Hoje em dia, muito do que é considerado arte acaba causando estranhamento. Aqui, Cynthia Freeland, professora de filosofia da Universidade de Houston, oferece uma breve introdução e explica por que a inovação e a controvérsia são valorizadas no campo artístico, lançando mão de pensadores como Walter Benjamin, McLuhan e Baudrillard, além de exemplos fascinantes. Este livro claro e provocativo é valioso a qualquer leitor interessado em refletir sobre a natureza e a essência da arte.
A escolha (ousada) de contradizer o óbvio e iniciar o livro com os tópicos polêmicos da arte contemporânea foi certeira. O tom da escrita foi definido de cara e as ideias seguintes se constroem fluidamente, com a apresentação dos aspectos estéticos, históricos e sociais da arte. Além disso, como o livro retoma no final alguns tópicos do início, senti que realmente tinha aproveitado a leitura.
Gostei bastante das análises da catedral de Chartres, das obras de Serrano, Goya, Warhol, Sherman e d'"As meninas" de Velásquez (por Foucault). As discussões sobre jardins, museus e feminismo na arte foram boas adições. Atenção especial para os parênteses sobre a definição contraditória de "hamartia" na Poética aristotélica e a comparação de Benjamin do cinema ao "efeito de alienação" de Brecht, apenas pelo meu fascínio teatral.
As apresentações de teorias da expressão e cognitiva e as considerações de Water Benjamin, McLuhan e Baudrillard sobre a arte contemporânea e ciberarte foram boas, mas o arcabouço teórico em geral foi mal explorado, talvez para forçar a leitura dos textos originais. Como o livro se chama "Teoria da Arte", senti que foi uma perda significativa, mesmo para uma introdução breve. Também senti falta de algumas imagens, em especial de Francis Bacon, pois a autora fez uma análise extensa. Trinta páginas a mais fariam o livro mais autocontido e menos dependente de pesquisas na internet no meio da leitura.