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Autobiografia
Autobiografia împletește realitatea cu ficțiunea într-un joc al oglinzilor ce pune față-n față doi mari scriitori: José Saramago și José Luís Peixoto
În Lisabona anilor ’90, drumul unui tânăr scriitor aflat în plină criză existențială – similară celei pe care a trăit-o Peixoto însuși – se intersectează cu cel al unui mare scriitor mai vârstnic: José Saramago. Din relația celor doi se naște această poveste, în care granițele dintre ficțiune și autobiografie se diluează până la dispariție. José Luís Peixoto explorează în acest joc de oglinzi absolut unic creația literară și frontiera translucidă dintre viață și literatură. În același timp, își sondează propriile obsesii într-o proză plină de detalii și de lirism ce a marcat literatura contemporană portugheză.
În Lisabona anilor ’90, drumul unui tânăr scriitor aflat în plină criză existențială – similară celei pe care a trăit-o Peixoto însuși – se intersectează cu cel al unui mare scriitor mai vârstnic: José Saramago. Din relația celor doi se naște această poveste, în care granițele dintre ficțiune și autobiografie se diluează până la dispariție. José Luís Peixoto explorează în acest joc de oglinzi absolut unic creația literară și frontiera translucidă dintre viață și literatură. În același timp, își sondează propriile obsesii într-o proză plină de detalii și de lirism ce a marcat literatura contemporană portugheză.
256 pages, Paperback
First published July 5, 2019
46 people are currently reading
921 people want to read
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 140 reviews
July 21, 2019
Acho que nunca me custou tanto escrever uma review... O livro é tãão bom e é um verdadeiro "come cabeças". Não sei onde li isto, mas José Luís Peixoto tem mesmo um toque de génio.
"Como posso saber se eu sou eu ou eu?" (261)
Ontem fui a sessão de apresentação deste livro e ainda criei uma maior ligação com este autor! A forma como ele explicou todo o caminho que o levou a escrever este livro e o conteúdo em si, dá-nos outra perspetiva.
Ainda conhecemos lá um senhor mais velho que lia 150 livros por anooo 🤓
Como já devem saber, uma das personagens deste livro é José Saramago... mas não é apenas ele o centro desta narrativa. 🤫 Encontramos também o José, um escritor jovem que se cruza com um grande escritor e daí surge a verdadeira luta entre a realidade vs ficção.
Como disse ao autor na apresentação, uma das personagens que me ficou na cabeça foi Fritz, o dono de uma livraria, é uma personagem cheia de mistério. Queria saber mais sobre a história desta personagem, foi a única coisa que, na minha opinião, ficou a faltar.
Neste livro são abordados diferentes temas, desde a escrita até ao colonialismo, a ausência parental e também a luta por ser visto. Falo em luta por ser visto no sentido, de querermos mostrar aquilo somos realmente, tentando afastar aquilo que os outros pensam/supõem de nós. 🧐
"Carregamos o peso daquilo que os outros pensam que somos. (...) Muitas vezes, os outros não nos deixam mudar porque não estão dispostos a mudar a forma como nos veem, fazê-lo implicaria que eles próprios mudassem." (144)
Para além de algumas referências históricas, temos também referências literárias.. enquanto estava a ler parava algumas vezes para pensar "hmm.. Onde é que eu já isto?" 🤔 e adorei. Este livro é enriquecedor em todos os sentidos.
Não deixem este livro na estante à espera de ser lido, que seja a vossa próxima leitura! Aconselho mesmo a toda a gente!
"Como posso saber se eu sou eu ou eu?" (261)
Ontem fui a sessão de apresentação deste livro e ainda criei uma maior ligação com este autor! A forma como ele explicou todo o caminho que o levou a escrever este livro e o conteúdo em si, dá-nos outra perspetiva.
Ainda conhecemos lá um senhor mais velho que lia 150 livros por anooo 🤓
Como já devem saber, uma das personagens deste livro é José Saramago... mas não é apenas ele o centro desta narrativa. 🤫 Encontramos também o José, um escritor jovem que se cruza com um grande escritor e daí surge a verdadeira luta entre a realidade vs ficção.
Como disse ao autor na apresentação, uma das personagens que me ficou na cabeça foi Fritz, o dono de uma livraria, é uma personagem cheia de mistério. Queria saber mais sobre a história desta personagem, foi a única coisa que, na minha opinião, ficou a faltar.
Neste livro são abordados diferentes temas, desde a escrita até ao colonialismo, a ausência parental e também a luta por ser visto. Falo em luta por ser visto no sentido, de querermos mostrar aquilo somos realmente, tentando afastar aquilo que os outros pensam/supõem de nós. 🧐
"Carregamos o peso daquilo que os outros pensam que somos. (...) Muitas vezes, os outros não nos deixam mudar porque não estão dispostos a mudar a forma como nos veem, fazê-lo implicaria que eles próprios mudassem." (144)
Para além de algumas referências históricas, temos também referências literárias.. enquanto estava a ler parava algumas vezes para pensar "hmm.. Onde é que eu já isto?" 🤔 e adorei. Este livro é enriquecedor em todos os sentidos.
Não deixem este livro na estante à espera de ser lido, que seja a vossa próxima leitura! Aconselho mesmo a toda a gente!
November 26, 2025
"Concentreazã-te pe faptul cã suntem aici, uitã timpul."
Doi mari scriitori de/din generații diferite, admirație şi curiozitate de/din ambele pãrți. Doi José care trãiesc pentru şi din scris, doi oameni care se tatoneazã, se cautã, îşi împletesc temporar destinele şi apoi se retrag uşor ruşinați, fiecare în filmul vieții lui. Nu numai o carte, ci un distins omagiu din partea lui José Luis Peixoto pentru omul ṣi scriitorul José Saramago, omagiu scris în stilul specific lui Saramago. Ori asta nu e deloc uṣor!
Despre Peixoto: Cred cã trebuie sã ai un anume fel de curaj ca sã poți scrie cu admirație despre alt scriitor, o deschidere ṣi o vulnerabilitate bine asumatã ca sã te faci tu mic mic tocmai pentru ca cititorii sã remarce ṣi sã se bucure de calitãțile celuilalt. (*ṣi implicit de ale tale!)
Mi-a plãcut foarte mult. ✨️
September 9, 2019
Há livros sobre os quais é complicado escrever, quanto mais não seja porque, ao dizermos demais, poderemos estragar o processo de leitura a alguém.
Autobiografia quebra algumas regras. Não, na realidade, Autobiografia quebra muitas regras. Quebra o que possam esperar do livro, quebra o que possam saber sobre Saramago ou Peixoto, quebra "regras" de escrita (sempre ouvi dizer que há regras que foram feitas para ser quebradas), quebra até regras de física. Quer dizer...neste aspecto não ponho as mãos no fogo, se calhar somos nós que ainda não temos conhecimentos suficientes nessa área.
É um livro que exige atenção, exige ambientes calmos e a nossa atenção dedicada ao livro para não perdermos nada dele, para não nos baralharmos.
Não vou falar sobre a história, porque no fundo não acredito que devam saber mais do que a sinopse para poderem ter uma experiência de leitura completa. Apenas digo isto: vão para este livro sem expectativas, sem preconceitos, apaguem o que sabem sobre Saramago (mas não na totalidade!) e apaguem o que sabem sobre Peixoto. E saboreiem, deixem-se levar ao longo destas peripécias e destas histórias dentro de histórias ;)
Autobiografia quebra algumas regras. Não, na realidade, Autobiografia quebra muitas regras. Quebra o que possam esperar do livro, quebra o que possam saber sobre Saramago ou Peixoto, quebra "regras" de escrita (sempre ouvi dizer que há regras que foram feitas para ser quebradas), quebra até regras de física. Quer dizer...neste aspecto não ponho as mãos no fogo, se calhar somos nós que ainda não temos conhecimentos suficientes nessa área.
É um livro que exige atenção, exige ambientes calmos e a nossa atenção dedicada ao livro para não perdermos nada dele, para não nos baralharmos.
Não vou falar sobre a história, porque no fundo não acredito que devam saber mais do que a sinopse para poderem ter uma experiência de leitura completa. Apenas digo isto: vão para este livro sem expectativas, sem preconceitos, apaguem o que sabem sobre Saramago (mas não na totalidade!) e apaguem o que sabem sobre Peixoto. E saboreiem, deixem-se levar ao longo destas peripécias e destas histórias dentro de histórias ;)
November 26, 2020
"Carregamos o peso daquilo que os outros pensam que somos. Os outros tiveram acesso a uma parte de nós e tiraram as suas conclusões. Muitas vezes, os outros não nos deixam mudar porque não estão dispostos a mudar a forma como nos veem, fazê-lo implicaria que eles próprios mudassem."
November 22, 2020
Fiction mingles with reality, José (Peixoto) with José (Saramago). Characters from Saramago's novels come to life again here, to live a different one and have an impact in the writers' lives.
They mirror each other, their paths come across and then depart one from the other. The way the novel is structured is simply brilliant; I've never read something even remotely similar. Peixoto even adapted his writing style to resemble Saramago's.
However, in order to get the full picture in this novel, you have to be familiar with Saramago's novels, otherwise the characters' involvment will not make much sense.
I took my time reading it, this not a novel to be read on fast forward; there are too many nunaces to catch and savour. And I relished every word.
It is my third Peixoto and I like his writing more and more with each novel. This one here is a pure gem and I can't recommend it enough.
They mirror each other, their paths come across and then depart one from the other. The way the novel is structured is simply brilliant; I've never read something even remotely similar. Peixoto even adapted his writing style to resemble Saramago's.
However, in order to get the full picture in this novel, you have to be familiar with Saramago's novels, otherwise the characters' involvment will not make much sense.
I took my time reading it, this not a novel to be read on fast forward; there are too many nunaces to catch and savour. And I relished every word.
It is my third Peixoto and I like his writing more and more with each novel. This one here is a pure gem and I can't recommend it enough.
July 23, 2019
Mergulhei neste livro não pela mão do José Luís Peixoto, mas pela mão do Saramago. Era impossível não ler um livro em que a personagem principal é o meu escritor preferido. Acresce que sou muito fã da escrita do José Luís Peixoto. Ele é aquele autor que "faz" um livro em meia dúzia de frases. Neste livro, vemos várias cenas que nos são mostradas entre o que se diz e o que não se diz.
Aconteceu-me várias vezes: ler uma frase tão magistralmente bem escrita que fiquei ali, a relê-la, minutos a fio, só pelo prazer de saborear aquelas palavras, aquele encadeamento, o que estaria para além do que estava escrito.
Não quero falar demasiado sobre o livro porque não quero dizer mais do que devo (e mais do que quem ainda não leu deve saber antes de ler o livro). Digo apenas que a maneira como José Luís Peixoto se enleia com Saramago e a maneira como enleia Saramago com José, personagem do livro, é qualquer coisa de fenomenal.
Cinco estrelas? Não. Seis. Pelo menos!
Aconteceu-me várias vezes: ler uma frase tão magistralmente bem escrita que fiquei ali, a relê-la, minutos a fio, só pelo prazer de saborear aquelas palavras, aquele encadeamento, o que estaria para além do que estava escrito.
Não quero falar demasiado sobre o livro porque não quero dizer mais do que devo (e mais do que quem ainda não leu deve saber antes de ler o livro). Digo apenas que a maneira como José Luís Peixoto se enleia com Saramago e a maneira como enleia Saramago com José, personagem do livro, é qualquer coisa de fenomenal.
Cinco estrelas? Não. Seis. Pelo menos!
July 21, 2019
Ter Saramago como personagem é a grande sacada. Atualmente, no entanto, muita gente fala que gosta de Saramago porque leu um trecho na internet, uma entrevista ou apenas porque tem as mesmas ideias políticas do escritor. Este é um romance para os verdadeiros leitores de Saramago. Quem gostou de O Ano da Morte de Ricardo Reis ou Manual de Pintura e Caligrafia, irá amar Autobiografia. O livro de Peixoto não é para qualquer um. Quem prefere thrillers norte-americanos ou sentimentalismos deverá procurar outra leitura.
É incrível ler prosa em português com a sofisticação de um W. G. Sebald. Bravo!
É incrível ler prosa em português com a sofisticação de um W. G. Sebald. Bravo!
December 25, 2024
Autobiografia
could be the story of two souls, Jose, the young character, and Saramago, the elderly character, that possibly felt as one. It starts with the beginning and ends with the end. That is to say that it is trying to know the soul of the narrator, which is the young Jose, yet the awakening of a soul is, or it ought be, so cataclysmic that after it occurs, that is when Jose opens his eyes he finds that everything is lost. Nothing is left, and no one remains to talk about what has happened, thus he takes to writing the first phrase of his new novel, which is exactly the last line of the book.
Jose, the young, was hired to write a biography of the famous Portuguese writer Jose Saramago, but he realized it was very difficult, especially because he had no story to write from. So, in a curious way, he tried to write about himself, as if it was an autobiography. But, I don’t believe that there is a single autobiography which is true, and I am not saying that it is done knowingly when ordinarily people invent their pasts. That is why Autobiografia is a fiction created, invented, polished and exaggerated, yet it pleases to read about Jose Saramago even believing that it was how it happened.
Remember me, remember yourself. Maybe this is what the writer wanted to convey and transmit.
Jose, the young, was hired to write a biography of the famous Portuguese writer Jose Saramago, but he realized it was very difficult, especially because he had no story to write from. So, in a curious way, he tried to write about himself, as if it was an autobiography. But, I don’t believe that there is a single autobiography which is true, and I am not saying that it is done knowingly when ordinarily people invent their pasts. That is why Autobiografia is a fiction created, invented, polished and exaggerated, yet it pleases to read about Jose Saramago even believing that it was how it happened.
Remember me, remember yourself. Maybe this is what the writer wanted to convey and transmit.
May 29, 2025
Singura mea problemă cu această carte, foarte faină din punct de vedere stilistic, construcție, frazare, poezie, este că nu-l cunosc ,spre rușinea mea, pe Saramago. N-am citit încă nici o carte. Acum , sigur o voi face.
March 7, 2022
Desde "Livro" que não lia nada de José Luís Peixoto. Confesso, desde já, a minha desconfiança em relação aos denominados jovens mas consagrados escritores, sobretudo alguns prémio Saramago. Não é o caso de Peixoto. É um facto que a sua escrita evoluiu muito desde "Livro", que é, creio, de 2010. Este é talvez o melhor elogio que lhe posso fazer, e que o distancia do também prémio Saramago João Tordo, talvez o escritor mais sobrevalorizado da actual literatura portuguesa, mas essa é outra história.
Escrever um livro em que Saramago é uma personagem é, por si só, um garante de sucesso. Basta ler algumas das críticas que "Autobiografia" tem aqui no Goodreads para percebermos como fica tudo com o passarinho aos saltos só com este dado, ignorando, em muitos casos, quase tudo o resto que sobra do livro. Seria interessante perceber qual seria a recepção do livro se não existisse nele um Saramago. Não creio que seja um grande livro, um livro merecedor de 5 estrelas. A escrita de Peixoto está num nível muito elevado, é verdade, mas o livro tem partes trapalhonas, que querem contribuir para uma inovação do processo narrativo mas que acabam por ser vítimas dessa falhada inovação.
Para além disso, não me parece honesto dizer que o livro trata uma série de temas, como o colonialismo, só para dar um exemplo, apenas porque há uma personagem que nasceu numa antiga colónia portuguesa. É preciso muito mais do que isso para tratar um tema e para que esse tema seja parte integrante de uma obra de ficção. Imagino que seja uma obra interessante para as aulas de introdução aos estudos literários, devido à discussão do papel do narrador na obra, sobre o "eu" que ora narra, ora é parte narrada, ora tem uma existência concreta, ora parece esfumar-se no enredo de vozes que nem sempre é amigo do leitor. Mas a mim soube-me a pouco, até porque as aulas de estudos literários já foram há uns bons anos.
É uma obra de coragem, mas não devia bastar ter Saramago.
Escrever um livro em que Saramago é uma personagem é, por si só, um garante de sucesso. Basta ler algumas das críticas que "Autobiografia" tem aqui no Goodreads para percebermos como fica tudo com o passarinho aos saltos só com este dado, ignorando, em muitos casos, quase tudo o resto que sobra do livro. Seria interessante perceber qual seria a recepção do livro se não existisse nele um Saramago. Não creio que seja um grande livro, um livro merecedor de 5 estrelas. A escrita de Peixoto está num nível muito elevado, é verdade, mas o livro tem partes trapalhonas, que querem contribuir para uma inovação do processo narrativo mas que acabam por ser vítimas dessa falhada inovação.
Para além disso, não me parece honesto dizer que o livro trata uma série de temas, como o colonialismo, só para dar um exemplo, apenas porque há uma personagem que nasceu numa antiga colónia portuguesa. É preciso muito mais do que isso para tratar um tema e para que esse tema seja parte integrante de uma obra de ficção. Imagino que seja uma obra interessante para as aulas de introdução aos estudos literários, devido à discussão do papel do narrador na obra, sobre o "eu" que ora narra, ora é parte narrada, ora tem uma existência concreta, ora parece esfumar-se no enredo de vozes que nem sempre é amigo do leitor. Mas a mim soube-me a pouco, até porque as aulas de estudos literários já foram há uns bons anos.
É uma obra de coragem, mas não devia bastar ter Saramago.
December 4, 2019
"Contar-me a mim próprio através de outro e contar o outro através de mim próprio, eis a literatura."
Neste jogo de realidade e ficção, a personagem principal é José Saramago... Dois nomes, José e Saramago, entrelaçados numa "autobiografia".
Neste jogo de realidade e ficção, a personagem principal é José Saramago... Dois nomes, José e Saramago, entrelaçados numa "autobiografia".
October 4, 2020
Multora nu le va fi comod să citească acest “roman”. “Autobiografia” nu mai e “Cimitirul de piane”*, cu toate că orice admirator al lui Peixoto (printre care mă număr) îi va recunoaște imediat “paternitatea”.
Sintaxă sucită, greu de urmărit cu ambele emisfere ale creierului. Traducere excepțională, Simina Popa, efort suprauman - presupun - de a reda “sonoritățile” acelea șchioape, dar atât de poetice, în română!
Peixoto e un greu de întrecut expert în simțire. Nu sunt mulți scriitori ca el, capabili să dea o logică verbală simțirii. Să surprindă clipa în miezul ei, clipa născându-se, propagându-se și pierind - cronicar al clipelor suspendate.
Cartea este scrisă sub ochii noștri, autorul ei nu-i doar unul, personajele sale, deși mai multe, par a fi doar unul singur - multiplicat în diverși heteronimi care capătă personalitate proprie, în stilul consacrat de Pessoa.
Peixoto, coleg de apartament al scrisului cu Saramago și Antunes, are o frază măiestrită din bardă, ce nu te lasă să adormi cu volumul în mână - ai de “optat” între a nu înțelege nimic, lenea tipică a cititorului obișnuit cu lacrimogenele de la Raftul Denisei (de fac furori între femeile de pe Goodreads), și a te îndrăgosti de el definitiv (răsplata efortului de a nu te opri din citit).
Din seria, Anansi, Ferrante, cu eterna ei rețetă ce merge mereu la fix, va avea - în mod cert - un succes nebun. Peixoto, nu. “Autobiografia” este un pariu riscant, și lăudabil!, al lui BAS.
______
*https://www.bookblog.ro/recenzie/cimi...
Sintaxă sucită, greu de urmărit cu ambele emisfere ale creierului. Traducere excepțională, Simina Popa, efort suprauman - presupun - de a reda “sonoritățile” acelea șchioape, dar atât de poetice, în română!
Peixoto e un greu de întrecut expert în simțire. Nu sunt mulți scriitori ca el, capabili să dea o logică verbală simțirii. Să surprindă clipa în miezul ei, clipa născându-se, propagându-se și pierind - cronicar al clipelor suspendate.
Cartea este scrisă sub ochii noștri, autorul ei nu-i doar unul, personajele sale, deși mai multe, par a fi doar unul singur - multiplicat în diverși heteronimi care capătă personalitate proprie, în stilul consacrat de Pessoa.
Peixoto, coleg de apartament al scrisului cu Saramago și Antunes, are o frază măiestrită din bardă, ce nu te lasă să adormi cu volumul în mână - ai de “optat” între a nu înțelege nimic, lenea tipică a cititorului obișnuit cu lacrimogenele de la Raftul Denisei (de fac furori între femeile de pe Goodreads), și a te îndrăgosti de el definitiv (răsplata efortului de a nu te opri din citit).
Din seria, Anansi, Ferrante, cu eterna ei rețetă ce merge mereu la fix, va avea - în mod cert - un succes nebun. Peixoto, nu. “Autobiografia” este un pariu riscant, și lăudabil!, al lui BAS.
______
*https://www.bookblog.ro/recenzie/cimi...
November 8, 2019
O que dizer deste texto ficcional de cariz biográfico?
Muito. Um livro em que o narrador é o autor que escreve um livro sobre Saramago mas em que é ele também Saramago, onde as referências ao universo literário de Saramago são também as ligações entre ambos, José e Saramago, onde se reflecte sobre esse processo criativo complexo que é a escrita, mas também sobre como se fabrica um leitor.
"Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não." (Saramago).
José Luís Peixoto é um escritor que escreve. E escreveu um livro fascinante.
Muito. Um livro em que o narrador é o autor que escreve um livro sobre Saramago mas em que é ele também Saramago, onde as referências ao universo literário de Saramago são também as ligações entre ambos, José e Saramago, onde se reflecte sobre esse processo criativo complexo que é a escrita, mas também sobre como se fabrica um leitor.
"Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não." (Saramago).
José Luís Peixoto é um escritor que escreve. E escreveu um livro fascinante.
December 24, 2019
Gostei desta homenagem a Saramago. A escrita, mais uma vez, não me desiludiu.
Recomendo vivamente!
Recomendo vivamente!
June 27, 2020
#alerportugal
July 15, 2019
Opinião completa em: https://fuiprocrastinar.blogs.sapo.pt...
Não sei como falar de Autobiografia sem vos contar demasiado sobre o enredo. Vou tentar ser breve: é um texto ficcional de carácter biográfico. Ou, se calhar, não é. De autobiografia tem pouco, excepto do ponto de vista das personagens. Mas são personagens ou pessoas reais? Por ir não ambas?
Autobiografia é um livro cheio de camadas que nos cabe desbravar. O enredo forma-se a partir do entrelaçamento entre a realidade e a ficção, numa metanarrativa acerca do que significa ser-se escritor e leitor (e, mais uma vez, por que não ambos?). Existe um José, existe um (José) Saramago, existe uma Pilar e outras tantas figuras. A conclusão a que chegamos é que não interessa se são retratadas correspondendo à realidade ou se é tudo da cabeça do autor. Em vez disso, basta sabermos que existem neste livro. No início pode ser um pouco dissonante confrontarmo-nos com esta diluição de fronteiras e dicotomias, mas ao cabo de algumas páginas conseguimos finalmente desprender-nos das amarras dessas expectativas.
Quanto à escrita... Esta sim, faz-me ter sentimentos contraditórios. Por um lado, José Luís Peixoto consegue - como sempre - descrever o mundo como uma criança que o descobre pela primeira vez, maravilhando-se com as mais ínfimas (e íntimas) tonalidades da vida. É assertivo, inocente e simples com as palavras, e isso é bonito. Ainda assim, fiquei à espera de mais. Muitas expressões soam a lugar-comum da sua obra. O leigo di-las-á batidas. Não há surpresa, dei por mim a querer mais. Talvez não seja do autor, talvez seja de mim, mas confesso que as minhas expectativas eram bastante elevadas.
Não sei como falar de Autobiografia sem vos contar demasiado sobre o enredo. Vou tentar ser breve: é um texto ficcional de carácter biográfico. Ou, se calhar, não é. De autobiografia tem pouco, excepto do ponto de vista das personagens. Mas são personagens ou pessoas reais? Por ir não ambas?
Autobiografia é um livro cheio de camadas que nos cabe desbravar. O enredo forma-se a partir do entrelaçamento entre a realidade e a ficção, numa metanarrativa acerca do que significa ser-se escritor e leitor (e, mais uma vez, por que não ambos?). Existe um José, existe um (José) Saramago, existe uma Pilar e outras tantas figuras. A conclusão a que chegamos é que não interessa se são retratadas correspondendo à realidade ou se é tudo da cabeça do autor. Em vez disso, basta sabermos que existem neste livro. No início pode ser um pouco dissonante confrontarmo-nos com esta diluição de fronteiras e dicotomias, mas ao cabo de algumas páginas conseguimos finalmente desprender-nos das amarras dessas expectativas.
Quanto à escrita... Esta sim, faz-me ter sentimentos contraditórios. Por um lado, José Luís Peixoto consegue - como sempre - descrever o mundo como uma criança que o descobre pela primeira vez, maravilhando-se com as mais ínfimas (e íntimas) tonalidades da vida. É assertivo, inocente e simples com as palavras, e isso é bonito. Ainda assim, fiquei à espera de mais. Muitas expressões soam a lugar-comum da sua obra. O leigo di-las-á batidas. Não há surpresa, dei por mim a querer mais. Talvez não seja do autor, talvez seja de mim, mas confesso que as minhas expectativas eram bastante elevadas.
November 16, 2025
Pentru mine, "Autobiografia" a fost o lectură intensă, dar diferită de experiențele cu "Câinii din Galveias", "Cimitirul de piane" sau "Nici o privire". Dacă acele romane mi-au dat senzația unor lumi închise perfect în ele însele, coerente, complet simțite, rotunde, "Autobiografia" e mai degrabă o punte: între viață și ficțiune, între Peixoto și Saramago, între un tânăr nesigur și un maestru ajuns deja la limpezime.
Romanul pornește excelent: atmosfera Lisabonei anilor ’90, întâlnirea dintre un scriitor la început de drum și unul aflat la maturitate, acea tensiune aproape palpabilă dintre admirație și teamă, dintre dorința de validare și conștiința micimii proprii. Peixoto scrie aici cu o vulnerabilitate asumată, poate chiar deliberat expusă. Se simte că e un roman născut dintr-un amestec rar: recunoștință, teamă, fascinație și nevoia de a se înțelege pe sine prin intermediul celuilalt.
Și totuși, tocmai acest joc al oglinzilor, atât de seducător ca idee, m-a ținut uneori la distanță. În timp ce în celelalte romane Peixoto mă absorbea complet prin poezie și atmosferă, aici m-am simțit martoră la un proces, nu parte dintr-o lume. Construcția metatextuală, dialogul constant între realitate și ficțiune, prezența masivă a figurii lui Saramago, toate acestea au adus profunzime, dar și un soi de opacitate intenționată. Am admirat tehnica, dar nu m-a copleșit emoțional la fel de mult pe cât m-a obișnuit Peixoto.
Apreciez enorm sinceritatea romanului, felul în care explorează paternitatea literară, anxietatea creației, fragilitatea identității unui scriitor tânăr. Este o carte matură, bogată, cu fraze care pulsează frumos. Însă, spre deosebire de celelalte romane ale lui Peixoto care sunt, pentru mine, aproape impecabile, "Autobiografia" are momente în care se simte mai mult un exercițiu de poziționare, un discurs despre literatură, decât literatura însăși.
Cu toate acestea, rămâne un roman valoros, necesar pentru a-l înțelege pe Peixoto în întregul său, o piesă esențială în arhitectura lui interioară. L-am citit cu interes, cu admirație și, uneori, cu o ușoară nostalgie pentru lirismul pur din cărțile lui anterioare. De aceea, pentru mine, e o lectură de 4 steluțe.
Romanul pornește excelent: atmosfera Lisabonei anilor ’90, întâlnirea dintre un scriitor la început de drum și unul aflat la maturitate, acea tensiune aproape palpabilă dintre admirație și teamă, dintre dorința de validare și conștiința micimii proprii. Peixoto scrie aici cu o vulnerabilitate asumată, poate chiar deliberat expusă. Se simte că e un roman născut dintr-un amestec rar: recunoștință, teamă, fascinație și nevoia de a se înțelege pe sine prin intermediul celuilalt.
Și totuși, tocmai acest joc al oglinzilor, atât de seducător ca idee, m-a ținut uneori la distanță. În timp ce în celelalte romane Peixoto mă absorbea complet prin poezie și atmosferă, aici m-am simțit martoră la un proces, nu parte dintr-o lume. Construcția metatextuală, dialogul constant între realitate și ficțiune, prezența masivă a figurii lui Saramago, toate acestea au adus profunzime, dar și un soi de opacitate intenționată. Am admirat tehnica, dar nu m-a copleșit emoțional la fel de mult pe cât m-a obișnuit Peixoto.
Apreciez enorm sinceritatea romanului, felul în care explorează paternitatea literară, anxietatea creației, fragilitatea identității unui scriitor tânăr. Este o carte matură, bogată, cu fraze care pulsează frumos. Însă, spre deosebire de celelalte romane ale lui Peixoto care sunt, pentru mine, aproape impecabile, "Autobiografia" are momente în care se simte mai mult un exercițiu de poziționare, un discurs despre literatură, decât literatura însăși.
Cu toate acestea, rămâne un roman valoros, necesar pentru a-l înțelege pe Peixoto în întregul său, o piesă esențială în arhitectura lui interioară. L-am citit cu interes, cu admirație și, uneori, cu o ușoară nostalgie pentru lirismul pur din cărțile lui anterioare. De aceea, pentru mine, e o lectură de 4 steluțe.
February 17, 2024
"Contar-me a mim próprio através do
outro e contar o outro através de mim
próprio , eis a literatura”✨
Nenhumas palavras farão justiça àquele que já se tornou um dos favoritos do ano.❤️
A primeira vez que vi esta capa com letras soltas e fragmentos de papel espalhados vivia em Viena. 🇦🇹 O livro estava nos destaques da literatura portuguesa, no meio dos livros em inglês e alemão. Um cantinho pequenino que acabou por receber um livro incrível , de uma mestre já imparável que nunca serei capaz de descrever.✨
José Luís Peixoto, já então como José Saramago, viveu no meio da aldeia, abraçou as letras desde pequeno e tornou-se uma grande voz da literatura poRtuguesa.
O seu poema "À mesa seremos sempre cinco" evocar- me- á sempre memórias angustiantes, ternurentas, de luto, perda e amor. 🤍"Almoço de Domingo" é também um resultado lindo da homenagem que faz a Rui Nabeiro, a quem chamou "Rui". Um escritor que se reveste de uma humildade sem par, vontade de abraçar o novo e coragem em falar de temas tão sensíveis.❤️
Peixoto, em "Autobiografia" desafia e abraça a literatura. Ousa a tanto e concretiza. Mescla Realidade e ficção, retrata tantos José quantos possíveis.
Temos José escritor, o próprio José e José Saramago. E tantos outros Josés.
É uma escrita multidimensional, o passado e o presente, o espaço, a vivência das personagens compõem-se de significados múltiplos. A presença de José Saramago, da sua obra é latente, não há melhor homenagem que essa. ❤️Mas é também a biografia de todos os Josés que existem, do peso que carregamos daquilo que os outros pensam que somos.✨
É um retrato de Portugal dos anos 20-90, da pobreza coletiva, dos retornados e imigrantes das colónias portuguesas. Tantas personagens literárias de Saramago(Bartomeleu, Lídia, Fritz) mesclam-se neste livro que dará início a um novo estilo narrativo nas letras portuguesas.❤️
outro e contar o outro através de mim
próprio , eis a literatura”✨
Nenhumas palavras farão justiça àquele que já se tornou um dos favoritos do ano.❤️
A primeira vez que vi esta capa com letras soltas e fragmentos de papel espalhados vivia em Viena. 🇦🇹 O livro estava nos destaques da literatura portuguesa, no meio dos livros em inglês e alemão. Um cantinho pequenino que acabou por receber um livro incrível , de uma mestre já imparável que nunca serei capaz de descrever.✨
José Luís Peixoto, já então como José Saramago, viveu no meio da aldeia, abraçou as letras desde pequeno e tornou-se uma grande voz da literatura poRtuguesa.
O seu poema "À mesa seremos sempre cinco" evocar- me- á sempre memórias angustiantes, ternurentas, de luto, perda e amor. 🤍"Almoço de Domingo" é também um resultado lindo da homenagem que faz a Rui Nabeiro, a quem chamou "Rui". Um escritor que se reveste de uma humildade sem par, vontade de abraçar o novo e coragem em falar de temas tão sensíveis.❤️
Peixoto, em "Autobiografia" desafia e abraça a literatura. Ousa a tanto e concretiza. Mescla Realidade e ficção, retrata tantos José quantos possíveis.
Temos José escritor, o próprio José e José Saramago. E tantos outros Josés.
É uma escrita multidimensional, o passado e o presente, o espaço, a vivência das personagens compõem-se de significados múltiplos. A presença de José Saramago, da sua obra é latente, não há melhor homenagem que essa. ❤️Mas é também a biografia de todos os Josés que existem, do peso que carregamos daquilo que os outros pensam que somos.✨
É um retrato de Portugal dos anos 20-90, da pobreza coletiva, dos retornados e imigrantes das colónias portuguesas. Tantas personagens literárias de Saramago(Bartomeleu, Lídia, Fritz) mesclam-se neste livro que dará início a um novo estilo narrativo nas letras portuguesas.❤️
January 13, 2020
Tenho com este livro uma relação de amor-ódio... pendendo mais para o lado do amor. Por um lado é o enredo assumidamente absurdo que me desagrada, onde ocorrem fenómenos aleatórios sem explicação alguma [Não crê que as explicações inferiorizam o leitor? (p. 258); As explicações não explicam tudo. (...) A literatura é feita de espaços vazios a serem preenchidos por quem os interpreta (...) (p. 260)].
Por outro lado, é o ter transformado José Saramago, um dos meus autores favoritos, em personagem, e ter-lhe escrito uma carta de amor em forma de livro. As referências são omnipresentes, desde a forma da escrita até ao nome dos personagens, retirados de livros de Saramago (Bartolomeu de Gusmão do Memorial do Convento , por exemplo). É ainda o ter transformado este livro em livro extrafísico, que é escrito dentro de si mesmo, cujas personagens o vão lendo, com dois autores, José e Saramago, que são a mesma pessoa sendo pessoas diferentes, espécie de santíssima dualidade que escreve o livro conjuntamente, ou seja, sozinha. É um livro que não deixa de dar voltas à cabeça e surpreender a cada passagem de capítulo.
Acho que José Luis Peixoto conseguiu dar alma a este enredo "absurdo". Não será o último livro dele que lerei.
Por outro lado, é o ter transformado José Saramago, um dos meus autores favoritos, em personagem, e ter-lhe escrito uma carta de amor em forma de livro. As referências são omnipresentes, desde a forma da escrita até ao nome dos personagens, retirados de livros de Saramago (Bartolomeu de Gusmão do Memorial do Convento , por exemplo). É ainda o ter transformado este livro em livro extrafísico, que é escrito dentro de si mesmo, cujas personagens o vão lendo, com dois autores, José e Saramago, que são a mesma pessoa sendo pessoas diferentes, espécie de santíssima dualidade que escreve o livro conjuntamente, ou seja, sozinha. É um livro que não deixa de dar voltas à cabeça e surpreender a cada passagem de capítulo.
Acho que José Luis Peixoto conseguiu dar alma a este enredo "absurdo". Não será o último livro dele que lerei.
May 2, 2023
Am terminat de câteva zile bune cartea și nici acum nu sunt sigură ce am citit. După titlu aş fi zis că e autobiografia autorului, apoi am aflat că e ficțiune dar totuși o autobiografie prin alți ochi. Și zic asta în speranța că totuși am înțeles ceva.
Mi-a plăcut locația, Lisabona anilor '90 și felul în care a fost scrisă, foarte foarte frumos. Eu obișnuiesc să îmi pierd răbdarea cu genul acesta de carte, foarte înflorată și darnică la descrieri, dar efectiv mi-a plăcut cum a redat totul.
Mi-a mai plăcut partea cu și despre José Saramago. Nu pentru că aș fi un mare fan, scriitura lui nu e pentru mine, dar felul în care i s-a dat glas și cum a fost conturat a mers de minune.
Singurul minus e confuzia mea generală, nu e totul spus în mod direct și se trece foarte ușor de la o idee la alta, de la un personaj la altul.
În descrirea cărții zice că este o poveste în care granițele dintre ficțiune și autobiografie se diluează până la dispariție. Extrem de bine spus!
Las mai jos un citat lung dar unul care mi-a ajuns la inimă prin simplitate.
Chiar și când copiii păreau singuri, nu lipseau santinelele la ferestrele deschise. Inacele rame, erau femei în bucătării de faianță, treceau zarzavaturile pe sub robinetul de la chiuvetă, strigau un nume dacă nu le plăceau vreo atitudine. Jos, la umbră, erau bunici adâncite în discuții secrete, dezvăluiri șoptite, privind în jur foarte vinovate, să nu bănuiască nimeni ce conspirau. Sus, pe terenul de baschet, sau sprijiniți de poarta de fotbal, erau băieți și fete, iubiri de nedeclarat. Peste tot erau câini adulmecând trecutul în mici obstacole sau alergând după copii, voiau și ei să se joace. Și erau copaci convinși că locul lor e în păduri. Erau mașini, undeva departe, întorcându-se încă de la muncă, claxonând când le apuca. Era sirena unei ambulanțe, câteodată, înfricoșând bunicile.
Mi-a plăcut locația, Lisabona anilor '90 și felul în care a fost scrisă, foarte foarte frumos. Eu obișnuiesc să îmi pierd răbdarea cu genul acesta de carte, foarte înflorată și darnică la descrieri, dar efectiv mi-a plăcut cum a redat totul.
Mi-a mai plăcut partea cu și despre José Saramago. Nu pentru că aș fi un mare fan, scriitura lui nu e pentru mine, dar felul în care i s-a dat glas și cum a fost conturat a mers de minune.
Singurul minus e confuzia mea generală, nu e totul spus în mod direct și se trece foarte ușor de la o idee la alta, de la un personaj la altul.
În descrirea cărții zice că este o poveste în care granițele dintre ficțiune și autobiografie se diluează până la dispariție. Extrem de bine spus!
Las mai jos un citat lung dar unul care mi-a ajuns la inimă prin simplitate.
Chiar și când copiii păreau singuri, nu lipseau santinelele la ferestrele deschise. Inacele rame, erau femei în bucătării de faianță, treceau zarzavaturile pe sub robinetul de la chiuvetă, strigau un nume dacă nu le plăceau vreo atitudine. Jos, la umbră, erau bunici adâncite în discuții secrete, dezvăluiri șoptite, privind în jur foarte vinovate, să nu bănuiască nimeni ce conspirau. Sus, pe terenul de baschet, sau sprijiniți de poarta de fotbal, erau băieți și fete, iubiri de nedeclarat. Peste tot erau câini adulmecând trecutul în mici obstacole sau alergând după copii, voiau și ei să se joace. Și erau copaci convinși că locul lor e în păduri. Erau mașini, undeva departe, întorcându-se încă de la muncă, claxonând când le apuca. Era sirena unei ambulanțe, câteodată, înfricoșând bunicile.
February 11, 2020
Este foi o livro com que inaugurei o meu ano literário. Há muito tempo que sigo o trabalho de José Luís Peixoto. Já mencionei aqui que é um dos meus autores favoritos. Sou uma fã quase- incondicional. É por isso que, com conhecimento de causa, afirmo que este é o melhor romance de José Luís Peixoto até à data. A história é brilhante e a execução é magistral. Para além disso, acho que JLP tem uma grande coragem. Ou será um grande descaramento?! Só assim se explica que tenha feito de José Saramago, uma personagem de romance. Relembro que JLP foi o 2o autor a ser agraciado com o Prémio Saramago em 2001. Assim presumo que esta "Autobiografia" seja também uma forma de o autor prestar uma homenagem à influência que Saramago teve na sua própria obra.
Em "Autobiografia", encontramos um jovem autor, José, que luta para escrever o seu 2o romance quando é convidado para escrever uma biografia do já consagrado José Saramago. Ao longo do romance, os 2 escritores vão-se confundindo de tal maneira que já não sabemos onde termina José e começa Saramago, e vice versa. A estrutura do romance não é linear mas sim constituída por várias camadas que se "enrolam" sobre si próprias e povoada por várias personagens, curiosas e interessantes, se cruzam nesta impressionante narrativa É preciso termos cuidado para não nos afogarmos quando mergulhamos nesta história.
Esta "Autobiografia" despertou-me uma imensa curiosidade sobre os livros de Saramago que ainda não li. JLP leva-nos pela mão até à obra de José Saramago.
Para mim, quem for apaixonado pela escrita de José Luís Peixoto ou pela obra de José Saramago, não devia deixar de ler esta "Autobiografia". Na companhia deste livro, viverão momentos inesquecíveis.
Em "Autobiografia", encontramos um jovem autor, José, que luta para escrever o seu 2o romance quando é convidado para escrever uma biografia do já consagrado José Saramago. Ao longo do romance, os 2 escritores vão-se confundindo de tal maneira que já não sabemos onde termina José e começa Saramago, e vice versa. A estrutura do romance não é linear mas sim constituída por várias camadas que se "enrolam" sobre si próprias e povoada por várias personagens, curiosas e interessantes, se cruzam nesta impressionante narrativa É preciso termos cuidado para não nos afogarmos quando mergulhamos nesta história.
Esta "Autobiografia" despertou-me uma imensa curiosidade sobre os livros de Saramago que ainda não li. JLP leva-nos pela mão até à obra de José Saramago.
Para mim, quem for apaixonado pela escrita de José Luís Peixoto ou pela obra de José Saramago, não devia deixar de ler esta "Autobiografia". Na companhia deste livro, viverão momentos inesquecíveis.
September 1, 2023
‘Tudo é autobiografia’.
Umas vezes ( muitas!) a fazer lembrar o célebre livro de Saramago ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis’, mas no ritmo próprio e mundano de José Luís Peixoto.
Um livro sobre a angústia do escritor, com todos os deslumbramentos e perdas a que tem direito. Um livro sobre o José e sobre o José. Com a certeza de que só somos alguém quando também somos o outro ❤️
Adorei a construção de todas as personagens, a lente perturbada e humilde do narrador perante os ‘Josés’ personagens. Um livro rico em alma.
Umas vezes ( muitas!) a fazer lembrar o célebre livro de Saramago ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis’, mas no ritmo próprio e mundano de José Luís Peixoto.
Um livro sobre a angústia do escritor, com todos os deslumbramentos e perdas a que tem direito. Um livro sobre o José e sobre o José. Com a certeza de que só somos alguém quando também somos o outro ❤️
Adorei a construção de todas as personagens, a lente perturbada e humilde do narrador perante os ‘Josés’ personagens. Um livro rico em alma.
November 26, 2022
Uma escrita irrepreensível, um conceito arrojado e extraordinário que envolve metaliteratura, ao jeito de Se numa noite de inverno um viajante, de Italo Calvino.
O que faltou para o êxtase foi uma execução demasiado rebuscada, que provocou deriva durante grande parte da leitura. Personagens que parecem a mais, outras que parecem planas quando não deveriam ser.
No fundo, se esquecermos o mistério de quem é realmente o autor da narrativa que lemos ou quem é real e quem é fictício, é um bom livro homenagem que o herdeiro faz ao grande mestre.
O que faltou para o êxtase foi uma execução demasiado rebuscada, que provocou deriva durante grande parte da leitura. Personagens que parecem a mais, outras que parecem planas quando não deveriam ser.
No fundo, se esquecermos o mistério de quem é realmente o autor da narrativa que lemos ou quem é real e quem é fictício, é um bom livro homenagem que o herdeiro faz ao grande mestre.
August 24, 2019
São três Josés que coabitam com um leque de personagens “de cariz biográfico” para compor um texto multidimensional, onde a questão do tempo, do espaço, e da sua vivência, surge desmaterializado, compondo várias interpretações dentro de uma moldura que tem como consciência a presença da obra de José Saramago.
Queria ressaltar, a nível da escrita, o papel do autor como tradutor. Peixoto descreve-nos ideias, situações, objetos, de uma forma tão vívida que o leitor se pergunta como nunca pensou em pensar nesses mesmos objetos daquela forma.
José Luís Peixoto é, na atualidade, o meu escritor preferido. É complicado, este pódio, nem sei bem se o próprio autor se gostaria de observar nele. Mas o facto é que cada vez que começo um livro seu, surpreendo-me com a fluidez com que a realidade ganha novos parâmetros e sobretudo com a capacidade de observar e, precisamente, trazer para o papel essas traduções da realidade
É difícil interpretar este livro, não o farei. É um labirinto no qual sabe bem perdermo-nos, sem garantias nenhumas de que o centro seja alcançado, ou sequer que seja este o objetivo. Leitura maravilhosa.
Queria ressaltar, a nível da escrita, o papel do autor como tradutor. Peixoto descreve-nos ideias, situações, objetos, de uma forma tão vívida que o leitor se pergunta como nunca pensou em pensar nesses mesmos objetos daquela forma.
José Luís Peixoto é, na atualidade, o meu escritor preferido. É complicado, este pódio, nem sei bem se o próprio autor se gostaria de observar nele. Mas o facto é que cada vez que começo um livro seu, surpreendo-me com a fluidez com que a realidade ganha novos parâmetros e sobretudo com a capacidade de observar e, precisamente, trazer para o papel essas traduções da realidade
É difícil interpretar este livro, não o farei. É um labirinto no qual sabe bem perdermo-nos, sem garantias nenhumas de que o centro seja alcançado, ou sequer que seja este o objetivo. Leitura maravilhosa.
June 3, 2025
Meta-fiction, madness, the myth of Saramago. If I were to summarize "Autobiografia" in just a few words, this would be it.
The novel opens with José Saramago writing the final sentence of a novel, a symbolic beginning that sets the tone for what becomes an intricate meditation on the nature of authorship and identity. It's a book of Josés - Saramago is not the only character with this name. In fact, the main character, yet another José, is a disheveled, debt-ridden, creatively blocked writer struggling with his second novel. A man so chaotic that his mother insists he should have been a mechanic instead of a writer and prays for him to the patron saint of beggars - a detail equally hilarious and tragic.
José's life is a mess: his apartment is filthy, his finances are nonexistent, and he’s physically assaulted by loan sharks for not paying off his poker debts. His life reflects the romantic stereotype of the suffering artist, but Peixoto doesn’t glamorize it. The portrayal is dark, frustrating, and often pathetic. His first meeting with Saramago is memorable for both men: he stole a Saramago book once, at a book fair, and got caught. Then, in an absurd yet poetic turn of fate, his editor hires him to write Saramago's biography. What's even more absurd is that he hasn't read Saramago yet. No, not even the book he stole.
Instead of beginning the biography, José spirals. He lies to himself and to everyone around him about working on it, and his life becomes increasingly unhinged. Between his poker and alcohol addictions and the tighter deadlines, he morally and mentally disintegrates. At the same time, Saramago, who harbours his own secrets, is trying to build a connection with José, but doesn't know how.
José is a deeply flawed character. He sabotages every opportunity he gets. His inability to write, despite being obsessed with writing, parallels the inner paralysis many artists feel. He claims he can’t write his novel because of the biography, and can’t write the biography because of the novel. It’s a perfect portrait of creative block.
The book becomes increasingly meta. We read excerpts from José's notebooks, some complete with strikethroughs and footnotes, which mirror and blur into the novel itself. In theory, José is writing about Saramago, but in truth, he is writing about himself. The novel blurs the lines between writer and character, fiction and autobiography. Moreover, "Autobiografia" constantly comments on itself. Its looping structure creates a text that is about the making of the text, the meta layers being integral to the emotional arc of the novel.
Within only two pages, Peixoto's prose seduced me with its lyrical confidence, its rhythm and emotional charge. He excels in developing even minor characters - Lídia, Fritz, Bartolomeu - all orbiting around the gravitational pull of Saramago. Their obsessions with the author verge on the mythological. As does Peixoto's own obsession with Saramago. Even his prose shifts at some point into full Saramago-mode, embracing long, flowing sentences, as if the master has completely colonized José's voice. Saramago looms over every page, not just as a character, but as a presence, a legacy. October 8, 1998, the day Saramago won the Nobel Prize, became a significant date in every character's life, a convergence of myth, literature and mortality.
Is this autofiction? Possibly. How much of Peixoto is in José is unclear and beside the point. What remains is a dazzling exploration of writing and failure, of the burden of influence, a masterful mix of homage and parody. And a question: What remains of us after we're gone?
The novel opens with José Saramago writing the final sentence of a novel, a symbolic beginning that sets the tone for what becomes an intricate meditation on the nature of authorship and identity. It's a book of Josés - Saramago is not the only character with this name. In fact, the main character, yet another José, is a disheveled, debt-ridden, creatively blocked writer struggling with his second novel. A man so chaotic that his mother insists he should have been a mechanic instead of a writer and prays for him to the patron saint of beggars - a detail equally hilarious and tragic.
José's life is a mess: his apartment is filthy, his finances are nonexistent, and he’s physically assaulted by loan sharks for not paying off his poker debts. His life reflects the romantic stereotype of the suffering artist, but Peixoto doesn’t glamorize it. The portrayal is dark, frustrating, and often pathetic. His first meeting with Saramago is memorable for both men: he stole a Saramago book once, at a book fair, and got caught. Then, in an absurd yet poetic turn of fate, his editor hires him to write Saramago's biography. What's even more absurd is that he hasn't read Saramago yet. No, not even the book he stole.
Instead of beginning the biography, José spirals. He lies to himself and to everyone around him about working on it, and his life becomes increasingly unhinged. Between his poker and alcohol addictions and the tighter deadlines, he morally and mentally disintegrates. At the same time, Saramago, who harbours his own secrets, is trying to build a connection with José, but doesn't know how.
José is a deeply flawed character. He sabotages every opportunity he gets. His inability to write, despite being obsessed with writing, parallels the inner paralysis many artists feel. He claims he can’t write his novel because of the biography, and can’t write the biography because of the novel. It’s a perfect portrait of creative block.
The book becomes increasingly meta. We read excerpts from José's notebooks, some complete with strikethroughs and footnotes, which mirror and blur into the novel itself. In theory, José is writing about Saramago, but in truth, he is writing about himself. The novel blurs the lines between writer and character, fiction and autobiography. Moreover, "Autobiografia" constantly comments on itself. Its looping structure creates a text that is about the making of the text, the meta layers being integral to the emotional arc of the novel.
Within only two pages, Peixoto's prose seduced me with its lyrical confidence, its rhythm and emotional charge. He excels in developing even minor characters - Lídia, Fritz, Bartolomeu - all orbiting around the gravitational pull of Saramago. Their obsessions with the author verge on the mythological. As does Peixoto's own obsession with Saramago. Even his prose shifts at some point into full Saramago-mode, embracing long, flowing sentences, as if the master has completely colonized José's voice. Saramago looms over every page, not just as a character, but as a presence, a legacy. October 8, 1998, the day Saramago won the Nobel Prize, became a significant date in every character's life, a convergence of myth, literature and mortality.
Is this autofiction? Possibly. How much of Peixoto is in José is unclear and beside the point. What remains is a dazzling exploration of writing and failure, of the burden of influence, a masterful mix of homage and parody. And a question: What remains of us after we're gone?
August 5, 2019
josé, o peixoto, nos presenteia com a história de josé, o jovem e angustiado escritor a quem coube a tarefa de escrever a biografia (ou melhor, um texto ficcional de cariz biográfico) de josé, o saramago. mais do que um romance, o livro é um jogo e uma homenagem, não apenas a saramago, mas também à própria literatura. três josés, um segredo, personagens que ganham novas vidas, muitas perguntas, poucas respostas, infinitas possibilidades. das experiências quase mágicas que a literatura proporciona. não é uma leitura fácil, é possível até que tenha sido torturante para alguns, mas recompensa à altura os persistentes.
dica: quanto mais saramago você traz na bagagem, mais desfruta da viagem. fiquei bem empolgada pra me preparar melhor e repetir a brincadeira.
dica: quanto mais saramago você traz na bagagem, mais desfruta da viagem. fiquei bem empolgada pra me preparar melhor e repetir a brincadeira.
May 25, 2021
De Peixoto no podré decir que sea mal escritor. Tampoco que sea muy entretenido, vibrante, emocionante o deslumbrante. En las dos novelas suyas que he leído realiza planteamientos distintos, recurre a diferentes técnicas narrativas y todo es muy literario, sólo tiene el pequeño inconveniente que no se puede leer dos páginas seguidas sin sentir como el aburrimiento te invade el cráneo.
Seguro que un filólogo podría cantarle alabanzas a la autoconciencia del texto, la meta-ficción, la hibridación entre hechos e imaginación y otras hierbas que se encuentran en el texto, y yo que me alegro; por otro lado sus personajes no tienen ningún tipo de relieve y su prosa es tan insulsa como masticar papel.
August 9, 2019
Um livro especial para todos os verdadeiros amantes de Saramago. Cada página é um novo reencontro, um déjà vu constante, que se nota em sorrisos incontroláveis. Saramago dizia que cada livro deve ser aberto com cuidado, pois contém dentro o autor. Considero que este livro deve ser aberto com um cuidado maior, pois leva dentro de si dois autores e uma obra de uma vida inteira.
May 16, 2021
2,5* Tinha elevadas expetativas com este livro e, se calhar, por isso mesmo não me tocou como estava à espera. Achei a narrativa um bocado lenta e não me prendeu ao livro. Por consequência disso, fui arrastando a leitura.
August 30, 2019
Homenagem a Saramago, com a beleza da escrita de Peixoto e uma narrativa inovadora, interessante e ainda assim simples.
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