Um dos maiores pensadores marxistas do século XX, o italiano Domenico Losurdo deixou um contundente legado não só para o pensamento filosófico, mas também para a luta contra o imperialismo e o colonialismo. Essa coletânea, organizada pelo historiador Jones Manoel, traz ao leitor 12 intervenções do renomado estudioso, entre artigos, transcrições de palestras e entrevistas. Tendo como conceitos centrais os temas do imperialismo, do racismo e da dominação colonial, a obra apresenta uma compreensão estratégica da luta de classes internacional durante o século XX e sua continuidade no século XXI. Das ligações teóricas entre o regime nazista e os Estados Unidos até a chamada “indústria da mentira” em operação nos recentes conflitos na Síria e no Iraque, os métodos da dominação colonial são expostos e integrados a uma visão histórica do desenvolvimento do capitalismo sob hegemonia estadunidense. A coletânea propõe um vínculo claro entre capitalismo e colonialismo, e também entre marxismo e luta anticolonial e anti-imperialista, de uma perspectiva histórica e militante. O texto é muito instrutivo sobre a relação entre o surgimento do movimento comunista e o combate à dominação colonial e racial no mundo.
Um apanhado de ensaios de Domenico Losurdo sobre o Marxismo Anticolonial. Os textos de certa forma se complementam, mas também acabam sendo de certa forma repetitivos (é de certa forma esperado, uma vez que esses textos foram escritos em tempos diferentes e publicados em lugares diferentes, então Losurdo acaba indo pela mesma argumentação várias vezes). É uma leitura válida e uma boa introdução ao pensamento Losurdiano.
É bem chocante entender durante a leitura a política imperialista exercida pelos EUA, principalmente, e por outros países da europa. Essa dominação política e econômica é obviamente danosa aos países dominados: guerra, miséria, ditadura e golpes militares. Falam bastante em democracia, mas democracia para quem? O livro fala também sobre como o nazismo se inspirou no regime da "white supremacy" americana para criar sua política racial e eugenista. Por fim, relaciona a ideia de colonialismo e racismo: uma nação (ou raça) que se acha superior e acredita que tem o direito de colonizar e oprimir outras nações ou raças.
comecei a ler esse livro anos atrás, perdi o livro e agora o achei esse ano e consegui finalizar a leitura. muito bom! trata-se de um copilado de artigos, textos e entrevistas de Domenico Losurdo sobre colonialismo, neocolonialismo e lutas anticoloniais. já vou usar o excelente termo do autor “monopartidarismo competitivo”, perfeito!
“a democracia entre a comunidade branca nos Estados Unidos somente se tornou possível com o extermínio dos peles-vermelhas e a escravidão dos negros. Era a "democracia para o povo dos senhores" (Herrenvolk democracy). Por um lado, a expropriação, a deportação e a dizimação dos peles-vermelhas tornou possível transformar trabalhadores assalariados em proprietários de terras e, por essa razão, o conflito social se tornava muito menos agudo. Por outro lado, o trabalho mais duro era exercido pelo escravo negro, mas sua condição de escravo lhe impunha direta e duramente o controle em seu próprio local de trabalho e de vida. Ou seja: o conflito social era atenuado porque os assalariados se tornavam proprietários e os trabalhadores eram escravos rigidamente controlados. E, com o conflito adormecido, tornava-se fácil instalar uma democracia para os brancos, quer dizer, para apenas uma fração dessa sociedade, ainda mais porque a situação geopolítica dos Estados Unidos era tranquila, não havia uma potência estrangeira a temer.”