Depois da morte de muitos dos seus amigos, um professor de guitarra clássica, mundano, judeu e antiga estrela da equipa de basquetebol de Greenwich Village, decide abandonar os Estados Unidos e procurar uma nova vida em Portugal. Mas aquilo a que ele chama o eclipse viral da sexualidade persegue-o até ali, quando António, o seu mais talentoso aluno, testa positivo para VIH e ameaça desistir da vida aos vinte e quatro anos. Desesperado por mostrar ao jovem que ele ainda tem um futuro pela frente, «o Professor» organiza uma viagem de carro com destino a Paris, esperando ser capaz de convencer um virtuoso a aceitá-lo como aluno. O pai de António, um homem rígido e presença distante na sua vida, decide acompanhá-los e, de passagem, os três mergulham num triângulo de aventuras, violência e revelações pessoais. Será que de caminho vão encontrar uma oportunidade de redenção? Publicado originalmente em 1996, e inédito até agora em Portugal, Insubmissos é um romance vívido e intimista que ousa dar luz a temas que ainda persistem nas sombras.
Richard Zimler was born in Roslyn Heights, New York, in 1956. He has a bachelor's degree from Duke University (1977) and a master's degree in journalism from Stanford. In 1990, he moved to Porto, Portugal, where he taught journalism for sixteen years at the university level. In 2017, the city of Porto awarded Zimler its highest distinction, the Medal of Honor. At the ceremony, Porto's mayor described the novelist as "A citizen of Porto who was born far away, who makes the city greater and grander... Zimler projects Porto out into the world and brings the rest of the world to us."
Richard has published twelve novels over the last 22 years, and his works have been translated into 23 languages. His most recent novel is THE INCANDESCENT THREADS, which was a finalist for the National Jewish Book Awards in the USA. In chronological order, his novels are: The Last Kabbalist of Lisbon, Unholy Ghosts, The Angelic Darkness, Hunting Midnight, Guardian of the Dawn, The Search for Sana, The Seventh Gate, The Warsaw Anagrams, Teresa Island (only in Portugal and Brazil), The Night Watchman, The Gospel According to Lazarus (The Lost Gospel of Lazarus in paperback) and The Incandescent Threads. His novels have appeared on bestseller lists in 12 different countries. Five of his books have been nominated for the prestigious International Dublin Literary Award: Hunting Midnight, The Search for Sana, The Seventh Gate, The Warsaw Anagrams and The Night Watchman.
Richard has also published six children's books in Portugal. He writes his children's books in Portuguese and his novels in English.
The Last Kabbalist of Lisbon, Hunting Midnight, Guardian of the Dawn, The Seventh Gate and The Incandescent Threads form the "Sephardic Cycle," a group of inter-connected - but fully independent - novels about different branches and generations of a Portuguese Jewish family. You do not need to read them in any order. Each book stands on its own. You can read the first chapters of all his books at his website: www.zimler.com
Richard's latest novel, The Incandescent Threads, is published by Parthian Books. It was a Number 1 Bestseller and Book of the Year in Portugal. It was also chosen as one of the Books of 2022 by the Sunday Times and Jewish Chronicle. Here is a brief synopsis:
From the acclaimed author of The Last Kabbalist of Lisbon and The Warsaw Anagrams comes an unforgettable, deeply moving ode to solidarity, heroism and the kind of love capable of overcoming humanity’s greatest horror.
Maybe none of us is ever aware of our true significance....
Benjamin Zarco and his cousin Shelly are the only two members of their family to survive the Holocaust. In the decades since, each man has learned, in his own unique way, to carry the burden of having outlived all the others, while ever wondering why he was spared.
Saved by a kindly piano teacher who hid him as a child, Benni suppresses the past entirely and becomes obsessed with studying kabbalah in search of the ‘Incandescent Threads’ – nearly invisible fibres that he believes link everything in the universe across space and time. But his mystical beliefs are tested when the birth of his son brings the ghosts of the past to his doorstep.
Meanwhile, Shelly – devastatingly handsome, charming and exuberantly bisexual – comes to believe that pleasures of the flesh are his only escape, and takes every opportunity to indulge his desires. That is, until he begins a relationship with a profoundly traumatised Canadian soldier and artist who helped to liberate Bergen-Belsen – and might just be connected to one of the cousins’ departed kin.
Across six non-linear mosaic pieces, we move from a Poland decimated by World War II to modern-day New York and Boston, hearing friends and relatives of Benni and Shelly tell of the deep influence of the beloved cousins on their lives. For within these intimate testimonies may lie the key to why they were saved and the unique bond that unites the
Sabemos quando encontramos um dos livros da nossa vida. Conhecemos a sensação logo às primeiras páginas. Conseguimos visualizar os gestos das personagens, cremos saber o que as leva a tomar certas atitudes, adivinhamos-lhes as emoções e estamos presentes nas suas opções. Mas, depois, a viagem surpreende e aprendemos a conhecer-nos melhor através delas.
Foi o que se passou com “Insubmissos”, de Richard Zimler. Neste livro, há um homem que foge de um país onde o seu irmão e os seus amigos morreram com um vírus cujo estigma se prolonga até aos nossos dias. Foge para o Porto dos anos 90 e o seu encontro com a cidade tem tanto de sublime quanto de chocante.
No seu novo Porto, apaixona-se por um aluno que logo descobre carregar o vírus que o assombrou no passado. A partir daí, o nosso herói dedica-se a uma viagem, a mais uma fuga, desta vez acompanhado pelo seu frágil aluno e o seu pai.
“Insubmissos” é um livro de pessoas que não se rendem à fatalidade. De longos passeios pelo interior, de uma viagem de carro onde os limites da paciência são testados. Um livro onde nem todas as ações nos parecem lógicas mas que retrata tão fielmente aquilo que é a esperança. Onde o inesperado parece de alguma forma encaixar-se nas vagas da corrente e onde encontramos alguma paz, no meio de tanta aflição.
Falou-me de um Porto que já não me lembrava, de paixões que guardava em algum lugar da memória, de uma vida que, por alguma razão, deixei para trás, na minha própria história.
Um livro corajoso, inteligente e honesto. Cru, mas que deveria ser de leitura obrigatória. Um olhar sobre pessoas que não se rendem à fatalidade. Um retrato de esperança. Mais do que um livro sobre a SIDA é um livro sobre amor nas suas mais diversas formas.
“Lembro-me de o meu irmão me dizer que a coisa mais importante que alguma vez fiz por ele foi chorar a sua morte iminente.”
Corria o ano de 1981 quando os primeiros casos de HIV / AIDS foram relatados nos Estados Unidos da América. Um mês depois, o New York Times publicou a seguinte notícia “Médicos em Nova York e na California diagnosticaram em 41 homens homossexuais casos de uma rara e rapidamente fatal forma de cancro.” Tais palavras moldaram um perigo de pânico, terror e morte, especialmente para a comunidade LGBT, notoriamente ignorada pelo governo de Ronald Reagan, presidente na altura a exercer funções e que se recusava a falar da doença, brincando com o assunto quando questionado e justificando que a doença provavelmente estaria restrita a homens gays. O reconhecimento do vírus pelo governo americano só chegou em 1985 e nessa altura já quase 50 mil pessoas tinham morrido. A negligência, porém, não se limitou aos EUA.
Conseguem imaginar o terror se o mesmo tipo de negligência tivesse acontecido durante a pandemia de COVID-19?
A história deste “Insubmissos” parte exactamente deste ponto, quando um homem de nacionalidade americana troca o seu país natal por Portugal na tentativa de fuga a uma pandemia que havia ceifado a vida daqueles que lhe eram mais próximos, amigos, amantes e família. Contudo, a doença volta a aproximar-se quando um seu aluno descobre estar infectado.
Esta é uma história dura, por vezes triste, outras vezes de superação. Nela somos colocados perante a certeza da morte e da dor que a acompanha. Uma história de enorme sinceridade na qual somos confrontados com temas reais, muito relevantes e de enorme impacto social. Gostei muito.
Uma clarificação prévia. Gosto muito de ler livros sobre o HIV-SIDA. É um tema que me atrai no ensaio, mas também na ficção.
Escrito em 1995, publicado nos EUA e no Reino Unido em 1996, devido à temática - homossexualidade e HIV-SIDA - este romance esteve por traduzir e publicar em Portugal até 2020.
A trama, dura, parte da descoberta da infeção por parte de um jovem. Estudante de guitarra "perdido" e em processo de descobertas múltiplas. Aluno de um professor norte americano auto-exilado em Portugal, que fugiu à mortandade da "peste" na sua terra natal. Para finalizar o trio base desta história acrescentamos o pai do jovem, um pedreiro aparentemente bronco, que ao longo do livro demonstra ser mais denso do que se esperaria.
Ao longo do livro Richard Zimler vai nos levando a uma intensa reflexão sobre as relações destas três personagens num percurso que corresponde igualmente a uma road-trip entre o Porto e Paris. E nessa viagem, as três personagens densificam a sua aprendizagem na relação com a doença e na relação entre si.
Foi um caminho denso, duro mas delicioso o da descoberta da humanidade intensa desta família. Foi uma leitura agradável que mais uma vez me provou que Richard Zimler é um sábio construtor de personagens e de histórias.
Inédito até agora no nosso país, Insubmissos tem como protagonistas um jovem músico de 24 anos infetado com VIH, o pai do jovem e o seu professor. Os três embarcam numa viagem que se tornará num momento de viragem para todos. [Resumo da responsabilidade do Plano Nacional de Leitura 2027] ISBN: 978-972-0-03385-7 CDU: 821.111(73)-31
Livro recomendado PNL2027 - 2021 1.º Sem. - Literatura - maiores 18 anos - Fluente
Assistirá sempre ao leitor o direito de acreditar naquilo que quiser, mas ao iniciar “Insubmissos” com a revelação de um conjunto de factos e experiências pessoais, sobretudo as relacionados com a morte do irmão e sobre a forma como a pandemia da sida lançou uma negra sombra sobre a vida na área da Baía de São Francisco nos anos 80 do século passado, Richard Zimler quis abrir o coração para que melhor fosse entendido e, quem sabe, julgado. Daí que optasse por transformar um posfácio em prefácio, quiçá demasiado revelador, onde a palavra “verdade” se ergue acima de qualquer outra. Por vontade própria, Zimler quis que o leitor fosse o primeiro a saber ao que ía, se situasse no drama que foi a descoberta de uma doença para a qual não havia cura, sentisse a dor e o medo de quem sabe que vai morrer, para então se entregar à leitura sem reservas ou preconceitos, antes de forma cúmplice, solidária.
Vertido numa longa carta, “Insubmissos” não é um livro fácil. A questão da homossexualidade – aqui abordada de forma crua – e a carga emocional que envolve a narrativa, impedem o leitor de se sentir confortável e encontrar sérias dificuldades na distinção que faz daquilo que é real do que é ficção. A personagem do Professor, por exemplo, é indissociável da figura do próprio Zimler. É ele que vemos a olhar-se ao espelho, a entregar-se a um amante, a reagir às ofensas ou a enfrascar-se de Valium. Talvez o autor não tivesse querido “impor-se” de forma tão clara, mas a impressão que passa é essa. E ainda bem. Seguimo-lo – e, com ele, seguimos também Miguel e António, pai e filho – e aprendemos com eles a mergulhar no nosso próprio eu, ao encontro de valores tão caros como a humildade, a coragem, a franqueza e a amizade.
Não deixa de ser significativo o facto de este livro ter esperado mais de vinte anos para ser lançado em Portugal. As razões para este “atraso” estão igualmente explicadas no prefácio e prendem-se com a sociedade fechada e tacanha que é a nossa – se nos lembrarmos que o inenarrável Sousa Lara, poucos anos antes, vetara a candidatura de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, de José Saramago, a um prémio literário europeu, por considerar que o livro ofendia a moral cristã, penso que está tudo dito. Por outro lado, é profundamente irónico que o livro seja lançado em plena pandemia de Covid-19, permitindo fazer a ponte com a pandemia de VIH e dizendo-nos, claramente, que as coisas não acontecem apenas aos outros. Pela sua lucidez, inteligência e verdade, “Insubmissos” merece uma leitura atenta e empenhada. Ele tem, certamente, algo de muito importante para dizer a cada um de nós.
Pergunto-me, porque não as 5 estrelas? Não estou certa de saber a resposta. Penso que é apenas porque não me fez sonhar. É um bom livro, cru e realista, mas que tem uma pitada de redenção e esperança. No entanto, domina muito o lado mais pesado, cinzelado de ternura, é certo. É um livro viciante, inquieta e confronta-nos com os nossos próprios demónios. Valeu a pena lê-lo, mas, sendo do mesmo autor, não é nada do mesmo género de outros que li: Meia Noite ou o Princípio do Mundo e O Último Cabalista de Lisboa.
Nos primeiros capítulos acompanhou-me uma sensação de frustração. Nunca tinha lido Richard Zimler e queria mesmo que me surpreendesse! Queria gostar de o ler, assim como gosto de ouvir o Alexandre Quintanilha. Aliás foi curioso que às vezes me pareceu ler (ouvir?) o pensamento do Quintanilha - será o que naturalmente acontece quando duas pessoas vivem juntas muitos anos (?) Mas depois a história cativou-me. Fiquei com a sensação que este livro tem uma temática muito específica - distinta da dos outros livros (mas como não li mais nenhum…). Traz-nos uma temática que me diz alguma coisa (Por ter coincidido com o início da minha vida profissional e me ter colocado muitos desafios) - a proliferação nos anos 90 do HIV, as mortes anunciadas, os corpos a cederem a um vírus ainda pouco conhecido e contra o qual tínhamos na altura muito poucas armas. Felizmente esse cenário mudou muito, o HIV é uma doença crónica com a qual se pode aprender a viver, e com bastantes qualidade de vida. O livro traz uma outra questão que quero salientar. Porque me incomoda, me provoca angústia, me faz questionar sobre o que é “normal” afinal (desculpem a necessidade desta coisa do “normal”…) - a forma como é vivida a sexualidade (aqui homo, mas bem podia ser num registo hetero). Como a angústia e a destrutividade é vivida através do sexo. Como os corpos são “usados” (não de uma forma necessariamente negativa) como veículos de descarga independentemente da relação afectiva. Como procuramos (todos?) no encontro com o outro (com o corpo do outro) uma completude impossível, um tampão para um desamparo primordial. Há no livro cenas de grande violência, de impotência perante a agressividade do outro, de como o medo se transforma em soco, e deixa a nu a solidão e o desamparo. Há uma tentativa de compreender a homofobia, mas essa compreensão obriga a um tipo de cedência. Vamos evoluindo… lentamente… O livro foi escrito em 1995 (exactamente o ano do meu estágio) mas publicado aqui em Portugal apenas em 2020 - foram precisos 25 anos…
Richard Zimler, cuja escrita conheço e admiro bastante, surge aqui num registo completamente diferente, muito mais intimista. Este livro não é facil nem leve, é antes um livro bastante cru, centrado na comunidade homossexual e na doença da sida. Mas merece muito ser lido. E uma coisa interessante é que cada um terá uma leitura diferente pois há muitas mensagens e reflexoes que se podem retirar do livro. Há pequenas coisas que não me agradaram ou não me fizeram sentido (ou não comprendi). Também por regra nao gosto de referencias muito explícitas a sexo, seja heterosexual ou não, e aqui pareceu-me existir algum excesso, embora no contexto do livro até façam sentido. Mas no fim o que retenho é que este é um grande livro sobre humanidade e que não irei esquecer tão cedo. São 4,5 estrelas não vai às 5 estrelas por causa das tais pequenas coisas.
"Worldly, Jewish, at one time a standout on his legendary Greenwich Village basketball team, an American classical guitar teacher seeks a new life in Portugal after the death of so many friends. But what he calls the viral eclipse over sexuality pursues him even there, when Antonio, his most talented and beloved student, tests HIV-positive and threatens to give up on life at just twenty-four. Desperate to show the young man that he still has a future, 'the Professor' arranges a car trip across Spain to Paris, hoping to be able to convince a leading virtuoso there to begin preparing his protege for a concert career. Antonio's estranged father, Miguel, a stonemason by trade, insists on coming along with them, and en route the three fall into a triangle of adventure, personal disclosure, and at last a strange redemption. Written as a letter to the Professor's ex-lover Carlos, in a final effort to draw him out of the closet, Unholy Ghosts is at once frantically comic and wise, wittily funny and deeply moving." From the back cover of the 1996 Gay Men's Press/Heretic Press edition of this novel, published in 1996, the only English language edition.
'Unholy Ghosts' is Richard Zimler's lost/forgotten novel. It was his first novel published in English, 'The Last Kabbalist of Lisbon' was published the same year but only in Portuguese and it would be another two years before The Last Kabbalist appeared in English. An edition of 'Unholy Ghosts' appeared in Italian in 2007 and in Portuguese in 2020. As English language editions are rare and expensive (£90+) it is unsurprising that of the 39 reviews on GR only two are in English (as of November 2024) and as one of those reviewers has revealed the novels most essential secret I am not going to attempt any obfuscation in my review and, if you are thinking of buying it at its inflated price in English you deserve a honest and full review.
First I have read many short stories by Richard Zimler, which I admire. I have read his best known novel 'The Last Kabbalist of Lisbon' and didn't care for it (see my GR review).
There are good things in this novel, the complexities of love between men, between a teacher and a pupil and father and son; the importance of gay men being honest with themselves, writing to his ex 'the Professor' says:
"...I am not saying that we've got to put an announcement in the newspapers saying you're gay or walk across Porto's main square in black leather with spurs on your motorcycle boots. But if you don't admit what you like to do in bed - at least to yourself - then we'll always remain separate." (page 255)
But there are things I didn't like, in particular the insistence that Antonio has become HIV-infected by a junkie/dealer which offended me so much that I nearly didn't finish the novel because, for me, that sort of demionisation of the vulnerable and friendless was similar the 'patient zero' farce (please see https://edition.cnn.com/2016/10/27/he...) but I did finish it and I am glad I did. I also didn't like the underlying 'philosophy' of the story, the Professor goes to extraordinary lengths to convince Antonio not to give up on life because he has a great talent and shouldn't waste it (I am simplifying but only a little) which, for me, is to close to the 'Rudolph the Red Nose Reindeer' justification, when Rudolph's bright nose is proved to have a use then everyone loves him. What if Antonio was only a young man working in a garage? Would the Professor expend such time, energy and money on him? Should anyone bother convincing such a young man that he should not give up? Why should any ordinary young man stay alive once diagnosed HIV-positive? Is it only extraordinary young men? is it only young men? who deserved the help to persevere after an AIDS diagnosis?
My other problem with the novel is that it is an AIDs novel and specifically an American AIDs novel even though it is set in Europe. But before I say anymore I would like to quote from the only other substantial English language review on GR (as of November 2024) posted in April 2024:
"..I don't know a lot about the HIV/AIDS epidemic and how it truly destroyed the gay community, and I learned a lot about it from this book."
On that basis I shouldn't criticise this novel, but I will. The ignorance of a younger generation is not my fault and I won't excuse a bad AIDs novel for either its good intentions, although I wouldn't ascribe many to this novel, or its good results. The problem with most AIDs novels is, and this was recognised at the time but barely whispered, is that most weren't very good as literature. As catharsis, memoir or documents of a particular time they had a use and may be still worth consulting but as literature they are almost invariably written from within the nightmare and, ultimately, are trapped and restricted by the nightmare. To make a very bold, broad, but respectful comparison I have yet to read an AIDs novel that can compare with Italio Calvino, Imre Kertesz, Arnošt Lustig, Bohumil Hrabal, Tadeusz Borowski on the holocaust. It is not numbers that define a tragedy and I am well aware of the many great or potential great writers lost to AIDS, but at this point in time I have yet to read a great AIDs novel. 'Unholy Ghosts' is most certainly not one.
To return to the weaknesses of 'Unholy Ghosts' one of the most problematic is its format, it is written as a letter from the Professor to his ex-boyfriend, Carlos, recounting the events as they happen as a way of trying to get him to accept his queerness and possible reconcile with the Professor. The problem is no one writes a 255 page letter. It would have been better if written as a series of letters. Even then the epistolary novel is limited to one persons account and in the complex menage a trois of the Professor, Antonio (the pupil) and Miguel (Antonio's father) this just isn't enough to properly portray the motivations of those involved. In fact we get no real insight at all because the Professor is singularly unobservant and lacking in curiosity about anything or anyone that doesn't refer to him.
Because of this we get is a very flat account of a complex psycho-sexual drama. My use of the term menage a trois was deliberate if not 100% accurate. This picturesque journey of adventure across Spain (yes there are clearly aspirations towards Cervantesian significance) is really an account of how Miguel seduces the Professor to learn everything about gay sex so he could then seduce Antonio so that he and his son can achieve reconciliation, understanding and catharsis to face what the future holds, together? as father and son? as lovers? It isn't quite finalised though we are led to believe that a good deal of naked man on man, father and son intimacy, requiring condoms, was on the menu for the foreseeable future.
Before Miguel turned gay? bi? incestuous? he was a macho, traditional, bigoted, homophobic Portuguese male (although retrospective the term 'toxic masculinity' fits him perfectly) but he sheds these traits and is an enthusiastic explorer of the Professor's plumbing before moving onto his son. How many father's, learning that their gay son who they are estranged from is HIV-positive, decides that the way to reconcile is a bout of penetrative sex? When did the idea occur? Did it predate the HIV diagnosis? How long had he been contemplating this? Seriously when did he first think about fucking his son up the ass?
I am generally open to any story or plot line but if a homophobic straight man decides to have his son's gay lover teach him all about gay sex as a prelude to having sex with his son then I insist that his motivations be convincingly explained. The man is overcoming both his sexual nature and the incest taboo. Plenty of young gay boys first intimations of their sexual desires can come from an attraction to the man they most love and admire, their father. Once they are sexual active they may seek out 'father' figures as sexual partners but to go from father figure to father is a huge leap.
I don't say the story is impossible, or necessarily perverse or distasteful, but to avoid being so, or simply risible, it must be convincing. All first sexual explorations are borderline absurd, but how absurd would the first time between a father and son be? Can a son really forget the father and only see a man and a father forget the child and see only a sexy body? Convince me of that and I'll accept the story, but Zimler just presents it as if it needs no explanation and should arouse no curiosity.
For me the novel is a failure, I am glad I found a less than outrageously expensive copy to buy, and don't regret buying or reading it. But I can't rate or shelve it any other way then the negative ones I have.
I have a copy of 'The Angelic Darkness' on the shelf and I will read it, one day. I might still read other novels by Richard Zimler, but not in the near future.
Não sei quanto de autobiográfico será este livro. Gostei da linguagem crua entre as 3 principais personagens e as suas relações, a sida e a morte que, tal como uma epidemia, varreu uma geração em especial, como é dito, nos USA. A morte do irmão está sempre presente. Portugal é uma fuga já que a "epidemia" não teria chegado até aqui. Mas chega, como tudo, um pouco depois. A diferença é que em Portugal se fala e falou pouco das mortes da epidemia de sida, mesmo que tenha atingido quem nos era mais ou menos próximo (meu querido amigo há muito desaparecido, ouço Marlene Dietrich enquanto escrevo.). É um livro corajoso, por falar sobre a sida com todas as letras. O livro é também uma longa carta a um ex-companheiro, tentando tudo explicar, tudo contar, tudo revelar, na esperança de reencontrar.
A história gira em torno de um professor de guitarra clássica, a quem morreu um irmão com sida. Também ele homossexual, envolve-se com um aluno, António, um jovem talentoso e irreverente, carente no que se refere à relação familiar com o pai, um homem rígido e pouco dada a afetos. António acaba por se envolver com portadores do VIH, contraindo ele próprio a doença, aos 24 anos. Quando percebe que está infetado, António sente que a sua vida acaba ali, nada mais fazendo sentido. Uma viagem a três, cada um carregando um rastilho de emoções prestes a fazer explodir uma bomba a qualquer momento. Uma viagem que representa uma procura de sentido para uma vida que se prevê breve, de encontros, de dúvidas, de conhecimento, de revelações, numa tentativa, por parte de cada personagem, de renascer das cinzas, aceitar a morte, aceitar a velhice, reconciliar-se com o passado e viver o que a vida pode ainda reservar de bom.
em 2021 vendi “ilha teresa”, o único livro de richard zimler que tinha lido há muitos anos, a uma jornalista que ia entrevistar o autor para o seu canal de youtube @monicasmorethanwords (vejam também o seu podcast @bocadetrapos). claro que, por curiosidade, fui ver. adorei a entrevista e fico grata por esta me ter levado a este livro ma-ra-vi-lho-so ✨
richard zimler é americano, e vivia no porto com o seu atual marido quando escreveu “insubmissos”. foi publicado no reino unido e nos eua em 1996, mas, infelizmente, 24 anos se passaram até ser publicado cá. o autor teve receio que lhe fosse negada a renovação do visto de trabalho, tantos eram os tabus quebrados na sua história e sendo a homossexualidade, em portugal, “considerada um desvio perigoso”.
é triste pensar nas razões que fizeram o livro demorar tanto tempo a chegar até nós, mas chegou, e traz-nos uma beleza que não conseguirei colocar em palavras.
esta é a carta escrita de um professor de música gay ao seu ex amante, que não o soube amar. nela conta o seu passado e o presente difícil em que vivencia, mais uma vez, o doloroso e quase inevitável encontro com a sida e o VIH, desta vez por um aluno seu, um incrível guitarrista clássico, que tinha um futuro brilhante pela frente.
com quanta morte e dor somos capazes de lidar durante a nossa vida? o que podemos fazer para aliviar a dor e o medo dos que amamos e ajudá-los nesta luta da inevitabilidade da morte? como podemos fazer valer os anos que lhes restam? e como superamos estas mortes vivendo?
numa viagem de carro do porto até paris, o nosso protagonista, antónio e o seu pai, miguel – triângulo de dor, violência, prazer e amor –, envoltos na própria culpabilização e na do outro, dão-se a conhecer uns aos outros e a nós, através da escrita belíssima de richard zimler.
“insubmissos” é uma história dura, que não nos deixa indiferentes e nos sensibiliza para a dor do outro, mesmo que esta não seja a nossa dor. e de certeza que se vai encontrar nos meus favoritos do ano 🖤
—
nota: livro lido para a iniciativa #leradoença do mês de janeiro, sobre sida e VIH, da teresa @pickashelf.
Neste livro, ouvi a voz de Zimler em cada página. Não sei se era intenção do autor, mas parecia quase um relato de um amigo na primeira pessoa. Eu gosto muitíssimo de como escreve Zimler, embora neste livro se note a sua inexperiência (foi escrito já há mais de 20 anos!). A história é triste, pesada. Aborda o luto, a perda, a doença, os últimos dias. É um livro cru, duro, que arrepia em muitas páginas. Mas é também um livro muito ternurento, na relação Professor-Antonio, na relação pai e filho, até na relação Professor-Miguel, e que termina com uma sensação mais leve, alguns laivos de esperança - a sensação de que os personagens se encontraram a si mesmos de alguma forma. Gostei muito e sei que não o esquecerei.
Apercebi-me de que este foi o primeiro livro que li narrado por um personagem homossexual. Não que isso faça grande diferença para a qualidade da narrativa, mas é, de facto, diferenciador: é toda uma nova forma de ver o mundo na qual nunca tinha pensado. Este romance, que o autor já assumiu ser de cariz autobiográfico, foi também a primeira leitura que fiz de Richard Zimler e, devo dizer, um excelente começo. A narrativa epistolar é perfeita. A forma como a SIDA, uma epidemia terrível que assolou o mundo, e em especial a comunidade LGBT, consegue servir de mote para que um professor sem nome faça as pazes com os seus fantasmas, um jovem rebelde de 24 anos perceba a importância do dom que lhe foi concedido, e o seu pai consiga criar com ele uma relação como nunca tiveram, tudo isto demonstra como muitos dos rancores que guardamos e muitos dos problemas que enfrentamos são facilmente relativizados quando está em risco a perda de alguém. É um livro sobre morte, perda, luto, porém, que nos revela a estranha relação entre isto e o alcance da paz e da felicidade. É um livro sobre amor e sobre como esse amor pode ser conspurcado por preconceitos e violências, por traumas e abusos. E, acima de tudo, é um livro que, apesar da seriedade dos tópicos que aborda, consegue ser dotado de um sentido de humor delicioso. Fiquei muito impressionada com esta descoberta.
O segundo romance do autor, só agora publicado. Muito diferente dos outros que tem escrito, é um livro que se debruça sobre o flagelo da sida e as perdas para a doença. Aborda também a homossexualidade, o que desconfio há-de ter sido o principal motivo da não publicação na altura em que foi escrito.
Os livros de Richard Zimler têm magia. O escritor consegue levar-nos por caminhos envolventes quando se trata de atrocidades como o extermínio de judeus quer seja no século XVI em Portugal ou no século XX na Polónia e na Alemanha. Este livro mantém a presença do povo judaico mas entra com enorme coragem (e imensa sensibilidade) na homossexualidade, nas vivências de quem tem e não tem a coragem e a sabedoria de assumir uma condição humana tão válida como outra qualquer. O livro torna-se fascinante. Fala-nos do Porto, esse Porto de que eu gosto tanto, com uns olhos com que nunca o vi. De Madrid, essa cidade que me marcou a ferro e fogo, também por amor. De Paris, a cidade do amor que para mim foi a de um fim de uma relação. E aborda o fenómeno VIH/SIDA de um modo que nos toca as fibras mais interiores. Não de como é na atualidade, mas antes do aparecimento de tratamento que tornou a infeção numa doença crónica. Então, era basicamente uma sentença de morte. Este livro devia ser livro por todos os homofóbicos – se é que conseguem ver além da sua testa. E por todas as pessoas sensíveis, inteligentes, tolerantes, de qualquer orientação sexual. Humanas.
A história da edição deste romance é bastante curiosa e explicada pelo autor no prefácio. O primeiro livro que Zimler escreveu foi "O Último Cabalista de Lisboa", o qual não teve aceitação por parte das editoras americanas e inglesas. O motivo: trata-se de um romance passado em Lisboa no século XVI. Os leitores norte-americanos e ingleses não teriam interesse nesta temática. Frustrado (o Cabalista havia implicado anos de trabalho de pesquisa), Zimler escreve "Insubmissos", com uma história contemporânea. Enquanto este é editado no Reino Unido, "O Último Cabalista de Lisboa" é editado em Portugal com enorme sucesso. A edição de "Insubmissos" em Portugal tem que esperar até 2020, pois à época em que foi escrito, início dos anos 90, o nosso país ainda não estaria preparado para uma história sobre um jovem guitarrista que sofre de SIDA e que parte com o seu professor e o seu pai (o qual tem dificuldade em se aproximar do filho por este ser homossexual) para uma viagem de carro a França. Esta revela-se uma viagem quer literal, quer metafórica, pois as personagens irão ao mais fundo dos seus seres, lidando com as suas inseguranças e fantasmas. Não será o meu Zimler preferido (eu mais do que adoro os seus livros!), mas não deixa de ser um excelente livro para ler e nos fazer pensar, ainda para mais numa altura em que nos confrontamos novamente com uma doença que veio abalar os alicerces da nossa sociedade.
Num ano onde uma pandemia abalou o Mundo, Richard Zimler lançou esta incrível obra que nos recorda de outra pandemia e flagelo que afectou e ainda afecta milhões de pessoas. Mas esta não é uma obra recente, não foi cá publicada em 1996 porque os seus temas ainda eram tabú. Infelizmente, por vezes ainda o são, pois ainda há descriminação (desengane-se quem pensa o contrário).
Esta é a história de um Professor de guitarra assombrado por todos os fantasmas dos amigos e familiares que perdeu para o VIH. Esta é a história de um aluno prodígio que é infectado por VIH. Esta é a história de um pai em desespero e que não sabe como lidar com a situação. Mas na realidade, esta obra é muito mais que isso. Fala da descriminação da qual os homossexuais são alvo, fala da pandemia da SIDA, fala do desespero e do consumo de calmantes de modo a adormecer o medo. Mas em toda a sua crueza, também nos fala de ternura, imensa arte e revelações que despertam no âmago destas personagens. É uma viagem de três homens em busca de resposta para as suas vidas.
Nesta obra, a última editada em Portugal mas, curiosamente, uma das primeiras obras de Zimler, o autor a partir de sentimentos e emoções pessoais, constrói uma narrativa forte, intensa, melodramática e desafiante.
Estamos perante uma espécie de voyarismo, sem o ser, pelo facto de ser uma estória friccionado, mas com um auto-retrato forte, baseado em momento da história pessoal dele.
Haverá, certamente, muita literatura de romances, erótica, narrativas onde as relações homossexuais estão no centro da narrativa e da estória. Não sou leitor da mesma. No passado não o foi por pura ignorância e desconhecimento. No presente não procuro, pelo simples facto de comprar actualmente pouca novela e romances. Os e as que vou lendo são ofertas, bem vindas, que me encantam por vezes. Outras são leituras que recolho na Biblioteca Pública de Évora, como leitor posso requisitar livros e te-los em casa, o que faço com frequência.
Sobre a estória desta relação amoroso e de encontro com o Eu, digamos, dos três personagens, homens, um jovem adulto e dois na casa dos 40/50 anos, existe um sentimento duplo. O Professor (a imagem autobiográfica de Zimler), António o estudante de guitarra e Miguel, pai de António. Existe um quarto personagem, neste trio em construção narrativa, na relação e na procura desse Eu, que cola a narrativa, visto ser uma longa carta-diário da paixão do Professor por esta quarta personagem, Carlos.
Três personagens fortes e, de certa forma, descritores dos percursos dos indivíduos ao logo dos anos. A dificuldade da aceitação, mais por mecanismos sociais e culturais da homossexualidade, a dificuldade de se entregar a um outro, a dificuldade de conseguir viver com a orientação e, por vezes, mas fico com dúvidas, o desejo da experimentação.
Indiquei ter ficado com dois sentimentos; aqui vão eles.
Primeiro sentimento. Um estória ousada e pela sua narrativa, mais pelo trama e não tanto pelo drama, percebe-se o receio do autor em não a ter publicado, aquando da sua edição inglesa (1996), em Portugal. Poderia ter sigo recebida como frieza, críticas intensas, até talvez alguma perseguição por certos meios da intelectualidade portuguesa. É sempre o risco dos criadores em geral, e dos escritores em particular. Não deixa de ser estranho esta realidade, por dois motivos essenciais. Tínhamos vivido na década anterior o fenómeno António Variações, acabado por ser assimilado e aceite (no geral, não em certos meios) pela sociedade portuguesa, ainda muito marcada pelo catolicismo e da presença forte e intrussiva da igreja Católica na mesma; e, alguns dos mais referenciados homens das artes eram assumidos homossexuais e portadores do vírus da sida, com uma certa aceitação social esta realidade. Contudo, uma coisa é a comunidade ver 2 ou 3 artísticas, pelo qual tinham uma grande estima, outra é ler um romance, com algum erotismo ou pornografia (normal em romances e novelas as descrições dos encontros e momento de fornicação), outra distinta é toda a narrativa está centrada na homossexualidade e na representação de vidas perfeitamente iguais às dos casais e encontros de pessoas heterossexuais, mostrando e demonstrando a normalidade da elevado, com os mesmos anseios, dores emocionais, desejos, dos casais heterossexuais.
Segundo sentimento. É uma estória de uma relação de amor, paixão, sofrimento com um vírus é uma doença que, até à época, era vista como um fim de linha na vida biológica de quem era portador do vírus. Existia ainda, na época, medo e algum pânico por parte de certas franjas da população sobre a sida. A Igreja ainda estava (apesar de tudo, bastante menos hoje) muito fechada e a homossexualidade era vista como o Diabo dentro das pessoas. Regressando a estória, o mais importante, o centro da mesma estando na relação e na descoberta, não da homossexualidade, mas na relação entre pessoas que se sentem atraídas entre si, tem uma particularidade, para mim é claro, bastante interessante. É um facto a narrativa estar focada em dois mais um personagem masculino, mas as personagens mais fortes, mais intensas, mais interessantes, são as 5 personagens femininas. Uma sempre ausente e presente, a mãe do narrador, uma outra sempre presentes e clarividente, a Fiama (a dona da casa onde o narrador arrendou um quarto), e três que surgem de forma espontânea, cada uma representando um papel próprio. Doña Margarida, uma personagem de Paula Rego, não relevante para a narrativa, mas com uma presença forte sobre a vida, os dramas da vida, os amores, as perseguições sofridas e um aparente trauma de Estocolmo, isto é, subentende-se ter sido escurrasada de casa por amor, numa sociedade espanhola do caudilho e da igreja, onde a mulher não tinha direitos (igual à portuguesa na época), mas tinha uma adoração por Franco e era muito religiosa (contradições da vida de todos nós, ao fim de alguns anos de andarmos por aqui). A Claudia, a personagem menos trabalhada, menos mostrada, mas creio ser central para o narrador encontrar um equilíbrio determinante para o resto da narração. Uma mulher na casa dos 30 anos, casada e, aparentemente profundamente religiosa, pelo qual senti uma paixão narrativa que ficou por esclarecer. Ela foi um ponto determinante nesta narrativa, apesar da sua fugaz presença. Por fim, a professora Victoria Atxaga, a que abre a porta de uma nova narrativa, a que junto dos diferentes elos perdidos na narrativa.
Como obra literária, sente-se ainda ser uma das primeiras de Zimler, distintas das demais obras conhecidas dele, bastante distinta. Segundo ele, foi uma espécie de sofá do psicólogo a escrita, pelo cariz intimista da mesma e por falar de forma muito franca sobre a sexualidade e a homossexualidade, num tempo onde era (continua a sê-lo, mas menos, penso eu) muito difícil abordar esta orientação sexual.
Vale a pena ler o livro, vale a pena lê-lo em 2 ou 3 dias.
I REALLY liked this book, for the vast majority of it.
The ending just... the ending just... it's funny because all the signs were there and I just willfully ignored them until I could ignore them no longer.
Man.
I had a really bad dream last night and it had nothing to do with this book but I can't help but feel like it was caused by me finishing this book.
I really liked the prose, too. Just beautiful, poignant and moving and painful. I don't know a lot about the HIV/AIDS epidemic and how it truly destroyed the gay community, and I learned a lot about it from this book. The protagonist is a music teacher who has already outlived many of his friends back in America, hence why he moved to Portugal to get away from it all.
The characters are all so strange and interesting and heart-breaking in their own ways. We spend an afternoon talking with a man who grieves the loss of his wife and best friend, whose only joy now is to read books and escape into others' lives. When we wish him well, this man says, "It's better to go our separate ways while we like each other. Pretty soon you'd see there's nothing left to me but lines from other people's novels."
Man.
Also, the whole story is written as a letter to the main guy's ex, which is METAL. He injects all these cutting little lines. I loved it.
I really liked this one up until the end. I guess I'm happy they found a way to not be as stressed about the seropositivity, but that was just, what the frick.
Really beautiful, wrenching prose though. I won't forget that at least.
3.5* Este livro é uma carta intimista que acaba por contar a história de um professor, um pai e um filho. Sobre as suas relações pessoais, sobre as suas emoções que teimam em despoletar desenfreadamente para várias direções. Confesso que a personangem de António é irritante ao ponto de ter de tolerar a história. Achei que a resolução da relação pai-filho poderia ter sido feita noutra perspetiva, mais intimista e próxima, e não simplesmente contada na terceira pessoa de forma leve e rápida. O que me tocou realmente foi as palavras, as emoções do narrador/personagem principal dedicadas ao seu ex-amante. É uma viagem na tentativa de cura, mas ao mesmo tempo de percebermos de que não vale a pena guardarmos rancores do passado.
Há muito que aprender nas relações humanas, principalmente quando, para além da intolerância, a morte é uma sentença. Os insubmissos não é um livro de leitura simples, mais pelo conteúdo do que pela forma. A forma é epistolar, uma carta longa e detalhada dirigida a um ex-namorado. O conteúdo toca paixões, sexo, viagens. Relacionamento entre o professor e o aluno brilhante (mais tarde amante e doente). Relacionamento entre o pai do aluno e o professor. Os três viajam para fugir à fatalidade e dar lugar a esperança de continuar a viver apesar da dor. Personagens bem caracterizadas, o modo de viver a sexualidade descrito explicitamente, sem ser vulgar. A história vira e revira com naturalidade. Sem dúvida que é um livro a ler com atenção.