português e financiados pelo Komintern, segue-se a prisão de dezenas de indivíduos e a apressada conclusão do caso.

Porém, entre felicitações dos chefes de estado de outros regimes autoritários europeus e os níveis de prestígio e respeito nunca antes atingidos pela polícia política, nasce a dúvida sobre a forma como a PVDE desenvolveu o seu caso e se aqueles que foram detidos são os verdadeiros culpados do atentado.

Num envolvente romance, o leitor é levado numa viagem pela sociedade portuguesa da época de Salazar e pelos meandros da investigação daquele que foi o único atentado contra o Presidente do Conselho de Ministros.

296 pages, Paperback

Published July 1, 2020

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About the author

Francisco Moita Flores

30 books67 followers
Nasceu em Moura onde estudou até aos quinze anos. Continuou os seus estudos em Beja e depois já casado e com dois filhos em Lisboa, fez o Bacharelato em Biologia, em 1975, tendo sido a partir desse ano, professor do Ensino Secundário, dessa área, até 1978.

Nesse ano ingressou na Polícia Judiciária e foi o primeiro classificado no curso de investigação criminal e formação de inspectores.

Até 1990 pertenceu a brigadas de furto qualificado, assalto à mão armada e homicídios.

Várias vezes louvado, deixou aquela instituição para se dedicar à vida académica.

No entanto, regressa dois anos depois para junto da então direcção da PJ com a incumbência de proceder aos estudos e avaliações do movimento criminal. É nestas funções de assessoria que participa nos Casos de Polícia, programa da SIC que marca uma viragem nas relações entre polícia e comunicação social. Os 12 anos como inspector da Polícia Judiciária, proporcionaram-lhe inúmeras experiências e inspiração para as suas obras de ficção, sendo algumas delas adaptadas para televisão, através da sua produtora Antinomia.

Licenciou-se em História, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Simultaneamente desenvolveu intensa actividade como escritor. Várias vezes premiado em Portugal. Colabora regularmente em vários jornais e revistas nacionais. Desenvolvendo estudos sobre a violência e morte violenta, dirigiu a equipa que identificou e trasladou os mortos do cemitério da Aldeia da Luz, numa das operações científicas mais impressionantes dos últimos anos.

No que respeita à política é independente. Depois de na juventude ter vivido a euforia decorrente do 25 de Abril, com 21 anos, afastou-se de qualquer actividade política. Já depois de ter abandonado a PJ, aceitou por duas vezes integrar, na qualidade de independente, listas do PS à autarquia de Moura mas com o aviso prévio que não estaria disponível para aceitar lugares de acção política. Residindo em Santarém (S. Bento), o PSD deu-lhe apoio.

A 8 de Junho de 2009 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

É membro da Maçonaria.

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Displaying 1 - 17 of 17 reviews
Profile Image for Andreia Valadares.
72 reviews6 followers
August 11, 2020
⭐António de Oliveira Salazar sofre com uma tentativa de assassínio com o recurso a uma bomba.
O grupo de homens em causa encontra-se revoltado por sentir que o regime de Salazar não dá oportunidades a todos de igual forma e obriga a que alguns passem fome
Por isso, entre jogos de cartas lá combinam o trágico acidente.
⭐ Para azar deste grupo anti-salazarismo, Salazar sai ileso da explosão.
⭐ A PVDE (que era a polícia encarregue por defender o Estado Novo, prende um outro grupo de homens que são também contra o regime de Salazar mas, que nada tiveram a ver com o sucedido.
⭐ Entretanto vai existir uma breve história romântica entre duas personagens muito importantes para a história.
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⭐ O desfecho deste romance é da prisão de um grupo anti-salazar errado são incríveis e, até um pouco esperados. No entanto, à medida que o livro vai avançando, a história vai agarrando o leitor com a intriga.
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⭐ Um livro (neste caso ebook) que se lê facilmente por duas razões : é pequeno e agarra o leitor do início ao fim.
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⭐ Por outro lado, quem gostar de aprender mais coisas sobre o Estado Novo, sobre a relação da família neste regime, o funcionamento das Polícias interventivas na defesa do estado, este é um ótimo livro.
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⭐ Junta personagens ficcionais e factos da história do Estado Novo e de Salazar.
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⭐ Uma leitura de excelência.
Profile Image for Sandra | Leituras descomplicadas.
346 reviews103 followers
March 6, 2021
"Os cães de Salazar" é um romance histórico de Francisco Moita Flores, conhecido autor português nascido em Moura, em fevereiro de 1953, que traz para as páginas dos seus livros o seu ADN de antigo Inspetor da Polícia Judiciária. Este livro é o seu último livro publicado em 2020 e que é a narrativa que inspirou a série da RTP "Atentado", também de 2020. A escrita de Moita Flores transporta-nos até um verão quente de 1937, precisamente, até ao dia 4 de julho desse ano e à Avenida Barbosa du Bocage onde o Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar é alvo de um atentado enquanto seguia no seu Buick a caminho de uma missa. Esta tentativa falhada de derrubar da cadeira o ditador responsável pela instituição do Estado Novo no nosso país é o ponto de partida para um livro que me prendeu desde o início. A realidade social que encontramos neste livro é a de um estado Novo em pleno apogeu, de repressão constante contra todos os opositores do regime e o seu exílio em locais longe do Império como Tarrafal, em Cabo Verde. Encontramos também Agostinho Lourenço, timoneiro da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE, criada em 1933) e o cuidador dos mais acérrimos cães de Salazar, os agentes que fervorosamente defendem a Pátria vestidos de sobretudo ou gabardina na António a partir da sede na Rua António Maria Cardoso. Sobre Agostinho Lourenço, escreve-se no livro: “É o mastim do teu querido Salazar. Diaz-de que fala pouco porque, deves conhecer o aforismo, cão que ladra, não morde. É o grande vigia do rebanho ajudado pela sua matilha. Não ladra, embora mora com brutalidade. São os cães de Salazar!” (pág. 181). Assim se justifica o título deste romance. Mas, fruto das suas gabardinas e sobretudos escuros, é também feita a analogia com os morcegos que voavam nas ruelas escuras de um Portugal em pleno Estado Novo: "Negros, imprevisíveis, inquietos, rápidos, movimentos ágeis, devorando as suas presas. O Diretor-Geral da polícia política sorriu. Eram, de alguma forma, uma metáfora sobre a Polícia que ele tinha criado para servir o Estado Novo. Havia sede de sangue naquele ambiente onde devoravam mosquitos com o mesmo prazer dos seus homens a desafazerem inimigos da Pátria" (pág. 14).

Um atentado falhado e os seus responsáveis presos nos calabouços da PVDE graças a um grandioso trabalho do Capitão José Ernesto Catela. A glorificação da polícia política de Agostinho Lourenço e os desígnios de Deus satisfeitos da melhor forma. Ou será que não? Surge a sombra de que o bando do Alto do Pina nada teve a ver com este atentado. Demasiadas pontas soltas levaram a que fosse feita uma investigação, despertada pelo interesse do Capitão Baleizão do Passo, antigo dirigente da PVDE e comandante da PSP à data do atentado, fosse pedida pelos Ministros do Interior, Pais de Sousa, e da Justiça, Manuel Rodrigues Júnior e concretizada pelo juiz Alves Monteiro auxiliado pela Polícia de Investigação Criminal (PIC). E assim temos diante de nós, habilmente escrita por Francisco Moita Flores, uma investigação que demonstra o que de pior se fez durante o Estado Novo: quantos inocentes foram torturados, levados à exaustão, desterrados em campos de concentração nas colónias como é referido no livro: “No final de uma conversa mais acintosa sobre a política de Salazar, poderia estar o início do caminho que conduzia à prisão, ou ao degredo nos campos de concentração espalhados pelas colónias” (pág. 120). Somos levados pela mão pelos corredores de um regime construído com base no medo, entranhado nos poros e no corpo de todos os portugueses: “Todos desconfiam de todos. Todos têm medo de falar porque, na fantasia construída, a conversa pode ser escutada por alguém que informa. É a grande proeza de Agostinho Lourenço. O medo deixou de ser um estado de espírito transitório, para se instalar entre as famílias, nas aldeias, nas vilas, nas cidades, (...) ninguém fala de assuntos políticos sem que antes não olha em volta, e baixe o tom de voz”" (pág. 119)

Ao mesmo tempo, olhamos a realidade social da mulher no Estado Novo, personificada na personagem de Albertina. “As pessoas não mudaram assim tanto. As cabeças continuam a pensar como se os preconceitos antigos rejuvenescessem todos os dias. Olha a propaganda do Estado e o juízo religioso sobre as mulheres. A sua vocação é servirem os maridos, submeterem-se às suas ordens, educarem os filhos e não pensarem. Os maridos fazem-no por elas. Foi sempre assim. Mulher não passa de uma coisa com deveres” (pág. 71). Será o seu romance adúltero com o Agente Arengas da PIC e a indiferença pejada de pecado do seu marido, o Coronel Carolino, que nos apresentará o peso da Igreja e da salvaguarda da honra de uma realidade que perdurou até 1974 e que moldou, de forma indelével, muitas (demasiadas?!) gerações e que condicionará sempre, até não restarem sobreviventes dessa época, a imagem da mulher e o seu papel como sombra do homem. Gostei bastante da forma crua e direta como Moita Flores fez toda a descrição desta fotografia de Portugal através de um triângulo amoroso que acabou por não ter o fim que desejaríamos... Afinal, o maior pecador de todos considerou que a sua honra fora demasiado ferida para fechar as suas asas de morcego.

Gostei bastante deste livro, acho que até mesmo do que aquilo que estava à espera. Superou claramente as minhas expectativas e vi descritas situações que apenas tinha ouvido contadas em contexto familiar por quem nasceu e cresceu antes do 25 de Abril e testemunhou as maiores atrocidades feitas pela PVDE e pela Guardía Civil, numa osmose entre os dois regimes ibéricos de Salazar e Franco. Achei também bastante interessante a forma como Moita Flores trouxe para o enredo as influências germanófilas sentidas no Portugal da altura, ainda antes da Segunda Guerra Mundial, numa veneração doentia dos procedimentos da Gestapo e no olhar de admiração de Adolf Hitler como sendo, a par de Salazar, um dos maiores estadistas de todo o sempre. Esta admiração quase de cariz carnal materializada na personagem do Coronel Carolina mostra o quanto a realidade do Estado Novo poderá ter tido a inspiração de outras ditaduras que assolavam a Europa com os ventos trazidos de Espanha, Itália e Alemanha. Algures no livro, chega mesmo a dizer-se que Agostinho Lourenço se terá inspirado no MI6 para desenhar as raízes da PVDE mas que se terá deixado encantar em demasia pelos "encantos" da Gestapo de Goebbels e terá trazido para as práticas desta polícia o que de pior faziam os carniceiros dessa figura do regime nazi. Impossível ficar indiferente a este livro e a tudo sobre o que ele nos faz pensar, refletir e pensar sobre muitos dos hábitos ainda enraizados no nosso Portugal... Terão todos os traços dessa sociedade em que a política e a igreja caminhavam de mãos dados desaparecido totalmente com a revolta dos Capitães?!

Um livro que escolhi ler para o desafio leituras descomplicadas 2021, na categoria "um livro com Salazar na capa".

Warning triggers:
- Abuso emocional, verbal e/ou físico
- Pedofilia, abuso sexual
- Assassinato, tortura

Profile Image for Dina Correia.
1 review
July 24, 2020
Mais uma vez, não desilude. Excelente escrita, bem estruturada e que nos trás de volta "caras" que tinham deixado saudades. Muito bom.
2 reviews
December 18, 2020
Uma obra interessante, que nos leva a viajar pelas ruas de uma Lisboa assombrada pelo medo do Regime Salazarista. Para além de um bom romance, é uma ótima forma de percebermos como era viver naqueles tempos e o porquê de devermos preservar a liberdade de que gozamos atualmente, e não nos deixarmos levar por este tipo de ideais extremistas. Dá-nos, também, uma visão esclarecedora da forma como agia a polícia política.
Profile Image for Catarina Alves.
132 reviews2 followers
May 2, 2024
Através de uma excelente escrita, somos transportados diretamente para os dias da época do Estado Novo, em 1937, ano em que um grupo de opositores do Regime ataca, com uma bomba, António de Oliveira Salazar numa tentiva de assassinar o Presidente do Conselho. A PVDE, rapidamente, deteve um grupo de homens que considerou serem os culpados! Mas, será este o verdadeiro grupo responsável pelo atentado?

Um magnífico retrato de um Portugal em ditadura e das suas pessoas, desde o trabalhador mais pobre e analfabeto às grandes elites sociais e os seus altos cargos enquanto servidores da Pátria. A forma como se vivia no país, o modo de lidar com os problemas que surgiam, o medo, a fome, o desespero, a ausência de esperança, a injustiça, a tristeza, sentimento de impunidade, a adoração e devoção que os apoiantes do Regime tinham a Salazar, a falta de cultura do povo, os privilégios de alguns, a posição da mulher, os métodos que PVDE utilizava entre quatro paredes, as leis absolutamente obscenas que existiam, a hipocrisia de tantos e a coragem de outros. Num livro baseado em factos reais, tudo isto é muito bem descrito ao longo da narrativa, tornando a leitura, para além de cativante, bastante rica em informação real.

As personagens são, na sua maioria, ficcionadas porém, algumas existiram, foram figuras que faziam parte do país na época.

Recomendo esta obra a todas as pessoas!

Adorei e fiquei com muita curiosidade em ler mais livros do autor.

5 ⭐
Profile Image for Fernando Delfim.
399 reviews13 followers
December 10, 2020
“E o inferno desceu sobre Lisboa! A terra tremeu de espanto. Os prédios abanaram com roncos surdos. Os vidros das janelas voaram. As telhas chegaram das alturas, estilhaçando-se contra o chão. A tampa do esgoto aterrou cem metros para lá da avenida. O estrondo da explosão ribombou até ao Saldanha, os pardais que debicavam no arvoredo do Campo Pequeno voaram como balas para os lados do Areeiro e, junto ao Palácio das Galveias, uma mãe abraçou dois filhinhos que choravam de pavor. A seguir, chegou um silêncio sepulcral. […] Foi então que se deu o milagre. […] Salazar puxou de um lenço e limpou as botas. Sacudiu os restos de nevoeiro que restavam sobre o casaco e disse ao chefe de gabinete: - Vamos para a missa.”

“Não se encontra a verdade em notícias encomendadas”

“A verdade mora na António Maria Cardoso. Não é Deus quem produz a verdade absoluta. É preparada e cozinhada na PVDE e, depois, entregue a Deus.”

“A miséria é o rastilho da revolta, uma acha de pinho que arde no coração, que incendeia os sentidos e produz raiva e anseios de vingança. Pode encaminhar as vítimas para a condição de revolucionários, crentes num sonho de justiça.”

“Não existem reis, se não houver carrascos.”

“A liberdade nesta terra só se encontra nos cemitérios”
Profile Image for Elizabete Fernandes.
26 reviews
December 12, 2023
O romance de Francisco Moita Flores remete-nos para uma época de repressão, baseando-se em factos reais ocorridos no verão de 1937, o atentado ao professor Oliveira Salazar.
Atentado falhado.
Realizam-se, no entanto, detenções.
Serão eles, os verdadeiros culpados?

A sua escrita envolvente, aliás, como sempre, leva-nos a viajar pela sociedade de então, pelo que o romance foi lido num sopro.
Profile Image for Liliana Brites.
22 reviews
March 22, 2023
Uma leitura para quem gosta do pré e pós 25 de abril. Uma história que nos leva para um policial à portuguesa, onde a dúvida se realmente aconteceu ou não passará de uma história se confunde aquando das descrições pormenorizadas. Muito bom!
Profile Image for Bru_historiasporcontar.
140 reviews117 followers
September 21, 2022
Gostei da história, no entanto, ouvi em audiobook (que, na minha opinião, era fraquinho). Acho que teria dado um classificação mais alta caso tivesse lido.
Profile Image for Maria Ribeiro.
41 reviews
May 27, 2025
A habitual qualidade e fluidez da escrita de Moita Flores desta vez levando-nos, entre outras coisas, a uma realidade dramática e não tão distante onde a polícia política do regime impera
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