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A chama de Adrião Blávio

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Adrião Blávio, um solitário vigilante nocturno de um museu de arte, fica misteriosamente paralisado, passando a viver isolado num quarto de hospital. É neste espaço de confinamento que descobre a existência de uma mulher chamada Lázara, vítima da mesma estranha enfermidade. A partir dessa descoberta começa a sonhar e a ouvir a voz dessa mulher, com quem passa a conversar e por quem se apaixona. A expectativa da salvação das garras da doença, os sonhos e planos para um futuro partilhado com Lázara, são as janelas de liberdade que Adrião usa para suportar os seus dias de imobilidade e solidão. Através de memórias fragmentadas e pensamentos dispersos, que aparecem como peças aleatórias de um puzzle, desvenda-se gradualmente quem era este homem, antes da doença. Por fim, quando a desejada salvação chega, todas as peças dispersas se agrupam, revelando a verdadeira face de Adrião Blávio e até onde pode chegar a chama do seu amor ou o incêndio da sua loucura.

Paperback

Published January 1, 2020

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Joana M. Lopes

11 books5 followers

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Displaying 1 - 5 of 5 reviews
Profile Image for Paulo Kellerman.
Author 24 books33 followers
September 19, 2020
Livro fascinante e enigmático, sedutor, belo; mas também misterioso e desconcertante. Pacifica e desassossega em simultâneo; aconchega mas também perturba; faz sentir e faz questionar. E para que serve um livro, se não fizer sentir e questionar? Este faz, e muito. É fulgurante e abrupto, denso, mas tão rico em pensamentos, em simbologias e em questionamentos que faz com que se pare frequentemente; obriga a que se permaneça nele, enquanto se torna óbvio que ele permanecerá em quem lê por muito tempo. Há um entrelaçamento entre delicadeza e brutidão, entre ternura e violência, que desconcerta e inquieta mas também fascina. Há uma dor e uma melancolia que doem. Há uma beleza que emociona. Há ramificações filosóficas que desconcertam. Há uma inteligência que seduz. Há corpo, há textura, há uma presença forte dos sentidos, o que torna o texto palpável, físico. Há uma poesia por vezes latente, por vezes protagonista, que contribui para um efeito geral de encantamento. Há ideias maravilhosas, há frases que deslumbram, há pormenores tocantes. Há a presença mágica da pintura e da poesia. Há uma estória muito bem construída e conduzida com mestria. Há uma personagem inesquecível. Há um livro fascinante e enigmático, sedutor, belo.
Profile Image for Dora Silva.
249 reviews88 followers
October 4, 2021
A minha opinião em vídeo em breve em Livros à Lareira com chá.
Super recomendo!!!!
Profile Image for Raquel Lopes.
62 reviews13 followers
November 14, 2020

"A morte é um delírio transitório e fugaz. É a bailarina insaciável actuando em cima dos escombros da vida. Sim, há um bailado trágico sobre o mundo: uma criança de olhos caleidoscópicos engasgada num buraco infinito; um cão esmagado na auto-estrada; um homem de coração enforcado; uma mulher recolhida dentro de um útero glaciar; uma floresta oxigenando cinza. Sobre as catástrofes da humanidade, dança a morte e na sua essência polígama e infinitamente abrangente puxa para o palco todos os corpos com quem lhe apetece partilhar o som de uma visceral orquestra. Nenhuma carne escapa à coreografia em direcção ao precipício, nenhuma matéria pode fugir ao movimento da decomposição. A morte dança; e entre a dança e o sexo, todos sabem, há um paralelismo inevitável. Nos dois universos os pares precisam do mesmo sentido de ritmo; e se há dança na morte, há também a procura do acerto dos corpos e dos passos. Só que, no baile da morte, é raro encontrar-se equilíbrio no par. Os movimentos funestos acontecem quase sempre à força, pois a morte penetra as coisas viventes e arrasta-as, inexoravelmente, pelo palco do fim. Por esta razão, a maior parte das vezes, o contacto da fatal dançadora com o Homem origina um espectáculo melancólico, tirânico ou violento. Mas para tudo existe a excepção, há quem faça da última dança a mais sublime. Há quem invoque, de livre vontade, a morte para dançar. Chamamos suicidas a esses raríssimos bailarinos. Pelas razões evidentes, a dançatriz ávida por encontrar um par harmonizado consigo goza do maior prazer ao ser envolvida nos braços dos únicos que a querem possuir. O suicida deseja-a e ela deseja-o de igual modo; nessa reciprocidade de vontades emergem a sincronia dos corpos e os passos isócronos em direcção à dissolução. A pessoa que a convoca, com o duro anseio do último espasmo, dá-lhe a ocasional sensação de ser amada e isso torna-a possessiva. O apego fá-la querer perdurar o espectáculo terminal e o segredo para perpetuar a dança é levar o amante por vagarosos caminhos de dor. Através do aumento gradual do sofrimento, o suicida deseja-a cada vez mais. A morte sabe como fazer desabrochar a sede de quem quer extinguir-se, usa o truque de se lhe escapar como água entre os dedos, adiando tantricamente o orgasmo do fim. O suicida falhado é a própria morte em adiamento; durante o tempo que não perece, a bailarina contorce-se de prazer sobre as dilacerantes dores humanas. Depois do seu gozo egoísta, aniquila-o; ou, seduzida por outra dança, deixa-o a apodrecer lentamente."
Profile Image for Telma Castro.
132 reviews6 followers
March 26, 2023
"Pelo corpo da noite, os infelizes rebolam na insónia, entre lençóis tantas vezes partilhados com alguém que há muito deixou de ser íntimo. Na insónia, os tristes sentem ser pouco mais que um vala comum, onde morrem amontoados em solidão e pensamentos."

Em toda a narrativa sentem-se ecos de crueza, travestidos de alguma animalidade primitiva, onde os elementos da natureza são uma constante.
Lázara e Adrião Blávio resgatados dos "escombros da vida" incendiados por uma inusitada telepática sede de viver, mostram-nos que às vezes o amor pode até reacender chamas das cinzas.
A evolução de um amor que "em lume brando" começa por ser platónico, alumiando-se de um desejo em crescendo.
Com uma singularidade lexical muito rica. Isso deixou-me tão encantada...uma escrita belíssima!
A ler!
Displaying 1 - 5 of 5 reviews

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