Os textos de Pacientes que curam apresentam o que Júlia - uma mulher negra, médica de família e comunidade, mãe e cantora - vivenciou no plantão no hospital, em seu consultório na Unidade Básica de Saúde, na UPA ou em visita a pacientes em casa. E, ao fazer isso, traçam um retrato de um Brasil periférico, que vive mal desde sempre. Ao mesmo tempo, revelam o que há de universal, de sensível, no humano. No livro, vemos como saúde é muito mais do que não estar doente: é ter garantido o direito ao trabalho, à moradia, à alimentação, à educação, ao lazer e aos demais componentes do Estado de bem-estar social. Mas como proporcionar direitos às pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social? Como fazer cumprir os artigos da Constituição que estabelecem acesso universal e igualitário à saúde?
A saúde é direito de todos e dever do Estado. O SUS, criado em 1986, é resultado de lutas dos movimentos sociais e engloba políticas de assistência e programas para a promoção da saúde, da democracia e da cidadania para todos os brasileiros, de forma gratuita. É considerado um dos maiores e melhores sistemas de saúde públicos do mundo.
Graças ao SUS e a sua rede de profissionais dedicados ao atendimento humanizado dos pacientes, temos a chance de conhecer a dra. Júlia e os pacientes-personagens deste livro. Histórias como as de Juliana e Juraci, que sofriam de uma das piores doenças que a sociedade pôde transmitir, o racismo e a escravidão; de Ruth, que buscava um remédio para dormir e saiu com diagnóstico de opressão por machismo. E também como a da mulher que queria uma solução para diminuir o desejo sexual e descobriu que estava saudável; e de seu André, que quase morreu e encontrou o amor.
Pacientes que curam é um livro para se emocionar, para rir. É diversão e é alimento para a luta. Um livro para pessoas que sentem muito pelas injustiças e que teimam em mudar o mundo.
Eu gostei bastante dessa leitura e da escrita da Júlia, mas apesar de achar muitos relatos bonitos e emocionantes, algumas coisas me incomodaram. Em alguns momentos senti uma certa arrogância, justamente pelo livro aparentemente se esforçar para demonstrar uma humildade da autora, que no fim se pareceu mais com uma autopromoção velada. Outra questão repetitiva durante os relatos é essa suposta simplicidade com que alguns casos foram "resolvidos", como se bastasse apenas a vontade do profissional de escutar e cuidar do paciente para "descobrir o seu real problema". Acho complicada e injusta essa simplificação, pois o trabalho na saúde pública é sempre complexo, assim como a vida das pessoas. Uma consulta, um exame ou um remédio nunca poderão oferecer uma solução mágica e é muito importante que os trabalhadores (especialmente os médicos, e aqui mais uma vez senti essa arrogância) não se coloquem nessa posição de poder. A humanização do cuidado é fundamental, mas considerá-la um "diferencial", uma "competência" de alguns profissionais foi algo que me incomodou bastante durante a leitura. Mesmo que médicos ainda tenham suas formações mais distantes de uma clínica ampliada do que outras profissões, reflexões sobre território, determinantes sociais de saúde e garantia de direitos, por exemplo, são aspectos que devem ser oferecidos por todos os trabalhadores da saúde, sempre.
As histórias são lindíssimas e a leitura é leve, super fluida. Creio que todo mundo que se interessa pela visão “humana” do cuidado e da saúde deveria ler os relatos. Acho que a autora as vezes se coloca numa posição de autopromoção e isso é algo que me incomoda bastante na área da saúde e ao longo dos relatos, acabei achando repetitiva essa parte. Além disso, me questiono se as histórias são verdadeiras e, se forem, se os pacientes foram consultados antes de terem suas histórias publicadas. Apesar dessa ressalva, gostei bastante de ter lido e já comprei mais exemplares para presentear.
Queria poder colocar 3 estrelas e meia. Gostei bastante da leitura, na verdade. Tem histórias muito boas. Porém concordo 100% com outra avaliação que vi por aqui em que dizia que o livro passava uma imagem de autopromoção e simplicidade de resolução muito maior do que a realidade. Quantos anos algumas pessoas passam em terapia para conseguir dar certos passos na vida, deixar um casamento abusivo, mudar completamente o modo de vida... e que é posto em 2 páginas como uma resolução de uma conversa de 18 minutos. Não me parece muito realista. Ainda assim, acho que valeu a pena a leitura. Tem histórias que valem a pena serem lidas.
Amei tudo sobre esse livro. Histórias curtas que passam tantas mensagens sobre tantas coisas importantes. Júlia, você é a médica na qual todos deveriam se espelhar e farei questão de levar suas histórias adiante para amigos de curso para que isso aconteça.
Eu nem sei o que dizer. Júlia Rocha, em histórias de uma a quatro páginas, me fez arrepiar todinha com todas. As vezes de felicidade, as vezes de desespero, mas sempre com um quentinho de esperança aquecendo meu coração, minha alma e me lembrando da médica que eu quero ser. Ou, melhor, talvez da pessoa que eu quero ser.
Esse livro deve ser lido por todos. Sem exceção. É um retrato de um Brasil quebrado e cruel que permanece assim há séculos. Mas é também uma lembrança da importância da compreensão e empatia.
Essas histórias não sairão de mim tão cedo. Espero que nunca saiam, na verdade. Com certeza o melhor livro do ano até agora, e um dos melhores da vida.
É um livro sobre cuidado e empatia. Gostei muito dos relatos, mas não tanto da escrita da autora. Na minha humilde opinião, são casos muito relevantes e, por vezes, complexos, para serem descritos em poucas palavras. Mas, também acredito se me falarem que eu quem gostaria de conhecer um pouco mais cada indivíduo citado. No mais, vale a pena a leitura!
histórias bonitas e emocionantes pra pensar a medicina, o Brasil, as pessoas, a escuta, a consciência de classe. achei o discurso da autora arrogante em vários momentos, como se ela, com sua humildade excepcional, fosse capaz de resolver tudo, toda sorte de problemas. é uma leitura rápida e tranquila.
Que livro! Sem dúvidas deveria fazer parte da ementa de qualquer curso de saúde. Que gratidão pela Júlia ter compartilhado tantas experiências enriquecedoras comigo! Além disso, adorei a forma como a autora se posiciona sem medo, se autointitulando "radical", e acaba tocando em assuntos variados igualmente importantes como o racismo, o machismo, a violência doméstica, a desigualdade social, sexualidade, etc. E por fim... admite seus erros, reconhece que falha/falhou em algum momento. As histórias, por serem curtas, tornam a leitura bem leve e gostosa. É contagiante. Você ri, chora, se envolve completamente. Bom demais da conta 🥰
Essa leitura é muito importante pra entender um pouco da realidade e das desigualdades do Brasil que nem sempre a gente vê, os capítulos são curtos mas todos fazem refletir sobre algo diferente.
A realidade brasileira mostrada de forma nua e crua nesse livro. Um Estado ausente, uma população cada vez mais miserável e um contingente muito pequeno de pessoas que tentam sanar os inúmeros problemas desse país. Mesmo assim, a Júlia Rocha entrega muita sensibilidade em seus relatos e atendimentos e a esperança de uma mudança positiva.
Através da história de seus pacientes, suas famílias e seus problemas, a Dra Júlia Rocha mostra a realidade de um Brasil negligenciado por tudo e por (quase) todos, onde a pobreza, o racismo, o machismo e a violência acabam por impedir o acesso real à saúde. Com sua escuta empática e sua presença sem julgamentos, Dra Júlia vai além do que os olhos conseguem ver e enxerga em cada paciente um ser humano único que merece ser tratado com dignidade e ter suas reais necessidades atendidas - mesmo que elas não estejam diretamente ligadas a nenhuma doença do corpo.
Trabalhando no SUS e apaixonada pela narrativa das pessoas, não há como não me identificar com muitas passagens deste livro. Dividir estas vivências com o leitor é carinhoso e desafiador. Contar estas situações que vivemos sem passarmos a ideia de autopromoção ou vaidade não é fácil e Julia Rocha em geral conseguiu isto. Uma estratégia que ela usa e que gosto muito é a de deixar no ar o que houve depois de muitas passagens... a história é do mundo; o leitor que complete... Afinal, nossa prática profissional é assim. Não resolvemos muitos problemas estruturais, como também não "salvamos vidas", mas é muito bom quando somos capazes de viver o cuidado em plenitude, quando nos reconhecemos genuinamente como "gente que cuida de gente". Realmente, estas histórias nos tratam. E isto não é uma exclusividade do Médico de Família, por mais que atenção primária seja extremamente rica pelo próprio contexto em que se insere. Escutar, acolher e cuidar está ao alcance de todos capazes de reconhecer, genuinamente, que a vida do outro é tão importante quanto a nossa própria vida. Que estes encantamentos proporcionados por este livro mobilizem outros corações das mais variadas formas em promoção do bem. Leitura pra se fazer em etapas: sozinhos e em grupo... pois as histórias nos estimulam a bons papos, recheados de lembranças que fazem da medicina "uma paixão sem remédio". Recomendo!
Você pode ser o único doador compatível com um familiar seu, mesmo que seja um órgão não vital (um rim, um naco de pele), a decisão de doar precisa ser sua, o hospital não pode te obrigar a fazer isso em NENHUMA circunstância.Transplantes de órgãos vitais entre pessoas vivas são VEDADOS. Você, mãe viva, não poderia transplantar seu coração ao seu filho nem que implorasse. Nem que ele estivesse morrendo na sua frente. Isso porque a autonomia do corpo é inviolável. No Brasil, nem a eutanásia é permitida. Se você estiver agonizando numa cama de hospital sem prospecto de alta e QUISER morrer, você não pode. Sua vida é inviolável a qualquer custo, até da sua agonia física.Até o seu cadáver é inviolável no Brasil. O Estado não pode tomar seus órgãos, mesmo que eles pudessem salvar a vida de uma outra pessoa. O Estado não pode violar seu corpo, e você tem direito a habeas corpus se isso acontecer.
Se a vida e o corpo são coisas tão invioláveis para o Brasil, parece-me no mínimo contraditório o fato como o próprio sistema defensor da saúde é aquele que é o principal responsável por tantas mortes, por limitar o acesso a ajuda justamente a aqueles que mais precisam. Seja por falta de informação de qualidade, indisponibilidade de serviços ou até mesmo antigos preconceitos, é surreal o quanto o sistema básico de saúde chega a ser insuficiente para atender toda a extensão continental do Brasil.
Lispector já divagou em suas obras falando da identidade: se eu não sei quem sou, quem dirá que eu sei que existo? E de certa forma, isso se aplica a invisibilidade social: se pessoas de classe inferior são constantemente ensinadas a permanecer em silêncio, como elas mesmas entendem os seus direitos? Como elas sabem que a saúde não é milagre: é direito? Nunca foi brincadeira a frase “o silêncio mata”. E a invisibilidade também.
Com uma delicadeza absurda, Júlia Rocha conseguiu esclarecer mais um dos meus muitos objetivos como futura médica: ser humana. Acima de tudo, ver que pessoas são mais que um bando de sintomas, e que esses mesmos sintomas tem causas muito mais profundas, que vão além do físico, chegando do espiritual até o social. E por isso, não podemos ver apenas o superficial, pois tudo vai MUITO além do que vemos na consulta.
Livro bom. Livro muito bom mesmo. Cinco estrelinhas e favoritado.
"Nada de mais. Um ser humano sendo tratado com a dignidade que todo ser humano merece. Saúde como um direito, não como uma mercadoria."
Júlia Rocha é médica e nos conta neste livro algumas de suas experiências no SUS, principalmente como médica de família. E olha, não é fácil, mas ela tem uma sensibilidade para contar as histórias, uma humildade ao dizer que errou, aprendeu, que vê o mundo de forma diferente agora, dá gosto de ler. E as histórias em si são muito gostosas de ler, são curtas e, sem perceber, você chega ao final com um sorriso no rosto. Ela não nos poupa da realidade, da pobreza, do machismo, do racismo, dos problemas do sistema, mas ela equilibra isso com muita humanidade, com a necessidade de tratar bem, de cuidar e ser cuidado, de respeitar cada pessoa e suas vivências. Há histórias que te deixam de coração quentinho e outras que dão raiva, vontade de chorar, mas todas mostram a importância do SUS e de profissionais como ela, que enxergam além dos diagnósticos, enxergam pessoas.
"Orientações feitas, medicamento prescrito. Retorno marcado para uma semana depois. Regina voltou caminhando sem ajuda, sem dor, sorrindo e me trazendo um queijo. A neta ligou para a família em Salvador e disse que eu faço milagre. 'Não é milagre. Isso é ciência.' E ela explicou. 'O remédio é ciência. O milagre foi minha vó encontrar você.' Eu chamo isso de direito."
"Ela chamou aquele sofrimento todo de depressão. Foi ela quem deu esse nome. Na minha cabeça, ficou a ideia de que eu estava medicando a vítima. Alguém que adoeceu fragilizada por uma sociedade machista, na qual um homem se sente autorizado a massacrar uma mulher por quarenta anos e depois desprezá-la como se ela fosse um saco de lixo. Uma sociedade que ensina mulheres que isso é amor, que as educa a retribuir isso com afeto e ainda faz com que se sintam culpadas. A gente trata machismo com antidepressivo como se isso resolvesse alguma coisa."
Qualquer pessoa que acompanhe as redes sociais, nos últimos anos, pode observar, de tempos em tempos, posts nos quais os autores expressam sua insatisfação com profissionais da Medicina.
E um ponto-chave dessas críticas, muito além de toda a problemática envolvendo picaretagem e charlatanismo que tem ganhado destaque recentemente, fica evidenciado nesses relatos: a falta de humanização.
São muitos os médicos e médicas que esquecem que o conhecimento técnico, por si só, não basta para que sejamos profissionais de excelência. Tão importante quanto diagnosticar corretamente uma determinada enfermidade é reconhecer que o paciente que se encontra diante de você é um ser humano.
"Pacientes que Curam: o Cotidiano de uma Médica do SUS" é daqueles livros que a pessoa lê e nem nota o tempo passar. Nele, Juliana Rocha nos mostra, através de seus relatos escritos com uma linguagem que muitas vezes se aproxima da poesia, que rigor técnico e humanização devem caminhar lado a lado na prática médica.
Na obra, além de nos apresentar histórias emocionantes e inspiradoras, Juliana promove reflexões valiosas sobre o que é ser médico em um país tão desigual quanto o nosso. É, em suma, um daqueles livros que nos pegam pelos ombros e nos sacodem, relembrando da responsabilidade que carregamos ao exercer a nossa profissão. Recomendo demais a leitura!
E pra encerrar 2021 destaco minha última leitura: Pacientes que curam, o cotidiano de uma médica do SUS, da médica de família e comunidade, escritora e cantora Júlia Rocha. Com relatos reais, e por vezes extremamente poéticos, a autora narra episódios da vida de pessoas que passaram pelo seu consultório na UBS e na UPA, ou que receberam a médica nas suas casas. Além de escancarar as profundas desigualdades do nosso país, Júlia com sua escrita leve e verdadeira, ainda nos faz refletir sobre o racismo, o machismo e a miséria. “Com as histórias, quis mostrar que o SUS é essencial, o maior sistema público de saúde do mundo e que pode significar vida ou morte para muitas pessoas. Ele não é um presente, foi uma conquista, e hoje considero que é nossa obrigação moral lutar por ele.” Júlia Rocha, autora do livro. Muito mais que uma consulta, um diagnóstico ou uma receita, Júlia sabe ouvir o outro e nos mostra como essa ESCUTA pode ser transformadora. Uma leitura linda, emocionante e que nos enche de ESPERANÇA, justamente o que mais precisamos para começar um novo ano!
Geralmente eu gosto de ver as piores avaliações, tanto de livros quanto de lugares, antes de ler/frequentar. Nesse, achei algumas pessoas criticando a auto-promoção da autora, e prestei bastante atenção enquanto lia. Não poderia discordar mais. Acredito que essas pessoas, conscientemente ou não, esperam que uma mulher, negra e comunista, deve "saber seu lugar" e ser humilde. Ela se auto-promove bem menos do que qualquer médico branco mediano... Júlia Rocha mostra nesse livro ser uma excelente médica, não necessariamente nos conhecimentos técnicos (que acredito que ela tenha mas não faz questão de mostrá-los), mas sim no acolhimento à população periférica, invisível por diversos motivos. Deveria ser leitura obrigatória em toda cadeira de semiologia. Os relatos são geralmente interessantes, de um ponto de vista incomum numa classe tão elitizada e formada por pessoas privilegiadas desde o berço quanto a dos médicos. Também é uma leitura fácil e agradável, excelente para quando você tem pouco tempo para se dedicar à leitura.
Acompanhar as diversas histórias aqui contadas é um aprendizado. O cuidado de Júlia Rocha para escrever cada capítulo te faz, de uma só vez, ocupar o contexto da página. Você é, involuntariamente, transportado para a dimensão relacional singular de cada texto, e chega a ser indescritível todo o sentimento de compaixão e afeto que você presencia enquanto se debruça neste livro.
A leitura é obrigatória para pessoas da área da saúde, sobretudo estudantes de medicina.
Sempre fui fã de Júlia Rocha, desde o primeiro semestre da faculdade. Já tive a oportunidade de acompanhar palestras suas (e até foto com ela eu tenho!), e sempre que paro para aprender com ela, transformo um pouco de quem sou, positivamente.
Espero que Júlia saiba que, com este livro, ela continua este impacto de transformação em minha vida, e creio que na de muitas outras pessoas, construindo um legado importantíssimo sobre a humanidade da medicina e nas relações cotidianas.
Uma leitura muito bacana para entender o papel (pelo menos na teoria) de um médico de família. Em todos esses anos que sempre consultei em postinho, nunca entendi essa dinâmica pra que servia o médico de família
Depois de ler esse livro, ficou muito claro pra mim o papel que esse médico deveria desempenhar. Esse ponto foi muito positivo, entender o médico como um ser humano Porém, a ressalva desse livro foi que a autora parece se colocar num papel de super heroina o que parece tornar o livro um pouco fantasioso, gostaria muito que ela tivesse compartilhado mais casos de histórias que não deram "certo" Entendi o ponto também dela querer mostrar que nem tudo é sobre remédios, porém nem tudo é tão simples quanto ela tenta mostrar
Enfim, acho que faltou um pouco de profundidade nos relatos, e também a figura do médico como um ser quase celestial foi muito reforçada durante o livro
Pela sensibilidade em relatar a realidade, acredito eu que esse livro super tinha que estar nas reflexões básicas do período escolar no que diz respeito a enxergar o outro. Ponto. O outro em sua existência tão díspare, tão singular mergulhado em suas vulnerabilidades. Que obra tocante! Eu me emocionei, ri, fiquei olhando para o teto...
Quanta coisa poderia ser diferente se tivéssemos mais Júlias Rochas para olhar de verdade para os pacientes atingidos por mazelas uma vida inteira e que diante da oportunidade de serem vistos conseguem diminuir suas dores.
Obrigada por ter compartilhado essas vivências com a gente!
Esse livro é simplesmente maravilhoso. Eu me surpreendi demais com ele, comprei por acaso e se tornou um dos melhores livros que eu li. Cada história é mais envolvente que a outra, traz um mar de emoções. Senti carinho, empatia, amor, raiva, frustração, tristeza, alegria com as histórias. Me encantei com a forma que a Júlia lidou com cada um dos seus pacientes, com tanto amor e atenção. É um livro capaz de envolver e marcar a todas as pessoas, e com certeza nos ensina muito como lidar uns com os outros. Eu recomendo, e recomendo demais. <3 Muito obrigada Júlia Rocha por compartilhar cada uma dessas histórias de vida.
Sensível, doce e cruelmente real. O coração esquenta de ler os relatos na perspectiva humana e cuidadosa da doutora Júlia, que é humilde e tem o dom do cuidar. Duramente real porque a expõe como a prática médica não existe fora do mundo cruel que é particularmente mais difícil para grupos em situação de fragilidade social, negros, pobres, mulheres. É dolorido ver a verdade escancarada de como tantas mazelas não são tão médicas, mas frutos de uma sociedade doente. Eu chorei várias vezes durante o livro e já comprei mais dois para presentear. Minha resenha deste livro pode ser resumido em: bonito e necessário.
Esse livro faz com que tenhamos um olhar mais humano sobre diversas situações que nos são apresentadas. São situações com um pré-julgamento cruel. Situações que nos fazem refletir sobre direitos humanos, sobre prioridades, sobre silenciamento, sobre machismo, sobre racismo, sobre imposição, sobre padrões enraizados em nossa sociedade, sobre humanidade. Não consigo resumir o livro em uma coisa ou algumas coisas só. É uma leitura muito sensível e necessária.
O livro conta diversos casos de uma médica de família do SUS pela narrativa da própria. Cada um leva alguma coisa diferente e tantas outras vezes, igual, quando o que se atraca são as doenças vindas da negligência de um Estado que não olha para o seu povo e que falhou com ele mais de uma vez. "A mãe, preocupada, me pediu vitaminas. Mal sabia ela que ele precisava era de um país." Lindo, doloroso, Brasil.
Muito tem se falado sobre o processo de (re)humanização que as pessoas precisam passar no mundo em que vivemos hoje. E eu acho que essa é uma obra que faz justamente isso: humaniza.
Aos olhos de uma médica, percebemos a dor diária que as pessoas mais pobres passam, as injustiças que passam, e como todo o esforço feito é pouco para resolver os problemas. Mas ele precisa ser feito, um dia após o outro.