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Los memorables

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Ana Maria, periodista portuguesa, regresa a su país a realizar un documental sobre uno de los procesos más marcantes de Portugal: la Revolución de los claveles.Vuelve a casa de su padre, quien también fuera periodista, y encuentra la foto de un grupo de revolucionarios —un militar, un cocinero, poetas y diversos personajes— inmortalizados en una imagen tomada poco tiempo después del acontecimiento. Sus integrantes representan una oportunidad periodística original, a partir de ellos podrá narrarse el episodio fundacional de la democracia portuguesa y, más aún, recordarlo con fuentes primarias; pero aun así, las maneras de evocarlo, treinta años después, son diferentes, conforman un rompecabezas emocional y mnemotécnico que se contradice y complementa a la vez. Así, la identidad constitutiva del país está atravesada por la memoria de cada protagonista. Al leer esta obra es inevitable pensar en las palabras de Lidia Jorge: “la literatura lava con lágrimas ardientes los ojos de la historia”.

360 pages, Paperback

First published February 27, 2014

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About the author

Lídia Jorge

80 books243 followers
LÍDIA GUERREIRO JORGE nasceu em Boliqueime, Loulé a 18 de Junho de 1946. Concluído o curso de Filologia Românica, dedicou-se ao ensino liceal (Angola, Moçambique e Lisboa). Publicou os romances O Dia dos Prodígios (1980, Prémio Ricardo Malheiros), O Cais das Merendas (1982, Prémio Literário Município de Lisboa), Notícia da Cidade Silvestre (1984, Prémio Literário Município de Lisboa), A Costa dos Murmúrios (1988), A Última Dona (1992), O Jardim Sem Limites (Prémio Bordalo, 1995), O Vale da Paixão (Prémio D. Dinis, 1998), O Vento Assobiando nas Grutas (2002, Grande Prémio do Romance e Novela da APE/DGLB), Combateremos a Sombra (2005, Prémio Charles Bisset) e A Noite das Mulheres Cantoras (2011); os livros de contos A Instrumentalina (1992), Marido e Outros Contos (1997), O Belo Adormecido (2004) e Praça de Londres (2005); a peça de teatro A Maçon (1993) e o ensaio Contrato Sentimental (2009). Os seus romances são constituídos por vários planos narrativos, onde o fantástico coexiste com o real, e os problemas sociais colectivos são postos em relevo através de figuras humanas com dimensão metafórica e mítica. Foi condecorada, pela Presidência da República, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 2005.

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Displaying 1 - 30 of 65 reviews
Profile Image for Ana.
230 reviews91 followers
March 1, 2018
Os Memoráveis é um romance que evoca o 25 de Abril em Portugal e os seus heróis e intervenientes anónimos, trinta anos após a ocorrência dos factos.

Nesta história, Ana Maria Machado, repórter portuguesa da rede de televisão americana CBS, é convidada em 2004 para fazer um documentário sobre a Revolução Portuguesa e o seu carácter único - uma revolução marcada por flores e pela ausência de derramamento de sangue. Ana Maria aceita a proposta e, juntamente com dois colegas de faculdade, inicia uma série de entrevistas a intervenientes e testemunhas dos facto ocorridos, figuras que ficaram eternizadas numa fotografia tirada no Verão quente de 1975, que Ana Maria encontra em casa de seu pai, o jornalista António Machado. Procurava-se saber como essas pessoas tinham vivido aquele dia, o que fizeram, o que sentiram, a melhor imagem que guardavam do que tinha acontecido e, em jeito de balanço, como viam tudo isso trinta anos depois.

Achei a premissa bastante interessante, ao tentar recriar a evolução do sentir dessas pessoas (que se pretende serem algumas caras dos cerca de cinco mil intervenientes nos acontecimentos) e de como as suas expectativas se haviam ou não cumprido. Contristou-me um bocadinho a desilusão e o desencantamento que perpassam os testemunhos desses revolucionários remetidos para o esquecimento.

Paralelamente à história colectiva há a história da família de Ana Maria, em especial a história do seu pai, António Machado, um jornalista outrora reputado pela sua grande visão e capacidade de análise da realidade, e que por isso se dizia que "previa o futuro".

Neste romance gostei da premissa e da forma como Lídia Jorge estrutura a narrativa, mas não fiquei encantada com a sua prosa. Apesar de a autora demonstrar um justo domínio da Língua e da escrita, achei esta muito monocórdica, por vezes insípida . Também achei que as personagens mereciam mais cor e profundidade.

De qualquer modo, esta não deixa de ser uma obra interessante sobre o acontecimento mais importante da história portuguesa recente.
O antigo embaixador [americano em Lisboa] inclinou-se (...) e falou em português - «Pode crer, miss Machado, que nunca encontrei ao longo do meu percurso um povo tão sensato como aquele a que você pertence. Um povo pobre, sem álgebra, sem letras, cinquenta anos de ditadura sobre as costas, o pé amarrado à terra, e de repente acontece um golpe de Estado, todos vêm para a rua gritar, cada um com a sua alucinação, seu projecto e seu interesse, uns ameaçando outros, corpo a corpo, cara a cara, muitos têm armas na mão, e ao fim e ao cabo insultam-se, batem-se, prendem-se, e não se matam. Eu vi, eu assisti, É esta realidade que é preciso contar antes que seja tarde.»
(p.17)
Profile Image for diario_de_um_leitor_pjv .
781 reviews140 followers
April 12, 2024
#50livrosparaabril
18/50
“Os memoráveis” Lídia Jorge

“Filho da guerra", nasci cerca de um ano depois de o meu pai voltar da Guiné, mas também fui quase “filho da revolução”, pois era um bebé de meses, em Abril de 1974, faço parte da geração que, não tendo vivido a revolução, vivenciou desde criança os ecos quentes que permaneceram da mesma.

Por isso acredito, como leitor, que “Os Memoráveis” de Lídia Jorge é um exemplo - quase perfeito - em que muitas pessoas da minha idade se podem rever nessa evocação de uma memória coletiva. Um processo em que se sedimenta a necessidade urgente de não esquecer, de continuar a afirmar a importância e a complexidade dos tempos de Abril.

O próprio título do livro, Os Memoráveis, evoca, de algum modo, uma memória
colectiva que assume no romance várias personas com uma intencionalidade
de inscrever o não esquecimento. Essa é mesmo a mensagem principal do livro: a necessidade - presente e urgente - de não esquecer.

E por isso mesmo é que na construção da narrativa, passados trinta anos sobre o 25 de Abril, as diferentes personagens procuram a necessidade de recolher e arquivar material para a construção dessa memória coletiva.

Um dos aspetos inovadores neste livro é o facto de nos dar o olhar da geração que não viveu os acontecimentos de Abril, mas que, dos mesmos, constrói uma narrativa desse momento eufórico da nossa existência coletiva. Uma narrativa que nos marca como geração.

Com uma escrita evocativa e uma narração imbricada, Lídia Jorge, em “Os memoráveis” constrói uma das mais destacadas obras ficcionais sobre 25 de Abril e a sua importância na história contemporânea de Portugal.
PJV

#livro #literatura #leitor #leitores #leitura #literaturaportuguesa #25deabril

#book #bookstagram #bookclub #bookstagramportugal #bookworm #booknerd #booklover

Profile Image for Katya.
485 reviews
Read
July 30, 2023
Pode crer, miss Machado, que nunca encontrei ao longo do meu percurso um povo tão sensato como aquele a que você pertence. Um povo pobre, sem álgebra, sem letras, cinquenta anos de ditadura sobre as costas, o pé amarrado à terra, e de repente acontece um golpe de Estado, todos vêm para a rua gritar, cada um com sua alucinação, seu projecto e seu interesse, uns ameaçando os outros, corpo a corpo, cara a cara, muitos têm armas na mão, e ao fim e ao cabo insultam-se, batem-se, prendem-se, e não se matam.

As nossas vidas e a nossa história são fábulas que nos contamos, o que faz sentido se lhes queremos sobreviver - esta é, de certa forma, a leitura mais óbvia que se retira de Os Memoráveis, um livro no qual, como sempre, Lídia Jorge se mostra de uma elegância e inteligência ímpares.
Na génese deste seu trabalho, o 25 de Abril, a busca por separar a história da fábula, e uma preocupação muito legítima: como conservar a (sua) memória?

Os transeuntes comuns (...) passavam por ali e não se apercebiam de coisa nenhuma Era como se as casas e as ruas estivessem desprovidas de uma memória que deveria estar viva.

Precisamos de matéria para esquecer tanto quanto precisamos de matéria para lembrar. Uma é condição da outra. As duas juntas, como duas conchas, fazem a nossa alma.

Partindo de uma série de entrevistas protagonizadas pelos principais intervenientes na Revolução, uma jovem jornalista - a mãos com a sua própria história e memória -, tem como objetivo a criação de um guião didático para uma estação televisiva norte americana sobre aquela que é ora a maior consquista ora o maior falhanço nacional consoante o sentido de polarização que se escolhe evidenciar, positivo...

Milagre, sim. (...) Primeiro. Porque está definitivamente apurado que, no teatro das operações um alferes deveria atirar uma bazucada contra o capitão que se encontrava em frente, ali mesmo, diante da torre do seu carro de combate, e todos aqueles que estavam em linha, mas contra tudo o que era de prever, o alferes desobedeceu e não deu ordem de abrir fogo. Segundo. Uma corveta fundeada no Tejo deveria disparar umas bombardas sobre uma praça, e contrariamente ao que deveria ter acontecido, todas as bocas de fogo se mantiveram inertes. O que se passou ainda hoje se interpreta mas não se conhece. Seja como for, milagre. Terceiro. Olhai. Toda uma brigada, instalada no Cristo Rei, estava a ponto de afundar essa corveta que se encontrava na sua mira, e apesar da indefinição do comando do navio, as armas que a vigiavam mantiveram-se caladas. Quarto. Um capitão deu ordem para abrir fogo contra a fron-taria de um quartel, e no momento o companheiro que estava no interior do carro não disparou. Naquele preciso momento, em que poderia ter-se iniciado uma carnificina, o oficial não tinha os auscultadores nos ouvidos. Como interpretais isto? Quinto. O Chefe de Estado, encurralado no quartel, mandou abrir fogo sobre a cidade, lá onde fosse necessário, que se abrisse, que se abrisse fogo sobre o Largo em frente. O comandante da Guarda estava diante do Chefe de Estado, era-lhe fiel, e no entanto não cumpriu a ordem. Não será isto extraordinário? Sexto. Quando, no interior do quartel, finalmente, alguém estava prestes a soltar a palavra de ordem fatídica, umas crianças em fuga surgiram no corredor e essa imagem evitou o cumprimento da ordem. Alguém pensou que, depois daquelas crianças, iriam morrer milhares de outras como elas. Em vez do ruído da metralha, o silêncio que se fazia sentir no interior do quartel era total. Ali dentro só se ouviam sussurros, até que se deu a capitulação. Olhai. Os gritos de alegria vinham todos lá de fora. Depois houve um sétimo, e depois um oitavo milagre. E assim se foi, de milagre em milagre, por aí afora, até à vitória final, já ao cair da noite.

... ou negativo...

Nem sei se se pode chamar tiroteio a uns quantos disparos provenientes todos do mesmo lado, porque de seguida nada de relevante aconteceu. Durante a noite, foram levantados do chão os quatro mortos, os cinquenta feridos foram socorridos, e tudo isso como se tivesse sido obra do acaso, ou de um acidente de viação, e mais nada. A partir da rua, não houve um só gajo que fosse que tivesse puxado de uma traquitana qualquer e enfiado uma bala num torcionário, para que lhes servisse de exemplo. Ainda houve um fotógrafo que surpreendeu um dos pides com as calças aos pés, e posso dizer-vos que os cliques das máquinas fotográficas foram os únicos disparos com dignidade que se registaram do nosso lado. Honra lhes seja feita. Tenho para mim que os fotógrafos foram os grandes combatentes desse dia. De resto, foi tudo muito triste. Nos dias seguintes, o povo de Lisboa deu umas boas gargalhadas, ficou consolado de riso, e foi à sua vida, não tinha fome nem sede de justiça, duas fotografias obscenas publicadas nos jornais lhe bastaram. Depois, veio o louvor às acções pacíficas, choviam argumentos de paz de todos os lados. Por mim, estava tudo dito, a revolução tinha acabado antes de o capitão ter dado aqueles brados de rendição no Largo do Carmo. De resto, foi uma história de cobardia. Um dizia, atira, o outro dizia, atira tu primeiro, e ninguém atirou. Não houve pronunciamento, não houve golpe de Estado, não houve revolução nenhuma. É tudo mentira. Houve um passo de contradança.

Dentro deste momento que foi o 25 de Abril, todavia, nascem várias problemáticas que, no romance, Lídia Jorge procura abordar: desde a necessidade de trocar por miúdos uma marco histórico ímpar, à necessidade de traduzir de forma prática todos os princípios declamados num único dia, à necessidade de entender como estamos e porque estamos onde estamos a partir de um momento chave da história nacional - essencialmente, entender o nosso presente à luz do nosso passado:

Tudo a correr em boa paz, como em todas as sociedades, quando se passa de tempos manhosos a tempos de bonança. Pode-se dizer que em trinta anos, como é natural, a revolução, numa primeira fase, deu lugar à devolução. Depois da devolução, como é natural também, passou-se ao período da normal evolução, e da evolução, como é comum em todos os processos semelhantes, passou-se à involução, e daí à denegação, foram apenas uns anos. É aí que estamos, nesta Primavera quente de dois mil e quatro, em que nem o sol aparece nem cai do céu uma gota de água. Denegação. Não estamos nada mal. O estado de denegação é o mais propício à felicidade das gentes.

Mais interessante ainda é perceber como a autora trata os mitos e os heróis que saem deste evento com ou sem mácula consoante o tempo que lhe sobrevivem, consoante o tempo que se vão deteriorando corpo e espírito pelo natural grassar da máquina biológica e histórica:

Era muito claro que todos aqueles homens que acabávamos de entrevistar tinham em comum o facto de terem participado de um momento de excepção para o qual haviam canalizado as melhores energias da sua juventude, e corrido riscos tão sérios quanto aparatosos, momento pelo qual se haviam enamorado e transformado num caso de paixão. Mas gerir esse momento romântico pela vida fora, de encontro à banalidade dos dias onde a paixão era um estorvo, e o idealismo um vício, implicara por certo o desencadear de cenas de luta previamente votadas à perda e à desilusão.

A ideia utópica de conservar intactos a época, os homens e os atos que dela nasceram atua como âncora de exploração do romance e dá azo a reflexões pertinentes sobre o natural apagamento da identidade pessoal por força das limitações humanas...

Mas é inútil todo aquele esforço. Cedo ou tarde, faça ele o que fizer, todos serão esquecidos, sempre assim foi e sempre assim há-de ser. Aquele homem vive enganado. Há um limite para tudo, até para a memória. Sobretudo para a memória. Além de que todos seremos esquecidos.

... sobre a criação do mito e do herói...

Sempre que um mito fala, o seu barro arrefece.(...)Quando se está sinalado pela história, falar é um risco dispensável.

... sobre a realidade despojada de idealismo que se segue a todos os grandes atos:

Toda a revolução é uma grande alegria que anuncia uma grande tristeza.

A tarefa que Ana Maria Machado (a jornalista portuguesa incumbida pela CBS de recriar o povo manso que fez a revolução com armas, mas sem mortos) se propõe, desemboca num retrato fabuloso dos homens que fizeram o impensável, sob penas várias, a quem devemos continuar gratos (não cegamente gratos, mas conscienciosamente gratos):

Dizia ele que sabia que cinco mil homens, naquele momento, estavam a fazer rodar as agulhas sobre o mostrador da história. Que o mostrador surgiu iluminado quando a primeira hora de liberdade chegou(...).Foi muito lindo, dizia ele. E eu concordo. Tão lindo que se tornou difícil sobreviver àquele momento. Agora sou eu quem o está a dizer. Sou testemunha. Quem uma vez faz rodar as agulhas sobre um tal mostrador, em seguida, passa a conviver mal com a batida regular das horas. Difícil sobreviver aos dias, meses, anos, que vêm depois, quando o bater das horas já se transformou em rotina.

Destrinçar e continuar a aprender a gerir o lugar que nos cabe após o 25 de Abril, aprender a viver a liberdade que nos foi sonegada durante quase meio século, aprender a viver com aquilo que nos foi súbita e quase milagrosamente oferecido, são algumas das muitas cogitações que saem de Os Memoráveis, tratadas pela autora sem perigo de cair no moralismo, no bafio da condescendência ou da doutrina - se assim não parece a partir destas linhas será por inaptidão minha.

Em Lisboa de setenta e cinco(...)como bem se sabe, já a entidade luminosa há muito que tinha feito o seu trabalho e, cansada, havia batido as asas em retirada, deixando-nos atrás de si vinte, trinta, quarenta, cem anos, ou o tempo que ainda venha a ser necessário, para decifrarmos o que verdadeiramente se passou.
Profile Image for Ana.
101 reviews23 followers
April 29, 2024
3,5* arredondado para cima

O livro vai além do acontecimento histórico que foi a revolução de Abril. É uma meditação já num tempo futuro de liberdade e democracia. Talvez por isso perpasse pelo livro uma certa melancolia por aquilo que poderia ter sido o Portugal tão luminoso que se avistava naquele dia de Abril.

A Lídia Jorge escreve muito bem mas achei a prosa um pouco monótona, com passagens longas que não acrescentavam muito à história. Não percebi a opção da autora de não mencionar os capitães pelos nomes (Salgueiro Maia é sempre referido como Charlie e Otelo por El Campeador). Penso também que faltou alguma profundidade às personagens. Não se percebem bem as motivações das mesmas - mas se calhar sou eu que estou a ser muito exigente. No geral, foi uma leitura agradável.
Profile Image for charlie medusa.
593 reviews1,458 followers
July 10, 2025
la vérité les amis c'est que parfois face à un livre on se dit : soit je suis trop con pour comprendre, soit le livre est trop prétentieux et pas assez travaillé pour se rendre accessible, car non, être abscons n'est pas un signe d'intelligence et de génie artistique, j'aurais tendance à penser le contraire. Les Mémorables est l'un des livres face auxquels je me suis dit que soit j'étais le con du village, soit le roman était prétentieux et foutraquement branlé. j'ai depuis fixé mon opinion sur l'une de ces deux hypothèses. c'est con, car ce que j'ai compris était pas mal du tout, hélas, ça ne représentait que 25% de la masse lisible du texte.
Profile Image for Graciosa Reis.
537 reviews52 followers
April 5, 2024
Em 𝑶𝒔 𝑴𝒆𝒎𝒐𝒓á𝒗𝒆𝒊𝒔, a protagonista, Ana Maria Machado, repórter da CBS, em Washington, é convidada a fazer um documentário sobre a Revolução de 1974. Ela e dois amigos jornalistas, residentes em Lisboa, revisitam 30 anos depois, essa data memorável com o intuito de escrever o argumento para uma séria intitulada “A História Acordada”.
O regresso ao passado é recuperado através de entrevistas realizadas a algumas das figuras ilustres de abril que ficaram imortalizadas numa fotografia tirada, aquando de um jantar no restaurante Memories. Esta fotografia funciona como personagem aglutinadora ao longo do romance, já que corporiza uma memória colectiva e simbólica da revolução.

É, assim, sob o ponto de vista de três jovens, que não viveram a ditadura, que a narrativa se desenvolve, questionando o passado inacabado em confronto com o presente desencantado. Uma a uma as figuras selecionadas vão ser convidadas a responder às várias questões planeadas “Onde estavam? O que sentiram na altura? Que balanço fazem agora, passados trinta anos? Qual a melhor imagem a falar sobre a hora, o lugar e o papel que desempenharam naquela tão esperada madrugada. Que guardam de tudo o que aconteceu?” (p. 68)

Todos os entrevistados recriam a glória da revolução, o entusiamo da queda do regime, a união dos militares, mas também a desilusão do esquecimento, o oportunismo de alguns, a dificuldade da construção de uma democracia estável.
No interior da “Viagem ao Coração da Fábula”, entrelaça-se uma outra viagem mais íntima. Esta consiste na revelação da falta de entendimento e de incompreensão entre a narradora Ana Maria Machado e o seu pai António Machado, também ele jornalista de referência na época, e votado, como os outros ao abandono. Esta relação constrói-se nos silêncios e segredos mútuos; nos questionamentos e nas tentativas de aproximação e de recuperação de um passado mais carinhoso.

Lídia Jorge extraiu da História personagens e factos para recriar a sua estória. Ao evocar uma data gloriosa e promissora de esperança e liberdade, não descurou os desencantos, as dificuldades e sobretudo o perigo de esquecer o passado. Num perfeito cruzamento de realidade e ficção, a autora convoca o leitor a formular as suas próprias reflexões, a estabelecer relações com os protagonistas de Abril; a distinguir sonho e desilusão; a reviver episódios desse dia memorável; a exaltar valores de gratidão, de solidariedade e de amizade.

Ao comemorarmos, este ano, os 50 anos de Liberdade é urgente repensar, refletir sobre o caminho que queremos continuar a percorrer. É urgente lembrar esse “dia inicial inteiro e limpo/
Onde emergimos da noite e do silêncio.” (Sophia)
Profile Image for Sofia de Castro Sousa.
201 reviews39 followers
April 25, 2024
No dia em que comemoramos os cinquenta anos do 25 de abril, apresento-vos um livro incontornável e indispensável, que resgata e torna atuais as memórias individuais e coletivas no tecido da conquista da liberdade de então, liberdade essa que se reveste igualmente de urgência nos dias que correm.

Dez anos depois da sua publicação, “Os Memoráveis”, de Lídia Jorge, uma das minhas autoras portuguesas de eleição, foi agraciado, graças à Editora Dom Quixote, com esta belíssima edição comemorativa.

A narrativa, dividida em três partes, é protagonizada por Ana Maria Machado, uma repórter portuguesa que vive em Washington. Em 2004, ela é convidada pelo antigo embaixador americano em Portugal a fazer um documentário sobre a Revolução dos Cravos e, aceitando o convite, Ana regressa a Lisboa. Juntamente com dois antigos colegas de faculdade, e partindo de uma fotografia coletiva tirada em 1975, fotografia essa propriedade do pai de Ana, os três amigos começam então a localizar e entrevistar oito figuras importantes do 25 de Abril que constavam dessa fotografia. E é muito interessante a forma como se organizam com base em cinco perguntas cardeais que visam não apenas recuperar as memórias passadas como também trazê-las para o momento presente, em jeito de balanço e reflexão para o futuro. Para além deste pano de fundo, tomamos conhecimento da relação conturbada que Ana tinha com os seus pais o que, de certo modo, nos aproxima da narradora e da dualidade que ela sente entre o inevitável esquecimento, produto da passagem dos anos, e a recuperação de memórias que, aos poucos, são resgatadas para compor um retrato atual da democracia portuguesa, regida por ideais nobres mas ameaçada nos pilares que a sustentam, a começar pela liberdade individual e coletiva.


Assim, e à medida que navegamos pelas páginas deste romance, apercebemo-nos de como Lídia Jorge, graças a sua escrita que suscita curiosidade, saudade e esperança, não só homenageia o 25 de abril de 1974 como faz deste acontecimento histórico um projeto futuro. Sim, cada um de nós pode ser um Capitão de abril. Sim, cada um de nós tem a responsabilidade de renovar e de reforçar os ideais pelos quais tanto se lutou, sem armas, mas com uma fé inabalável, tanto no coração como no pensamento, de futuros melhores. Sim, todos nós podemos ser, se assim o decidirmos, memoráveis.


Profile Image for André Morais.
94 reviews3 followers
February 10, 2023
A personagem principal é extremamente densa e a narrativa parece ganhar vida a partir dela, nos seus vários planos, que acabam por ser os vários planos da própria história: a relação com o seu Pai, a relação com a sua Mãe, com o seu País e com a história do mesmo. É mesmo muito estimulante ver esses novelos a enrolar-se e desenrolar-se.
As próprias personagens históricas, que são o objeto da história, também acrescentam bastante, seja porque vamos adivinhando nelas traços e características dos personagens históricos de fundo e na realidade, seja porque os vamos vendo na sua tragicómica existência, decalcados contra a sua imagem mítica de fundo. Vão sendo despidos, até à sua humanidade, do seu papel de mitos.
A personagem principal, além de densa, também é rica em aspetos da sua condição feminina, que saltam à vista de um leitor masculino: a sua afirmação perante o Pai (e, por arrasto, perante o próprio País), a sua relação complexa com o mentor Bob e a irrequietude do seu lugar no mundo. Logo a abrir, no diálogo em casa do padrinho, o padrinho e Bob falam como se ela não estivesse lá, como se fosse secundária.
As páginas que se seguem mostram que o seu lugar é, com justiça, principal.
Profile Image for António.
118 reviews8 followers
February 3, 2025
Se até as aparentemente eternas rochas sofrem os efeitos da erosão, que dizer da História sujeita a percepções, perspectivas e sucessivas recontagens através dos tempos.

"Os Memoráveis" de Lídia Jorge, conta a história de uma jornalista portuguesa, Ana Maria, radicada nos Estados Unidos, que é persuadida a fazer um documentário sobre a revolução dos cravos. Chegada a Portugal, conta com dois antigos colegas para a acompanharem na tarefa, que tem uma natureza colectiva, mas também umbilicalmente pessoal.

Este livro sobre a memória é escrito de uma forma inteligente, ainda que algo labiríntica. A reconstituição dos factos é retratada como um bolo com diferentes camadas, cujo sabor vai sendo influenciado (ou contaminado) por diferentes ingredientes. Lídia Jorge joga com os diversos fatores que podem colocar em causa a fiabilidade das nossas memórias, seja a proximidade afetiva, preconceitos, crenças ou desejos. E também deixa interrogações sobre o que fica para a História das sucessivas recontagens de acontecimentos.

Remete-me para o problema filosófico do barco de Teseu. O navio inicia viagem e ao longo do percurso vai sofrendo danos e tem peças substituídas. Podemos dizer que no final da jornada é o mesmo barco de Teseu que iniciou viagem? Será que a revolução de abril de 1974 e a que agora é contada e reconstituída em 2024, correspondem ao mesmo evento? Até que ponto a fiabilidade dos acontecimentos é colocada em causa 50 anos depois?

Ainda que denso e lento, este é um romance interessante com pelo menos duas linhas narrativas e vários personagens, alguns com alcunhas, o que exige atenção ao leitor. É também bem escrito e apresenta uma estrutura muito inteligente, num texto sobre a memória, o que a pode influenciar e a passagem do tempo. Nem as rochas sobrevivem à caminhada dos anos.
Profile Image for Fernando Nunes.
47 reviews
September 24, 2015
Os Memoráveis é uma conseguida viagem pelo futuro de uns quantos - quase todos - protagonistas da revolução das flores. Lídia Jorge usa uma escrita suave e até neste pormenor, de dar mais importância às flores, não acentua o peso dos cravos. A viagem inicia-se trinta anos depois da revolução e parte de uma fotografia de um grupo de amigos a que se juntam uns achadiços, tirada no verão quente de 75 num restaurante de Lisboa, o Memories. Com o álibi de contar em 2003, para uma cadeia americana, a história dos trinta anos vividos desde a revolução, por cada um dos da fotografia, a escritora trata os grandes assuntos que foram varrendo a sociedade portuguesa. E que explicarão, extrapolando, o estado a que chegámos hoje. Não o faz usando linguagem de relatório, não; fá-lo de forma ficcional, sugando-nos, a cada um, para dentro de alguma das estórias da História. Trama absorvente. Talvez a melhor ficção que li sobre a revolução das flores.
Profile Image for Tiago Rocha.
54 reviews
December 14, 2014
Lídia Jorge é uma querida. De um tempo que não é o nosso, conserva a candura e a postura que a todos deveria pertencer. Em Os Memoráveis há, também, candura. Muita candura. Num estilo inconfundível: leve, sem qualquer sintoma de mágoa ou ressentimento. A história flui a um ritmo por vezes cansativo, mas o enredo constrói-se paulatinamente em torno de um fim inevitável. Quanto a mim, falta mais poesia a esta prosa, falta mais sentimento e vida às suas personagens e, indiscutivelmente, falta um melhor argumento para a nossa Revolução a haver. Ontem, hoje e sempre.
7 reviews
September 28, 2024
Retrato de um momento histórico bem desenhado, com personagens consistentes e com diálogos notáveis, .
Profile Image for Cobramor.
Author 2 books20 followers
July 25, 2021
Gostava de ter gostado, mas uma escrita demasiado quebrada e uma narrativa demasiado insossa tornaram o 25 de abril uma novela de faca e alguidar.
Profile Image for Ivo Skopal.
Author 2 books10 followers
June 6, 2025
S hodnocením jsem dlouho otálel. A vlastně pořád nevím. Možná toho jednoduše vím málo o Portugalsku, o revoluci, která svrhla Salazarův režim. Očekával jsem knihu ve stylu knih Alexijevičové, což bylo mé mylné očekávání. Dostal jsem příběh, který měl něco do sebe. Něco mi určitě předal, ne že ne. Nejednoduchá role lidí, kteří na sebe vezmou to těžké břímě změn dějin, aby dle svého zlepšili životy dalším generacím, a k těmto lidem se potom režim chová macešsky a otáčí se k nim zády. To známe i z Česka. Ne každý je zvědavý na samozvané hrdiny, malost a nedostatek velkorysosti často zapříčiní, že se k odvážným a čestným lidem chováme příšerně a bagatelizujeme jejich činy. Morální a etické téma, které bude lidstvo řešit vždycky. Tedy téma skvělé.

Co mi ale vadilo byl ten příběh - a jelikož se tato historická událost vypráví příběhem, ten by měl čtenáře bavit. No, nebavil. Snad prvních sto stran mě to absolutně štvalo a litoval jsem investice do téhle knížky. Hlavní hrdinka mě nezajímala, nedokázal jsem si ji až do konce knihy oblíbit. A celková struktura příběhu nebyla pro mě, prostě mi to nesedlo.

Zkusím si nastudovat více informací o dané revoluci a za pár let dát knize ještě šanci. A jsem rád, že už v překladu autorce vyšla další kniha. Upřímně doufám, že bude lepší. Pokud ne, asi si mě tato portugalská autorka nezíská.
Profile Image for Gonçalo Martins.
60 reviews
November 26, 2023
Eu sentei-me num banco da Avenida, debaixo de uma tília alta. No meio de uma cidade, pode-se passar muito tempo sentado num banco sem ninguém dar por nós. (p. 164)
Profile Image for José Carlos Gomes.
Author 1 book7 followers
April 19, 2014
Lídia Jorge conduz-nos, através da personagem principal e narradora, Ana Maria Machado, a Machadinha, através de uma volta pela História contemporânea de Portugal, pelo 25 de Abril e pelo percurso, ficcionado, de alguns dos seus heróis. Com mestria, profundidade e, sobretudo, muita sensibilidade, o leitor passa dessa demanda histórica a uma outra viagem, mais interior e sentida, entrando na relação difícil entre a protagonista e o pai, António Machado.
Pegando nas tais figuras do 25 de Abril, projectando um futuro ficcionado (ou nem por isso) das mesmas, Lídia Jorge mostra-nos que mesmo os heróis são pessoas, tão frágeis como todas as outras. Talvez mais frágeis ainda, porque o darwinismo social não é ficção, existe mesmo, e, numa sociedade como a nossa, tende a favorecer os mais ágeis na moscambilha e não os melhores entre os seus pares.
Uma leitura obrigatória, agora que se assinalam os 40 anos do 25 de Abril e quando as conquistas que a Revolução trouxe aos portugueses estão a ser esquartejadas pelo bando de fanáticos que se instalou no poder, com a complacência da espécie de chefe de Estado que habita Belém.
Profile Image for Jef.
27 reviews
September 25, 2024
"Foste lá espreitar ... para poderes dizer eu conheço-os, eles não são o que dizem ser. Só que tu não sabes que nós não somos os mesmos. Quando somos a nossa decadência, passamos a ser outros."

O trabalho da autora nesta reflexão quanto a passagem da história e quanto àquilo de que é feita a nossa memória, individual e coletiva, tem, para mim, o seu apogeu nesta frase de Antonio Machado.

Trata-se de sublinhar a humanidade dos nossos heróis, que, tendo em uma vida que vai para além do momento memorável do seu ato heroico, como nós, também estão sujeitos a esta decadência. E lutam contra ela, através da tentativa de imortalização do melhor do seu momento heróico e da tentativa de afastar a decadência que são hoje, do apogeu que um dia foram. Através da emolduração de um momento sacro, com a terrina fechada e tentando que ninguém saiba o que estava dentro dela.

Em mim, levantou-se, sobretudo, a questão de como lidar com este enigma: A separação destes dois momentos, a ponderação média destes dois, ou só procurar viver uma vida dinâmica em que às vezes somos heróis, outras vezes somos só pessoas normais: país, filhos, ex-maridos.

Eu gostei muito deste livro e destas questões de fundo. E gostei da contribuição que ele teve na própria reflexão que eu tenho feito em relação à velhice.

Toda a forma como a narrativa foi construída, foi muito interessante e original. E conseguiu conjugar estas questões com este facto histórico, o mais importante do Portugal contemporâneo e que toca à todos, ligando avós a netos. Pra mim, só por si, isso já é genial.

Não obstante, fico com uma dúvida na avaliação final, porque sinto que as personagens, tão interessantes e com tanto para dar, que talvez enriquecessem muito narrativa (veja-se Antônio Machado, o amor de Miguel Ângelo, as dúvidas da Lota. Por outro lado, eu compreendo que a obra, feita assim, objetiva, já levou 350 páginas. Pelo que a dar-se o merecido desenvolvimento às personagens, talvez terminasse com 500 ou 600 o que poderia não ser o objetivo da autora. Além disso, torna-se claro que o livro é, na verdade, um relatório feito por Ana Maria, dirigido ao Bob, pelo que compreende-se também a linguagem objetiva da narradora que é um repórter.

Assim, no fundo, há uma grande coerência nas escolhas feitas pela autora. E são essas coisas que me colocam entre o 4 e o 5. Mas vou dar 4.
Profile Image for Fernando Delfim.
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September 4, 2018
“Um povo pobre, sem álgebra, sem letras, cinquenta anos de ditadura sobre as costas, o pé amarrado à terra, e de repente acontece um golpe de Estado, todos vêm para a rua gritar, cada um com a sua alucinação, seu projecto e seu interesse, uns ameaçando os outros, corpo a corpo, cara a cara, muitos têm armas na mão, e ao fim ao cabo insultam-se, batem-se, prendem-se, e não se matam.”

“[…] mais importante do que a verdade é a beleza. A beleza é o grau mais elevado da verdade. Não se esqueça.”

“Quando se viaja pelo deserto, e tudo o que mexe assume um significado, percebe-se que os objectos possuem uma alma que a si mesma se escreve.”

“[…] sabe como o caso português constituiu uma excepção? Foi uma revolução que teve os seus momentos difíceis, mas à distância, de tudo o que se passou, sobressaem sobretudo as flores, senhor Nunes…”

“Durante uma revolução, todas as palavras importantes têm pelo menos dois sentidos, e diametralmente opostos. Aprendi-o à minha custa.”

“Cedo ou tarde, faça ele o que fizer, todos serão esquecidos, sempre assim foi e sempre assim há-de ser. […] Há um limite para tudo, até para a memória.”

“[…] a revolução, numa primeira fase, deu lugar à devolução. Depois da devolução, passou-se ao período da normal evolução, […] passou-se à involução, e daí à denegação, foram apenas uns anos. […] Em denegação, geralmente, a população sente-se reconfortada.”

“a historiografia portuguesa, essa puta velha que só contempla quem mais lhe dá”

“Eu sou aquele que por vezes se deita mas nunca adormece.”

“[…] dizia que havia uma proporção matemática entre o tempo que se passa sem liberdade e o tempo que se demora a aprender a viver em liberdade.”

“a amizade era a melhor ração de combate que se poderia levar para o campo de batalha.”

“Quem diz adeus às suas convicções e se entrega antes de o seu corpo se entregar, não tem o direito de viver”

“Nada como ser-se filho de uma revolução para se ficar acompanhado para sempre por uma multidão entre a alegria e a fúria.”

“Há sempre um momento das revoluções em que o pobre come lagosta. Prepara-se assim para a futura fome.”

“Quando somos a nossa decadência , passamos a ser outros”
Profile Image for Ale.
26 reviews1 follower
April 21, 2024
En Os memoráveis, la periodista Ana María Machado regresa a Lisboa con el objetivo de realizar un documental de ese famoso 25 de abril de 1974. A partir de una fotografía que tiene su padre, Antonio Machado, se origina el proyecto que tiene como objetivo la reconstrucción de la memoria histórica de la revolución a través de los personajes que componen esa imagen. Comienza así el transcurso por diferentes sucesos que son narrados por sus protagonistas y marcados por una tremenda desilusión y desencantamiento con la propia revolución y las promesas y expectativas que había generado y que ahora, treinta años después, se han esfumado.
Otra de las partes fundamentales de esta historia es la relación entra la protagonista y su padre. Una relación construida en los silencios y la desconfianza, donde ambos consiguen sostener ese amor que sienten y no son capaces ni quieren demostrar. Cada uno con sus problemas, evitan darles voz porque de esta forma quizás pierdan la fuerza o incluso la importancia que se les atribuye. Otro claro ejemplo de como el no hablar de algo termina envenenando todo lo bueno que conforma una relación.
Aun sin encantarme la forma en la que está narrado el libro, no he podido salirme de la historia en ningún momento, deseando recorrer las páginas que tenía delante para seguir conociendo la historia de cada uno de los memorables.

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“Por mim, ha muito que me era claro que a república da pena era feita de pena e não de direito, porque no centro dela havia gente lúcida que por artes mágicas transformava a clarividência em desdém, e as duas unidas pariam imobilidade e lonjura.”
Profile Image for Ana Elena.
14 reviews
June 6, 2021
Muy interesante ver el lado humano de la historia.
Profile Image for Carlos Brandao.
144 reviews3 followers
May 8, 2024
De escrita fina num rendilhado improvável de personagens e duas épocas, Lídia Jorge, leva nos numa viagem através de uma das datas mais importantes do séc XX português
Profile Image for Joaquim Margarido.
299 reviews39 followers
December 28, 2024
Quanto tempo será necessário para decifrarmos o que verdadeiramente se passou no 25 de Abril de 1974? Há que arrepiar caminho, já que o tempo começa a escassear, a memória vai pregando partidas e os grandes actores desses momentos vão desaparecendo do mundo dos vivos, levando consigo a verdade dos momentos que fizeram deles memoráveis. Lídia Jorge oferece, com este seu livro, um conjunto de pressupostos que são, se assim o quisermos entender, manobras de aproximação à realidade dos homens e mulheres de Abril, aqueles que, ao lado de El Campeador, no próprio dia da Revolução, se viraram para o general que fixava cada um deles através de uma lente de vidro e prometia prebendas a quem tinha feito o golpe de Estado: “Não queremos recompensa nenhuma. E tome cuidado connosco, general. Olhe que este dia ainda não terminou, a revolução ainda está na rua, os tanques ainda não regressaram aos quartéis, e os rapazes que têm as armas só vão precisar de dormir lá para o mês que vem.”

O poder da ficção é enorme, mostra-nos a autora neste seu livro. Partindo de um trabalho para uma série de uma cadeia de televisão norte-americana, uma jornalista portuguesa regressa a Portugal cinco anos depois de ter deixado o País. Nesta “viagem ao coração da fábula”, tem por missão documentar os momentos de uma revolução feita sem derramamento de sangue e entrevistar alguns dos seus principais protagonistas. Um jantar que se estendeu pela madrugada fora e uma fotografia que ilustra o encontro de “memoráveis” são o ponto de partida de uma viagem ao passado, onde a irreverência, a audácia, a coragem e a nobreza se cruzam com a hipocrisia, a falsidade e a traição. Onde se olha, uma e outra vez, para os portões com buracos feitos por balas, para os braços das mesmas árvores onde populares se empoleiraram para assistir à queda de um regime de meio século, para o mar de gente a descer a avenida com espigas de trigo nos chapéus e cravos na lapela, um povo outrora escravo a cantar a liberdade.

Hábil a trazer-nos a sua visão da História, Lídia Jorge faz de “Os Memoráveis” um exercício de recuperação da memória. São muitos os momentos eloquentes, desde logo a recusa do “Ministro” em atribuir a Salgueiro Maia uma pensão vitalícia “por serviços excepcionais e relevantes prestados ao país”, depois do pedido ter sido votado favoravelmente pelo Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República. A autora não refere o nome deste “Ministro”, da mesma forma que nunca menciona os nomes dos “memoráveis”, optando por uns enigmáticos Oficial de Bronze e Charlie 8, Tião Dolores e El Campeador, o Nunes e Ernesto Salamida, os poetas Ingrid e Francisco Pontais. Caberá ao leitor descobrir quem é quem nesta história, sendo certo que uma passagem pelos motores de busca mostra a quantidade de leitores e estudiosos que se vão debruçando sobre o assunto e partilhando as suas conclusões. Por tudo quanto nos traz e pela forma como está escrito, “Os Memoráveis” é um grande livro de Abril, um livro de hoje e de sempre.
Profile Image for Margaret.
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May 9, 2014
Eu esforcei-me para apreciar este livro, pois é sobre um momento importante da nossa História; mas a verdade é que a única palavra que me vem à cabeça para descrever “Os Memoráveis” é chato… penosamente chato!

A ideia é apelativa. Uma cadeia de televisão americana deseja fazer um documentário sobre o 25 de Abril e encarrega a jornalista Ana Maria Machado da tarefa. Com a ajuda de dois colegas de faculdade -Margarida Lota e Miguel Ângelo – a jornalista parte de uma fotografia de época dos seus pais, em que importantes protagonistas da revolução surgem à mesa de um restaurante, para construir a sua história. Pouco a pouco, ela descobre o paradeiro dos indivíduos da foto e vai gravando as suas memórias daquele memorável dia…

Não há dúvida de que Lídia Jorge tem um bom domínio da língua, mas a ação arrasta-se pelas páginas. Muitas vezes, a minha atenção vagueava por outros caminhos, pois não havia nada que me “prendesse”. Os depoimentos dos protagonistas não me pareceram naturais e achei-os muito parecidos entre si, como se todos falassem da mesma forma, o que no mundo real não acontece. O que dizem também não é original, muitas vezes, roça a banalidade e o lugar-comum. Não há chama, não há suspense, e até a emoção que as jornalistas e o câmara pretendem ter não chega ao leitor. É tudo terrivelmente enfadonho!

Custa-me não apreciar a obra de uma escritora tão conceituada, mas não posso fingir entusiasmo por um livro que, para mim, é tão bafiento como a foto que inspira os protagonistas.
Profile Image for José Luís.
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August 16, 2021
Os Memoráveis conta a estória de uma repórter de guerra portuguesa, Ana Maria Machado, que trabalha para uma estação norte-americana (CBS), e que é convidada para regressar a Portugal para preparar a maquete do primeiro episódio de uma serie intitulada “A História Acordada”, sobre revoluções populares europeias que fizeram cair regimes no século XX. Cabe então a Ana Maria Machado recuperar os acontecimentos dos anos 1974/75, e contá-los volvidos 30 anos sobre a revolução portuguesa, examinando as suas consequências.
Para Ana Maria, a revolução tem um significado especial: o seu pai, António Machado, teria sido íntimo de muitas das figuras centrais aos acontecimentos do dia 25 de Abril de 1974 e seguintes. A narração é feita na primeira pessoa por Ana Maria, e a sua relação com António Machado acaba por se tornar num dos temas centrais da narrativa, a par dos acontecimentos em torno da elaboração de entrevistas, para as quais conta com a ajuda dos seus ex-colegas de curso Margarida Lota e Miguel Ângelo. Miguel Ângelo torna-se o realizador e técnico das filmagens, ao mesmo tempo que se secundariza como personagem, ao contrário de Margarida Lota, que ajudando Ana Maria nas entrevistas e preparação de guiões, se torna numa personagem mais central. Ana Maria sente por Margarida Lota, que havia sido a melhor aluna do curso, muita admiração, elogiando e cobiçando frequentemente as suas capacidades intelectuais e pessoais.
Ana Maria decide recolher depoimentos dos presentes numa velha fotografia de António Machado tirada por Tião Dolores (que também consta da fotografia, pois armou a câmera e correu; representa provavelmente Alfredo Cunha) tirada no restaurante Memories (local histórico da resistência à ditadura, e onde se reuniam revolucionários e entusiastas no pós 25 de abril) e datada de 21 de agosto de 1975. Essa fotografia havia cristalizado o sentimento que se vivia em pleno “verão quente” – “ (a fotografia) reproduzia personagens oficiais a viverem um momento de pausa”. As principais figuras que constam da velha fotografia representam figuras reais do período revolucionário, que Lídia Jorge fictícia, dando-lhes outro nome (por exemplo, El Campeador representa Otelo Saraiva de Carvalho, Charlie 8 é Salgueiro Maia).
A trama desenrola-se, pois, em dois planos complementares: o plano das entrevistas às figuras da fotografia, e o plano da relação de Ana Maria com o pai. É de notar o facto de Ana Maria ter a mesma idade da revolução (era uma “filha da revolução”). Por conseguinte, ela representa para António Machado a própria revolução, e a forma como ela evoluiu. Isto pode justificar a relação dos dois, que era distante e silenciosa.
No plano das entrevistas movem-se Ana Maria e os seus colega, bem como as figuras entrevistadas: (por ordem cronológica) o chefe Nunes (chefe do Memories, que não quis gravar a entrevista), o Oficial de Bronze, Tião Dolores, General Umbela, Ernesto Salamida, El Campeador, Charlie 8 (que já morrera; foi entrevistada a viúva, mas o “espirito” de Charlie 8 esteve presente na conversa, fazendo inclusive revelações) e o casal de poetas Francisco e Ingrid Pontais. É durante as entrevistas que a escritora trabalha a questão do mito e da memória da revolução. Nelas, é patenteada a ambiguidade do processo revolucionário, os diferentes projetos para o país representados pelas várias figuras, e os percalços na transição para a democracia.
O plano da relação de Ana Maria com o pai move-se em paralelo ao plano das figuras históricas, com pontos de contacto. A figura de António Machado é apresentada como misteriosa e a relação de ambos como fria e distante. A mãe de Ana Maria (Rosie Honoré, uma belga que Ana Maria trata pelo nome próprio) terá engravidado durante o processo revolucionário, no seguimento do êxtase daquela época, mas não tardou muito a abandonar António Machado e ir-se atrás de outro homem para fora do país. Desta feita, António Machado desilude-se, nunca perdendo o amor por Rosie, e encontramo-lo atualmente num estado de decadência. Tendo sido em tempos um jornalista reputado, é hoje um homem desempregado, pobre e magoado. Magoado com a própria vida (desiludido com o país que ajudou a construir).
Margarida Lota termina apaixonando-se por Ernesto Salamida, figura central da revolução, com quem desenvolve uma relação íntima (apaixona-se metaforicamente pela revolução, que desconhecia, e que a deslumbra pela sua beleza e profundidade).
No final da narrativa, há uma conversa entre Ana Maria e António Machado que serve de clímax trágico. Ana Maria é acusada pelo pai de trazer a sua visão como repórter de guerra para interpretar os acontecimentos do 25 de Abril de 1974, que nada tiveram que ver com uma guerra. “não podes ser tu a salvaguardar o que foi belo e puro, e lindo, não podes...” , “essa tua lente horrenda, esse teu desejo de ver sinais de sangue e morte em tudo o que te rodeia”, disse-lhe António Machado. No final da conversa, o pai, desesperado, tranca-se no quarto durante dias.
Miguel Ângelo, que estaria apaixonado por Margarida Lota, obstina-se à relação de Lota com Salamida e dedica-se a preparar as imagens de “A História Acordada”.
O romance é de agradável leitura. A autora é sobretudo bem sucedida no que toca à intimidade entre o leitor e os pensamentos de Ana Maria. Do lado da temática da revolução, deixa um pouco a desejar, faltando uma imagem nítida no que toca ao sentido que a autora dá, por exemplo, à construção do mito. O tema da memória é de certa forma abordado, patenteado nas personagens do Oficial de Bronze (o “guardião da memória”, alcunha que se deve a ter vindo a guardar documentação de tudo o que de relevante se tinha passado, “memórias, relatos, objetos, fotografias, filmes...”, “um arsenal de objetos memoráveis”) e da própria fotografia do Memories, que constitui a memória por excelência do romance (onde ficaram gravados Os Memoráveis). Fica, no entanto, a faltar também uma discussão mais clara.
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November 21, 2016
Je voulais m'informer un peu sur le Portugal et la révolte des oeillets de 1974. Dans cette histoire l'héroïne doit réaliser un documentaire sur cette révolution... mais j'ai très vite sauté des lignes puis abandonné le livre. L'écriture n'est pas agréable du tout et m'a ennuyé profondément.
143 reviews3 followers
August 18, 2021
Os Memoráveis traz na primeira página em um poema de Alexandre O'Neill e depois uma citação extraordinária dos Murais de Lisboa: "Desculpem não nos encontrarmos nestas ruas. Só nasceremos amanhã."
E não poderia ser mais adequada à narrativa, porque, para além da protagonista, Ana Maria Machado, ter nascido depois do 25 de abril, penso que Lídia Jorge escreveu Os Memoráveis a pensar nas gerações mais jovens que também não o viveram. Quando o livro se inicia, Ana Maria está numa receção em Maryland, no final de novembro de 2003, em casa do antigo embaixador em Portugal (Frank Carlucci?) quando é desafiada a preparar uma reportagem sobre o 25 de abril, para um programa chamado A História em Vigília ou A História Acordada (“Ela deveria ir lá, quanto antes, recolher o resto da metralha de flores que ainda existe entalada entre as pedras da calçada de Lisboa” pg. 14) . Esse programa incluiria reportagens noutras capitais, como Budapeste, Praga, Berlim e Bucareste.
Jornalista e filha de um conhecido jornalista português, aceita o repto e contacta dois colegas de curso para a acompanharem. Quando regressa a casa do pai encontra uma fotografia, tirada na noite de 21 de agosto de 1975, no restaurante Memories, que tem no verso identificados os presentes com nomes de código dados por Rosie Machado - mulher do pai – e que mais tarde percebemos que é a mãe de Ana Maria. Decide entrevistar os convivas daquela noite que, nalguns casos, até conhecia pessoalmente. Os entrevistados serão sempre designados da forma como estão identificados no verso daquela fotografia, com exceção do capítulo inicial – A Fábula -, em que o embaixador fala no Lourenço, no Carvalho, no Antunes e no Salgueiro, estes dois últimos já então falecidos.
Ao mesmo tempo que Ana Maria e o pai se tentam entender, ela e os colegas preparam-se e realizam as diversas entrevistas. E é nas entrevistas que é evidente a capacidade de contar histórias da Lídia Jorge, porque nunca se reduz ao diálogo entre entrevistado e entrevistador, há sempre questões laterais que prendem a nossa atenção e que criam até algum suspense, como o braço escondido de um deles ou a presença da mãe de outro entrevistado.
Terminadas as entrevistas, com o desapontamento evidente em muitos dos entrevistados pela situação do país, Ana Maria tem de enfrentar a situação em que se encontra o pai e que provavelmente justifica que só seis anos depois tenha escrito o argumento.

Achei muito curioso ler Os Memoráveis pouco depois da morte de Otelo Saraiva de Carvalho e do debate que se gerou à sua volta, até pela afirmação – que não é a primeira vez que é feita aquando da morte de outros militares de abril – que a ele se devia a liberdade. Segundo um dos entrevistados, o Oficial de Bronze, no 25 de abril houve dois milagres e um ocorreu poucos dias depois, “foi quando tomaram consciência que tinham estado envolvidos no golpe cinco mil homens, que todos tinham cumprido o que lhes competia cumprir, e que depois da vitória e da aclamação nas ruas, todos queriam regressar aos seus postos, anónimos, como soldados desconhecidos. (…) Jurámos que dali em diante extinguir-se-iam as palavras eu, tu, ele, nós, vós, para se usar apenas a terceira pessoa, a abrangente, a coletiva pessoa, eles. (…) Melhor dizendo, já que tínhamos quebrado o nosso compromisso, quis que todos os participantes, um a um, fossem não só soldados identificados e conhecidos, mas sobretudo soldados reconhecidos pela nação. Cinco mil.” (pg 100).
Mais à frente, a viúva de Charlie 8 (Salgueiro Maia) dirá o mesmo, quando insistentemente lhe perguntam como reagira ele ao facto de lhe terem negado a pensão enquanto condecoravam os pides:

“É preciso não esquecer que foram cinco mil homens a executar o golpe, e prometeram uns aos outros que não haveria promoções, nem regalias, nem distinções que, houvesse o que houvesse, sempre estariam unidos, sem diferença, para o bem e para o mal. Fora um juramento solene. Entretanto, o tempo ia passando, e ele apenas se mantinha fiel a esse princípio, não queria distinção nenhuma. (…) Ele não morreu de desgosto, morreu com desgosto.”
Tenho alguma dificuldade em distinguir realidade e ficção e em identificar algumas personagens. Por exemplo, as cartas que o embaixador recebeu e que entregou a Ana Maria serão verdadeiras? Terão existido cidadãos portugueses, militares, a escreverem ao embaixador americano fazendo pedidos diversos que iam desde dinheiro a uma intervenção militar? Quem é o General Umbela ou o advogado Salamida?
A fotografia foi tirada na noite de 21 para 22 de agosto. Quererá Lídia Jorge referir-se à discussão havida entre o designado Grupo dos nove e os militares do Copcon? O Diário de Lisboa de 22 de agosto de 1975 tem como título na 1.º página “Revolução triunfou – a história de 24 horas decisivas”.
É difícil fazer a ponte entre o real e a ficção, mas quando a Autora cria personagens fictícias que o leitor consegue identificar, é difícil pensar que as outras e os seus depoimentos não são verdadeiros, mas fica sempre a dúvida. De qualquer forma, gostei de ler Os Memoráveis e da forma como à distância (no tempo e no espaço) é vista a revolução do 25 de abril.
Profile Image for Emanuel.
Author 4 books7 followers
March 8, 2025
uma história sobre a nossa história, para que algo importante não se esqueça, nunca se esqueça, pois está viva em todos nós portugueses.
Profile Image for Nayeli Gomez Fernandez.
91 reviews
January 20, 2025
La prosa de Lidia Jorge es tan hermosa que podría escribir 200 páginas acerca de ver el pasto crecer y lo leería todo. Es por eso por lo que califique este libro con tres estrellas y no dos. Pero de la trama me quede muy decepcionada.
Esta fue la sinopsis que me animo a comprar el libro: Un libro sobre la Revolución de los Claveles de la que la autora fue testigo próxima, un hecho decisivo en la Historia de Portugal, que marcó el inicio de una serie de cambios en Europa, cambios que representan la democratización de las sociedades del último cuarto del siglo xx, y que la escritora evoca aquí de forma única, transformando la Historia en un escenario transfigurado por la belleza. La forma y la distancia evocan a los héroes de ese día y les confieren el sonido de una balada primitiva que se levanta en el mundo moderno. Pero aclaro, si lo que quieren es aprender algo de este momento histórico en Portugal, este no es el libro para hacerlo. La Wikipedia me dio más información que la autora. Sabia que no se trataba de una novela historia pero esperaba un poco más de contexto y de desarrollo de personajes, de tal manera que entre sus conflictos personales pudiese entender que pasaba en el 75 en Portugal.
Esta es la historia: Ana Maria Machado, joven periodista de la CBS. De nacionalidad portuguesa, pero avecindada en Washington, recibe la propuesta de un proyecto: regresar a su país y entrevistar a varios lideres de la revolución de los claveles ocurrida en Portugal en Abril de 1975. Ella es escogida por su talento y por tener acceso a personas que fueron en la planeación de esta revolución. Es hija de un gran periodista y analista que fue amigo de los revolucionarios.
Así, sin saber porque acepta ir a Lisboa y empezar con su misión. Se hospeda en casa de su padre, con quien apenas habla. Contacta a 2 amigos de la universidad y empiezan a entrevistar a los revolucionarios, “los memorables”.
El punto de inicio para las entrevistas es una fotografía tomada en el restaurante “Memories” en Agosto de 1975 y así Ana María y sus amigos van a entrevistando a todos lo que salieron en esta foto

La idea es maravillosa, podrían hacer un recuento del ambiente del país, y as motivaciones de los personajes. No era mi expectativa conocer todos los datos de revolución de los claveles ni cada paso de sus héroes, pero si los iba a presentar a todos como frustrados y traicionados, sería bueno que relatar un poco más que paso… Lo que encontré fue la idealización de héroes revolucionarios traicionados y olvidados y no se entiende porque. Además todos son iguales, no quieren hablar, minimizan sus participaciones, hablan de otros que se robaron el protagonismo, pero eso si todos los entrevistados eran altruistas, ningunos esperaba ningún beneficio personal excepto el bien del pueblo. A algunos les asigna peculiaridades muy originales, pero en el sentimiento, la actitud hacia las entrevistas y su sentimiento hacia la revolución todos me dicen lo mismo. Si esta revolución tiro un régimen autoritario, le dio la entrada a la democracia, conto con apoyo popular espontaneo y es un día nacional, ¿porque todos sus héroes están tan amargados?
Creo que este libro es para gente que vivió este episodio y lo añora. O para idealistas que suena con héroes perfectos, casi ángeles…
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Profile Image for Margarida Ferreira.
21 reviews3 followers
May 29, 2020
Os Memoráveis é um romance escrito por Lídia Jorge, nesta história, Ana Maria Machado é uma repórter de guerra da CBS que volta ao seu país de origem para realizar um documentário sobre o 25 de Abril. Reúne os seus dois colegas de faculdade, Margarida Lota e Miguel Ângelo, e a partir de uma fotografia tirada a 21 de agosto de 1975 no restaurante “Memories” segue na procura das pessoas lá presentes. Nesta fotografia estão o jornalista António Machado, Rose Honré, uma atriz belga e mãe de Ana Maria, o fotógrafo Tião Dolores, o Oficial de Bronze, Charlie 8, El Campeador, Salamida, Cui, o cozinheiro do restaurante Nunes, os poetas Ingrid e Francisco Pontais e o Major Umbela. E assim, passados 30 anos após a imortalização da fotografia Ana Maria vai procurar os seus protagonistas e faz-lhes quatro perguntas: Onde estavam? O que sentiram na altura? Que balanço fazem agora, passados trinta anos? Qual a melhor imagem que guardam de tudo o que aconteceu?

Apesar de ter gostado de alguns depoimentos, como o da viúva do Charlie 8, senti que muitos dos depoimentos eram banais, pouco originais e demasiado parecidos entre si. Os últimos capítulos foram provavelmente os mais interessantes e cativantes, sendo que o resto do livro foi enfadonho. No entanto, achei interessante a maneira como a autora abordou o tema da queda destes heróis no esquecimento e na sua insignificância. E, sem dúvida nenhuma, a melhor parte do livro foi o argumento do documentário.

Não sei se recomendaria este livro, mas vou definitivamente ler mais livros da autora pois tem um grande domínio da escrita e da Língua Portuguesa.
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