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Se com Pétalas ou Ossos

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Um jovem autor português instala-se numa residência para escritores em Seul para escrever o seu próximo romance. Em vez disso, deambula pela cidade com a namorada, possivelmente grávida, e entrega-se a todo o tipo de fait divers mais ou menos absurdos, não obstante a pressão dos editores.

Nesta quase variação indolente do escrivão Bartleby, João Reis apresenta-nos uma personagem que parece cair dentro de si numa espiral vertiginosa e quase joyceana, lançando, ao mesmo tempo, um olhar amargo e mordaz sobre os colegas de profissão, os editores e outras figuras do meio editorial português.

Ao deixar-se levar pelo fluxo dos acontecimentos, detendo-se obsessivamente num e noutro pormenor irrelevante, Rodrigo encarna o protótipo do anti-herói desencantado e imperfeito, derrotado à partida pela ficção da vida.

Se com Pétalas ou Ossos retoma a ideia iniciada com o seu primeiro livro, A Noiva do Tradutor, levando-a ao paroxismo, para lá do qual a inércia se confunde com a redenção.

200 pages, Paperback

First published February 18, 2021

215 people want to read

About the author

João Reis

107 books612 followers
João Reis (1985) is a Portuguese writer and literary translator. His books are published in Portugal, the USA, Brazil, Serbia, Georgia, Egypt and Greece. He writes both in Portuguese and English.

The Translator's Bride was his first work to be translated into English, and his novel Bedraggling Grandma with Russian Snow was longlisted for the 2022 Dublin Literary Award.

He's also the author of The Devastation of Silence (longlisted for Prémio Oceanos 2019, published in English in November 2022), Quando Servi Gil Vicente (shortlisted for Prémio Fernando Namora 2020), Se com Pétalas ou Ossos (2021), Cadernos da Água (2022, shortlisted for Prémio Fernando Namora and Prémio Fundação Eça de Queiroz), and An Atavic Fear of Hailstorms (2023).

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Community Reviews

5 stars
53 (35%)
4 stars
43 (28%)
3 stars
39 (25%)
2 stars
10 (6%)
1 star
6 (3%)
Displaying 1 - 30 of 32 reviews
Profile Image for Paulo Faria.
Author 35 books62 followers
May 6, 2021
Um excelente romance em que parece acontecer pouca coisa, mas em que, na verdade, acontece muita coisa. Há na escrita de João Reis algo de labiríntico, uma atmosfera de claustrofobia que se torna irresistível ao fim de poucas páginas. Sob a aparente banalidade do tema e do enredo escondem-se sombras e abismos que nos deixam a pensar e que ficam connosco muito tempo.
Profile Image for Fátima Linhares.
889 reviews324 followers
October 17, 2022
No início, não sabia sobre o que era este livro, no fim, parecia que estava no início.

Na contracapa menciona uma quase variação indolente do escrivão Bartleby e uma personagem que parece cair dentro de si numa espiral vertiginosa e quase joyceana. Tenho Bartleby para ler e nunca li Joyce, por conseguinte, não sei dizer se isso se verifica ou não. Ademais, também parece que é um olhar amargo e mordaz sobre os colegas de profissão, os editores e outras figuras do meio editorial português. Conquanto, pouco ou nada sei sobre o mercado editorial português, não poderei emitir opinião. Todavia, direi algo sobre a obra.

Li este livro para um projeto do instagram de #lerjoaoreis. Não há livros deste autor na biblioteca da minha terra, portanto, tive de abrir os cordões à bolsa. Todavia, os preços não estavam apelativos, mas, contudo, calhou de ver uma promoção e, por conseguinte, sendo este título o mais económico, foi o que meti no cesto de compras.

Ademais, a capa é bonita, logo, quiçá, a história também fosse interessante. Todavia, tal não se verificou, portanto, não foi uma boa estreia com este autor, por conseguinte, não prevejo mais leituras do mesmo num futuro próximo.

Mas estou forte nas conjunções, tudo graças a esta obra, em que o protagonista divaga e parece aquelas pessoas que cometem uma gaffe e quanto mais se esforçam para a emendar, pior.

O John aguardou, o Lennert também, ambos me fitaram, lancei-me às palavras, ataquei-as, expliquei-lhes que tinha um bloqueio criativo, ou para ser mais correto, que pretendia e precisava de escrever, porém, via-me constrangido por fatores externos, tais como as disposições das mesas de trabalho, o clima sul-coreano, a pressão dos ditos meus editores, a incerteza quanto à gravidez da minha namorada, porque ainda não comprara um teste de gravidez. Não havia, pois, como criar belas obras, e nem sequer me sentava para escrever, esse é que era o problema. Havia condições, mas não as melhores condições.
Profile Image for David.
1,670 reviews
January 1, 2025
It’s nice to kick off the New Year reading a book that has been on my radar for a few years. Having enjoyed The Translator’s Bride awhile back it was time to read this book.

Portuguese author João Reís tells the story of Rodrigo Oliviera, a young writer who is working on his latest novel at a writer’s workshop in Seoul, Korea. What could go wrong, goes wrong as the author tries to put some words to a page.

Rodrigo is there with his girlfriend Beatriz as they try to navigate the crazy big Korean city, not to mention the language and cultural barriers. It’s summertime and the city is unbearably hot and dry dusty winds blow in from the Chinese plains. Plus there is an irritating dog barking in the courtyard. It’s hard to sleep, hard to concentrate.

To top things off, a Spanish writer at the workshop goes missing that drags in police detective Mun, while Rodrigo over speculates about what happened. Of course there is the sultry woman Gyu-ri who administers the lodging but has eyes for Rodrigo, since her husband has gone much too long. Plus Beatrice worries that she might be pregnant (it’s in the cover blurb). Not to mention that his book publisher is putting the heat on him to finish the damn book.

Toss in an American who runs a nearby food place, his brother who is an preacher and an elderly German who ran away from his past, and you have one roller coaster ride of a story. What makes this all work is the fact that João Reis has a wonderful way (play?) with words. There is biting commentary about many topics, such as food, vacuums, cultural issues, writers and editors, and of course life, that makes this an enjoyable read.

Read in Portuguese.
Profile Image for Os Livros da Lena.
296 reviews320 followers
October 31, 2023
Review Se Com Pétalas ou Ossos, de João Reis
28/2021

Rodrigo Oliveira é um anti-herói. Rodrigo Oliveira podia chamar-se Rodrigo Procrastinador.
Escritor em crise, num retiro (imagine-se) de escrita, na Coreia do Sul. Essa terra onde as pessoas são tão prestáveis que até se oferecem para mudar a mobília, e ainda fazem o favor de testar colchões.

“Os meus compatriotas não se lhes equiparam, nem a eles nem a outros povos”

Rodrigo, procrastinador, adia tudo! Não apenas a escrita, mas a vida também! Minha gente, se o que procuram são respostas e finais que acalmem a vossa ansiedade, este não é livro para vós. Mas se procuram uma vivência no limite, tão real que se torna absurda, tão ácida que vos cause úlceras, tão mordaz que vos faça entender à bruta que somos apenas todos humanos, apenas uns mais irritantes que outros, então mergulhem nesta aventura desventurosa, nesta excitação monótona.

“Por piores que sejam, as pessoas têm sempre algo de positivo: mais cedo ou mais tarde, morrem.”

Uma analogia perfeita da insatisfação da vida. Dos sucessos que os outros esperam de nós sem sequer se questionarem (e, muitas vezes, sem nos questionarmos, também) se é mesmo isso que queremos. E nem me façam falar da pressão. A pressão!!! Que nem se sabe bem de onde vem, mas que paira incessante sobre as cabeças desta modernidade histérica e baça. Como quem quer dizer que nos tira a lucidez e o propósito.

“O trabalho transtorna, de facto, uma pessoa, o labor não passa de uma brutalidade física e espiritual, de uma vileza, é o verdadeiro embrutecimento do ser humano.”

E a crítica ao mercado editorial é exímia!

“Os editores que publicam os meus livros, aqueles a quem podia chamar, com justiça, os meus editores, diziam que é tema que não vende(…). E, já agora, ponha de lado esses seus tiques, as repetições e as elipses, as divagações, as hipérboles, a histeria, diziam-me eles, (…) depois não temos como o salvar!, e não mencione editores, muito menos escritores, jamais!”

E também somos presenteados com uma personagem doce e terna. Kim sem pescoço, que queria viver da horticultura. A minha personagem favorita, embora Rodrigo também se tenha tornado uma personagem irritantemente favorita.

“O Kim estava contente, já tinha fechado uma venda e comia agora um melão, tanto lhe fazia ter ou não pescoço. Era feliz.”

Se ainda não leram o João, não imaginam o que estão a perder. E, embora A Devastação do Silêncio continue a ser o meu preferido, até agora, este livro fez-me experimentar sentimentos desesperantes. Porque não é fácil gostar deste anti-herói. Ele é irritante. Mas tem algo de imprescindível, porque é real. E o sentido de humor e sarcasmo do João é algo que me dá vida.

“- Sim. Os homens sul-coreanos não usam barba, é que não usam mesmo!
- E as mulheres?
- As mulheres também não.”

Não é por acaso que vos trago esta review logo a seguir à de Dostoievski e as suas Memórias do Subterrâneo. Este ano comecei a participar numa panóplia imensa de desafios/iniciativas por aqui, e serviu para confirmar que eu não tenho grande jeito para leituras programadas. Gosto mesmo que os livros demandem a minha leitura em determinado momento. E a prova de que isso é a melhor solução, para mim, é o facto de, por exemplo, este personagem principal/narrador ser tão parecido ao de Memórias do Subterrâneo. Ao lê-los, quase em simultâneo, a sintonia das histórias quase me fez pensar, por vezes, que se tratavam da mesma pessoa, mas em livros e séculos diferentes.

Obrigada ao João, por este livro, e por todos os outros. E por continuar a tentar, todos os dias, ser escritor em português, em Portugal.

E obrigada à Almedina, pelo exemplar, que procrastinou, ele próprio, para cá chegar, mas que viu todos os esforços reunidos para que esta humilde leitora pudesse ter o bel-prazer de lhe pôr os olhos em cima.

Para acompanhar a leitura, criei playlist no @spotify com o título do livro.
Profile Image for Sofia.
1,028 reviews129 followers
August 31, 2021
Um jovem autor português, numa residência literária na Coreia, enfrenta o temível "síndrome do segundo livro". Entre episódios absurdos com a gerente da residência e outros momentos caricatos, os dias vão-se arrastando, sem nada produzir. Em alguns pontos do livro, vinham-me à memória outros textos, como "À espera de Godot" e mesmo Bartleby, com os quais poderia fazer uma comparação mas I would prefer not to.

Não é o primeiro livro que leio do autor, mas é, provavelmente, o meu preferido. "Se com pétalas ou ossos" é mesmo o tipo de livros que gosto: sarcástico, inteligente, bem redigido, com uma pitada de absurdo.
Percebo que não seja um livro para toda a gente, mas é o tipo de livro ideal para mim.

"Por piores que sejam, as pessoas têm sempre algo de positivo: mais tarde ou mais cedo morrem."
Profile Image for Rita.
70 reviews
August 3, 2021
O estilo inconfundível do João Reis.
A escrita é soberba - elegante, simples e cuidada, sem qualquer excesso ou aspectos acessórios. A narrativa prende-nos a algo que é difícil de nomear: não há um herói (ou heroína), não há um grande drama ou mesmo enredo, não parece haver qualquer destino para o qual a narrativa se encaminha. Queremos acompanhar o anti-herói mas, na verdade, ele parece não ir a lado nenhum e é, talvez, nisso que nos enredamos. No limite de um absurdo que nos é demasiado familiar.
Profile Image for Filipe Rodrigues.
27 reviews2 followers
February 26, 2021
Eia!
Um autor que não quer criar e a quem todo o peso da existência cai em cima. Existencialismo hilariante. Adorei a cena do único ato sexual, ainda me estou a rir. E o estilo já característico e inimitável do autor. Um livro que cai como uma pedra no estômago
Profile Image for Dulce.
596 reviews3 followers
January 25, 2024

O Rodrigo vai para um retiro de escritores, em Seul, e a partir dai é toda uma viagem, com descrições e explicações interessantes como pés, esses membros tantas vezes negligenciados pelos autores.

Rodrigo com o seu prazo apertado para a entrega do livro, mas com muitas vivências que impedem a escrita, a tensão até ao final , o desespero o convívio impossível de resistir ou recusar.

E tal como a história de Rodrigo, também a leitura teve de ser intensa e compulsiva, porque não consegui resistir.

Ler o João é uma verdadeira viagem e um prazer entrar dentro das suas histórias.
Profile Image for Andreia M..
72 reviews6 followers
May 27, 2021
Este livro é totalmente oposto ao A Avó e a Neve Russa.
Se num conseguíamos sentir a esperança (ainda que falsa) neste sentimos a desesperação.

É inegável a sensação de opressão, de espiral, como estar perdido num labirinto em que constantemente somos obrigados a voltar para trás e cada vez ficamos mais perdidos e embrenhados num lodaçal.

Gostei particularmente que o livro tivesse tudo o que os editores recomendam que que não tenha como os pés (novamente!), as divagações, as hipérboles, a histeria, a referência a escritores e editores...

Não contava com o final que, de certa forma, me transmitiu alguma esperança num futuro mais risonho para o protagonista.

Mas talvez pense assim porque esperava que o manuscrito que ele finalmente entregasse fosse, no seu desespero e obrigação pelo cumprimento dos prazos, este mesmo livro e que, numa reviravolta para ele inesperada, se tornasse a sua obra prima aclamada pelo público e aí Rodrigo se desacreditasse completa e definitivamente dos seus leitores e do mundo literário.
Profile Image for Marcia.
48 reviews5 followers
March 22, 2021
João Reis foi uma das minhas descobertas literárias do ano passado. Gosto da sua escrita, do sarcasmo, das histórias bem pensadas, do texto enxuto.

“Se com Pétalas ou Ossos” fala de um escritor que vai viver para uma residência de autores na Coreia do Sul para escrever o seu novo livro. No meio de uma grande crise de ideias ele culpa tudo e todos pela sua falta de inspiração.

E a graça está aí: nos comentários ácidos do escritor, nas tentativas de justificar a sua procrastinação, nas personagens que cruzam o seu caminho... tudo muito ao estilo do João Reis.

“(...) cada autor tem um estilo inimitável, para o bem e para o mal (...) cada autor escreve de uma maneira única, essa é que é a verdade”, disse João Reis através do escritor Rodrigo. E eu concordo. As obras do João são únicas. Sou fã.
Profile Image for Cristina Delgado.
255 reviews72 followers
March 17, 2021
Confesso que estava muito expectante com esta leitura. Tinha lido e gostado muitíssimo, de A Avó e a Neve Russa e pensei que este livro me conquistasse de imediato como o outro. A leitura faz-se bem mas li-o sempre com a certeza que iria surgir algo de inesperado, repentino e isso não aconteceu. Fiz mil imagens, esperando sempre que algo me surpreendesse.

As dificuldades de um jovem escritor por não ter sequer uma ideia do que escrever, que história engendrar enquanto o prazo para entrega do manuscrito se aproximava rapidamente. Queria e esperava algo mais. Por isso quando cheguei ao final, soube-me a pouco.

Terminado em 7 de Março de 2021

Estrelas: 3*
69 reviews3 followers
May 13, 2021
Segundo livro lido do autor, e a sensação que tive com a Noiva do Tradutor mantém-se. A leitura (ou a minha percepção enquanto leitora) tem diferentes ritmos, pausas, calmas e acelerações que correspondem à estrutura do pensamento e das ações do Rodrigo.
As deambulações de pensamento e na cidade, as opiniões e descrições tornam este livro especial. O que conta não é a ação, é o pensamento, as personagens, a forma como os acontecimentos se desenrolam. E aqui, como no livro anterior, é conseguido de forma magistral.

Menção também para a forma como está escrito.
A vontade de ler todos os livros do autor aumenta a cada nova descoberta.
Profile Image for Joaquim Margarido.
299 reviews39 followers
February 28, 2021
“Se com Pétalas ou Ossos” leva-nos até Seul, ao encontro de Rodrigo Oliveira e da residência para escritores onde trabalha no seu mais recente livro. É início de Maio e faz muito calor na Coreia do Sul, agravado por níveis de poluição altamente tóxicos. O reconhecimento da obra prévia, ainda que por meia dúzia de pessoas apenas, pesa-lhe nos ombros. A mesa onde escreve não tem a orientação desejada e o escritor tem dificuldade em dormir, em gerir um espaço que não é o seu, em ganhar disposição e tempo para escrever. A interacção com a sua supervisora, com os escritores com quem partilha a residência, com o editor em Portugal e com a namorada Beatriz, desgasta-o. Para cúmulo, o desaparecimento de um dos residentes, uma escritora de nacionalidade espanhola, está a ser investigado pela polícia.

Contado na primeira pessoa, “Se com Pétalas ou Ossos” é uma auto-ficção que faz do(s) meio(s) o seu próprio fim. Ao partilhar com o leitor os dilemas deste narrador sob pressão e obcecado por uma história para a qual não encontra inspiração, o autor convida-nos, com toda a subtileza, a visitarmos os meandros da criação literária e a percebermos como qualquer coisa - um saco de resíduos biológicos, o milagre da água canalizada, a coleira de um cão - pode ser nada e tudo ao mesmo tempo. Ironizando com o meio literário e com o estatuto que o escritor para si reclama, os seus dramas, a sua volubilidade, os seus caprichos, João Reis subverte regras e princípios de normalização da escrita, dizendo aquilo que não é suposto ser dito. Em lugar do habitual “esconde-esconde”, este é um jogo do “mostra-mostra”, realidade e ficção brincando no mesmo plano ao serviço do projecto de escrever um livro com 200 páginas, “uma espessura mais concordante com a qualidade técnica” deste narrador.

Falar da escrita de João Reis é falar de estilo. De um estilo único na abordagem a temas que, inevitavelmente, estão ligados ao ofício do escritor (ou do tradutor), à luta pela construção de uma obra. Lemos um parágrafo avulso e sabemos que aquilo só pode ser João Reis, da mesma forma que dois acordes encadeados nos levam a pronunciar Chopin e não Liszt ou Debussy. A obra cresce e percebemos que obedece a um padrão, se olhada no seu todo. Sugere Henri James e o enigmático “O Desenho do Tapete”, nela se evidenciando a densidade dos conflitos vividos pelas personagens, a aguda descrição das condições socioculturais e uma constante reflexão sobre a arte, a condição do artista e o próprio acto de escrever. Neste “Se com Pétalas ou Ossos” há mistério, drama e sexo, como há crónica de costumes e literatura de viagem. Mas isso são apenas meios para o fim único que é o livro. Este livro. Com 200 páginas.
Profile Image for F B.
4 reviews1 follower
August 20, 2021
Devorei-o, como tenho feito com todos os livros deste autor. O humor é sublime, cheguei mesmo à gargalhada em algumas passagens. Acho que a forma como João Reis "brinca" com as palavras é absolutamente impressionante, de se lhe tirar o chapéu! Cinco estrelas também para a capa, que se distingue bem no universo abundante de capas saídas diretamente de bancos de imagens.
Profile Image for Alexandra Mendes.
29 reviews5 followers
February 28, 2021
Vamos jogar a um jogo de palavras?

Pétalas. Ossos. Beleza. Estrutura. Lixo. Orgânico. 

Estas palavras soltas podem não fazer agora muito sentido, mas, para mim, resumem o livro mais recente do João Reis. Porém, é muito mais que isto, e também é menos que isto.

Se com Pétalas ou Ossos quer tocar em vários temas, mas sem verdadeiramente aprofundar nenhum, até porque assim é a vida. Ao falar de nada fala de tudo e, ao falar de tudo, fala de nada. Foi com esta sensação que acabei a leitura: não me acrescentou nada, mas tinha uma vontade permanente de querer saber mais da história do Rodrigo, o protagonista.

Antes de debruçar-me sobre o livro, quero falar da capa: é simplesmente linda, algo não muito frequente nos livros portugueses — e sim, eu sou daquela raça rara que compra livros pela capa. 

Além de querer o livro devido à capa, um dos últimos livros que requisitei na biblioteca foi A Noiva do Tradutor (primeiro livro publicado por João Reis) e gostei tanto que quis ler mais livros dele. 

Este último livro Se com Pétalas ou Ossos fala sobre Rodrigo, um jovem autor português, que se encontra numa residência para escritores em Seul para escrever o seu próximo romance, após ter tido sucesso nos seus livros anteriores. No entanto, uma vez que não consegue desempancar e escrever, troca a escrita por passeios pela cidade com a namorada, descobrindo pessoas, sítios, que se desenrolam em situações caricatas, e mais sobre si próprio.

É possível identificar nos dois livros (A Noiva do Tradutor e Se com Pétalas ou Ossos) alguns temas comuns, tais como a profissão do protagonista  relacionado com o mundo da escrita  — um tradutor, como o título do primeiro livro indica, e um escritor, criticando esta realidade; e são ambos anti-heróis resignados, obcecados por detalhes mundanos.

Este conformismo e observação de acontecimentos quotidianos abrilhantam a escrita, uma vez que trazem um sentimento de identificação e sentimos que nós também estamos presentes naquele momento/espaço. Todas as outras personagens são também aborrecidas, mas com um quê de absurdo, tornando a história mais realista. 

Contudo, a presença de texto corrido nos dois textos, em que as frases são longas, pausadas apenas por vírgulas, teve efeitos diferentes em mim. Enquanto este recurso melhorou a experiência de leitura da A Noiva do Tradutor, talvez por ser usado para exprimir a linha de pensamento da personagem, neste livro mais recente não fez tanto sentido, especialmente quando relatava a ação. 

Por outro lado, houve pormenores brilhantes, como a falta de inspiração do Rodrigo para escrever um livro, quando todas as outras personagens que o rodeavam contavam-lhe as suas histórias de vida, todas dignas de um livro. Apesar da inspiração aparecer-lhe em todo o lado, ele ignorava e não usava, como se as histórias fossem lixo, o lixo em que ele não queria tocar. Achei uma boa metáfora para a nossa vida, que muitas vezes nos recusamos a ver a beleza da vida, mesmo ela estando sempre presente.

O Rodrigo somos todos nós em algum momento da vida, desapaixonados e perdidos, sem sabermos o que queremos, ou sabemos o que queremos, mas temos medo de o fazer e perceber que afinal não somos suficientemente bons. Esta atitude com que o protagonista encara uma experiência que muitos achariam uma oportunidade única fez-me ter um carinho especial por ele, mas não o suficiente para torcer que fosse bem-sucedido — mas acredito que seja esse o objetivo, já que nem o próprio torce por si.

Dou 3,5 estrelas porque não consigo deixar de comparar com A Noiva do Tradutor, que gostei mais.

Se com Pétalas ou Ossos
Profile Image for Graça Vaz.
162 reviews2 followers
April 27, 2021
O que mais me agradou no livro foi ter chegado à última página, e só o fiz porque o livro não é grande. Não gostei da escrita, demasiado repetitiva e descritiva. Não gostei da história onde não se passa nada de interessante ou relevante. Não criei empatia com nenhum dos personagens. A premissa era interessante, e a capa e o título são bonitos. E é tudo...
62 reviews3 followers
January 31, 2024
Aborreceu-me sobejamento o hiperrealismo desprovido de significado aparente. Tanto, que desisti do livro depois de ler 3/4 do mesmo. Narrativa é lenta (nada contra!) mas extremamente desinteressante.
Arrisco dizer que posso pecar na minha avaliação por me faltarem elementos que eu desconheça, e que salvassem o livro na sua reta final, ao dar-lhe algum sentido, por mim inalcançado. Ma, mesmo com esse benefício da duvida, a ser assim o livro falhou por não me conseguir cativar até lá chegar sem me matar de tédio.
Profile Image for Maria.
91 reviews2 followers
April 5, 2021
Nem é assim tão grande, mas a vida de adulta não me deixa ler tanto como desejava. Vinha com a ideia de que o livro seria super melancólico devido aos motivos da capa e devido ao título, no entanto, passei mais de metade do livro a rir-me. Durante o outro bocado, a menos de metade, senti-me desconfortável, não por não gostar do que estava a ler, mas porque senti o desconforto e a inquietude da personagem principal.





Profile Image for Rita Moura de Oliveira.
412 reviews37 followers
October 2, 2022
Um escritor “tem” de escrever um livro, e para isso instala-se numa residência literária em Seul, onde nenhum estranho é permitido, de modo a atingir o máximo de concentração.

Mas, ao invés de escrever, Rodrigo inventa toda a espécie de pretextos para não o fazer, ora divagando enquanto olha pela janela, ora passeando com a namorada que o acompanhou para a cidade, enfim, agarra-se a tudo o que pode para não ter tempo para escrever. Porque não lhe sai nada. De Portugal, a pressão dos editores é constante, mas Rodrigo opta por praticamente ignorá-la.

Neste livro de João Reis, o terceiro que leio, tive vontade de pegar no escritor e pregá-lo à secretária, quase me sentindo aflita por o trabalho não progredir. E isto define um bom livro, a necessidade de interagir com ele. Gostei muito.
Profile Image for Luís Queijo.
322 reviews25 followers
May 10, 2022
Metade do livro e… DNF.
Apesar da excelente classificação nem a história me cativou, nem a escrita me deliciou. É descrição e, acima de tudo, repetição a mais da mesma ideia, no mesmo parágrafo. Há, pelos vistos, quem goste do estilo mas para mim não houve paciência, apesar da expectativa.
Lê-lo, só mesmo se se gostar de escrita a “enredar”.
46 reviews
June 16, 2024
Tive de gerir a minha impaciência: depois de estar firmemente estabelecido que o personagem é um escritor calaceiro e intratável, picuinhas e dado a comentários azedos (por piores que sejam, as pessoas têm sempre algo de positivo: mais cedo ou mais tarde, morrem.), só a partir do meio do livro a escrita me começou a animar, com o começo da atividade surreal que nos recompensa a paciência.
Quatro estrelas, só por causa da demora em desenhar o personagem.
Profile Image for Isabel Rute.
167 reviews1 follower
March 24, 2021
3,5
Um jovem escritor desinspirado vagueia por Seul onde se encontra numa residência literária para escrever o seu novo livro.
Sem interesse por nada, pensando em tudo e em nada, acompanhamos os seus pensamentos desgarrados que fluem ao sabor dos acontecimentos.
Há momentos de bom humor sarcástico.
Profile Image for Bela.
31 reviews
May 29, 2024
Interessante e ao mesmo tempo profundamente irritante.
Profile Image for António Costa.
6 reviews
June 10, 2022
Um romance mordaz, inteligente, soberbo, que é do mais realista que se pode ser sem deixar de ser literário. A literatura é mais do que a soma das suas partes e este livro é disso exemplo, pese embora cada uma das suas partes constituintes seja em si uma pequena perfeição de bem escrever com ironia.
Se num princípio o livro me apelou pelo facto de eu conhecer relativamente bem a Coreia do Sul, vi-me preso ao romance de forma hipnótica pelas qualidades que dele assomam. Rodrigo é um autor deprimido, perdido, um ser humano real. Há quem classifique o livro como autoficção, mas pelo que me parece entender do romance, do autor e das suas intenções óbvias patentes no livro, será sobretudo um romance especulativo com traços autobiográficos, mas não propriamente autoficção, antes um brincar com as fórmulas da ficção. E o português é excelente, cristalino, trabalhado não em demasia, livre de empáfias, musical. E acima de tudo livre do falso marketing da felicidade.
O livro que foi a porta de entrada para a obra do autor.
Displaying 1 - 30 of 32 reviews

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