Quando festejou a surpreendente vitória de Trump, o seu ideólogo e diretor de campanha, Steve Bannon, terá afirmado «quero que [eles] falem de antirracismo todos os dias. Se a esquerda está focada em raça e identidade e nós avançamos com o nacionalismo económico, esmagamo-los». Desde então, esta é uma discussão acesa: será que Bannon tem razão (e deve, então, a esquerda abdicar da defesa dos direitos sociais) e a direita ganhará sempre se instrumentalizar os nacionalismos imperiais e as religiões?
Em resposta a essas questões, neste livro discutimos vários processos de identificação, individual e social. Mostramos como se constroem à direita o discurso e as práticas do ódio, ou como estabelece o medo como norma social. Verificamos que a direita se radicalizou no tempo de Trump e de Bolsonaro por ser obsessivamente identitarista.
E discutimos como a democracia deve responder a este autoritarismo galopante, reconhecendo as identidades como experiência da diferença e como afirmação de direitos, mas não deixando de se bater também por uma política que constitua uma resposta inclusiva e universal, promovendo a distribuição social contra a desigualdade social e económica.
Assim, o livro defende que o modo de enfrentar o trumpismo é a conjugação entre reconhecimento de identidades que exprimem a vida de comunidades e uma alternativa socialista clara.
Baseando-se na experiência e debates dos movimentos feminista e antirracista, bem como de movimentos sociais das últimas décadas, os autores desafiam a maldição de Bannon e apontam caminhos para uma sociedade em que posso ser quem sou e podemos ser quem somos.
Um excelente debate em torno da esquerda e das suas opções políticas e estratégias. Ainda que não concorde com algumas reflexões e posições, este livro permite um diálogo denso, pluralista e ideológico. Recomendo especialmente a quem não se sente confortável com a direcção da esquerda actualmente, no que toca ao tema da identidade. (Trata-se de um colectivo de autores: Andrea Peniche, Bruno Sena Martins, Cristina Roldão e Francisco Louçã)
É um livro dedicado à interseccionalidade a categoria teórica que procura entender diferentes tipos de opressão, como a racial, gênero, classe e capacidade. Sinceramente para quem quiser entender o conceito e como nos influencia é um excelente livro que ataca várias vertentes, no início foca em definir o que é na sua essência, posteriormente fala do debate das políticas identitárias e como foram uma arma de remesso em campanhas como de Trump e o conservadorismo foi transformando mudando o seu foco ao longo dos últimos anos. Por fim descreve a situação portuguesa em que descreve como parte da nossa história (o colonianismo) é realmente embelezada nos nossos manuais escolas e como isso afectou a percepção dos portugueses sobre os emigrantes que vieram dos PALOP. Se tiverem interesse neste assunto é um livro muito bom para ser introduzido ao conceito.